terça-feira, 30 de junho de 2015

Como roubam os Bancos (legendado em Castelhano)


Através deste vídeo divertido encontramos através do que acontece nos EUA, como os bancos apreenderam os governos e os têm corrompido para cometer diáriamente golpes contra os cidadãos globais.Autor do filme aqui (The American Dream) 

Sítios para saber mais: 
Ciudadanos Vs Bancos 
Public Bank Institute

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Equador entrou para o Guinness ao plantar 647 mil plantas num só dia



Das ideias mais loucas até as mais interessantes, é possível encontrar quase tudo no Guinness Book, o livro dos recordes. Imagine um país inteiro entrar na lista por uma ação ambiental? Parece difícil, mas o Equador conseguiu após plantar 647 mil plantas em um único dia.

No dia 16 de Maio, o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou que o país bateu o recorde de reflorestamento. Foram mais de 200 espécies nativas plantadas simultaneamente.

Para alcançar tal feito, foi necessária a boa ação de 44.883 pessoas em 1.997 hectares do país, de acordo com a ministra do Meio Ambiente, Lorena Tapia. Batizado de Siembratón, o projeto ganhou um registro no Guinness devido a maior quantidade de espécies de árvores plantadas pela maior quantidade de pessoas em diferentes lugares ao mesmo tempo.

Quem está achando muito, talvez não tenha ficado sabendo que, em 2014, as Filipinas entrou para o Guinness após plantar quase três milhões de árvores em várias localizadas ao mesmo tempo. Mais de 100 mil pessoas participaram do ato.

A diferença no Equador foi a variedade das plantas. De acordo com o delegado do Guinness World Records, Carlos Martínez, não há registro na história de eventos que superem 150 espécies.

Ler e ver mais imagens aqui

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Assista ao documentário Bed Peace, sobre o protesto de John e Yoko em 1969


A artista Yoko Ono disponibilizou no seu canal no YouTube o documentário que retrata o protesto pacífico realizado por ela e John Lennon no ano de 1969. Na ocasião, ambos passaram uma semana deitados numa cama, recebendo visitas e tocando músicas. O acto do casal foi realizado no auge da Guerra do Vietnam.

A artista disponibilizou o vídeo pela ocasião da onda de protestos que varreu a Inglaterra nos últimos dias de Setembro 2013. 

Tem ainda mais actualidade quando na União Europeia cresce novamente a xenofobia, desinteresse "aparente" dos governantes em relação aos protestos mais que justos das suas populações,  onde partidos conservadores insistem no primado capitalista e hegemónico em relação a outros povos e acentuaram-se os conflitos entre crescimento económico e a precariedade dos trabalhadores.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

terça-feira, 23 de junho de 2015

Descoberto o primeiro peixe de sangue quente


Peixe opah (Foto: REUTERS/NOAA)
Um estudo da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), órgão dos Estados Unidos, revelou a opah como a primeira espécie de peixe composto inteiramente por sangue quente, dando-lhe vantagem competitiva nas profundezas frias do oceano. Enquanto mamíferos e aves em geral mantêm a temperatura do corpo alta, o opah (Lampris guttatusé o primeiro peixe que consegue fazer o mesmo.

O peixe prateado, do tamanho de um pneu de automóvel, pode ser encontrado em quase todos os oceanos. Mas é principalmente achado no Caribe, nos Estados Unidos e na Argentina. Ele vive centenas de pés abaixo da superfície, em águas frias mal iluminadas.

Suas nadadeiras parecem asas, fazendo com que ele consiga nadar rapidamente. Segundo os cientistas, o bater constante das barbatanas do opah aquece seu corpo, acelerando o seu metabolismo e, em efeito contínuo, o movimento e suas reações.

De acordo com o biólogo Nicholas Wegner, do Centro de Pescaria do NOAA na Califórnia, e um dos autores do estudo, ter sangue quente é uma vantagem competitiva, já que confere ao peixe as capacidades de nadar melhor, reagir rapidamente e enxergar com precisão. Esses diferenciais, segundo os pesquisadores, tornam o opah o que é considerado um "predador de alto desempenho".

O biólogo só percebeu que o peixe era incomum quando um co-autor da pesquisa, Owyn Snodgrass, coletou uma amostra do tecido branquial do peixe que tinha uma estrutura nunca vista: o sangue quente, que sai do núcleo do corpo, ajuda a aquecer o sangue frio, retornando para o coração a partir da superfície respiratória das brânquias, onde absorve oxigênio.

Alguns outros peixes, como o atum e espécies de tubarões, conseguem aquecer certas partes do corpo, como músculos, aumentando a capacidade natatória. Mas órgãos internos, incluindo os corações, voltam a esfriar rapidamente, forçando-os a retornar para profundidades rasas, onde as temperaturas são amenas, para se aquecer. 
Fonte: Globo e Veja

domingo, 21 de junho de 2015

Minerais e fósseis, “uma e a mesma coisa”

Foto de António Galopim de Carvalho.
“Mina”, com o significado de escavação na terra, é um termo que se julga radicar na cultura céltica, trazido para a Europa ocidental por um povo portador da metalurgia do ferro, a partir do segundo milénio a.C. É uma palavra do nosso vocabulário ligada a duas realidades sociais:
(1) a popular e rudimentar mina de água e
(2) a mina no sentido de local onde, desde há muito, artesanal ou industrialmente, o homem procura extrair matérias-primas, tradicionalmente referidas por minérios.
Na imensa maioria, minerais, mas também algumas rochas como o gesso e o sal-gema, e raros fósseis, como é o caso da lenhite, da hulha e da antracite.
Minerar é, pois, escavar e mineral e minério são produtos que da terra se retiram por escavação.

