domingo, 6 de julho de 2025

“Na alimentação, há uma tempestade perfeita a formar-se. Chama-se sindemia”, sublinha nutricionista


A alimentação é mais do que o ato de ingerirmos nutrientes essenciais à vida. Estar à mesa é, também, convivialidade e prazer. Mais, “a forma como comemos tem impacto nas questões da sustentabilidade”. Com esta frase, a nutricionista e docente Cláudia Viegas dá o mote para uma questão premente nos nossos dias: As escolhas alimentares das famílias e a sustentabilidade do planeta e do ser humano.

“Há muito que a revista The Lancet, apontou os três fenómenos cruciais com um impacto brutal sobre o futuro do planeta e das pessoas”. De acordo com a docente, um trio que se prende com a “malnutrição, sob duas formas, a desnutrição e a obesidade, a que se acrescem as alterações climáticas”.

“A malnutrição é, neste momento, a maior causa de perda de saúde em todo o mundo, seja por via da falta de alimentos, seja por via do consumo excessivo de alimentos de baixo valor nutricional”, sustenta a nutricionista.

Para Cláudia Viegas, “as alterações climáticas vão levar à produção de alimentos com menor conteúdo nutricional, diminuição da produção de alimentos o que vai encarecer o preço dos produtos”. Um caminho que “reforçará, quer a insegurança alimentar, quer a desnutrição, assim como o desvio para o consumo de alimentos processados, de elevada densidade energética”. Deste último caso podemos concluir, de acordo com a nutricionista, que “vai sair reforçado o fenómeno da obesidade”.

“Na alimentação, há uma tempestade perfeita a formar-se. Chama-se sindemia, uma sinergia de epidemias, pois os três fenómenos que elenquei ocorrem em simultâneo no tempo e no espaço”, adianta Cláudia Viegas

É uma arma para o nosso planeta todo o processo industrial por detrás da produção
“É uma arma para o nosso planeta todo o processo industrial que está por detrás da produção. A agricultura representa 15 a 23% da emissão de gases com efeito de estufa. Contudo, nesta, 12 a 19% prende-se com a produção animal”, refere a docente.

“A nossa alimentação assenta, hoje, no consumo exagerado de carne. Muito além daquilo que é admissível, com 180 a 200 gramas por refeição. Um requisito por parte do público que entende que uma grande dose de carne é uma refeição bem servida. Por exemplo, o que preocupa as famílias é que à refeição a criança coma a carne até ao fim. Não temos a mesma perceção em relação aos hortícolas”.

No que respeita à restauração Cláudia Viegas deixa uma sugestão: “As ementas ao invés de destacarem a carne ou o peixe, os refira como acompanhamentos. Aliás, chamemos-lhes isso mesmo, acompanhamentos, porque não são o componente principal, o mais importante”.
A obesidade, um grande problema

No que respeita à obesidade, “um grande problema mundial”, as recomendações da Organização Mundial da Saúde “chegam-nos desde há mais de 30 anos. Todos os países aderem. Mas, na realidade, não há mudanças que sejam consideráveis e significativas”, sustenta Cláudia, para quem “há vários motivos para que isso aconteça e, algo com um peso muito forte, a oposição por parte daqueles que são os interesses comerciais e económicos”.

Somos um público pouco exigente ou pouco consciente do impacto que a alimentação tem nas nossas vidas.
“Todos nos lembramos da polémica em torno da lei que procurava regular o conteúdo do sal dos alimentos e que acabou chumbada pela pressão dos grupos económicos. São muito poucas, mas muito poderosas as empresas que gerem grande parte daquilo que temos disponível no mercado”.

Para a docente na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, “somos um público pouco exigente ou pouco consciente do impacto que a alimentação tem nas nossas vidas. Adultos e crianças têm cada vez menos literacia sobre aquilo que comemos, estando a perder-se a ligação entre o que nos aparece no prato e a origem do alimento”.

Neste âmbito, a nutricionista não poupa a indústria alimentar: “Passa-nos a ideia de que uma fruta e a congénere sob a forma bebível, em pacote, são a mesma coisa. Não o são, nem do ponto de vista nutricional, nem do ponto de vista do impacto sobre o planeta, ou mesmo naquilo que se entende sobre o que é um alimento”.

sábado, 5 de julho de 2025

Borboletas e insetos num prato – arte de Johann Zacharias Quast


O artista desta peça é Johann Zacharias Quast, e a etiqueta informativa do Clark Institute of Art (Williamstown, Massachusetts, EUA) descreve-o como "Boémio, 1814-1891", e que o prato foi pintado em 1840, provavelmente destinado a ser um item de colecção e não para uso em jantares.

Um pensamento comum sobre os "boémios" é que descreve um artista ou escritor não convencional, mas, neste contexto, Quast ser "boémio" significa que nasceu na Boémia, que durante a sua vida era uma região na parte ocidental da atual República Checa. As suas pinturas de borboletas, escaravelhos, aranhas, moscas e outros insetos eram conhecidas por serem uma representação completa do ser vivo original, até ao mais ínfimo pormenor, e foram provavelmente pintadas com exemplos emprestados de coleções de amostras preservadas. Se observarem atentamente a imagem acima, verão que ele até pintou sombras para cada ser vivo, de modo a que estes pareçam estar em 3D na superfície do prato.

O partido Chega que rasga as vestes a berrar para salvarem as nossas crianças é o mesmo partido que usa menores para “fazer propaganda” de ódio


Apesar da imunidade parlamentar, este depoimento da deputada Rita Matias configura um crime, previsto no Código Penal, com pena de prisão de seis meses a cinco anos visto ser clara a incitação ao ódio motivada por racismo, xenofobia, entre outras formas de discriminação (nomes estrangeiros).

Aliás o o nome completo da deputada é Rita Maria Cid Matias. Cid é um nome de origem muçulmana.
Basta procurar no Google para perceber que a origem deste apelido é marroquino, uma etnia de esmagadora maioria muçulmana. Derivado de "seid" ou "sayyid", que significa "chefe" ou "senhor".


Além disso depois de usar crianças para estimular o ódio, eis o jogo preferido do Chega: fomentar a divisão entre trabalhadores enquanto lhes negam direitos (creches públicas + vagas; reforço da proteção na maternidade). Nem a lama em que gostam de chafurdar consegue esconder a vossa hipocrisia.


