sábado, 9 de dezembro de 2023

“Numa trajetória desastrosa”: Cientistas alertam para risco de cinco pontos de inflexão da Terra


O aquecimento médio do planeta continua a progredir, impulsionado pelas emissões de gases com efeito de estufa geradas pelas atividades humanas e pela degradação e destruição da Natureza. Em 2015, em Paris, os governos do mundo acordaram que era preciso agir para impedir que a Terra aqueça mais do que 1,5 graus até ao final do século.

De ano para ano, surgem alertas de novos recordes de temperaturas máximas, de secas intensas, de incêndios devastadores e de tempestades sem precedentes, e, com isso, multiplicam-se o alertas de que é preciso fazer mais, melhor e mais rapidamente.

Apesar de ainda se considerar que nem tudo está para já perdido e que há tempo, mesmo que pouco, e conhecimento suficiente para alcançar esse objetivo, a janela de oportunidade está a fechar-se rapidamente e as ações climáticas tardam em chegar.

De acordo com os mais de 200 investigadores do projeto internacional Global Tipping Points, se nada for feito para contrariar essa tendência, a Terra poderá ultrapassar, pelo menos, cinco limiares naturais, pontos de inflexão em que pequenas alterações podem resultar em transformações rápidas e profundas, e além dos quais consequências negativas para a humanidade e para a Natureza podem ser irreversíveis. E três deles podem ser cruzados já na próxima década.

Num comunicado divulgado pela Universidade de Exeter, que coordenou o trabalho, os cientistas dizem que esta é “a avaliação dos pontos de inflexão mais abrangente alguma vez feita” e explicam que “a humanidade está atualmente numa trajetória desastrosa”.

Entre os limiares que poderão ser ultrapassados nos próximos anos, os cientistas destacam o colapso de grandes mantos de gelo na Gronelândia e na Antártida ocidental, o derretimento do pergelissolo (ou permafrost), a mortalidade generalizada de recifes de corais de água quente e o colapso da circulação atmosférica no Atlântico Norte.

Para Tim Lenton, um dos investigadores, “os pontos de inflexão no sistema da Terra representam ameaças de uma magnitude nunca antes enfrentada pela humanidade” e “podem provocar efeitos em dominó devastadores, incluindo a perda de ecossistemas inteiros e a capacidade para fazer uma agricultura estável, com impactos sociais que incluem deslocações em massa, instabilidade política e colapso financeiro”.

A investigação analisou 26 “pontos de inflexão negativos do sistema da Terra” e concluiu que “a atual governança global não é adequada à escala do desafio”, e que a manutenção do estado de coisas “já não é possível”, visto que “rápidas alterações na natureza e nas sociedades estão já a acontecer, e mais estão para vir”.

“Sem ação urgente para travar as crises climática e ecológica, as sociedades serão assoberbadas, enquanto o mundo natural se degrada”, avisam.

Apesar do tom alarmista do relatório, os cientistas acreditam que é possível promover “pontos de inflexão positivos”, que permitam contrair os negativos e manter o planeta numa rota de sustentabilidade.

“Uma cascata de pontos de inflexão positivos salvaria milhões de vidas”, pouparia biliões de dólares em prejuízos provocados por eventos climáticos extremos e permitira “começar a restaurar o mundo natural do qual todos nós dependemos”.

Lenton afirma que ações positivas estão já a ser realizadas, como o fortalecimento da aposta nas energias renováveis, a expansão da mobilidade elétrica e a transição para dietas menos intensas em produtos de origem animal.

Manjana Milkoreit, da Universidade de Oslo e que esteve também envolvida no projeto, considera que ações concretas para evitar os piores cenários “deverá ser o principal objetivo da COP28”.

E os investigadores deixam algumas sugestões para os líderes mundiais: acabar com as emissões dos combustíveis fósseis até 2050, reforçar a adaptação e os mecanismos de financiamento de perdas e danos, coordenar esforços globais para promover pontos de inflexão positivos, criar “uma cimeira global urgente sobre pontos de inflexão” e aprofundar o conhecimento sobre esses fenómenos.

“Resolver as crises climática e da natureza exigirá grandes transições em muitos setores – de mudanças nas dietas ao restauro de florestas”, passando pelo “abandono progressivo do motor de combustão interna”, avisa Kelly Levin, do Bezos Earth Fund, instituição parceira do projeto.

The 12 Early Warning Signs of Fascism


An appropriate time to revisit this sign from the U.S. Holocaust Museum, written by political scientist Laurence W. Britt, listing what to look for if you’re worried that your country may be slipping into fascism.