Se tivermos em conta que escavar é fossar e que fosso ou fossa é uma escavação, compreendemos por que razão, no passado, até ao século XVIII, se chamava fóssil a todo o material não orgânico que se desenterrava ou extraía de dentro da terra (do latim fossile, desenterrado), o que abrangia os minerais, os “petrificados”, ou seja, os fósseis, no sentido que hoje lhe damos (o de antigos seres transformados em pedra), as rochas e os achados pré-históricos e arqueológicos.

António Galopim de Carvalho

sábado, 20 de junho de 2015

Música do BioTerra: Capicua- Sereia Louca


"Não é que a lágrima é da mesma água salgada
Gritava entre o mar e a estrela da madrugada
E grito ainda mais alto neste barco suspenso
Que pior que o meu canto há-de ser o meu silêncio"

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Ecologia integral. A grande novidade da Laudato Si'. "Nem a ONU produziu um texto desta natureza''. Entrevista especial com Leonardo Boff

O conceito de ecologia integral é "o ponto central da construção teórica e prática da Laudato Si". Receio que ela não seja entendida pela grande maioria, colonizada mentalmente apenas pelo discurso antropocêntrico de ambientalismo, dominante nos meios de comunicação social e infelizmente nos discursos oficiais dos governos e das instituições internacionais como a ONU. Como o novo paradigma sugere, todos formamos um grande e complexo todo", afirma o teólogo e escritor.

"A visão da ecologia integral é sistêmica, integra  todas as coisas num grande todo dentro no qual nos movemos e somos. Deste nexo de relação de todos com todos, o Papa o faz derivar de um dado teológico. Deus-Trindade é por essência relação eterna e simultânea entre as três divinas Pessoas. Se Deus-Trindade é relação, então tudo no universo é também relação", comenta Leonardo Boff ao analisar, em entrevista concedida à IHU On-Line por email, a Carta Encíclica Laudato Si' de Papa Francisco sobre o cuidado da casa comum, publicada na manhã de hoje, 18-06-2015.

Segundo o teólogo, para o Papa Francisco, "não vale o motto norte-americano: um só mundo - um só império. Mas um só mundo e um só projeto comum".

Leonardo Boff ressalta que o "Papa assume a metodologia que ele mesmo fez incluir explicitamente no documento de Aparecida: ver, julgar, agir e celebrar. Este método tem a vantagem de partir sempre de baixo, das realidades concretas, dos desafios reais e não de doutrinas a partir das quais se fazem deduções, geralmente abstratas e pouco mordentes quando referidas aos temas suscitados".

E lembra uma frase de São Tomás de Aquino: "um erro no conhecimento do mundo pode nos induzir a um erro no conhecimento de Deus. Tudo está em relação. As ciências a seu modo servem ao Senhor de todas as coisas".

"O valor desta encíclica - continua - não se mede apenas por aquilo que ela propõe, mas pelo ensinamento dos demais bispos espalhados pelo mundo inteiro. Isso também constitui uma novidade deste pontificado, em tantos pontos tão inovador e surpreendente".

E conclui lembrando "a frase humorística de Chesterton: estamos todos no mesmo barco e todos estamos enjoados. Todos não. Seguramente não o Papa Francisco".

Leonardo Boff é teólogo, filósofo e autor de uma imensa obra sobre temas ambientais. Desta obra, citamos Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres, recentemente reeditada.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Qual é a novidade da encíclica Laudato si'?

Leonardo Boff - A absoluta novidade consiste em que a encíclica assume o novo paradigma contemporâneo segundo o qual tudo forma um grande todo com todas as realidades interconectadas, influenciando-se umas às outras. Isso faz superar a fragmentação dos saberes e confere grande coerência e unidade ao texto. Nem a ONU produziu um texto desta natureza.

IHU On-Line - Qual é a estrutura lógica da Laudato si'? Quais são as teses que o Papa defende nesta encíclica e em que consiste sua argumentação central?

Leonardo Boff - O Papa assume a metodologia que ele mesmo fez incluir explicitamente no documento de Aparecidaverjulgaragir e celebrar. Esse método tem a vantagem de partir sempre de baixo, das realidades concretas, dos desafios reais, e não de doutrinas a partir das quais se fazem deduções, geralmente abstratas e pouco mordentes quando referidas aos temas suscitados. O método obriga-nos a ver a incorporação dos dados mais seguros das ciências e compor o quadro real das questões mais relevantes.

No julgar se processam dois movimentos: um científico-analítico e outro teológico. Nisso o Papa foi mestre: desmascara as explicações ilusórias de certo tipo de ciência intrassistêmica, onde aparece seu caráter ideológico, geralmente em benefício do mercado e dos grupos dominantes que consideram as contradições de ordem social e ecológica como externalidades que não entram na contabilidade dos negócios. É nesse ponto em que se revelam os impasses da atual situação e sua incapacidade de apresentar qualquer solução, a não ser mais do mesmo.