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Google’s data center energy use grew 27% in one year, plus eight more takeaways from its 2025 environmental report


In Google’s 10th annual report, the company said it reduced emissions even as its data center electricity consumption rose by 27% in one year

‘Tis the season for environmental sustainability reports, it seems, with the GSMA recently releasing its Mobile Net Zero report on telecom operators’ sustainability progress and Google putting out the tenth annual edition of its company environmental report.

The good news across both of those reports? Emissions are down, as telecom and tech companies purchase more clean energy to meet their growing needs. The downside is that those power needs are growing so fast that they need to pick up the pace if they actually want to make progress on sustainability. Available power isn’t keeping up with demand, creating a major bottleneck for cloud, AI and data center proliferation.

The Google environmental report puts numbers out (though some researchers have questioned whether they are accurate), but it also illustrates some of the company’s efforts to push against the prevailing trends in energy type and availability.

Here are nine key takeaways from the 2025 report.

–Power use grew by 27% in just one year. It was up 17% the prior year and doubled over the past four years. The increase should come as no surprise, with the insatiable demand for power-hungry data centers and the scramble across industries to develop and adopt even more power-intense artificial intelligence-based applications. However, the company took pains to note that its “growing electricity needs aren’t solely driven by AI. The accelerating growth of Google Cloud, continued investments in Search, the expanding reach of YouTube, and more, have also contributed to this overall growth.”

–Increased efficiency offset some impacts. Google says that its data centers “are some of the most efficient in the world” and are delivering more than six times the computing power per unit of electricity than they did five years ago. The company credited its hardware engineering progress in creating chips like its Ironwood Tensor Processing Unit (TPU), which it says is nearly 30 times more power efficient than its first Cloud TPU from 2018.

–Emissions are down. Google calculated that it reduced data center emissions by 12% despite the overall increase in data center energy usage, meaning that it is successfully shifting toward less carbon-intense energy sources.

– Water usage was up 28% in one year. Data centers also rely heavily on water use for cooling purposes. Between 2023 and 2024, Google saw its water usage rise 28% to 8.1 billion gallons — which it says would be the equivalent of annual watering for 54 golf courses in the arid U.S. Southwest. It’s trying to balance out those impacts with water stewardship projects that it says helped to safeguard 4.5 billion gallons of water, or about 64% of its usage.

–Clean energy purchases and projects hit a record high. Last year alone, Google said that it signed 60 new clean energy generation contracts to purchase more than 8 GW. That number is the largest annual total in its history and twice what is contracted for the previous year. Google has purchased renewable energy matching 100% of its usage since 2017, and it is working toward its “climate moonshot” goal of 24/7 carbon-free energy (CFE). In 2023, it was at 64% CFE overall and it increased that percentage by 2% to 66% — but notably, some of its data center regions achieved at least 80% CFE.

Zohran Mamdani: novidade ou retrotopia?


Por Vitor Belanciano
Muito se tem falado dele, Zohran Mamdani, 33 anos, que se descreve como socialista democrático, candidato oficial democrata para as eleições à câmara de Nova Iorque, nas autárquicas de Novembro, nos EUA.

Na base do apoio popular, para além das questões pessoais (jovem, enérgico, confiante) e formais, com dois vértices principais, domínio da comunicação nas redes sociais e operações quase porta a porta, parece estar uma campanha que apostou em falar claramente de habitação acessível, rendas, desigualdade, salários, transportes, saúde e creches públicas ou comércio local, sem esquecer as questões de género, raciais ou ambientais.

O que seria de esperar. O problema é que vivemos num mundo tão distópico, ficcional – Trump, claro, já veio dizer que é “comunista”, tentativa de o demonizar – e num plano inclinado tão para a direita, que aquilo que parece elementar, se tornou em algo de excecional, daí que Mamdani esteja a ser visto como a luz ao fundo do túnel por muitas vozes progressistas. Calma.

Digamos que Mamdani, americano, nascido no Uganda, de pais indianos, muçulmano, recuperou para o seu discurso aquilo que a maioria dos partidos de esquerda, se esquece, nos EUA como na Europa, quando ascende ao poder: de governar realmente à esquerda.

Tão preocupados com a gestão dos mercados e um crescimento económico residual, que vai parar sempre aos mesmos bolsos, esqueceram-se da equidade e da justiça social. O socialismo vai para o lixo, fica o liberalismo suave.

O discurso de Mamdani tem, aliás, pontos de contato com o de veteranos como Corbyn ou Bernie Sanders, com o aumento de impostos para os super-ricos no horizonte e expondo que o que se passa na Palestina é genocídio. O que, no contexto atual, é uma aragem de ar puro, mas sem nada de radical.

O sintoma Mamdani parece antes inscrever-se naquilo que Zygmunt Bauman (1925-2017), caracterizou, pouco antes de morrer, como tempos de retrotopia.

Por desmemória, manipulação ou insuficiência em conceber novas abordagens, temos visto nos últimos anos novas gerações entregues a ideologias do passado, vividas como se fossem a última novidade da estação, do neofascismo ao neoliberalismo, regressando nacionalismos, protecionismos, gestos autoritários, redes de interesses e lógicas ultraliberais. Mentes e ideias em putrefação, para corpos novos.

Para contrapor a esse domínio conservador hoje no mundo, é necessário ter uma agenda própria, outras grelhas de leitura da realidade expostas com clareza e soluções políticas.

Para já, Mamdani, inspirou-se nos fundamentos perenes do socialismo o que traz uma aura de novidade porque a esquerda liberal quando esteve no poder nunca conseguiu ser, enfim, socialista. Só isso, no contexto atual, é muito. Não vale a pena idealiza-lo. Pode ser um fenómeno circunstancial, mas o sintoma que aspirou é real. Existe uma ânsia popular por mudança, embora refreada por medo e insegurança.

Tempos perigosos, mas também em aberto. Não espantará se as principais dificuldades que Mamdani enfrentar vierem do interior do próprio partido democrata. Mas é quando as placas tectónicas das estruturas de poder se começam a mexer que tudo pode acontecer.

*Mamdani e a mulher, Rama Duwaji. Foto de Kara McCurdy

Para ler "A Magia do Sensível" de David Abram


David Abram é um ecologista e filósofo, os seus livros e conferências têm tido uma influência aprofundada no movimento da ecologia. Não é fácil encontrar os livros dele em português. Felizmente existe esta edição da Fundação Calouste Gulbenkian, do seu livro “A Magia do Sensível”.

