sexta-feira, 29 de abril de 2016

Sementes Livres no Biosfera



Sou agricultor e jardineiro, há mais de 15 anos que produzo as minhas próprias sementes, tal como os meus antepassados. Tenho em produção centenas de espécies de plantas, algumas das quais fomos melhorando através de selecção massal, ou seja, escolhendo ao longo do tempo os indivíduos mais fortes e mais aptos. Estas sementes são regularmente trocadas com inúmeras pessoas e instituições. Aquilo que sou hoje seria impossível sem que esta troca existisse. 

Os problemas de fome e miséria nunca se resolverão homogeneizando as sementes, afunilando a biodiversidade alimentar, há outros caminhos, que talvez por não valerem dinheiro, optámos por não seguir. Combater o desperdício alimentar tem que ser uma prioridade para os seres humanos, produzir alimentos localmente e de forma sustentável também. E já agora, falar menos de sustentabilidade e praticar mais sustentabilidade é urgente. E aqui refiro-me, está claro, a todos nós.

Saber mais:

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Zygmunt Bauman: pensamentos profundos num mundo líquido


"Houve muitas crises na história da humanidade, muitos períodos de interregno, nos quais as pessoas não sabiam o que fazer, mas elas sempre acharam um caminho. A minha única preocupação é o tempo que levarão para achar o caminho agora. Quantas pessoas se tornarão vítimas até que a solução seja encontrada?" - Zygmunt Bauman

Houve um tempo em que conceitos eram sólidos. Ideias, ideologias, relações, blocos de pensamento moldando a realidade e a interação entre as pessoas. O século 20, com suas conquistas tecnológicas, embates políticos e guerras viu o apogeu e o declínio desse mundo sólido. A pós-modernidade trouxe com ela a fluidez do líquido, ignorando divisões e barreiras, assumindo formas, ocupando espaços diluindo certezas, crenças e práticas.

A oposição entre o mundo sólido e o mundo líquido é a base do pensamento de Zygmunt Bauman, sociólogo, professor da London School of Economics e um dos mais respeitados intelectuais da atualidade. 

Em passagem pelo Brasil, em 2016, Bauman conversou com o programa Milênio. Leia abaixo a entrevista concedida ao jornalista Marcelo Lins ou assista no site da GloboNews:

O senhor viveu tempos difíceis no século 20, como a Segunda Guerra Mundial e a ascensão e a queda do comunismo, para mencionar dois exemplos. Qual acha que é a principal característica deste início de século 21?
Zygmunt Bauman: Este século é muito diferente do século 20. Se compararmos o que eu vivenciei quando jovem, cheio de esperanças e expectativas, com o que vivencio agora, em retrospecto, comparando, revisando expectativas e esperanças, eu diria que estamos num estado de interregno. Esse é o termo que gosto de usar.

No “interregno", não somos uma coisa nem outra. No estado de interregno, as formas como aprendemos a lidar com os desafios da realidade não funcionam mais. As instituições de ação coletiva, nosso sistema político, nosso sistema partidário, a forma de organizar a própria vida, as relações com as outras pessoas, todas essas formas aprendidas de sobrevivência no mundo não funcionam direito mais. Mas as novas formas, que substituiriam as antigas, ainda estão engatinhando.

Não temos ainda uma visão de longo prazo, e nossas ações consistem principalmente em reagir às crises mais recentes, mas as crises também estão mudando. Elas também são líquidas, vêm e vão, uma é substituída por outra, as manchetes de hoje amanhã já caducam, e as próximas manchetes apagam as antigas da memória, portanto, desordem, desordem.

Acha correto dizer que hoje recebemos informação demais, que não somos capazes de absorver todas elas? Temos acesso mas não sabemos o que fazer com ela?
Zygmunt Bauman: Você tem toda a razão. Colocou o dedo na parte mais dolorosa de nossa ferida. Como E. O. Wilson, o grande biólogo, expressou de forma muito sucinta e correta: “Estamos nos afogando em informações e famintos por sabedoria."

Não temos tempo de transformar e reciclar fragmentos de informações variadas numa visão, em algo que podemos chamar de sabedoria. A sabedoria nos mostra como prosseguir. Como o grande filósofo Ludwig Wittgenstein dizia: “Compreender é saber como seguir adiante." E é isso que estamos perdendo. Não sabemos como prosseguir.

O senhor mencionou o fracasso de nossas instituições políticas: os partidos, a representatividade, que é falha no mundo todo. O senhor testemunhou o fracasso do sonho comunista na Polónia e na União Soviética. Qual foi o maior erro do comunismo?
Zygmunt Bauman: O comunismo se encaixava nas medidas do século 19. O século 19 foi um período de grande otimismo. Em primeiro lugar, as pessoas estavam convencidas — e tinham orgulho disso — de que, com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, seria possível refazer o mundo, virá-lo de cabeça para baixo. Era uma relação leve e despreocupada com a realidade. A realidade existia para ser reciclada, modificada, aperfeiçoada etc. Essa era uma coisa. A outra era a visão do caminho futuro, da estrada para a sociedade perfeita. Todos estariam trabalhando. Foi o período da revolução industrial. No final, todos se tornariam trabalhadores. Uma boa sociedade na grande fábrica com funcionários satisfeitos. Era o período da modernidade sólida e da sociedade industrial.

Hoje, vivemos na modernidade líquida e na sociedade pós-industrial do consumismo, e a passagem da sociedade de produção para a sociedade de consumo foi uma coisa muito poderosa e importante. Mudamos o foco da construção das bases do poder da sociedade sobre a natureza para o contrário: para a cultura do imediatismo, do prazer, da individualização, de identificar a visão da felicidade com o aumento do consumo. Todos esses fenómenos novos pegaram o comunismo totalmente despreparado.

Se existe um consenso, e acho que podemos dizer que existe o consenso de que o comunismo perdeu essa guerra específica e o capitalismo venceu, sabemos que essa vitória trouxe, de certa forma, alguns fracassos. Faltam soluções para vários problemas. Quais são os maiores problemas da sociedade de mercado na sua opinião?
Zygmunt Bauman: As pretensões do comunismo fora da Cortina de Ferro forçou o capitalismo a limitar suas próprias propensões destrutivas, mantendo a desigualdade social dentro de limites aceitáveis, sem perder o controle sobre ela, e criando leis para garantir direitos aos empregados, não só aos empregadores. A ideia da desregulamentação do mercado de trabalho, por exemplo, seria impensável, simplesmente porque havia um concorrente, que não era cuidadoso e fazia propaganda. Não era fácil. Aí, de repente, tudo passa a ser possível. Ninguém o vigia. Você pode fazer o que quiser, pode usar todos os recursos que possui para promover seus interesses, e isso é potencialmente catastrófico.

A falta de autolimitação é o que está acontecendo agora. Além disso, a primeira reação após a introdução do ideal neoliberal de sociedade por Margaret Thatcher e Ronald Reagan foi que tivemos 30 anos do que chamo de orgia consumista: gastamos um dinheiro que não tínhamos, tínhamos esperança de que o futuro reembolsaria o que estávamos pegando emprestado, e isso terminou, como você bem sabe, em 2007/2008, com a crise de crédito. Agora estamos novamente no ponto de partida.

Um dos maiores problemas desse novo ponto de partida é a desigualdade. O senhor escreveu muito sobre isso, e o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, apesar de ser um país rico. Aparentemente, está claro que a riqueza de poucos não beneficia a todos. Como equilibrar melhor essa equação numa democracia?
Zygmunt Bauman: A desigualdade não está apenas aumentando, ela muda sua natureza, sua estrutura e está ligada a esses limites que o capitalismo se impõe para manter as coisas em ordem, digestíveis, toleráveis, aceitáveis. Eles desapareceram e, como resultado, a desigualdade mudou sua natureza porque as vítimas da desigualdade da sociedade eram, antigamente, as pessoas que viviam na pobreza, na base da sociedade, os párias da sociedade. Hoje não é mais assim, porque estamos testemunhando o processo que Guy Standing, um sociólogo muito ativo, chamou de “precariado".