A parte do julgar teológico é mais fácil porque aí se manejam as categorias já conhecidas pela teologia. Mesmo nesta parte faz as correções necessárias aos reducionismos feitos na leitura da posição do ser humano dentro da criação, não como dominador, mas como cuidador e guardador da herança recebida de Deus. Explora os momentos bíblicos positivos ligados à criação e oferece de forma bela o exemplo de Jesus em relação para com os vários momentos da natureza, dos pássaros, das flores, os campos, as colheitas.

Na parte do agir, cobra dos estados políticas globais já que o problema é global. Para ele não vale o motto norte-americano: um só mundo - um só império. Mas um só mundo e um só projeto comum. Enfatiza os pequenos passos que vêm de baixo, mas que trazem as sementes do novo.

Na parte do celebrar, se estende sobre a conversão ecológica e sobre a espiritualidade. Esta não se deriva tanto de doutrinas, mas das mensagens e inspirações que os caminhos espirituais apresentam para uma adequada relação para com a criação, mais que para com a natureza. É de se notar a pedagogia desenvolvida pelo Papa: nunca dá proeminência ao aspecto sombrio da realidade, mas enfatiza a capacidade humana de superar dificuldade e encontrar soluções benfazejas. Em todas as questões, os pobres estão presentes, e sabe associar o grito da Terra com o grito dos pobres, coisa que se acentua muito na reflexão latino-americana.

IHU On-Line - Quais os principais conceitos teológicos da Laudato si' e como eles se relacionam com a teologia mais geral do Papa Francisco?

Leonardo Boff - O principal conceito teológico é ver não tanto a natureza mas a criação. Ela remete ao Criador e é expressão de um ato de amor. Cita a bela frase do livro da Sabedoria que "Deus é o soberano amante da Vida" (11,26). Depois o conceito de encarnação pela qual o Filho não assumiu simplesmente a natureza humana, mas a matéria do mundo e o próprio mundo, referindo-se a Teilhard de Chardin, que desenvolveu esta visão cósmica. Insere Cristo no mistério da criação, citando as epístolas de Efésios e Colossenses.

A ressurreição representa a transfiguração de todo o universo. Vê o mundo não como algo a se resolver, mas a se admirar e louvar. Deus-Trindade é relação eterna, por isso todas as coisas são sua ressonância e vivem sempre relacionadas.

IHU On-Line - A que visão de mundo o Papa está, de certo modo, se opondo? E que visão de mundo ele sugere aos leitores da Laudato si'?

Leonardo Boff - Coerente com sua ecologia integral, vê o mundo como ordens abertas umas às outras, todas interconectadas, o que supõe uma visão evolucionista do universo, sem dizer o nome e entrar nesta questão. Realça, sim, a singularidade do ser humano, portador de sinais da divindade com uma missão ética de se responsabilizar pela criação. Vê o mundo como casa comum, o que sugere um sentido de familiaridade.

Inspira-se em São Francisco para relembrar a irmandade entre  homens e mulheres, entre todos os seres, também o irmão sol, a irmã lua, o irmão rio e todos os demais seres. Aqui alça seu voo poético-místico. A visão do Papa é sempre positiva e tenta resgatar o que de bom existe. Mas é rigoroso na crítica das agressões que infligimos à casa comum, aos milhões de pobres que são desatendidos e é contra a cultura do consumo. Propõe a sobriedade compartida.

IHU On-Line - Na parte que fala da "raiz humana da crise ecológica”, o Papa menciona que a crise é consequência do antropocentrismo moderno, chamando atenção também para os malefícios do relativismo. Como avalia a tese de que a causa da crise ecológica tem como base uma crise humana?

Leonardo Boff - Para o Papa a raiz da crise ecológica reside na tecnocracia. Distingue-a da tecnociência que tantos benefícios nos trouxe. Mas ela degenerou em tecnocracia, uma espécie de ditadura da técnica com a pretensão de resolver todos os problemas ecológicos. Com justeza critica esta visão porque ela isola os seres que estão sempre entrelaçados. Ao dissociá-los pode produzir mais malefícios que benefícios. Neste contexto aborda o antropocentrismo, pois a tecnocracia é  arma de dominação do ser humano sobre os outros e sobre a natureza.

Parte da ilusão de que as coisas apenas se ordenam ao uso humano, esquecendo que cada ser possui um  valor intrínseco, louva a Deus a seu modo e nos traz uma mensagem específica, pois é único no universo.

O antropocentrismo afasta o ser humano da natureza; não se sente parte dela e se sobrepõe a ela como forma de dominação, quebrando a fraternidade universal. Por isso que o simples ambientalismo permanece sempre antropocêntrico, pois vê apenas o ser humano, o seu bem-estar e não o bem comum de todos os demais seres, habitantes da casa comum.

IHU On-Line - Como a degradação do planeta dialoga com os excluídos – os pobres, os idosos, as vítimas da financerização da vida –, sempre tão citados nos discursos de Francisco? De que forma o Papa estabelece conexão entre a degradação humana e a do planeta?

Leonardo Boff - Na sua ecologia integral vê todos os fatos e fenômenos interligados. Ofender a Terra é ofender o ser humano que também é Terra, como diz o Papa, citando o Gênesis. A voracidade produtivista e consumista produz duas injustiças, uma ecológica, degradando os ecossistemas, e outra social, lançando na pobreza e na miséria milhões de pessoas. O Papa denuncia essa conexão causal. Por isso propõe uma mudança de paradigma no relacionamento entre todos, que seja mais benevolente para com  natureza e mais justo para com os seres humanos e todos os demais seres que habitam a casa comum.