“Juntamente com os outros animais, as pedras, as árvores e as nuvens, somos personagens dentro de uma imensa história que está a desdobrar-se visivelmente à nossa volta, participantes na vasta imaginação, ou sonho, do mundo.” ~ David Abram

Em "A Magia do Sensível - Percepção e Linguagem num mundo mais do que humano", David Abram convida os leitores a uma jornada profunda por nossas experiências sensoriais, reconectando-nos com o mundo natural que nos nutre. Premiado com o International Lannan Literary Award for Nonfiction, esta obra de filosofia ecológica desafia percepções convencionais ao explorar a relação profundamente enraizada que os seres humanos uma vez compartilharam com o meio ambiente. Tirando de uma rica tapeçaria de influências — que vão da filosofia de Merleau-Ponty ao xamanismo balinês — Abram examina como nossa compreensão da linguagem e da cognição está intrinsecamente ligada aos ritmos da natureza. Através de uma mistura de prosa lírica e exploração intelectual, ele nos instiga a uma reconexão com a terra viva, lembrando-nos da interdependência vibrante que foi negligenciada na vida moderna.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Naturalmente Flores


O filme foi realizado e editado por Paulo Ferreira e tem a narração a cargo de Eduardo Rêgo. Paulo Ferreira esteve a gravar na ilha das Flores durante 15 dias em 2022 e mostra-nos algumas singularidades ao nível da flora e da fauna, incluindo a marinha. As imagens do fundo do mar das Flores despertam em nós a consciência ambiental necessária para que todos possamos reverter o sentido das alterações climáticas. As imagens noturnas (da Via Láctea), gravadas ao redor da ilha das Flores são uma visão diferente do que estamos habituados a ver. Isto porque a Ilha das Flores possui pouca poluição luminosa, algo que a todos deveria preocupar. Durante o filme quase que damos por nós sentados à beira mar, a ouvir o som dos Cagarros, sob um céu estrelado salpicado pela luz da Via Láctea. São imagens belas de uma Ilha especial para Paulo Ferreira.

A Ilha das Flores, nos Açores, é conhecida pela sua rica biodiversidade, com destaque para a presença de várias espécies endémicas e habitats únicos. A ilha possui uma área protegida, o Parque Natural da Ilha das Flores, que integra diversas zonas classificadas na Rede Natura 2000 e um Sítio Ramsar. A Reserva da Biosfera da Ilha das Flores, reconhecida pela UNESCO, reforça a importância da conservação deste património natural. 
Biodiversidade:
Espécies endémicas:
A Ilha das Flores possui uma elevada concentração de espécies endémicas, tanto na flora como na fauna. Entre os vertebrados endémicos dos Açores, nove aves, um morcego e um peixe marinho são conhecidos apenas na ilha. 
Plantas:
Mais de 50 espécies e subespécies de plantas vasculares são endémicas do arquipélago. Destacam-se a Myosotis azorica (não-me-esqueças) e a Veronica dabneyi, duas plantas raras que só são encontradas em estado selvagem nas ilhas do Grupo Ocidental. 
Fauna terrestre:
Três espécies endémicas de artrópodes são exclusivas da Ilha das Flores: o escaravelho-cascudo-da-mata (Tarphius floresensis), Agyneta depigmentata e Cheiracanthium floresense
Aves marinhas:
A ilha é um local de nidificação importante para várias espécies de aves marinhas, muitas delas protegidas pela Diretiva Aves da União Europeia. 

Parque Natural e Reserva da Biosfera:
O Parque Natural da Ilha das Flores é responsável pela conservação da natureza na ilha e nas áreas marinhas circundantes. 
A Reserva da Biosfera da Ilha das Flores, reconhecida pela UNESCO, destaca a importância da ilha como um local com valores ambientais e culturais únicos. 
A Reserva da Biosfera promove atividades de turismo sustentável, investigação e valorização da biodiversidade. 

Relatora da ONU pede criminalização da desinformação sobre combustíveis fósseis e proibição do lóbi


Uma das principais especialistas das Nações Unidas apela à aplicação de sanções penais contra aqueles que vendem desinformação sobre a crise climática e à proibição total da atividade de lóbi e publicidade da indústria dos combustíveis fósseis, como parte de uma mudança radical para salvaguardar os direitos humanos e travar a catástrofe planetária. Elisa Morgera, a relatora especial da ONU para os direitos humanos e as alterações climáticas, defende que os EUA, o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e outras nações ricas em combustíveis fósseis são legalmente obrigados, ao abrigo do direito internacional, a eliminar totalmente o petróleo, o gás e o carvão até 2030 - e a compensar as comunidades pelos danos causados. A fraturação hidráulica, as areias petrolíferas e o ‘flaring’ devem ser proibidos, tal como a exploração de combustíveis fósseis, os subsídios, os investimentos e as falsas soluções tecnológicas que prenderão as gerações futuras ao petróleo, ao gás e ao carvão poluentes e cada vez mais dispendiosos.
O seu relatório será apresentado na segunda-feira na Assembleia Geral em Genebra.

Pequenas Cidades No Tempo. O Ambiente e Outros Temas


Este livro integra textos escolhidos do colóquio de 2019 sobre Pequenas Cidades e Ambiente. Iniciando-se com o repto lançado pelo Professor Jean-Luc Fray, seguem-se as respetivas respostas, ordenadas nas seguintes subsecções:
  1. A interpretação de sistemas socioecológicos sob perspectivas de conjunto; 
  2. A observação de sistemas socioecológicos através dos testemunhos materiais; 
  3. A análise pormenorizada de fenómenos de antropização; 
  4. O estudo da regulação societária de recursos e problemas ambientais.
A segunda parte do livro, sobretudo constituída por textos apresentados num encontro de 2017, corporiza várias categorias de estudos sobre as pequenas cidades, nomeadamente,  a  monografia,  a  articulação  de  povoados,  as  hierarquias  urbanas,  as  leituras  do  espaço  urbano,  as  materialidades,  as  redes  de  poder  e,  não  menos  importante, a intervenção societária. 

Por fim, as conclusões pretendem, para além de sintetizar algumas linhas gerais transmitidas pelo conjunto de artigos, enfrentar os “problemas irritantes” (nas palavras do Professor Jean-Luc Fray) levantados pela classificação  dos  núcleos  urbanos  de  pequena  dimensão  e,  também,  valorizar  a  acuidade da pesquisa sobre as pequenas cidades no tempo

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Faixa de Gaza. "O genocídio, ao que parece, é lucrativo", denuncia relatora da ONU"


"Da Economia da Ocupação à Economia do Genocídio" é o título do mais recente relatório que Francesca Albanese vai apresentar, esta semana, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. A relatora especial da ONU para a situação dos Direitos Humanos na Palestina conclui que o genocídio levado a cabo por Israel em Gaza está a ser "lucrativo" para muitas multinacionais de setores como tecnologia, bancos e armas. 