O que chamamos de classe média, que era a parte da sociedade mais bem sucedida e confiante, está se transformando muito rapidamente no precariado, que é uma espécie de equivalente ao antigo proletariado: pessoas que estão inseguras em relação à sua posição.

De acordo com as últimas teses dos economistas — pessoas que estudam o assunto melhor do que eu e calculam as estatísticas —, não é mais uma questão dos 25% mais ricos da população e dos 25% mais pobres, mas do conflito entre o 1% que está no topo e os 99% do resto da sociedade. Não sei se você notou que a riqueza dos Estados Unidos após a crise de crédito. Houve alguma recuperação e o valor agregado da riqueza dos EUA aumentou depois da crise, mas 94% desse valor agregado ficou com 1% da população. Todo o resto teve que dividir os outros 6%.

Vamos falar sobre conflitos, sobre a crise e a reação à crise. Estamos vivendo a crise dos refugiados. Ela começou como a crise dos imigrantes ilegais, como se chamava no início, mas logo percebemos que se trata de uma crise de refugiados. Como analisa a reação das potências mundiais a essa crise?

Zygmunt Bauman: Não se trata de um evento único, nem é novidade. A novidade é a atenção dedicada ao assunto, porque ele foi dramatizado, em parte com a ajuda da cobertura televisiva, quando vimos a criança morta na praia e aquilo que aconteceu em Lampedusa, quando centenas de pessoas se afogaram em embarcações sucateadas. Mas a migração em massa acompanha a era moderna desde o início.

O Brasil, por exemplo, é produto da migração em massa. Pessoas vieram da Itália, da Espanha e de Portugal para cá para criar uma vida própria. Por que vieram? Porque procuravam trabalho, água potável, condições decentes de vida, coisas que não tinham em seus países.

A reação da Europa tem um impacto duplo. Por um lado, as empresas têm interesse em assimilar essas pessoas. Sua força de trabalho. Elas lucrariam mais, para resumir. Por outro lado, existe a reação esperada do medo de estranhos. “Eles estão chegando para tumultuar. Vamos nos afogar, eles vão inundar nossas cidades." Os empregados, e não os empregadores, os enxergam como concorrentes que provocarão o arrocho de seus salários. Eles serão usados pelos patrões para rejeitar as demandas dos empregados atuais, que podem ficar sem emprego. São duas pressões diferentes novamente.

Mudando de assunto, já que nossa conversa está chegando ao fim. Neste mundo hiperconectado, no qual qualquer tipo de informação está a um clique no seu computador, qual é o papel da educação tradicional nas escolas e nas universidades? E também do jornalismo tradicional, se podemos chamar assim?
Zygmunt Bauman: Novamente, você mencionou um dos problemas mais importantes e dolorosos de nossos dias. Acho que a educação tem um papel tremendamente importante. Na situação atual, gosto de me referir a um ditado chinês da época de Confúcio. Ele diz que se você planeja para um ano, semeie milho. Se planeja para dez anos, plante uma árvore. Se planeja para 100 anos, eduque as pessoas. É disso que estamos nos esquecendo hoje.

Nosso sistema educacional atual é uma das vítimas da cultura do imediatismo. Educação e imediatismo são termos contraditórios. Não se pode ter os dois. Ou se tem uma educação de qualidade ou se tem o imediatismo. Não dá para ter os dois ao mesmo tempo. E este é um problema terrível.

Na história da sociedade humana, assim que os gregos antigos inventaram o conceito de paideia, a educação viveu constantemente algum tipo de crise, porque as circunstâncias mudavam e ela tinha que se ajudar às novas informações. Mas essa crise é muito básica e essencial. Você mencionou o contexto da tecnologia da informação, que é uma biblioteca de fragmentos, de pedacinhos, sem algo que os reúna e os transforme em sabedoria, em conhecimento.

E o fluxo é enorme.
Zygmunt Bauman: E isso destrói certas capacidades psicológicas, como atenção, concentração, consistência e o chamado pensamento linear, quando você estuda um assunto de forma consistente e o esgota, vai até o fim. Há mudanças na psique humana, é uma situação completamente nova, que põe os educadores numa posição muito difícil. Eles precisam repensar muitas coisas.

Numa tentativa de não terminar nossa conversa de forma triste, o que lhe traz esperança quando olha em volta? Que iniciativas, projetos e coisas estão sendo feitas que lhe dão esperança no futuro da humanidade?
Zygmunt Bauman: Quanto mais envelheço, mais amplio a perspectiva na qual baseio minha avaliação da situação. Primeiro eu me concentrei em alguns excessos da modernidade, depois passei a analisar a lógica ou a falta de lógica da modernidade líquida. Foram estudos limitados pela perspectiva histórica, mas sou pessimista em relação ao curto prazo e otimista em relação ao longo prazo.

Quando analisamos a história da humanidade, apesar da nossa tendência de esquecer a história, da crise da memória histórica, apesar disso, a história da humanidade é animadora. Ela era muito mais cruel e sórdida antes.

É muito menos cruel e sórdida agora, apesar de tudo de terrível e ultrajante que acontece. Houve muitas crises na história da humanidade, muitos períodos de interregno, nos quais as pessoas não sabiam o que fazer, mas elas sempre acharam um caminho.

A minha única preocupação é o tempo que levarão para achar o caminho agora. Quantas pessoas se tornarão vítimas até que a solução seja encontrada?

Hokusai Says, read by Mark Williams for the Mindfulness Summit


Conheça o The Global Consciousness Project, (also called the EGG Project), is an international, multidisciplinary collaboration of scientists, engineers, artists and others.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Documentário- "Nascidas em 1948" (Born in 48) - versão original, com legendas em Inglês

 
Born in 48 - Al Jazeera World from António Morais on Vimeo.

The creation of the state of Israel in May 1948 is referred to by Palestinians as Al Nakba, the Catastrophe.

The five characters in this film, two Israeli and three Palestinian women, were all born in 1948. But few events in history have determined such sharply contrasting outcomes for people who might otherwise have much in common as the founding of Israel has.

For Rena Rejev, an Israeli of Ukrainian origin, who lives in Rishon LeZion there’s the joy of being born on 14th May, Independence Day. “At school, for friends and relatives, I was the one and only ‘Independence Girl’,” she says, and feels that the day’s celebratory flags and fireworks also mark her birthday. “Independence Day has become a part of me,” she says. By contrast, Latifa Yousef, a Palestinian living in Cairo, finds difficulty expressing how she feels on her birthday in August, which reminds her that her country was “violated”. “The occupation is closely linked to my life and it just increases my pain,” she says.

Madlen Abergel Vanunu, an Israeli of Moroccan origin, has a strong conviction that God only brought her into the world once the state of Israel had been founded. But Fayrouz Arafa, who was born in Gaza on the 8th October 1948, recalls: “I was a refugee. We were poor, hungry and lived in a tent. It haunts me.” Equally, for Khadija Zoraiqi, a Palestinian living in the Occupied West Bank, her birthday just makes her sons’ imprisonment in Israeli jails harder to bear and signifies that, for her, the Nakba continues today. “Every birthday I feel this catastrophe twice over,” she says.