IHU On-Line - Em que consiste o conceito de ecologia integral, proposto pelo Papa na Laudato si'?

Leonardo Boff - Esse me parece o ponto central de sua construção teórica e prática acerca da ecologia. Receio que ela não seja entendida pela grande maioria, colonizada mentalmente apenas pelo discurso antropocêntrico de ambientalismo dominante nos meios de comunicação social e infelizmente nos discursos oficiais dos governos e das instituições internacionais como a ONU. Como o novo paradigma sugere, todos formamos um grande e complexo todo. Há uma rede de relações que perpassam todos os seres, ligam e religam todas as ordens. O Papa repete como um ritornelo que tudo está em relação, que todos os seres, mesmo os menores, estão envolvidos em laços de conexões. Nada existe fora da relação.

Isso implica entender que a economia tem a ver com a política, educação com a ética, ética com a ciência. Todas as coisas relacionadas se entreajudam para existir, subsistir e continuar neste mundo. Essa visão é absolutamente nova nos discursos do magistério, ainda refém do velho paradigma que separava, dicotomizava, atomizava e dividia a realidade em compartimentos. Em função desta visão distorcida, para cada problema tinha a sua solução específica sem dar-se conta de sua incidência nas outras partes que podia ser maléfica.

A visão da ecologia integral é sistêmica, integra  todas as coisas num grande todo dentro do qual nos movemos e somos. Deste nexo de relação de todos com todos, o Papa o faz derivar de um dado teológico. Deus-Trindade é por essência relação eterna e simultânea entre as três divinas Pessoas. Se Deus-Trindade é relação, então tudo no universo é também relação.

IHU On-Line - O texto da encíclica também traz concepções do laicato. Como as ideias das ciências  estão presentes na encíclica? Qual a intenção de Francisco nesse movimento de escuta às ciências?

Leonardo Boff - O Papa Francisco respeita e escuta as ciências porque elas lhe trazem a real situação ecológica do mundo. Precisamos ouvir o que elas nos têm a dizer. Sem sua contribuição a Igreja teria um olhar vesgo e uma prática sem eficácia. O mundo laico é o que cultiva especialmente o saber científico. Eles devem ajudar a comunidade cristã a definir os melhores caminhos. Aqui vale lembrar uma frase de São Tomás de Aquino: um erro no conhecimento do mundo pode nos induzir a um erro no conhecimento de Deus. Tudo está em relação. As ciências a seu modo servem ao Senhor de todas as coisas.

IHU On-Line - Críticos ao texto de Francisco alegam que o Papa não foi neutro nas considerações sobre o tema. Teria ouvido apenas quem acredita nos efeitos do aquecimento global e não a vertente da ciência que é mais cética a essa visão. Como avalia esse posicionamento de Francisco?

Leonardo Boff - O Papa simplesmente manda ver a realidade que está ao nosso redor. Aí notamos a devastação da casa comum, o maltrato da natureza e especialmente dos mais vulneráveis. Não precisamos de muita ciência para nos darmos conta de que tais iniquidades são fruto da atividade irresponsável do ser humano. Agredimos de tal forma a Terra, que ela perdeu sua sustentabilidade. Para repor o que dela tiramos num ano, ela precisa de um ano de trabalho. O Papa Francisco não discutiu com a opinião divergente, porque hoje já foi desmoralizada pela comunidade científica e é refutada pelos próprios fatos, que são os eventos extremos que ocorrem em todas as partes do planeta.

IHU On-Line -  A Encíclica cita trechos das encíclicas de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, acerca da ecologia e de outros temas, como economia e desigualdades. Como as encíclicas anteriores se relacionam e dialogam com a Encíclica de Francisco?

Leonardo Boff - Os pronunciamentos dos Papas anteriores nunca foram ao ponto axial e sistêmico do problema, que é o nosso modo de habitar a casa comum que nos está trazendo incontáveis desconfortos a nós e à casa comum. Mas o faz para honrar seus predecessores. Não pode, entretanto, passar por alto o fato de o Papa valorizar as contribuições das inúmeras conferências nacionais e continentais, das mais poderosas, como a dos USA, até a mais singela, como a do Paraguai ou da Patagônia. Aqui se mostra o exercício da colegialidade que o Papa disse querer reanimar.

Diria que o valor desta encíclica não se mede apenas por aquilo que ela propõe, mas pelo ensinamento dos demais bispos espalhados pelo mundo inteiro. Isso também constitui uma novidade deste pontificado, em tantos pontos tão inovador e surpreendente.

IHU On-Line - O próprio Francisco destaca que o tratamento do tema da ecologia não é novidade num papado. No entanto, no que essa manifestação de Bergoglio se diferencia dos papas anteriores?

Leonardo Boff - Os Papas anteriores abordavam ecologia pontualmente. Agora é de forma sistemática dentro de uma nova e corajosa abordagem sistêmica no quadro do novo paradigma, construindo, já há quase um século, a partir das ciências da vida e da Terra, da nova cosmologia, da fisica quântica e da nova biologia. Nisso o Papa é absolutamente inovador.

IHU On-Line - Alguns teólogos têm chamado atenção para o fato de que a Encíclica não faz referência às grandes religiões orientais, como hinduísmo, budismo, taoísmo. Na sua avaliação, quais as razões de essa questão não ter sido contemplada na Encíclica de Francisco?