O documento menciona mais de 60 empresas, incluindo grandes fabricantes de armas e tecnologia (Microsoft, Alphabet Inc. e Amazon), pelo apoio que têm dado à instalação de colonatos judeus e às operações militares em Gaza. 

Estas ações são referidas como parte de uma "campanha genocida". 

Também são mencionadas Caterpillar Inc e HD Hyundai, cujos equipamentos contribuíram para a destruição de propriedades palestinianas. São alguns nomes referidos no mesmo documento em que a relatora pede que as empresas interrompam as relações comerciais com Israel e que os dirigentes e executivos das mesmas sejam responsabilizados por “violações do Direito Internacional”. 

“Enquanto líderes políticos e governos se esquivam das suas obrigações, muitas entidades corporativas lucraram com a economia israelita de ocupação ilegal, apartheid e, agora, genocídio”, denuncia o documento. 

Francesca Albanese sublinha a urgência em exigir responsabilidades porque “a autodeterminação e a própria existência de um povo estão em jogo”.“Este é um passo necessário para pôr fim ao genocídio e desmantelar o sistema global que o permitiu”, está escrito no documento de 27 páginas. 

O relatório que Francesca Albanese apresenta esta semana, em Genebra, foi partilhado pela própria na mensagem que partilhou na rede social X. “Isto não é o negócio de sempre. O meu novo relatório da ONU, Da Economia da Ocupação à Economia do Genocídio, foi publicado hoje. Ele revela como as corporações alimentaram e legitimaram a destruição da Palestina. O genocídio, ao que parece, é lucrativo. Isto não pode continuar, a responsabilização deve ser o resultado”. 

“A cumplicidade exposta pelo relatório é apenas a ponta do icebergue”, admite o relatório de Francesca Albanese. O relatório foi elaborado com base em mais de 200 contribuições de Estados, defensores de Direitos Humanos e académicos. Francesca Albanese, que está mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, mas que não fala em nome da organização, é uma das vozes mais críticas da guerra de Israel em Gaza. 

Francesca Albanese foi também uma das primeiras vozes a classificar a guerra de Israel contra a população palestiniana como "genocídio". 

Ainda na terça-feira, os Estados Unidos pediram ao secretário-geral da ONU que expulse Francesca Albanese do cargo de relatora especial para a situação dos direitos humanos na Palestina, alegando "má conduta". Washington considerou ainda que as alegações de Albanese de que Israel está a cometer genocídio em Gaza e a envolver-se num sistema de 'apartheid' "são falsas e ofensivas".

Porque é que o genocídio palestiniano continua? Porque é lucrativo



The United Nations special rapporteur on the situation of human rights in the occupied Palestinian territory (oPt) has released a new report mapping the corporations aiding Israel in the displacement of Palestinians and its genocidal war on Gaza, in breach of international law.

Francesca Albanese’s latest report, which is scheduled to be presented at a news conference in Geneva on Thursday, names 48 corporate actors, including United States tech giants Microsoft, Alphabet Inc. – Google’s parent company – and Amazon. A database of more than 1000 corporate entities was also put together as part of the investigation.

“[Israel’s] forever-occupation has become the ideal testing ground for arms manufacturers and Big Tech – providing significant supply and demand, little oversight, and zero accountability – while investors and private and public institutions profit freely,” the report said.

“Companies are no longer merely implicated in occupation – they may be embedded in an economy of genocide,” it said, in a reference to Israel’s ongoing assault on the Gaza Strip. In an expert opinion last year, Albanese said there were “reasonable grounds” to believe Israel was committing genocide in the besieged Palestinian enclave.

The report stated that its findings illustrate “why Israel’s genocide continues”.

“Because it is lucrative for many,” it said.

Ontem, os meios de comunicação em Portugal, reproduziram notícias de agências internacionais, titulando: “EUA pedem expulsão de Francisca Albanese da ONU.” Nenhum concedeu acrescentar algo mais próximo da verdade como: “EUA pedem expulsão de relatora da ONU, por causa de documento comprometedor." Ou, pronto, vá, qualquer coisa como: “EUA pedem expulsão de Albanese: em causa relatório que compromete inúmeras multinacionais e Israel.”

Porque é disso que se trata. Na próxima quinta, a relatora especial para a situação dos direitos humanos na Palestina, vai apresentar um documento que conclui que o genocídio que está a ser levado a cabo por Israel é lucrativo para muitas multinacionais de setores como a tecnologia, bancos e armas. É contundente e avassalador. Discorre sobre as fundações da economia global e a relação com os acontecimentos em Gaza. Daí que, claro, os EUA, e não só, tentem agora, numa jogada de antecipação, desacreditá-la, falando em “má conduta” e, pondo em causa, inclusive, o seu carácter, as qualificações e outras coisas que tais, numa manobra recorrente nestes casos.

O relatório está aqui para quem quiser ler. Detalha a responsabilidade de dezenas de empresas, com nomes e apelidos. Todos sabemos dos condicionalismos das redes, mas se existe algo que podemos fazer neste momento, é disseminar este documento.

Teresa Torga - uma mulher na Revolução


Uma mulher decidiu despir-se e dançar no cruzamento das avenidas Miguel Bombarda e 5 de Outubro, em Lisboa. Eram quatro da tarde, corria o ano de 1975 e o país fervia na liberdade recém-conquistada. O gesto deu origem a uma crónica do jornalista Rogério Rodrigues no Diário de Lisboa e, mais tarde, a uma canção de José Afonso. 