These are the dramatic human stories of life after 1948, made all the more powerful through the inter-cutting of the intimate interviews with these five women. Born in ’48 explores how 67 years on, starkly contrasting narratives persist, with very little, if any, common ground between them.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Dia da Liberdade - 25 de Abril sempre.



O Dia da Liberdade é comemorado em Portugal a 25 de abril.

Este é um dos 13 feriados nacionais obrigatórios.

A data celebra a revolta dos militares portugueses que a 25 de abril de 1974 levaram a cabo um golpe de Estado militar, pondo fim ao regime ditatorial do Estado Novo. Este havia sido liderado por António de Oliveira Salazar, que governou Portugal desde 1933 até 1968.

O Movimento das Forças Armadas, composto por militares que haviam participado na Guerra Colonial e por estudantes universitários, teve o apoio da população portuguesa. O exército depôs o presidente Marcello Caetano sem violência e este se exilou no Brasil, onde faleceu em 1980.

Vitoriosos, os revolucionários conseguiram a implantação do regime democrático e a instauração da nova Constituição Portuguesa, a 25 de abril de 1976 de forma pacífica.

O símbolo do dia 25 de abril é o cravo, a flor que a população colocou nas armas dos militares neste dia.

Após a revolução foi criada a Junta de Salvação Nacional que nomeou António de Spínola como Presidente da República e Adelino da Palma Carlos como Primeiro-Ministro.

Os dois anos seguintes foram de grande agitação social, período que ficou conhecido por PREC (Processo Revolucionário em Curso).

Desta forma o dia 25 de abril é conhecido como o Dia da Liberdade em Portugal e o dia da Revolução dos Cravos, sendo um feriado nacional onde se recorda a importância da liberdade no país.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Cidades Cicláveis, Cidades Inteligentes

A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) organiza nos dias 29 e 30 de Abril e 1 de Maio, em Vila Nova de Gaia, o XIII Congresso Ibérico “A Bicicleta e a Cidade”.

A bicicleta como instrumento para a mobilidade sustentável é e continua a ser cada vez mais um contributo para sistemas de transportes que se querem seguros, eficientes e competitivos e que tenham em conta os interesses sociais e o respeito pelo ambiente. A FPCUB tem ao longo dos anos estado envolvida em diversas iniciativas de sensibilização da opinião pública, das administrações central e autárquica e dos operadores de transportes colectivos para a necessidade de se dotarem as zonas urbanas de condições que permitam a utilização da bicicleta. Estas iniciativas têm tido resultados muito positivos na promoção da venda e utilização de bicicletas em Portugal bem como na criação de condições para a sua utilização em múltiplas vertentes. Muitas autarquias têm hoje planos de mobilidade que contemplam a bicicleta e as empresas de transportes colectivas (CP, FERTAGUS, Transtejo, Soflusa, Carris, Metropolitano de Lisboa e metro do Porto) favoreceram nos últimos anos o transporte de bicicletas por influência da FPCUB e dos seus associados.

As políticas de transportes devem ter em conta os efeitos no ambiente e é nesta perspectiva que damos importância à criação de sistemas de transportes sustentáveis onde a bicicleta se inclua.

O interesse da FPCUB em realizar este ano o congresso em Vila Nova de Gaia é o de poder mostrar às suas congéneres do estado espanhol os projectos de mobilidade sustentável que estão a ser desenvolvidos na cidade de Vila Nova de Gaia, na região Norte e no resto do país. Os temas deste XIII Congresso Ibérico serão apresentados e debatidos por técnicos de Portugal e Espanha, das áreas dos transportes, ambiente e turismo e membros da ConBici e da FPCUB. Contará ainda com a participação de responsáveis políticos e autarcas.

Estes congressos que já se organizam há 20 anos são uma referência nas políticas de promoção da utilização da bicicleta em Portugal e Espanha.

Existirá permanentemente uma exposição fotográfica do blogue “Diário de Lisboa – The Lisbon Diary” sob o tema “Uma Cidade Ciclista”.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Documentário- "Laboratórios de Natureza"

A atividade desempenhada por alguns dos muitos grupos de investigação do Departamento de Biologia (DBIO) da Universidade de Aveiro (UA) ilustra o programa “Laboratórios de Natureza”, exibido pela SIC em 30/08/2015, no espaço da BBC Vida Selvagem. Desde a biodiversidade animal e vegetal, passando pelo mar profundo, das nanopartículas até à resistência microbiana aos antiobióticos, iniciando com exemplos do trabalho de reabilitação dos mamíferos marinhos, este programa apresenta 5 exemplos do trabalho desempenhado no Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Agostinho da Silva, Pensador Universal do Tempo Presente

"[…] uma boa definição de homem, para além de suas limitações físicas, seria a de que é um ser de embrionária liberdade, cujo dever, cujo destino e cuja justificação é o da liberdade plena; plena para ele, plena para os outros, plena para os animais, plena para ervas, plena talvez até para seixo e montanha"
- Agostinho da Silva, “Nota a Cinco Fascículos” [1970], in Textos e Ensaios Filosóficos II, pp. 262-263.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

História da tua escravidão: liberta-te da Matrix


A História da tua escravidão! Governos sempre acabam escravizando a Humanidade! Em tempos tribais, seres humanos produziam o que consumiam. E só! Não havia excesso de produção, logo, não fazia sentido possuir escravos, pois o escravo não podia produzir excedente que pudesse ser roubado pelo seu senhor. Quando vacas começaram a produzir excedentes de leite e carne, possuir vacas passou a valer a pena. Devido a melhoramentos tecnológicos, escravos humanos produziam mais excedentes. Enorme excedente agrário foi base do CAPITAL que moveu a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. A classe dominante percebeu que poderia tornar seu "gado" (humano) mais produtivo.

domingo, 17 de abril de 2016

Curta-metragem: "Got Oil in Your Pension?" from Leo Murray

 
Got Oil in Your Pension? from Leo Murray on Vimeo.


September 2010 commission for Greenpeace UK's Go Beyond Oil campaign, following the Deepwater Horizon tragedy in the Gulf Coast.
Mais leituras
How you can divest your life

Consultar também o Dossier Bioterra sobre Energia

sábado, 16 de abril de 2016

The Hidden Math in Art

Art and mathematics. For many, this would appear to be synonymous with chalk and cheese. One is the domain of emotional expression, passion and aesthetics. The other, a world of steely logic, precision and truth. And yet scratch the surface of these stereotypes and one discovers that the two worlds have much more in common than one might expect.

Any creative artist will tell you that the emotional resonance of a piece emerges out of the construction of the work and is rarely an ingredient fed in at the beginning of a composition. The composer Philip Glass admits that he never deliberately programs any emotional content in his work. He believes it’s generated spontaneously as a result of all the processes that he employs. “I find that the music almost always has some emotional quality in it; it seems independent of my intentions.” The structure and internal logic of a piece is what drives its composition.

Saidakova and Marinov. (Credit: Sueddeutsche Zeitung Photo/Alamy Stock Photo)
Nadja Saidakova and Vladislav Marinov dance to music by Philip Glass at the Ballet Gala of the Berlin State Ballet in 2011. (Credit: Sueddeutsche Zeitung Photo/Alamy Stock Photo)

I have spent many years as a mathematician working alongside artists and what has struck me is how similar our practices are. I have so often found artists drawn to structures that are the same ones I am interested in from a mathematical perspective. We may have different languages to navigate these structures but we both seem excited by the same patterns and frameworks. Often, we are both responding to structures that are already embedded in the natural world. As humans we have developed multiple languages to help us navigate our environment.Perhaps more surprising is the role that emotions and passion play in the mathematics that we humans create. Mathematics is far from being just a list of all the true statements we can discover about number. Mathematicians are storytellers. Our characters are numbers and geometries. Our narratives are the proofs we create about these characters. Not every story that it’s possible to tell is worth telling.