Leonardo Boff - Considero um vazio da encíclica, pois ela se dirige para toda a humanidade e teria feito bem se tivesse honrado a sabedoria oriental, tão rica de perspectivas ecológicas. Não sei as razões. Mas creio que a reservou para quando retomar o tema no contexto do diálogo inter-religioso.

IHU On-Line - Há uma intenção especial no fato de o Papa ter publicado a  Encíclica seis meses antes da realização da COP-21, em Paris? De que forma o documento recoloca na agenda pública o debate sobre o meio ambiente?

Leonardo Boff - A encíclica é providencial, especialmente quanto ao método sistêmico e no arco de uma ecologia integral que sempre esteve ausente nestes encontros oficiais, em alguns dos quais eu mesmo participei. Não se faz a mínima ideia de uma visão global, como se ainda não tivessem descoberto a Terra, apenas pedaços dela, onde radicam os interesses nacionais que sempre predominam sobre os universais. Se não tomarem a sério uma visão de uma ecologia integral, os encontros redundarão em fracasso como até agora tem acontecido. Todos estão num voo cego e não sabem para onde vão. Apenas querem preservar seus interesses nacionais e esquecem os globais. Vale a frase humorística de Chesterton: estamos todos no mesmo barco e todos estamos enjoados. Todos não. Seguramente não o Papa Francisco.

IHU On-Line - De que forma acredita que o texto do documento apostólico deva ecoar para além dos muros do Vaticano, na Igreja em todo o mundo? E fora da Igreja, quais devem ser os impactos?

Leonardo Boff - Suponho que os impactos serão enormes pela amplitude da abordagem e especialmente pela perspectiva nova (para a maioria) de uma ecologia integral, válida para todo o planeta, para seus habitantes humanos ou não. Desta vez não dispomos de uma arca de Noé, que comportava somente alguns. Desta vez devemos salvar-nos todos.

IHU On-Line - Que tipo de sugestões o senhor enviou ao Papa durante o período em que ele escrevia a encíclica? Quais dessas contribuições foram incorporadas ao texto?

Leonardo Boff - Esta pergunta me causa constrangimento. O Papa possui seu corpo de peritos e consulta muita gente. A encíclica é dele e não dos colaboradores. No que se refere à petição do Papa Francisco, enviei, através do embaixador argentino no Vaticano - senão há o risco de que não chegue -, vários materiais e livros, pois já há 30 anos trabalho intensamente esta questão ecológica de forma integral (fiz um dvd para uso popular sobre as quatro ecologias, onde a última era a ecologia integral) e aprofundei especialmente o tema do cuidado, da casa comum, da ética e da espiritualidade. Se o Papa fez uso ou não desses materiais não cabe a mim dizer. Fiz a minha parte como um simples servo inútil, como diz o evangelho.

Will Allen- agricultor urbano




Will Allen is a former professional athlete who played basketball throughout college at the University of Miami and post-college in Belgium. Though he has also held jobs in corporate America, Allen has spent the last 21 years in a completely different profession: urban farmer.Full story here  

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Encontros Improváveis: Madou Lamine Sall & The Soft Moon



Amantes de auroras
Procurei-te por todo o lado e em nenhum
entre a flor e o caule
entre o dia e a noite
por entre os risos do sono
por entre as carícias da ausência
Onde estás filha da noite
já o poema perde o fôlego
e as palavras se esquivam
a caneta dança em arabescos ébria do seu vinho negro
as vogais estão distraídas
e as consoantes teimosas erram em procissão
sobre o vazio da página que boceja
Serás a única a compreender esta noite porque
escrevo este poema de sexo e de azeitona de sangue e de amor
Gostaria de te falar no ventre da noite
à hora em que migalhas de estrelas dançam na tua boca
de mel e de febre
Onde estás rapariga da noite
sei que voltarás
porque sou a fera da tua toca
o réptil que te serpenteia e te traz para a luz
do dia.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Noruega- “Um país com muito poucos pobres e muito poucos ricos”


"Vivemos em contacto com a natureza e beneficiamos da força do trabalho de homens e mulheres. Tomamos decisões políticas para dividir a riqueza gerada por toda a população. Assim, temos muito poucos ricos e muito poucos pobres, todos estão no meio. Penso também que encontrámos um bom equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Quando tudo isto se soma explicam-se os nossos resultados elevados nos índices. "

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ted Talk - Elora Hardy: Magical houses, made of bamboo


Bambu... A poesia de construir com materiais que crescem (rapidamente) na Natureza...

EN
You've never seen buildings like this. The stunning bamboo homes built by Elora Hardy and her team in Bali twist, curve and surprise at every turn. They defy convention because the bamboo itself is so enigmatic. No two poles of bamboo are alike, so every home, bridge and bathroom is exquisitely unique. In this beautiful, immersive talk, she shares the potential of bamboo, as both a sustainable resource and a spark for the imagination. "We have had to invent our own rules," she says.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Pixel: A Mesmerizing Dance Performance Incorporating Interactive Digital Projection

We strongly urge you to take three minutes to watching this incredibly inventive dance performance that makes use of a fully interactive set that responds in real-time to a team of dancers.