Alan Romero 
"A letra fala da triste história de uma artista decadente que, numa atitude tresloucada, dançava nua em plena tarde numa avenida lisboeta. A cena inusitada atraiu a atenção de um repórter que, no entanto, não conseguiu fotografá-la devido aos protestos dos transeuntes, revoltados com o que consideraram uma exploração degradante. Entretanto a canção tornou-se um clássico da luta pelos direitos da mulher em Portugal. Só em 2006 o texto original foi dado a público, através do livro "Os loucos dias do PREC", de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira. A notícia, publicada originalmente no Diário de Lisboa, confirmava o conteúdo da canção e dava mais pistas: ela tinha sido fadista, atriz de teatro de revista e vivido durante algum tempo no Brasil. Reportava também a sua condição de paciente de um conhecido hospício. Recentemente, o blog português "Rua dos dias que voam" localizou uma entrevista de Teresa Torga na extinta revista Plateia. 
Ela fala dos sete anos em que morou no Rio de Janeiro, tendo trabalhado com Maria Della Costa, Costinha e outros grandes nomes do teatro e da televisão. A musa de Zeca Afonso mostrava sua face: a matéria é ilustrada com duas fotos, as únicas conhecidas da artista. Mas o que mais despertou a minha curiosidade foi a referência a um disco que ela teria gravado com as canções "De degrau em degrau" e "Rua sem luz". 
Imediatamente mergulhei no Google em busca dessas gravações. Revirei a internet de ponta a ponta até que localizei essa raridade no acervo da Discoteca Oneyda Alvarenga! Trata-se de uma edição do selo Chantecler, de 1962, talvez a única cópia existente, preservada graças a esta instituição. Teresa Torga aos poucos vai saindo da bruma do esquecimento. De suposta personagem ficcional passou a ter existência documentada. Depois viu-se-lhe o rosto. E agora ganha voz! A Associação José Afonso agradece à Discoteca Oneyda Alvarenga a oportunidade única concedida aos fãs do Zeca de poderem ouvir tão preciosos áudios.


No centro da Avenida 
No cruzamento da rua 
As quatro em ponto perdida 
Dançava uma mulher nua 

A gente que via a cena 
Correu para junto dela 
No intuito de vesti-la 
Mas surge António Capela 

Que aproveitando a barbuda 
Só pensa em fotografá-la 
Mulher na democracia 
Não é biombo de sala 

Dizem que se chama Teresa 
Seu nome e Teresa Torga 
Muda o pick-up em Benfica 
Atura a malta da borga 

Aluga quartos de casa 
Mas já foi primeira estrela 
Agora é modelo à força 
Que o diga António Capela 

T'resa Torga T'resa Torga 
Vencida numa fornalha 
Não há bandeira sem luta 
Não há luta sem batalha


Brexit is a 'complete disaster' and referendum 'should have been repeated'



Brexit has been slammed as a 'complete disaster' that 'ruined most of the country' in a poll marking nine years since the UK voted to leave the EU. Mirror readers slammed the European Union referendum, overwhelmingly voting that Brexit has failed.

The UK marked nine years since the Brexit referendum on June 23 2025. The vote - which signalled the UK's intention to leave the European Union - ultimately ended a 47-year relationship with the political and economic bloc.

Brits narrowly voted to leave the EU by 51.9% to 48.1%, a decision which lead to years of uncertainty across the country. A flurry of four different Conservative prime ministers ensued over a space of five years - including Liz Truss, whose premiership lasted just 49 days.

Leaving the European Union has been proven to have made Brits' lives worse in at least six ways. Airport and port queues have grown drastically, food prices have spiralled out of control and small businesses have been forced to shut down. It has also become harder to work or study in the EU, music artists have been hit by a wave of barriers and NHS jobs have been left in chaos.

To mark the 9th anniversary of the day the UK voted out, we asked readers to give their opinions on Brexit, with over 25,000 people voting in the poll. In response to the question 'do you think Brexit has failed?', an overwhelming 71% (18,565) voted yes, slamming the referendum as a 'disaster', while just 29% (7,520) voted no.

terça-feira, 1 de julho de 2025

O que está por trás do investimento pesado da China em baterias de sódio



Dezenas de motocicletas elétricas tipo scooter estão enfileiradas do lado de fora de um shopping na cidade de Hangzhou, no leste da China, atraindo transeuntes para testá-las.

Mas estas scooters semelhantes a Vespas, que são vendidas por de US$ 400 a US$ 660, não são movidas pelas tradicionais baterias de chumbo-ácido ou de íon de lítio, comumente usadas em veículos elétricos de duas rodas. Em vez disso, suas baterias são feitas de sódio, um elemento abundante que pode ser extraído do sal marinho.

Ao lado das scooters estão algumas torres de recarga rápida, que podem reabastecer o nível de energia dos veículos de 0% a 80% em 15 minutos, de acordo com a Yadea, a principal fabricante chinesa de veículos de duas rodas que realizou esse evento promocional em janeiro de 2025 para divulgar suas motos e sistema de recarga recém-lançados.

Há também uma estação de troca de baterias, que permite que os motoristas entreguem suas baterias usadas em troca de novas, com a leitura de um QR code.

A Yadea é uma das muitas empresas na China que tentam criar uma vantagem competitiva para tecnologias alternativas de bateria, uma tendência que mostra a rapidez com que o setor de tecnologia limpa do país está se desenvolvendo.

O Mundo de Edena



Antes de entrar na obra em si, cabe falar um pouco sobre o autor, Jean “Moebius” Giraud. Foi um artista francês que trabalhou com quadrinhos e também cinema. Começou a sua carreira desenhando um faroeste chamado Blueberry poduzido em parceria com Jean-Michel Charlier. Sua obra de maior reconhecimento, O Incal, foi feita em parceria com Alejandro Jodorowsky.

"O Mundo de Edena" (no original, Le Monde d'Edena) destaca-se pelo seu visual onírico, simbolismo filosófico e abordagem existencialista, sendo considerada uma das obras-primas do autor.

📘 Visão geral da série
Autor: Moebius (Jean Giraud)
Género: Ficção científica, espiritualidade, aventura, utopia/distopia
Publicação inicial: 1983 (como álbum completo em 1988 e uma republicação em 2022)

Volumes: 6 principais
📚 Livros da série
  1. Na Estrela (Sur l'Étoile) – Introdução ao universo de Edena
  2. Os Jardins de Edena (Les Jardins d’Edena) – Primeiras explorações do planeta
  3. A Deusa (La Déesse) – Transições psicológicas e metafísicas
  4. Estrela (Stel) – Mudanças interiores e busca de sentido
  5. Sra. (Sra) – Reflexões sobre identidade e género
  6. Os Consertadores (Les Réparateurs) – Última fase da jornada
🧑‍🚀 Enredo
A história segue Stel e Atan, dois viajantes espaciais que caem num planeta desconhecido. À medida que exploram Edena, são forçados a abandonar a tecnologia e confrontar a natureza, os seus corpos e a própria consciência. Ao longo da saga, Moebius aborda temas como:
  1. Regresso à natureza
  2. Sexualidade e identidade
  3. Autoridade e opressão
  4. Iluminação espiritual
🎨 Estilo artístico
Moebius usa um traço claro e detalhado, com cores suaves e paisagens surreais que evocam tanto o maravilhamento quanto a estranheza. A arte é simbólica e muitas vezes onírica, convidando o leitor a interpretações múltiplas.