He is the author of Fascism, Anyone? 2003

Manifestação este sábado em Lisboa por um "Plano de Desarmamento Climático"


O movimento Climáximo convocou uma manifestação com o título “Resistência Climática” para as 14h00 deste sábado, 9 de dezembro. O ponto de partida é no Saldanha, passando pelo Marquês de Pombal e descendo a Avenida da Liberdade.

Em comunicado e no site, o movimento explica que “a manifestação apela a uma Resistência Climática para reivindicar um Plano de Desarmamento Climático".

Partido às 14h00 do Saldanha, os ativistas descem até à rotunda do Marquês de Pombal “onde vai ser organizada uma Assembleia de Resistência para discutir as prioridades do movimento pela justiça climática para o ano de 2024”.

A manifestação conta com o apoio das seguintes organizações:
CIDAC – Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral
Greve Climática Estudantil – Lisboa
Habita
Partido Ecologista “Os Verdes”
PATAV – Plataforma Anti Transporte dos Animais Vivos
Quercus
Scientist Rebellion Portugal
Sirigaita
SOS Racismo
SPN - Sindicato dos Professores do Norte
STCC - Sindicatos dos Trabalhadores de Call Center
Stop Despejos

Bob Dylan


Bod Dylan tem muito mais poemas, assim, quase aforismos. Cada estrofe um tratado filosófico. Um letrista e poeta como poucos. E ainda por cima talentoso na voz e guitarra.

Música do Bioterra: Codeseven - Rough Seas



Assim é a onda de extrema direita que emerge na Europa


Eleições nos Países Baixos
O Partido para a Liberdade (PVV), liderado por Geert Wilders Wilders, político anti-União Europeia, antimulçumanos e anti-imigração, conquistou 37 assentos nas recentes eleições dos Países Baixos. É mais do que o dobro do total de 2021.
Para o correspondente europeu do The Guardian, Jon Henley, “a surpreendente vitória de Geert Wilders confirma a trajetória ascendente dos partidos populistas e de extrema direita da Europa”.

Viktor Orbán na Hungria
O primeiro-ministro de extrema direita da Hungria, Viktor Orbán, deu suas felicitações a Wilders, em um post no X, e disse: “A Europa está a acordar”. Orbán, em um discurso público, disse que os europeus não deveriam “misturar-se com outras raças”.
“Resistiremos às ideias malucas dos burocratas de Bruxelas, à invasão de imigrantes, à propaganda de género, e resistiremos às ilusões sobre a guerra e à adesão despreparada da Ucrânia à UE”, disse Orbán ao seu partido, segundo a Reuters.

Giorgia Meloni na Itália
Já Giorgia Meloni, cujo partido Irmãos da Itália tem raízes no Movimiento Social Italiano, fundado por seguidores de Mussolini, lidera o governo atual da da Itália.
Embora tenha mudado a sua abordagem sobre a imigração desde que assumiu o cargo, facilitando a legalização de centenas de imigrantes, de acordo com o Politico, ela reforçou a sua retórica anti-LGBT.
Em agosto de 2023, Meloni exigiu que os cartórios registassem apenas os pais biológicos nas certidões de nascimento, deixando os pais do mesmo sexo num limbo jurídico.

Grécia: três partidos de extrema direita no parlamento
Na Grécia, três partidos ultraconservadores conquistaram 12% dos assentos nas eleições de junho de 2023. Um deles, Spartans, é apoiado pelo ex-líder do Golden Dawn (considerado uma organização criminosa), Ilias Kasidiaris, que está, atualmente, na prisão.

Apoio crescente a Marine Le Pen em França
Em França, a candidata Marine Le Pen obteria uma vitória de 55% se enfrentasse o presidente Macron hoje, indicou uma sondagem recente, realizada pelo grupo Elabe para o canal de televisão BFM.
Enquanto Le Pen se prepara para concorrer pela quarta vez à presidência, em 2027, o seu partido promete proteger os judeus franceses daquilo que chama de “o maior perigo”: o islamismo.

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Prémio Ernst Haeckel 2024 a Helena Freitas


A candidata proposta pela SPECO ao prémio Ernst Haeckel promovido pela European Ecological Federation (EEF), Professora Helena Freitas, foi a premiada do ano 2024. É o segundo candidato premiado que a SPECO propõe. O primeiro foi atribuído a Miguel Bastos Araújo, no ano 2018.

Este prémio foi atribuído pela primeira vez em 2011 e destina-se a homenagear um(a) ecólogo(a) pela sua contribuição notável para a ciência ecológica europeia.