Pixel is an innovative dance performance conceived by French performance artists Adrien Mondot and Claire Bardainne, known collectively as the Adrien M / Claire B Company, in collaboration with hip-hop choreographer Cie Kafig. The hour-long performance incorporates a host of digital projection mapping techniques, 11 dancers, and bills itself as “a work on illusion combining energy and poetry, fiction and technical achievement, hip hop and circus.” Pixel premiered at Maison des Arts de Créteil on November 15th 2014, and above is a 3-minute excerpt of the shows most jaw-dropping moments. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Encontros Improvaveis: Eisntein e Grey Miller


Viagem no tempo
Propriedades malucas, mas comprovadas, da Teoria da Relatividade e da mecânica quântica fazem com que idas ao futuro ou ao passado não sejam só ficção científica
Texto por Salvador Nogueira

VIAJAR NO TEMPO É MOLEZA.
Difícil é não viajar no tempo. Note que, enquanto lê esta frase, você está viajando no tempo - mais ou menos dois segundos na direção do futuro, para ser exato.

Ah, aí não vale? Vale sim. Porque, desde que Albert Einstein desenvolveu sua Teoria da Relatividade, sabemos que o tempo não é o pano de fundo sobre o qual se desenrolam os eventos do Universo. Em vez disso, ele é uma dimensão, parecida em essência com as tradicionais profundidade, altura e largura que todos conhecemos no dia-a-dia.

Da mesma forma que podemos andar para um lado ou para o outro em uma dimensão espacial, também é possível "caminhar" pelo tempo. Ocorre que, diferentemente do que se verifica nas outras dimensões, no tempo não podemos escolher em que direção avançar. Parece que estamos presos nesse fluxo, inexoravelmente arrastados rumo ao futuro, num ritmo definido e constante.

Mas será?

A própria teoria de Einstein sugere que há maneiras de manipular esse arrasto e fazer, na prática, o que chamaríamos de viagens não convencionais pelo tempo - ou seja, indo de um ponto a outro sem necessariamente ter de passar por todos os pontos entre eles, que é o que nos interessa aqui.

Viajar para o futuro é, na verdade, bem simples. Basta acelerar no espaço para, tchã-rãn!, ace-lerar no tempo. A relatividade demonstra que, ao corrermos em grande velocidade, algumas coisas estranhas acontecem conosco. Nós basicamente "afinamos" no sentido do movimento, ficamos mais pesados e, o mais importante para a discussão desta reportagem, o tempo passa mais devagar para nós, de forma muito sutil, mas real.

Sim, acredite se quiser, mas o tempo passa mais devagar para o Rubinho Barrichello na pista do que para os espectadores na arquibancada (pensando bem, isso talvez explique muita coisa). Só que a diferença, nesse caso, é pentelhesimalmente pequena. Na prática, a diferença é inexistente.Ocorre que, ao viajarmos em ritmos que começam a se comparar à velocidade da luz, essa discrepância começa a se tornar mais notável, dando origem a um exemplo clássico da viagem para o futuro, conhecido como paradoxo dos gêmeos.

Imagine dois jovens gêmeos idênticos. Um deles é recrutado para ser astronauta e fazer um voo experimental em uma nave da Nasa capaz de atingir 50% da velocidade da luz. Ele parte, vai até Alfa Centauri (a estrela mais próxima do sistema solar, a poucos anos-luz daqui) e volta, numa viagem de 16 anos. Quando retorna, a surpresa: seu irmão gêmeo já é um idoso, à beira da morte, enquanto ele envelheceu apenas o tempo da viagem.

O que aconteceu foi que, enquanto o tempo passava mais devagar para o irmão astronauta, o que ficou na Terra envelhecia no ritmo normal. Daí a discrepância impressionante entre os gêmeos, que pode ser vista, grosso modo, como uma viagem do irmão astronauta rumo ao futuro!

Claro, acelerar uma espaçonave a 50% da velocidade da luz ainda não está ao alcance da Nasa - pelo menos com o orçamento atual da agência espacial americana -, mas não há nada que impeça isso de acontecer. A física dita que a velocidade máxima possível no Universo é a da luz (cerca de 300 mil km/s), mas nada versa sobre tudo o que for abaixo disso. Entretanto, a situação se complica muito mais quando falamos de viajar rumo ao passado. Aí a coisa beira mesmo a impossibilidade.

Onde a porca torce o rabo

Há muitos argumentos, de física pesada, que sugerem a inviabilidade de voltar ao passado. Podemos citar, só para começo de conversa, que uma viagem assim violaria as leis de conservação de matéria e energia e que provavelmente exigiria a realização de uma travessia mais rápida que a luz para acontecer.

Entretanto, os cientistas já encontraram, usando a própria Teoria da Relatividade, meios de driblar essas dificuldades e imaginar máquinas do tempo que, pelo menos em princípio, funcionariam.

O principal fenômeno candidato a dar origem a uma máquina do tempo é o buraco de minhoca. Primo exótico do conhecido buraco negro, um buraco de minhoca seria uma espécie de fenda espacial que ligasse dois pontos distantes e descontínuos do espaço-tempo. Caso algo assim pudesse existir, ele conectaria instantaneamente dois lugares potencialmente muito distantes do Universo.

Ocorre que, pela Teoria da Relatividade, não é só a velocidade que altera o ritmo da passagem do tempo. A presença de matéria e energia também modifica como o tempo passa. Na prática, estar num avião a 10 km de altitude faz com que o tempo passe mais rápido do que estar no chão - colado à massa da Terra. Ou, em termos ainda mais corriqueiros, se você dormir agarrado ao despertador, a massa agregada poderá permitir que você acorde um tiquinho mais tarde para ir trabalhar.