💡 Curiosidades
A série foi inspirada por experiências pessoais de Moebius com meditação, dieta macrobiótica e busca espiritual.
Edena começou como uma história promocional para a Citroën (!), mas foi rapidamente expandida numa saga ambiciosa.
A personagem Stel representa o Eu espiritual e consciente; Atan representa o Eu condicionado e apegado à norma.

📚 Edições em português

A série foi publicada em português por diferentes editoras, como a ASA (Portugal) e outras no Brasil. Em anos recentes, algumas editoras lançaram edições integradas com todos os volumes.

Biografia completa aqui

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Agroecologia aumenta a fertilidade do solo, elimina o uso de adubos sintéticos e de pesticidas


De acordo com o estudo Análise da Agroecologia no nosso País, 2020 em Portugal, não existe uma legislação específica dedicada exclusivamente à agroecologia. No entanto, existem várias leis e medidas que apoiam a agricultura sustentável e práticas relacionadas, como a agricultura familiar, circuitos curtos de comercialização e agricultura biológica. Estas medidas indiretamente incentivam e promovem a agroecologia. 

Instrumentos Legais e Medidas de Apoio:

Agricultura Familiar:
A agricultura familiar é reconhecida e apoiada através de várias medidas, como o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020) e outras políticas que visam a sustentabilidade do setor agrícola.
Circuitos Curtos de Comercialização:
Existe legislação e medidas que incentivam a venda direta de produtos agrícolas do produtor ao consumidor, promovendo os circuitos curtos de comercialização, o que é uma prática central na agroecologia.

Agricultura Biológica:
A produção biológica é regulada por legislação específica e tem apoios financeiros, como os pagamentos agroambientais, que são um incentivo para a adoção de práticas agroecológicas. 

Ações e Políticas:
Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020):
Este programa inclui medidas que visam a promoção da sustentabilidade ambiental e económica do setor agrícola, com foco na agricultura familiar e em práticas sustentáveis.

Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica:
Esta estratégia estabelece metas e medidas para o desenvolvimento da produção biológica em Portugal, o que contribui para a prática agroecológica. 

Oportunidades e Desafios:
Apesar da falta de uma legislação específica, a agroecologia tem um papel crescente em Portugal, impulsionada por preocupações ambientais, de saúde pública e de sustentabilidade económica. Os desafios incluem a necessidade de maior investimento em investigação e desenvolvimento, a sensibilização dos consumidores e a criação de políticas públicas mais abrangentes para a agroecologia. 

Outros Estudos e Congressos

Sophia sobre S.Tomé e Príncipe

"Aqui nesta praia onde 
Não há nenhum vestígio de impureza, 
Aqui onde há somente 
Ondas tombando ininterruptamente, 
Puro espaço e lúcida unidade, 
Aqui o tempo apaixonadamente 
Encontra a própria liberdade"

domingo, 29 de junho de 2025

Europe’s Security Gamble: NATO’s New Budget Push


Across Europe, budgets are tightening, classrooms are overcrowded, hospitals are understaffed, and climate targets are slipping out of reach. Yet, in the midst of this so-called austerity, NATO countries are preparing to commit to something extraordinary: raising military spending to 5% of GDP. At a time when governments claim there’s “no money” for essential services, this massive shift demands scrutiny. Who benefits from this build-up? What are we sacrificing to fund it? And most importantly, is this really what security looks like in the 21st century?

Can NATO’s military build-up coexist with Europe’s climate and peace goals?
The world seems to be becoming a less safe place. According to the 2024 Global Peace Index, the world is now witnessing the highest number of armed conflicts since World War II. Regardless of the origins of the conflicts or the actors involved, the outcomes are often very similar: significant civilian casualties, large-scale displacement, and systematic violations of human rights and international humanitarian law. Just in the past year, 160,000 people died in conflict, with Ukraine accounting for 83,000 deaths and Palestine for at least 33,000 as of April 2024.

Faced with this grim reality, governments are ramping up military budgets. In 2024, global military spending surged to a record-breaking $2.7 trillion, the sharpest increase since the end of the Cold War and the tenth consecutive year of rising expenditures. European countries, particularly NATO members, are following this trend. Over the past decade, defence spending by EU NATO member states rose by 45%, from €145 billion in 2014 to an estimated €326 billion in 2024. That is about 1.9% of EU GDP, edging closer to NATO’s current 2% target, and equivalent to the entire annual GDP of several EU member states such as Finland, Portugal, or the Czech Republic.

But here’s the rub: this rapid increase is happening even as public finances are under increasing pressure. Overall, government spending in NATO EU countries grew by just 20% in real terms over the past decade, while defence budgets jumped by more than double that. Spending on health grew 34%, education just 12%, and environmental protection 10%. This highlights a growing imbalance of EU priorities.

A big chunk of this money is going straight into arms and military equipment. In 2024, EU NATO spent €90bn on military hardware, a staggering 50% increase over 2023, accounting for nearly 90% of all defence investments. But does buying more arms make us safer? That depends on what we’re buying, why, who benefits, and what kind of “security” we want. At the same time, the freshly reformed EU fiscal rules have been suspended to allow an increase in military spending, without any changes to the need to generally reduce budgets, meaning austerity still applies.

At NATO’s upcoming summit in The Hague on 24 June, there is momentum to raise the alliance’s defence spending target from 2% to an alarming 5% of GDP. This article does not aim to argue whether military defence is needed. But it encourages us to ask, how much is too much? Who’s profiting? And what does this mean for Europe’s democratic and social fabric? Because a jump to 5% won’t just tweak budgets – it will transform priorities for decades to come. This is not a technical or isolated defence issue. As budgets are redirected toward weapons and away from healthcare, education, housing, nature protection, and green transitions, we must ask: What kind of Europe are we building? If civil society does not pose the right questions, this decision risks being made behind closed doors, without a clear democratic mandate or transparent debate.

What kind of security are we talking about?
Europe needs to be able to defend itself, but one key piece is missing: a serious, independent assessment of what Europe needs to do so. Peace researchers Herbert Wulf and Christopher Steinmetz, in a report commissioned by Greenpeace, found that even without the U.S., NATO Europe far surpasses Russia in nearly all key military parameters. The idea that we are dramatically underprepared is not supported by the data. So, why the rush to build up? What threats are driving this? Are we confronting non-military threats like cyber-attacks, disinformation, or economic coercion with the same urgency as discussions around “air and missile defence” or “long-range weapons, logistics, and large land manoeuvre formations” as suggested by NATO Secretary General Mark Rutte?