A different beat

“Music is the pleasure the human mind experiences from counting without being aware that it is counting.” – Leibniz

Music is probably the artistic discipline that traditionally has resonated most closely with the world of mathematics. As the German philosopher Gottfried Wilhelm Leibniz once declared: “Music is the pleasure the human mind experiences from counting without being aware that it is counting.” But this connection goes much deeper than that. The very notes that we respond to as harmonic have a mathematical underpinning, as Pythagoras famously discovered. And mathematical structures also inform the architecture of composition.
The Sheikh Zayed Bridge in Abu Dhabi by Zaha Hadid. (Credit: Urbanmyth/Alamy Stock Photo)


The Sheikh Zayed Bridge in Abu Dhabi by Zaha Hadid. (Credit: Urbanmyth/Alamy Stock Photo)


For me, one of the most exciting revelations has been that even the art of the written word has mathematics hidden inside it. Poets, playwrights and novelists have all played around with exciting forms and patterns and frameworks that have mathematical shapes to them.

In my radio series The Secret Mathematicians, I have explored the artistic practices of a whole range of composers, writers, architects and artists. Through their work I look at the range of mathematical ideas they have been drawn to, sometimes consciously but often quite unconsciously.

Philip Glass is fascinated by the power of number to create rhythms that draw the listener into his meditative world, rhythms that nature beats to. The Argentinian writer Jorge Luis Borges strove to find an explanation for the shape our finite universe by writing The Library of Babel; and Zaha Hadid’s parametricism movement is helping to seed our urban environment with forms that are both mathematical and natural at heart.

In my programme on visual art, I investigate how Renaissance artists helped mathematicians of the period rediscover shapes first found by the ancient Greek mathematician Archimedes – their descriptions had been lost over time, but they were uncovered through developments in drawing.

I find a hyper-dimensional solid in one of Salvador Dalí’s most famous works, Crucifixion (Corpus Hypercubus), and discover how Jackson Pollock was unconsciously tapping into geometric structures called fractals – shapes that mathematicians only discovered in the 20th Century. The US artist was a secret mathematician by virtue of his lack of balance and penchant for alcohol, using what mathematicians call a ‘chaotic pendulum’ when staggering around to create his drip paintings.

Anish Kapoor originally wanted to be an engineer but gave up after finding the maths too challenging. Yet his works reveal an extraordinary sensitivity to mathematical structures, shapes that are universal and not bound by cultural reference. His 2009 tower of spherical balls, called The Tall Tree and the Eye, created reflections that are fractal in nature, while his hyperbolic mirrors distort our environment to create a strange new perspective on the world. Kapoor’s curved mirrors provide a lens to see the universe as it really is: curved, bent, where light is warped on its way through space and our intuition is turned inside out.

Marcus du Sautoy is the Simonyi Professor for the Public Understanding of Science and a Professor of  Mathematics at the University of Oxford. He is author of The Number Mysteries (HarperPerennial)

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Encontros improváveis: Maria Gabriela Llansol e 2 Cellos - "The Book of Love" (from Peter Gabriel)


"O encontro inesperado do diverso é assistir ao belo a comunicar com o silêncio; a fraccionar a imagem nas suas diversas formas; ajudá-las a levantar o véu para que se mostrem mutuamente na beleza própria, e fechar os olhos para que se não rompa a delicada tela desta vida, ou então falar." ~ Maria Gabriela Llansol

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Falta de água pode tornar o mundo vegetariano


Diariamente, um bilião de mulheres, homens e crianças vão dormir com fome, enquanto 10 milhões morrem por desnutrição a cada ano. Se ainda hoje o mundo não conseguiu sanar esse mal, que afeta um em cada sete de seus habitantes, como é que vamos alcançar a segurança alimentar para uma população que em 2050 chegará a 9 biliões de pessoas?

Um novo estudo mostra que a solução para evitar uma catástrofe alimentar passará por uma mudança quase completa de uma dieta a base de carne para uma mais centrada em vegetais. E isso deverá acontecer por um único motivo: a escassez de água. É o que aponta o relatório “Alimentando um mundo sedento: Desafios e Oportunidades para a segurança hídrica e alimentar”, divulgado em 26/08/12 na Suécia, por ocasião da Semana Mundial da Água.

A análise mostra que não haverá água suficiente para alcançar a produção esperada em 2050 se seguirmos com a dieta característica dos países ocidentais em que a proteína animal responde por pelo menos 20% das calorias diárias consumidas por um indivíduo.

Na ponta do lápis, de acordo com os cientistas, a adoção de uma dieta vegetariana é atualmente uma opção para aumentar a quantidade de água disponível para produzir mais alimentos e reduzir os riscos de desabastecimento em um mundo que sofre com extremos do clima, como a seca histórica que afeta os Estados Unidos. O motivo é que a dieta vegetariana consome de cinco a dez vezes menos água que a de proteína animal – que hoje demanda um terço das terras aráveis do mundo só para o cultivo de colheitas para alimentar os animais.

“A capacidade de um país de produzir alimentos é limitada pela quantidade de água disponível em suas áreas de cultivo”, ressalta um trecho do relatório, que alerta sobre a pressão atual e crescente sobre esse recurso natural usado de forma cada vez mais insustentável. Segundo previsões da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, da sigla em inglês), será necessário aumentar a produção de alimentos em 70% nos próximos 40 anos para atender à demanda. Isto colocará uma pressão adicional sobre os nossos hídricos, num momento em que precisaremos também alocar mais água para satisfazer a demanda global de energia, que deverá crescer 60% em três décadas, salientam os cientistas.

Estresse hídrico

Um outro estudo divulgado em maio de 2012 pela consultoria britânica Maplecroft mostrou que o mundo já vive um “estresse hídrico” e que a falta de acesso à água potável vem pesando sobre os países mais pobres ou marcados por histórico de conflitos militares, instabilidades políticas e sociais. Segundo o levantamento, os países do Oriente Médio e África são os mais vulneráveis à falta de água. Nessas regiões, cada gota pode emergir como uma nova fonte de instabilidade.

Em alguns dos maiores produtores de petróleo do mundo, como Kwait e Arábia Saudita, a escassez de água vem se tornando crítica há gerações. Primeiro colocado na lista de 10 países em “risco extremo” de falta d´água, Bahrein, no Golfo Pérsico, usa águas subterrâneas para a prática da horticultura, porém, em quantidade insuficiente para atender toda a população. A deterioração dos lençóis subterrâneos de água já é uma das principais preocupações nacionais (Brasileiras).
Fonte: Exame

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Documentário- Seeding Fear

 
Seeding Fear from Kings Point on Vimeo.

Seeding Fear is a short documentary Executive Produced by Neil Young that tells the story of Michael White, a fourth generation farmer, who went toe to toe with Monsanto
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Directed/Produced by Craig Jackson
Executive Produced by Bernard Shakey and Elliot Rabinowitz
Edited by Justin Weinstein and Craig Jackson
Music by Daniel Lanois
Cinematography by Craig Jackson

terça-feira, 12 de abril de 2016

Flight over Ireland

Flight over Ireland from leprechaun on Vimeo.


An aerial drone showreel highlighting the stunning beauty of Ireland, particularly the west coast Wild Atlantic Way.

A pirate poet could become Iceland’s next prime minister—but she says she doesn’t want the job



Since Iceland’s prime minister was forced out of office last week, after the Panama Papers revealed his offshore assets, the anti-establishment Pirate Party has emerged as a serious contender in the Icelandic political landscape—and that means newfound fame and scrutiny for party leader Birgitta Jonsdottir.