Ritmos diferentes

Ora, se um buraco de minhoca conectar dois pontos com distribuição diferente de massa, o tempo passará em ritmos diferentes nas duas pontas. Portanto, o que era apenas um atalho pelo espaço se torna também um atalho pelo tempo!

Tudo resolvido então? Quase. O único (grande) problema é que, para um buraco de minhoca exis-tir, ele precisa de algo que os físicos chamam de matéria exótica - substância que teria densidade de energia negativa. Desnecessário dizer que os cientistas nunca viram algo parecido, até agora. O que talvez sugere que a natureza "prefira" que essas viagens ao passado nunca ocorram. E por um bom motivo: elas podem gerar paradoxos insolúveis.

A melhor coisa para poder entender esse pedaço é assistir ao clássico filme de Robert Zemeckis, De Volta para o Futuro. Nele, Marty McFly (Michael J. Fox) volta ao passado e quase impede seus pais de se apaixonarem, o que geraria sua inexistência. Mas, se Marty deixasse de existir, não teria como voltar no tempo, e aí seus pais se apaixonariam, e com isso ele voltaria a existir, para voltar no tempo e... você entendeu o tamanho do problema.

No filme, Marty consegue desatar o nó e impedir o paradoxo. Mas os cientistas preferem não correr riscos e imaginar que alguma lei da natureza deva barrar episódios como esse, que eliminariam a clara relação entre causa e efeito existente no Universo. Sintetizando esse pensamento, o famoso físico britânico Stephen Hawking criou o que ele chama de Conjectura de Proteção Cronológica, uma suposta lei física que impediria absurdos como o paradoxo enfrentado por Marty McFly.

Para o físico neozelandês Matt Visser, ela faz todo o sentido. Visser estuda a possibilidade da existência de buracos de minhoca e descobriu que uma quantidade bem pequena de matéria exótica já poderia manter uma dessas passagens abertas. O resultado traz uma perspectiva otimista: em se tratando de uma substância que ninguém nunca viu, quanto menos você precisar, melhor. Mesmo assim, ele não acredita realmente que seja possível viajar rumo ao passado. "Eu sou totalmente a favor da Conjectura de Proteção Cronológica e defendo que seja elevada a um Princípio de Proteção Cronológica", afirma o pesquisador.

Fim da história, então? Talvez não. Gostem ou não os físicos, há coisas muito estranhas acontecendo na natureza que nos fazem pensar a respeito do tema. Sabemos que, para cada partícula - seja um próton, um nêutron, um elétron, seja qualquer outra -, existe uma antipartícula equivalente: antipróton, antinêutron, pósitron, e assim por diante.

O físico americano Richard Feynman, um dos mais brilhantes do século passado, desenvolveu uma série de diagramas para interpretar a ação dessas partículas e antipartículas e fez uma cons-tatação intrigante: as antipartículas se comportam exatamente como se fossem partículas, só que viajando no sentido contrário do tempo - como se estivessem caminhando do futuro para o passado.

Será que elas realmente estão fazendo isso? Ou é apenas um efeito bizarro da física quântica? As perguntas seguem sem resposta definitiva da parte da ciência. Mas é claro que, mesmo que partículas possam viajar para trás no tempo (assim como podem aparecer e desaparecer do nada), isso não quer dizer que Marty McFly ou seu amigo inventor, o Dr. Emmett Brown, possam...

terça-feira, 9 de junho de 2015

Sobre o Dia do Excesso da Terra


HIPOTECAR O FUTURO
O conceito do Dia do Excesso da Terra foi primeiro desenvolvido pelo think tank britânico “new economic foundation” e pela organização não-governamental Global Footprint Network (GFN). Mathis Wackernagel, presidente da GFN, estabelece um paralelismo entre a actual absorção de recursos naturais e o nível de consumo acima das possibilidades económicas: “A pressão sobre recursos é semelhante aos gastos financeiros excessivos, e pode tornar-se devastadora. À medida que o défice de recursos cresce e o seu preço se mantém elevado, os custos para os países tornam-se insuportáveis.”
No ranking dos 149 países analisados, entre os que sobrecarregam o ecossistema (60, no total) estão o Qatar, o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos. De acordo com o GFN, só para absorver os 11,68 hectares globais por habitante em emissões de dióxido de carbono de que o Qatar é anualmente responsável seriam necessários cinco planetas. Susana Fonseca, da Quercus, defende que “se tivéssemos uma relação equilibrada com o planeta, este problema não se colocaria. Poderia haver uma situação pontual, mas não com a magnitude que hoje se apresenta”.
“Estamos a hipotecar a nossa própria existência enquanto espécie, no futuro, ao não procurarmos o maior equilíbrio com a nossa fonte de vida”, explica Susana Fonseca. Pelo caminho, a população mundial já perdeu biodiversidade (30%, entre 1970 e 2008) e qualidade de vida, e as consequências são claras: “Se dependemos de recursos que estão a desaparecer ou que estão a ficar mais caros, arriscamo-nos a ficar sem bens fundamentais de que precisamos para proporcionar uma vida de qualidade à população, e arriscamo-nos a prejudicar a nossa economia e orçamentos nacionais, porque não podemos suportar o nível de consumo a que nos habituámos”, explica Kyle Gracey, investigador do GFN.