Framing defence needs as a percentage of GDP doesn’t help; it’s arbitrary. The proposed 5% defence target is not based on a transparent, evidence-based assessment of actual security needs. Using a percentage of GDP doesn’t reflect either the actual capabilities or military efficiency, nor differences in country size or economic performance, and non-military security needs (e.g., climate, energy, cyber resilience). It’s also proposed without public debate on the consequences for health, education, climate, or social spending.

In short, basing policy on a percentage of GDP distracts from the real work of defining what “security” means and how to achieve it holistically.

Who is benefiting from the increase in military spending?
Follow the money, and another pattern emerges: Europe isn’t just spending more – it’s spending outward. Nearly 80% of European defence procurement is imported, mostly from the United States. So, are our investments really strengthening European security and resilience, or simply boosting American military firms? And what happens when those suppliers are tied to fossil fuel lobbies, political instability, or unpredictable presidents? Let’s not forget: the U.S. military industry played a key role in Trump’s last campaign and could again. By feeding this system, are we fuelling the very instability we claim to resist?

Meanwhile, public money flows steadily into the hands of military shareholders. Where do we draw the line? What becomes of budgets meant for healthcare, education, childcare, housing, nature protection and the climate? If we see direct transfers from public pockets to company shareholders as part of the industrial-military complex, would the wealthiest rentiers not again reap profits at the expense of taxpayers? When arms companies and investment funds profit from conflict, how do we safeguard democratic oversight? Should we revisit, if not reverse, the privatisation of military industries to preempt a situation where profits depend on global unrest?

This is more than just a budget issue. It’s a structural shift that could weaken democracy, deepen inequality, and make conflict more profitable than peace.

How beneficial is militarisation for economic performance and jobs?
Not in the way some claim. Military spending may look like an economic stimulus, but evidence shows otherwise. Military expenditure often has a smaller multiplier effect compared to green and social investments. It creates fewer jobs per euro spent than health, education, or green investment. That’s because defence projects are capital-intensive, dominated by a handful of companies, and often happen outside the EU.

Compare that to investments in energy efficiency, renewables, public transport, care work, or nature restoration, which generate more employment, faster returns, and healthier communities. At a time of fiscal constraint, prioritising defence risks crowding out essential public services, deepening social inequalities, and weakening economic resilience.

And what about the climate and the environment?
Militarisation comes with a hefty environmental price tag, long before war ever breaks out. Military forces are among the world’s biggest energy users. Building and maintaining military forces consume large amounts of fossil fuels, critical minerals, and water, which places a strain on ecosystems and contributes to global emissions. Control over such materials has become a strategic priority, influencing geopolitical decisions in regions like Ukraine and the DRC. Day-to-day military readiness requires constant training, and training means consuming resources and energy, notably oil, with low levels of energy efficiency.

The global military carbon footprint is estimated at 5.5% of all greenhouse gas emissions, yet it’s mostly invisible in climate accounting frameworks. That means countries can meet climate targets on paper while quietly ramping up emissions through their armies.

There’s also the question of land. Militaries also occupy vast land and sea areas, up to 6% of the planet’s surface, including ecologically sensitive zones. Some areas may be shielded by restricted access, but many suffer heavy degradation from training, testing, and infrastructure. Pollution, habitat loss, and contamination are all common issues, with little to no public accountability.

This raises a fundamental issue: what if military “readiness” is undermining planetary stability, the very foundation of long-term peace?
A turning point

We are living through uncertain, volatile times. The threats are real, but so are the choices.

We can choose to define security broadly, not just as the absence of war but as the presence of care, fairness, resilience, and sustainability. We can build safety from the ground up — with strong communities, thriving nature, and just economies.

Or we can double down on outdated models of defence, lock in spending that benefits the few, and lose sight of the Europe we claim to defend. Civil society must not shy away from this debate.

Because in the end, security isn’t just about protecting borders; it’s about protecting what matters most.

Gaza’s Hunger Games - Os jogos da fome de Gaza. Artigo de Chris Hedges


Israel’s weaponization of starvation is how genocides always end. I covered the insidious effects of orchestrated starvation in the Guatemalan Highlands during the genocidal campaign of Gen. Efraín Ríos Montt, the famine in southern Sudan that left a quarter of a million dead — I walked past the frail and skeletal corpses of families lining roadsides — and later during the war in Bosnia when Serbs cut off food supplies to enclaves such as Srebrencia and Goražde.

Starvation was weaponized by the Ottoman Empire to decimate the Armenians. It was used to kill millions of Ukrainians in the Holodomor in 1932 and 1933. It was employed by the Nazis against the Jews in the ghettos in World War II. German soldiers used food, as Israel does, like bait. They offered three kilograms of bread and one kilogram of marmalade to lure desperate families in the Warsaw Ghetto onto transports to the death camps. “There were times when hundreds of people had to wait in line for several days to be ‘deported,’” Marek Edelman writes in “The Ghetto Fights.” “The number of people anxious to obtain the three kilograms of bread was such that the transports, now leaving twice daily with 12,000 people, could not accommodate them all.” And when crowds became unruly, as in Gaza, the German troops fired deadly volleys that ripped through emaciated husks of women, children and the elderly.

This tactic is as old as warfare itself.
The report in the Israeli newspaper Haaretz, that Israeli soldiers are ordered to shoot into crowds of Palestinians at aid hubs, with 580 killed and 4,216 wounded, is not a surprise. It is the predictable denouement of the genocide, the inevitable conclusion to a campaign of mass extermination.

Israel, with its targeted assassinations of at least 1,400 health care workers, hundreds of United Nations (U.N.) workers, journalists, police and even poets and academics, its obliteration of multi-story apartment blocks wiping out dozens of families, its shelling of designated “humanitarian zones” where Palestinians huddle under tents, tarps or in the open air, its systematic targeting of U.N. food distribution centers, bakeries and aid convoys or its sadistic sniper fire that guns down children, long ago illustrated that Palestinians are regarded as vermin worthy only of annihilation.

The blockade of food and humanitarian aid, imposed on Gaza since March 2, is reducing Palestinians to abject dependence. To eat, they must crawl towards their killers and beg. Humiliated, terrified, desperate for a few scraps of food, they are stripped of dignity, autonomy and agency. This is by intent.