Even though the Pirates only have three seats in parliament, 43% of Iceland’s voters now support them, which could make them a force when the country holds elections this autumn.

In an attempt to contain the crisis last week, the government installed agriculture minister Sigurour Ingi Johannsson as interim prime minister. Jonsdottir and opposition parties demanded immediate elections but lost the no confidence motion in a parliamentary vote on Friday (April 8).

“It is not enough just to move heads in the cabinet and have the former PM carry on as the leader of the Progressive party and as shadow minister,” she said.

Before co-founding the Pirate Party in 2012, Jonsdottir worked for WikiLeaks, creating a legislative framework to protect investigative journalists and whistleblowers. She was instrumental in releasing a classified video showing a US military helicopter attack in Baghdad that killed 12 people, including two Reuters journalists.

If Jonsdottir were she to become prime minister, the 48-year-old lawmaker said her first job in office would be to push through a new Icelandic constitution. But she is deeply conflicted about whether she wants the job at all.

“Actually I had a nightmare about that a long time ago that I wrote down into a poem,” she told Reuters. Her party has campaigned on transparency and internet freedom, and also introduced a bill that would give Icelandic citizenship to US whistleblower Edward Snowden.

In another interview she said that being prime minister wasn’t her ideal job, but the if “nobody else can do it or wants to do it” she would take it on.

“She’d be very good for it,” Smári McCarthy, chairman of the European Pirate Party, told Quartz. “She’s the one with longest amount of experience, but she might be more interested in having a defining role in the adoption of the new constitution that has been delayed by this government.”

The Pirate Party’s rotating leadership structure means there’s also a possibility that MPs Helgi Hrafn Gunnarsson or Asta Helgadottir could be up for the position.

The pirates are realistic about the amount of work ahead if they end up running the country. “The Icelandic Pirate Party will not be able to solve all of the ingrown problems in Iceland but it will certainly be able to offer new hardware, complete with a new set of rules based on how we operate as a collective community,” the group said in a statement.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

2016- Ano Internacional da Misericórdia (discurso ecuménico do Papa Francisco)



A maioria dos habitantes do planeta declara-se crente.
Isto deveria ser motivo para o diálogo entre as religiões.
Não devemos deixar de rezar por isso e colaborar com quem pensa de modo diferente.

Confio em Buda.
Creio em Deus.
Creio em Jesus Cristo.
Creio em Deus, Alá.

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente,  procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos.

Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus.

Creio no amor.

domingo, 10 de abril de 2016

William Elliott Whitmore - Don't Need It (Curly Tonic & Franz S. Rework) - True Detective Follow Up



Hand me that hammer

hand me that saw
don't hand me down that walkin' cane
I don't need it at all

I'm gonna build me a home
gonna build it with my hands
gonna keep the rain off my head
gonna keep the mosquitos from getting fed

Don't need 'em at all

The river she's a giver
the river she takes away

gonna row my boat to the other shore
won't think about my troubles anymore

Don't need 'em at all

I should have been a steamboat man
push it on down to Louisiana
here I am working in the field
if the heat don't get you then the sunburn will

Don't need it at all

sábado, 9 de abril de 2016

12 cidades brasileiras que plantam uma árvore para cada bébé que nasce

Fonte: Razões Para Acreditar
Qual a melhor forma de comemorar a chegada de um filho do que plantando uma árvore, algo que vai garantir um futuro melhor para todos?

E antes que achem que isso é coisa de estrangeiro, saiba que essa lista é bem brasileira. São 12 cidades espalhadas por território que adoptaram essa prática.

Cada município faz de uma forma, alguns doam a muda e os pais plantam, outros o governo faz tudo. Mas isso é detalhe, o importante mesmo é abraçar essa ideia.

Confira, a seguir, as cidades que aderiram ao projecto Uma Criança, Uma Árvore e incentivam o plantio de mudas para marcar o nascimento dos novos moradores.

1. SENHORA DOS REMÉDIOS (MG)
2. CLEVELÂNDIA (PR)
3. DIAMANTINA (MG)
4. GUARAPARI (ES)
5. ITAPERUNA (RJ)
6. ITUVERAVA (SP)
7. PASSOS (MG)
8. PENÁPOLIS (SP)
9. SÃO CAETANO DO SUL (SP)
10. SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (SP)
11. SOROCABA (SP)
12. TRAMANDAÍ (RS)

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Encontros improvaveis: Albert Camus e Marc Shagall

Marc Shagall, A Wheatfield on a Summer's Afternoon,1942

“My dear,
In the midst of hate, I found there was, within me, an invincible love.
In the midst of tears, I found there was, within me, an invincible smile.
In the midst of chaos, I found there was, within me, an invincible calm.
I realized, through it all, that…
In the midst of winter, I found there was, within me, an invincible summer.
And that makes me happy. For it says that no matter how hard the world pushes against me, within me, there’s something stronger – something better, pushing right back.
Truly yours,
Albert Camus”

Súplica (Quase Enfática) do Mestre (que se Estreia), Dirigida às Musas da Pedagogia, por Carlos Malpique



1 - Eu sei que o magistério é honor, mas sei, outrossim, que também é - e principalmente - ónus, o que, dito em português de lei, se pode assim exprimir: eu sei que ensinar é uma honra, mas sei também que, a par disso, é um peso, e dos maiores.
A honra é o inefável da profissão. O peso é o trabalho extenuante de todos os dias, para abrir os espíritos à luz da verdade, às emoções do belo, aos sentimentos de uma doce humanidade.
Pois dai-me amor, tal e tanto, que eu possa, sem desfalecimentos, abrir esses espíritos para a luz da verdade, para as emoções do belo, para os sentimentos da doce humanidade. Fazei com que eu consiga o milagre - que o não há maior - de lapidar brutos diamantes, para que, de si, despeçam todo o fulgor possível; de fazer, da natureza humana, uma obra-prima de curiosidade alerta para todos os segredos do mundo, uma inteligência capaz de ler as relações que ligam as coisas entre si; uma vontade capaz de vencer todas as adversidades; um poder de iniciativa que meta todas as lanças na áfrica das dificuldades; um espírito critico que deite por terra
todas as superstições; uma fé que remova todos os obstáculos à realização de um mundo melhor.

2 - Fazei que eu consiga insinuar na alma dos meus alunos o formoso dito de Lessing: «Se Deus me desse, na sua mão direita, a verdade já acabadinha, e, na sua mão esquerda, a possibilidade de eu a descobrir pelo meu próprio esforço, não hesitaria: eu me decidiria pela segunda dádiva, contra a primeira».

