terça-feira, 5 de outubro de 2021

A escolha da humanidade , por Duane Elgin



A escolha da humanidade

A nossa primeira tarefa enquanto comunidade humana é reconhecer a espantosa capacidade de escolha que temos diante de nós.

Se, por um lado, optarmos por ver o Universo como uma entidade desprovida de vida, então é compreensível que sejamos invadidos por sentimentos de alienação existencial, de ansiedade, pavor e medo. Por que motivo haveríamos de desejar estabelecer uma comunhão com o espaço vazio e a fria indiferença da matéria inerte? Relaxar no contexto de um universo morto apenas fará com que nos afundemos no desespero existencial. Assim sendo, mais vale viver à superfície da vida, sem ansiar por qualquer tipo de profundidade.

Se, por outro lado, sentirmos que vivemos num Universo vivo, então é natural que sejamos invadidos por sentimentos de conexão, curiosidade e gratidão em relação ao que nos rodeia. Quando nos vemos como habitantes do jardim cósmico da vida, que se tem vindo a desenvolver desde há biliões de anos, o nosso olhar sobre o Universo deixa de ser um olhar de indiferença, medo e cinismo, e passa a ser um olhar de curiosidade, amor e reverência.

O futuro da humanidade depende de qual destas perceções adotarmos e das escolhas subsequentes que fizermos.

O bem-estar da humanidade e da Terra dependem do despertar da geração atual, da sua passagem da adolescência à idade adulta enquanto espécie, e do estabelecimento de uma nova relação com a natureza, com os outros seres humanos e com o Universo vivo.

Se não acolhermos o milagre da vida que nos rodeia e nos permeia, estaremos certamente votados à extinção enquanto espécie. O caos climático, o aumento do nível do mar, as migrações em massa, bem como a extinção de inúmeras espécies, estão já a ultrapassar um ponto crítico, produzindo mudanças irreversíveis na Terra e dificultando a possibilidade de uma viragem da humanidade em direção a um futuro sustentável.

Será que iremos escolher a destruição em detrimento da vida? Por muito que nos custe aceitar essa hipótese, penso que é realista concluir que, a menos que a humanidade encontre uma ponte inspiradora em direção a um futuro alicerçado na experiência comum de um imenso potencial evolutivo, não disporemos da motivação necessária para transformar separação e sobrevivência em comunidade e coevolução.

A humanidade começa agora a despertar, à medida que o impulso da necessidade exterior vai ao encontro do impulso da capacidade interior. Contudo, as mudanças climáticas radicais estão a acelerar tão rapidamente que existe um perigo real de que as respostas da humanidade possam revelar-se demasiado escassas e demasiado tardias, o que nos pode conduzir a uma nova idade das trevas.

Se estivermos distraídos e em negação, e ignorarmos a urgência e a importância da grande transição agora em curso, perderemos uma oportunidade única e irrepetível de evolução. A cada geração é pedido que faça sacrifícios pela próxima, para que seja uma cuidadora do futuro. Esta geração está a ser empurrada por uma Terra ferida e convidada por um Universo acolhedor a oferecer uma enorme dádiva ao futuro da humanidade: trabalhar em conjunto com justiça e maturidade para realizar conscientemente o nosso potencial biocósmico e o propósito de aprender a viver num Universo vivo.»


Página Oficial: Duane Elgin

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