Yousef al-Ajouri, 40, explained to Middle East Eye his nightmarish journey to one of four aid hubs set up by the Gaza Humanitarian Foundation (GHF). The hubs are not designed to meet the needs of the Palestinians, who once relied on 400 aid distribution sites, but to lure them from northern Gaza to the south. Israel, which on Sunday again ordered Palestinians to leave northern Gaza, is steadily expanding its annexation of the coastal strip. Palestinians are corralled like livestock into narrow metal chutes at distribution points which are overseen by heavily armed mercenaries. They receive, if they are one of the fortunate few, a small box of food.

Al-Ajouri, who before the genocide was a taxi driver, lives with his wife, seven children and his mother and father in a tent in al-Saraya, near the middle of Gaza City. He set out to an aid hub at Salah al-Din Road near the Netzarim corridor, to find some food for his children, who he said cry constantly “because of how hungry they are.” On the advice of his neighbor in the tent next to him, he dressed in loose clothing “so that I could run and be agile.” He carried a bag for canned and packaged goods because the crush of the crowds meant “no one was able to carry the boxes the aid came in.”

He left at about 9 p.m. with five other men “including an engineer and a teacher,” and “children aged 10 and 12.” They did not take the official route designated by the Israeli army. The massive crowds converging on the aid point along the official route ensure that most never get close enough to receive food. Instead, they walked in the darkness in areas exposed to Israeli gunfire, often having to crawl to avoid being seen.

“As I crawled, I looked over, and to my surprise, saw several women and elderly people taking the same treacherous route as us,” he explained. “At one point, there was a barrage of live gunfire all around me. We hid behind a destroyed building. Anyone who moved or made a noticeable motion was immediately shot by snipers. Next to me was a tall, light-haired young man using the flashlight on his phone to guide him. The others yelled at him to turn it off. Seconds later, he was shot. He collapsed to the ground and lay there bleeding, but no one could help or move him. He died within minutes.”

He passed six bodies along the route who had been shot dead by Israeli soldiers.

Al-Ajouri reached the hub at 2 a.m., the designated time for aid distribution. He saw a green light turned on ahead of him which signaled that aid was about to be distributed. Thousands began to run towards the light, pushing, shoving and trampling each other. He fought his way through the crowd until he reached the aid.

“I started feeling around for the aid boxes and grabbed a bag that felt like rice,” he said. “But just as I did, someone else snatched it from my hands. I tried to hold on, but he threatened to stab me with his knife. Most people there were carrying knives, either to defend themselves or to steal from others. Eventually, I managed to grab four cans of beans, a kilogram of bulgur, and half a kilogram of pasta. Within moments, the boxes were empty. Most of the people there, including women, children and the elderly, got nothing. Some begged others to share. But no one could afford to give up what they managed to get.”

The U.S. contractors and Israeli soldiers overseeing the mayhem laughed and pointed their weapons at the crowd. Some filmed with their phones.

“Minutes later, red smoke grenades were thrown into the air,” he remembered. “Someone told me that it was the signal to evacuate the area. After that, heavy gunfire began. Me, Khalil and a few others headed to al-Awda Hospital in Nuseirat because our friend Wael had injured his hand during the journey. I was shocked by what I saw at the hospital. There were at least 35 martyrs lying dead on the ground in one of the rooms. A doctor told me they had all been brought in that same day. They were each shot in the head or chest while queuing near the aid center. Their families were waiting for them to come home with food and ingredients. Now, they were corpses.”

GHF is a Mossad-funded creation of Israel’s Defense Ministry that contracts with UG Solutions and Safe Reach Solutions, run by former members of the CIA and U.S. Special Forces. GHF is headed by Rev. Johnnie Moore, a far-right Christian Zionist with close ties to Donald Trump and Benjamin Netanyahu. The organization has also contracted anti-Hamas drug-smuggling gangs to provide security at aid sites.

As Chris Gunness, a former spokesperson for the United Nations Relief and Work Agency (UNRWA) told Al Jazeera, GHF is “aid washing,” a way to mask the reality that “people are being starved into submission.”

Israel, along with the U.S. and European countries that provide weapons to sustain the genocide, have chosen to disregard the January 2024 ruling by the International Court of Justice (ICJ) which demanded immediate protection for civilians in Gaza and widespread provision of humanitarian assistance.

Haaretz, in its article headlined “‘It’s a Killing Field’: IDF Soldiers Ordered to Shoot Deliberately at Unarmed Gazans Waiting for Humanitarian Aid” reported that Israeli commanders order soldiers to open fire on crowds to keep them away from aid sites or disperse them.

“The distribution centers typically open for just one hour each morning,” Haaretz writes. “According to officers and soldiers who served in their areas, the IDF fires at people who arrive before opening hours to prevent them from approaching, or again after the centers close, to disperse them. Since some of the shooting incidents occurred at night — ahead of the opening — it’s possible that some civilians couldn't see the boundaries of the designated area.”

“It's a killing field,” one soldier told Haaretz. “Where I was stationed, between one and five people were killed every day. They're treated like a hostile force — no crowd-control measures, no tear gas — just live fire with everything imaginable: heavy machine guns, grenade launchers, mortars. Then, once the center opens, the shooting stops, and they know they can approach. Our form of communication is gunfire.”

“We open fire early in the morning if someone tries to get in line from a few hundred meters away, and sometimes we just charge at them from close range. But there’s no danger to the forces,” the soldier explained, “I’m not aware of a single instance of return fire. There’s no enemy, no weapons.”

He said the deployment at the aid sites is known as “Operation Salted Fish,” a reference to the Israeli name for the children’s game “Red light, green light.” The game was featured in the first episode of the South Korean dystopian thriller Squid Game, in which financially desperate people are killed as they battle each other for money.

Israel has obliterated the civilian and humanitarian infrastructure in Gaza. It has reduced Palestinians, half a million of whom face starvation, into desperate herds. The goal is to break Palestinians, to make them malleable and entice them to leave Gaza, never to return.

There is talk from the Trump White House about a ceasefire. But don’t be fooled. Israel has nothing left to destroy. Its saturation bombing over 20 months has reduced Gaza to a moonscape. Gaza is uninhabitable, a toxic wilderness where Palestinians, living amid broken slabs of concrete and pools of raw sewage, lack food and clean water, fuel, shelter, electricity, medicine and an infrastructure to survive. The final impediment to the annexation of Gaza are the Palestinians themselves. They are the primary target. Starvation is the weapon of choice.

Tradução aqui