3 - Dai-me discípulos que de mim precisem, só temporariamente. Sei, com um saber de experiências feito, que os discípulos que mais honram os mestres não são aqueles que os seguiram servilmente, mas antes os que, em tempo oportuno, souberam conquistar a sua carta de alforria. Nada melhor do que passar pelos mestres, com a condição, porém, de tudo fazerem, para deles se libertarem, com rumo à sua individualidade específica. Dos discípulos subservientes não reza a história, a não ser para lhes dar as zabumbadas da troça.
O educador, para merecer este título, deve ser, acima de tudo, um electrizador de espíritos, um catalisador de específicas originalidades. O seu papel não é substituir-se ao educando, mas, pelo contrário, propiciar que este se afirme, o mais possível, sui generis e sui juris. Criará nele o sentimento. da auto-desconfiança, a fobia de tutelas que lhe minimizem a personalidade. Despertará nele o gosto da resposta de conta própria, contra a resposta meramente psitacista.
(...)
in Malpique, Cruz (1976). O binómio mestre-discípulo : duas súplicas e um juramento / pelo Dr. Cruz Malpique – Conferência Porto: Imprensa Social

Foto retirada de Homenagem a Carlos Malpique

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Entrevista a Pepe Menéndez - "O problema do ensino é que é muito aborrecido. Nós mudámos o olhar"

A dificuldade essencial era o aborrecimento, a falta de ligação. "Isto não me interessa." A escola é uma obrigação, não é um sítio que me apaixone. Os adolescentes não têm de estar sempre a divertir-se, mas a escola estava a tornar-se uma prisão. Eu ainda fiz o serviço militar obrigatório e digo que a escola obrigatória é igual. Igual! Todos têm de ir porque os pais trabalham, porque a lei obriga, mas o direito à educação não é fechar os miúdos numa escola. É provocar as suas emoções, as suas paixões, potenciar os seus talentos tão diferentes... os talentos dos alunos são muito maiores do que o currículo. Um miúdo ou uma miúda podem pensar - "não presto". Costumo perguntar aos professores onde estão os cantores ou os cozinheiros que um dia vão ser ótimos. E alguns respondem - estão no corredor, foram expulsos.
Entrevista completa aqui

Mais informações
Blog de Pepe Menéndez
Conferência de Pepe Menéndez- Proyecto Horizonte 2020

quarta-feira, 6 de abril de 2016

terça-feira, 5 de abril de 2016

Deleuze fala do verdadeiro charme de uma pessoa: “seus traços de loucura”


Gilles Deleuze nasceu na França e viveu de 1925 a 1995. Notável filósofo e professor de Filosofia em diversas Faculdades, publicou estudos sobre pensadores como Nietzsche, Kant e Spinoza, sendo apontado como um dos responsáveis pelo crescente interesse pela obra de Nietzsche. Habituado a ler e a espreitar de perto esses grandes pensadores, Deleuze tem como certo que “todos nós somos meio dementes” e que não se pode se apaixonar por uma pessoa quando não se percebe, nela, um essa “demência”, que é o seu “charme”.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Satish Kumar- Precisamos reacender a chama da nossa relação com a Natureza

“Precisamos reacender a chama da nossa relação com a Natureza. Talvez seja preciso mais do que apenas amizade, precisamos de nos voltar a apaixonar pela natureza, namorar com a Natureza. E a melhor maneira de compor esta relação é estar com a Natureza, sentado debaixo de uma árvore, trabalhando uma porção de terra, caminhando numa clareira – ser um peregrino e não um turista na Terra. Em face de todos os problemas ambientais do mundo, como podemos agir enquanto peregrinos da Terra? O primeiro passo é identificarmo-nos verdadeiramente com o ensinamento sábio de Gandhi - "ser a mudança que queremos ver“ (…) O segundo passo é despertar os outros para as bênçãos desta nova relação. E o terceiro é organizarmo-nos com os outros para alcançar a mudança de forma mais eficaz. Ter coração. Ser um peregrino da Terra não requer nenhum treino, cursos universitários ou livros. Simplesmente requer voltar a ter a compreensão da interdependência de tudo”~ Satish Kumar


Outras leituras já postadas no Bioterra
O problema não é a matéria mas o “materialismo”

domingo, 3 de abril de 2016

Documentário: Gorongosa Renascida (Gorongosa Rising)


'Gorongosa Rising' is a new documentary film by Max Miller, Ariel Fisher, Andrew Heskett, Maurianna Zingarelli, and Jason Armbruster that tracks the success of the Gorongosa Restoration Project and its impact on the life of Fernando Ussene who calls the park home.

Mais informação
Página Oficial do Parque Gorongosa

sábado, 2 de abril de 2016

Música do BioTerra: John Maus- Hey Moon

I know It's been so long since we saw each other last
I'm sure we'll find some way to make the time pass
Hey Moon, It's just you and me tonight, every one else is asleep
Hey Moon, if I was to fall, I won't fall so deep
Though I don't, I'm gonna, you can wake me up if you wanna
And your pale round face, make me feel at home in any place I happen to be, a quarter past three
Happy to be, at home asleep
The Moon chase the sun out of the sky, Goodbye sun, the nights begun
The Moon chase the sun out of the sky, Goodbye sunshine, the night is mine
Hey Moon, it's just you and me tonight, every one else is asleep
Hey Moon, if I was to fall, long for some dream
Though I doubt I'm gonna, you can wake me up if you wanna
I would hate for you to hang there all alone the whole night through
Hey Moon, my old friend
Hey Moon, the night is coming to an end
Hey Moon, comeback soon

Entrevista com Edward Osborne Wilson


Um diálogo sobre a Half Earth

No Outono passado, a UC Berkeley sediou o “Half Earth Day”, um simpósio para explorar a ideia de reservar 50% das terras e dos oceanos da Terra para a conservação da biodiversidade. O conceito “Half Earth” foi concebido por E. O. Wilson, o eminente biólogo, duas vezes vencedor do Prêmio Pulitzer e notável mirmecologista (que estuda formigas). 

Wilson escreveu em 2016 na revista Sierra: “Somente comprometendo metade da superfície do Planeta com a natureza, podemos esperar salvar a imensidão das formas de vida que a compõem. A menos que a humanidade aprenda muito mais sobre a biodiversidade global e se mova rapidamente para protegê-la, em breve perderemos a maioria das espécies que compõem a vida na Terra. A proposta “Half Earth” oferece uma primeira solução de emergência proporcional à magnitude do problema: deixando metade do Planeta em reserva, podemos salvar a parte viva do meio ambiente e alcançar a estabilização necessária para nossa própria sobrevivência”.

O objetivo ambicioso – que Wilson chama de “luar” – galvanizou os conservacionistas. Muitas organizações ambientais, incluindo o Sierra Club, agora estão pedindo a preservação de 30% da natureza selvagem até 2030 como um trampolim para a meta da “Half Earth”. Na véspera do encontro da UC Berkeley, tive a oportunidade de dialogar com o professor Wilson no Graduate Hotel, em Berkeley.

Gostaria conhecer sua visão sobre a recepção de “Half Earth”. Está surpreso com a forma como as pessoas responderam?

Fiquei surpreso quando foi apresentado meu livro “Half Earth” em 2016. Naquela época, eu esperava que provavelmente receberia muita oposição e críticas, por que ia longe demais e muito rápido. Mas, quando cheguei à reunião quadrienal da União Internacional para a Conservação da Natureza, em Honolulu, onde esperava receber críticas ou muitas objeções e assim por diante, encontrei entusiasmo quase universal.

O que o livro fez foi apenas sugerir que a crise da biodiversidade era um grande problema que poderia ser resolvido de uma só vez. Eu chamei de “Lua cheia”. Porque os esforços de conservação em todo o mundo consistiam em procedimentos direcionados para salvar uma espécie aqui ou ali, ou para salvar um habitat aqui ou ali. E o resultado disso deveria ser a necessária proteção à natureza se os procedimentos fossem intensos e amplos o suficiente para realizá-la. Mas sabíamos, mesmo assim, em 2016, que apenas um quinto das espécies da “Lista Vermelha” da UICN, ou seja, espécies com risco imediato de extinção tinha diminuído a velocidade da extinção por todos esses esforços ao redor do mundo. Eu acho que a maioria de nós percebeu que estávamos alcançando muitas vitórias em uma guerra perdida. E agora parecia apropriado.

Para quem ainda não leu o livro, por que metade? Por que não 35% ou 65%? Quero dizer, tem certo tipo de elegância equitativa – cinquenta e cinquenta – mas por que metade do ponto de vista biológico ou ecológico?