ACIMA DO LIMITE 
Há mais de 40 anos que ultrapassámos a fasquia da sustentabilidade. Uma situação que, segundo o investigador, só tem sido possível com recurso a três soluções: “Importamos recursos produzidos em anos anteriores; usamos recursos que não pertencem a nenhum país – como a pesca em mares profundos; enviamos para a atmosfera o lixo que a natureza não consegue absorver, sob a forma de dióxido de carbono.” O problema, mais uma vez, é que estas são soluções a prazo, e num futuro que já foi distante, mas que agora estamos a experienciar, as consequências voltam a fazer sentir-se, através da sobreexploração de recursos obtidos em anos anteriores e do efeito de estufa que prejudica as actuais produções agrícolas.
A solução, defende Susana Fonseca, é “dar o passo mais difícil, fazendo entrar no discurso do dia-a-dia o conceito de suficiência: sermos felizes com menos”. E a realidade actual é, para Kyle Gracey, “absolutamente reversível”. Como? “Tornando-nos mais eficientes com os recursos que usamos, desenvolvendo formas de usar os recursos que melhores condições oferecem à população, ao mesmo tempo que se reduz o recurso a matérias que são prejudiciais ao ambiente ou que mais contribuem para o efeito de estufa, e certificando-nos de que a redução de obtenção de recursos está integrada no processo de decisão dos governos”, enumera o investigador.
Nos últimos anos, o GFN colaborou com mais de 50 países, junto dos quais procurou difundir a mensagem de que uma mudança de paradigma é necessária. Desses, “17 reviram a contribuição que davam para a pegada ecológica. Nove países e territórios adoptaram formalmente a Pegada Ecológica e usam-na na elaboração das suas estatísticas nacionais e/ou para dar conta das decisões políticas que tomam”, refere Kyle Gracey.
“Se queremos manter a estabilidade social e a produtividade, não podemos sustentar um fosso crescente entre o que a natureza pode oferecer e o quanto a nossa infra-estrutura, economia e estilo de vida requerem”, resume o presidente da GFN.
Fonte: ionline, por Pedro Raminho

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Fotopoema- Hoje é o dia de amanhã

Mario Cataneo
"Tudo na vida está em esquecer o dia que passa.
Não importa que hoje seja qualquer coisa triste,
um cedro, areias, raízes,
ou asa de anjo
caída num paul.
O navio que passou além da barra
já não lembra a barra.
Tu o olhas nas estranhas águas que ele há-de sulcar
e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos portos.
Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje o fim
e que há certezas, firmes e belas,
que nem os olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã."

~Fernando Namora

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Documentário da Semana- Da Servidão Moderna - Jean-François Brient (legendado)

 
Da servidão moderna - Jean-François Brient from Juliane Meira Winckler on Vimeo.

Sinopse
A servidão moderna é uma escravidão voluntária, consentida pela multidão de escravos que se arrastam pela face da terra. Eles mesmos compram as mercadorias que os escravizam cada vez mais. Eles mesmos procuram um trabalho cada vez mais alienante que lhes é dado, se demonstram estar suficientemente domados. Eles mesmos escolhem os mestres a quem deverão servir. Para que esta tragédia absurda possa ter lugar, foi necessário tirar desta classe a consciência de sua exploração e de sua alienação. Aí está a estranha modernidade da nossa época. Contrariamente aos escravos da antiguidade, aos servos da Idade média e aos operários das primeiras revoluções industriais, estamos hoje em dia frente a uma classe totalmente escravizada, só que não sabe, ou melhor, não quer saber. Eles ignoram o que deveria ser a única e legítima reação dos explorados. Aceitam sem discutir a vida lamentável que se planejou para eles. A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça.

Ficha Técnica
A servidão moderna é um livro e um documentário de 52 minutos produzidos de maneira completamente independente; o livro (e o DVD contido) é distribuído gratuitamente em certos lugares alternativos como em França e na América Latina. O texto foi escrito na Jamaica em Outubro de 2007 e o documentário foi finalizado na Colômbia em Maio de 2009. Ele existe nas versões francesa, inglesa e espanhola. O filme foi elaborado a partir de imagens desviadas, essencialmente oriundas de filmes de ficção e de documentários. 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Encontros Improváveis: Walt Whitman e Klangstabil - Push Yourself



Vida 
Sempre a indesencorajada alma do homem
resoluta indo à luta.
(Os contingentes anteriores falharam?
Pois mandaremos novos contingentes
e outros mais novos.)
Sempre o cerrado mistério
de todas as idades deste mundo
antigas ou recentes;
sempre os ávidos olhos, hurras, palmas
de boas-vindas, o ruidoso aplauso;
sempre a alma insatisfeita,
curiosa e por fim não convencida,
lutando hoje como sempre,
batalhando como sempre.
Walt Whitman

The Mysterious Geographic Explorations Of Jasper Morello

Mais informações sobre a curta-metragem premiada aqui

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Cinema de Animação - The Ocean Maker

 
The OceanMaker from Mighty Coconut on Vimeo.


After the seas have disappeared, a courageous pilot fights against vicious sky pirates for control of the last remaining source of water: the clouds.
The bulk of the film was made using nothing but laptops during a 7-week artist retreat on a small caribbean island. Be sure to check out our behind the scenes videos.


O Ocean Maker é um curta-metragem animada de 9 minutos que ocorre após os oceanos da Terra ter desaparecido. Ele narra o conto de um piloto corajoso que luta contra piratas do céu vicioso para controlar a última fonte remanescente de água: as nuvens.