Cheguei a esse ponto em parte pelo motivo que você acabou de sugerir, que é fácil de lembrar. E metade era, como se vê, um objeto robusto a ser levantado. Mas isso iria longe para resolver todo o problema em todo o mundo. Em particular, das minhas medições teóricas do que sabíamos sobre extinções e processo de extinção, metade seria suficiente para salvar provavelmente mais de 80 por cento de todas as espécies da Terra, talvez 85 por cento.

Agora, quando cheguei a essa figura, voltei e pensei na teoria que um jovem professor da Universidade de Princeton, Robert MacArthur, e eu idealizamos quase 50 anos antes. Eu era um jovem professor em Harvard e decidi ver se poderíamos elaborar uma projeção de como a área afeta o número de espécies, porque estávamos interessados no que determina a variedade de vida em uma ilha, uma pequena ilha, uma ilha de tamanho médio e assim por diante. E finalmente reconhecemos que o que estávamos fazendo se aplicava também às reservas naturais.

Esta é a ideia da biogeografia de ilhas?

Isso está correto, a Teoria da Biogeografia de Ilhas. E tem um resultado, que é imediatamente relevante no momento. Nesse período, cerca de 15 por cento da Terra foi colocada em reservas explicitamente para tentar proteger as espécies animais e vegetais existentes, a biodiversidade existente. Quinze por cento da terra e cerca de 7,5 por cento do mar. (Esse valor para o mar não é, propriamente, oceano aberto, mas águas territoriais.) Portanto, 15 por cento e 7,5 por cento o que significaria para nós se continuássemos com esses números?

Acontece que faríamos muito melhor do que pensávamos que estávamos fazendo [por causa] da Teoria da Biogeografia de Ilhas. Isso se baseia nas medições reais que mostram que o número de espécies em uma ilha (ou em uma reserva) aumenta à medida que a quarta raiz – você sabe, a quarta vez na figura – a área aumenta.

Se isso for verdade, a economia de cerca de 10 por cento da área em que você deseja proteger a fauna e a flora permitiria economizar até 50 por cento da espécie.

Então comecei a pensar: precisamos de um disparo para a Lua. Precisamos fazer uma coisa importante na qual as pessoas possam se reunir para resolver o problema. E eu disse para mim mesmo: OK, por quanto devemos estar realmente prontos para lutar? E me ocorreu que 80 por cento ou 85 por cento parecia muito bom. Então, quanta terra seria? Metade.

O que estou ouvindo é que o conceito Half Earth é, de certa forma, a biogeografia de uma ilha escalada para uma ilha que está flutuando no espaço.

Sim, a figura da metade saiu da biogeografia da ilha. Na verdade, é mais do que apenas um palpite. Pelos bancos de dados, eu sabia que, se pudéssemos economizar metade de uma determinada reserva, estaríamos em algum lugar na proximidade – pelo menos numa previsão – de que 85 por cento das plantas e animais seriam salvos.

Dado que ainda somos muito tímidos quanto à metade do objetivo, o que precisa acontecer politicamente, globalmente, para cumprir esse objetivo? Os números sobre os quais tenho conhecimento estão tentando chegar aos 30 por cento até  o ano 2030 e 50 por cento até meados deste século. Sem dúvida existe o ângulo político, e também o ângulo científico. Você escreveu sobre o quão pouco sabemos sobre o Planeta inteiro e sobre todos os seus muitos, muitos habitantes. Há mais pesquisas que precisam ser feitas para nos informar também sobre isso?

Bem, temos que começar de algum lugar. Gosto de citar John Kennedy, quando ele anunciou que colocaríamos um homem na Lua numa década. Ele não disse em seu famoso discurso, “Vamos, até o final desta década, fazer progressos significativos no sentido de colocar um homem na Lua e trazê-lo de volta para casa”. Ele disse: “Nós vamos colocar um homem na Lua e trazê-lo de volta até o final desta década” Então foi realmente importante, na minha mente, que fazer uma coisa semelhante: Nós vamos colocar metade da superfície da Terra, que contém quantidades substanciais de flora e fauna nativas em reserva pela natureza. E mantendo-a assim, nós vamos salvar a grande maioria das espécies na Terra.

Quando olho para o cenário da política ambiental, parece-me que as mudanças climáticas sugam muito ar da sala. E, no entanto, há essa crise dupla da emergência da extinção. Você às vezes tem a sensação de que essa outra crise de gêmeos não está recebendo tanta atenção?

Bem, existe a possibilidade de que a nossa luta para interromper as mudanças climáticas destrutivas torne a maioria das pessoas, ao redor do mundo, muito mais conscientes das mudanças que precisam ser interrompidas em nível planetário, e a extinção de espécies está nessa categoria.

Deixe-me supor que existem três grandes crises do meio ambiente. O que veremos em breve – está no horizonte – é uma segunda grande crise ambiental e a falta de água doce. A falta de água doce cresce rapidamente, causando alguns dos problemas humanitários mais trágicos no Norte da África e também na América Central, onde as mudanças climáticas destruíram grande parte da agricultura. Muitas das pessoas que esperam vir a este país estão basicamente evitando esse problema. OK, essa é uma segunda grande crise ambiental que estamos começando a tomar consciência, e que ficará cada vez pior.

E o terceiro é o que vocês estão sentados aqui juntos para conversar e essa é a extinção das espécies em massa. Mesmo se você dissesse: “Bem, nós podemos viver com menos variedades de plantas e animais” Deus nos livre de tomarmos uma posição de indiferença desse tipo! Mas, mesmo que o fizéssemos, teríamos que levar em consideração o colapso dos ecossistemas.

Quando você escolhe espécies suficientes – particularmente aquelas que chamamos de espécies-chave, aquelas que têm um grande impacto positivo no resto do ecossistema – você tem uma possibilidade substancial de ver um colapso completo do ecossistema. Então você tem um desses impactos irreversíveis da atividade humana.

Quando você olha para a literatura, existem extinções das espécies que realmente o mantém acordado à noite? Estou pensando como a castanha americana, algo da qual tantas outras espécies dependem. Existem outras espécies com as quais você realmente se preocupa ou digamos um gênero específico?

Eu sou especialista em formigas, certo? E, acredite ou não, existem espécies de formigas ameaçadas de extinção. E assim montei minhas próprias expedições fora de Harvard, para avaliar seu status e descobrir como podemos impedir que essas espécies fossem extintas. Uma é do Sri Lanka. As formigas que costumavam serem dominantes na era dos dinossauros formam uma família inteira, os Aneuretinae.

Eu as redescobri na ilha do Sri Lanka e propus o que precisa ser feito para manter viva essa linhagem antiga. Também recentemente fui à ilha de Vanuatu – antes era conhecida como as Novas Hébridas, perto das Ilhas Salomão na Nova Guiné porque era lá que uma espécie de formigas-do-mato, uma formiga grande e dura, a única espécie desse tipo já conhecida fora da Austrália, onde o tipo é muito comum haviam sido descobertos na Nova Caledônia e aparentemente desapareceram por volta da década de 1880.

Montei uma expedição para encontrá-la em Vanuatu, distante, para garantir que algo interessante ainda pudesse ser salvo. E nós encontramos. E prescrevemos o que era necessário para manter isso vivo.

Agora, uma espécie de formiga num lugar que a maioria das pessoas nunca ouviu falar, não é exatamente um tremor de terra. Mas, o que precisamos criar à nossa frente terá de incluir ações e pesquisas desse tipo, na multiplicidade.

Quero dizer, envolver muitas pessoas para manter todo o Planeta e todas as plantas e animais nele. O papel de cada um pode ser importante. Apenas não descobrimos qual pode ser sua importância. Deveríamos ser capazes de salvá-los por tempo suficiente para entendê-los e descobrir como – espécie por espécie e reserva por reserva – podemos segurá-las.

O destino de uma única espécie de formiga numa única ilha, e a questão de para que serve nos leva de volta ao seu ponto sobre a indiferença. Que é o de que queremos preservar essas espécies, não apenas por seus serviços ecos sistémicos potenciais ou por seus serviços para nós. Elas têm o direito de existir por si mesmas.

Verdade. Elas são preciosas em si mesmas. Além disso, precisamos estudá-las todas eventualmente, para entender como funciona o mundo dos vivos. Precisamos, caso após caso, do estudo de espécies raras, de espécies comuns, de espécies no Equador, espécies do Ártico distante. E precisamos estar constantemente adicionando esse conhecimento e reunindo-o para determinar de onde veio a vida, de onde viemos e o que precisamos preservar para tornar a Terra um lugar habitável, um Planeta para ser nosso lar.

Você é conhecido como um sintetista pegando muitos tópicos e temas diferentes, combinando-os. E você também é conhecido como um grande cientista em seu próprio campo de estudo de formigas. Isso me faz pensar em seu livro “Letters to a Young Scientist”. Qual é a pressão entre a visão microscópica e a visão telescópica?

Esse livro, “Letters to a Young Scientist”, foi de alguma maneira o meu livro de maior sucesso, porque, em parte…, bem, deixe-me colocar desta maneira: é tão americano. O livro poderia ser intitulado “Como Ser um Sucesso na Ciência”. É um livro que tende a desafiar – embora eu não o faça muito explicitamente – todo o conceito de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics – Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), que agora domina o ensino.

Fico muito desconfortável em dizer aos jovens que estão entusiasmados em começar nos estudos científicos e fazer parte do futuro da tecnologia, dizendo a eles: “Oh, para ser um sucesso e conseguir esse emprego, você precisa entrar na ciência”. Ah, e, a propósito, se você está entrando na ciência e, digamos, biologia, especialmente, precisará de química. Você tem que estudar química. E enquanto você está nisso, diz a filosofia STEM, para realmente entender a química, você precisa se lembrar de que a química é baseada na física. Então, planeje aprender um pouco de física; pelo menos faça alguns cursos. E enquanto você está nisso, eu tenho que lembrá-lo que a maioria das ciências tem uma base matemática. Portanto, não tenha medo de matemática. Você tem que mergulhar e aprender um pouco de matemática. E quando você tiver todas essas coisas, então você estará pronto para se tornar um jovem cientista.

Eu acho que é esse o clima que estamos criando agora. E sou contra isso vigorosamente. Eu acho que eles conseguiram retroceder. Eu acho que as crianças devem fazer o melhor que podem e seus mentores podem ajudá-las a se tornarem cientistas imediatamente. E então, à medida que desenvolvem entusiasmo, isso inclui, por exemplo, sair e estudar um ecossistema em qualquer lugar e descobrir quais espécies existem e o que estão fazendo. Ou sair e procurar uma espécie rara de sapo que se sabe que existe na área. Esse é o tipo de coisa que deixa as crianças animadas. E uma vez que elas se mexem, como alguém que foi colocado na frente de um piano e adora martelar as teclas, em seis meses você precisa comprar um piano para esse garoto e depois lhe ensinar; esse aluno que começa assim, vai acreditar em você quando diz: “Bem”.

Parece-me que é igualmente aplicável aos cientistas cidadãos e aos naturalistas amadores, siga sua paixão e as descobertas virão, os insights virão.

Isso está correto. Há tantas pessoas que encontram a maior satisfação em suas vidas para sair e apreciar a natureza. E, ao fazê-lo, tornam-se biólogos amadores de campo, aprendendo com os pássaros, aprendendo com os sapos, aprendendo as diferentes espécies de plantas com flores e assim por diante. Esta é uma atividade que cresce rapidamente, de pessoas trazidas de volta à ciência e desfrutando de tudo. E mesmo contribuindo para a ciência, encontrando espécies, vendo o comportamento dos organismos – pássaros, por exemplo, gafanhotos ou formigas – que são muito interessantes. Então essas descobertas são apanhadas pelos cientistas ativos.

Você teve experiências de infância na floresta, pescando, observando pássaros e observando insetos. Hoje, os jovens têm menos acesso. Isso é realmente apenas um reflexo, talvez estejamos muito confusos aqui, digamos que aceitemos sua hipótese de biofilia de que temos esse traço instintivo de afinidade com a natureza selvagem. Como uma espécie cada vez mais urbana, e se houver um interruptor on-off epigenético? Você sabe, isso poderia ser uma característica que poderia atrofiar?

Não tenho certeza sobre isso. Na verdade, vemos na biofilia algo como um verdadeiro instinto humano que é adquirido e manifestado após um período de aprendizado. Na verdade, o que herdamos como instinto é a propensão a aprender uma coisa e não outra.

Por isso, chama-se aprendizado de programa, coevolução da cultura de genes; essa frase é a chave para entender a relação entre hereditariedade e aprendizado no comportamento humano. Por exemplo, quando temos uma variedade de opções a seguir, como espécie, para selecionar determinados ambientes, isso leva automaticamente – dependendo do grau de liberdade que temos sobre onde moramos e qual é nossa renda, etc. –a selecionar determinados ambientes para morar.

As experiências realizadas em todo o mundo descobriram que as pessoas escolhem viver num ambiente com as seguintes características: ficar no alto; ter atrás de você um muro, um penhasco ou uma floresta densa. Você pode olhar para a pradaria cheia de árvores. Em outras palavras, você está olhando para uma savana. E você tem seu local de residência próximo a um corpo de água, todas essas coisas juntas.

E é isso que os experimentos mostraram; é o que as pessoas em todo o mundo preferem, essa combinação. E isso, é claro, quando estávamos evoluindo como espécie, foi o que fez muito diferentes aos nossos distantes antepassados; mais segurança e vida confortável. Para viver um pouco na altura de onde podemos ver os animais que vamos caçar e os inimigos chegando. As pradarias onde vivem os grandes animais, que fornecem boa parte de nossa comida na medida em que somos carnívoros. Então, é claro, água. Água que fornece não apenas a vida, mas também o transporte e a alimentação, principalmente em tempos de seca e dificuldades na terra.

Em termos do que desenvolvemos evolutivamente, você apontou que as espécies que funcionam bem juntas – formigas, cupins e humanos – são as espécies que dominaram o Planeta. E, no entanto, nosso talento para a cooperação também parece cada vez mais – de acordo com muitas métricas – autodestrutivo. Pergunto-me, então, quais são os outros tipos de evidência de cooperação que você vê que o deixam mais esperançoso?

Essa é uma pergunta muito interessante. Deixe-me pensar. Que tipo de cooperação eu vejo? Talvez você possa dizer intrínseco ao comportamento instintivo humano? Eu diria que toda a cooperação, exceto a guerra, ou outras formas de atividade intergrupal violenta. Acredito que a evidência é bastante forte – e agora estamos prestes a entrar em outro assunto – de que a espécie humana, através dos australopitecíneos e primeiros progenitores humanos diretos, através de formas primitivas, como Homo erectus e Neandertais, foi marcada por uma evolução que incluía, como força motriz, a competição entre grupos. Competição de grupo contra grupo, com a cooperação aumentando constantemente como resultado da competição. Porque os grupos que são mais cooperativos entre os membros; acredito, têm sido uma força motriz da evolução.

A maneira como pode ser expresso isso: dentro de grupos, membros egoístas individuais vencem membros altruístas individuais. Mas grupos altruístas vencem grupos de membros egoístas. E essa é uma força motriz que eu acho que foi extremamente importante na formação do que somos. É a melhor característica da espécie humana.