Partilhamos convosco uma breve resenha histórica do seu percurso académico, profissional e de investigação na área da Ecologia:

Helena Freitas (Famalicão, 1962) obteve uma das primeiras teses de doutoramento em Ecologia em Portugal (1993). O Doutoramento, estudo sobre as respostas das plantas em ambientes extremos, foi desenvolvido na Universidade de Coimbra, em colaboração com a Universidade de Bielefeld, na Alemanha. Entre 1994 e 1996 realizou um pós-doutoramento na Universidade de Stanford, EUA, com Harold Mooney para melhor compreender o impacto do carbono nas alterações globais, particularmente nas alterações climáticas. Desde então, tem estado envolvida em projetos globais.

Diretora do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra (2004 - 2012), preparou e coordenou o programa de requalificação deste espaço único de Coimbra e implementou estratégias de conservação. Para além da sua evolução académica no Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Helena Freitas ocupa a Cátedra UNESCO em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável desde 2014. Dentro desta Cátedra tem implementado e apoiado uma rede de investigadores e instituições nas áreas da biodiversidade, ecologia, conservação e desenvolvimento sustentável.

Ao longo da sua carreira tem contribuído para um melhor conhecimento sobre a ecologia funcional da vegetação mediterrânica e sobre a gestão de espécies exóticas e invasoras como estratégia para minimizar a perda de diversidade dos ecossistemas. Com todos estes conhecimentos adquiridos fundou o Centro de Ecologia Funcional - Ciência para as Pessoas e para o Planeta (cfe.uc.pt) onde ainda é actualmente Coordenadora. Recentemente, lançou o Laboratório Associado TERRA – Laboratório de Sustentabilidade do Uso da Terra e Serviços de Ecossistema.

O conhecimento de Helena Freitas é reconhecido a nível internacional sendo convidada (2019 até agora) para a Assembleia da Missão de Adaptação às Alterações Climáticas, incluindo a Transformação Social, da Comissão Europeia. Actualmente é Ponto Focal Português do IPBES (sigla inglesa para Plataforma Intergovernamental para a Biodiversidade e os Serviços de Ecossistema).

Coordenou ou participou em vários projetos e consórcios nacionais e internacionais, incluindo o Millennium Ecosystem Assessment. Orientou ou co-orientou mais de 30 dissertações de doutoramento sendo autor de mais de 200 publicações científicas internacionais indexadas e de diversas publicações de promoção e divulgação da ciência. Publica regularmente na imprensa nacional e regional, nomeadamente sobre ambiente, territórios e sociedade, planeamento e políticas de desenvolvimento baseadas no conhecimento. Em Março de 2000 foi agraciada com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio.

Esteve também envolvida em organizações não governamentais de ecologia e conservação, tais como: Presidente da Liga para a Protecção da Natureza (2002-2005), fundadora e Presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia (2004-2013) e Vice-Presidente da Sociedade Europeia de Ecologia (2009-2012).

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Sobre a Literatura


Ler um livro não é só passar um tempo lúdico e prazeroso. Se é verdade que muitas vezes, como diz Pessoa, acabo de viver outra vida dentro de minha vida, a literatura vai mais além. A literatura, os romances, os livros modificam-nos mesmo. As escolhas que tomámos, dão-nos um novo olhar, mais tolerância, mais abertura de mundos, novas e intrigantes personalidades, que nos agitam, confrontam os nosso preconceitos. A literatura (a boa literatura) ajuda-nos a amar mais!

Cartoon sobre as COP - Bado


Música do BioTerra: Echo And The Bunnymen - Show of Strength


Realistically, it's hard to dig it all, too happily
But I can see it's not always that real to me
A funny thing is always a funny thing
And though sadly things just get in the way

Open to suggestion
Falling over questions

Hopefully but that's as well as maybe
A shaking hand won't transmit all fidelity
And your golden smile would shame a politician
Typically, I'll apologize next time

Bonds will break and fade
Go snapping all in two
The lies that bind the tie
Come sailing out of you

Show of strength, is all you want
You can never set it down
Guts and passion
Those things you can't even set down
Don't ever set down, won't ever set down

Hey, I came in right on cue
One is me and one is you
Hey, I came in right on cue
One is me and one is you

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Dia de nascimento de Kateryna Bilokur



Hoje é o aniversário da grande artista ucraniana – Kateryna Bilokur (1900-1961). Ela poderia ter sido mais reconhecida durante a sua vida, mas não foi porque era mulher e camponesa. Mas agora podemos celebrar a arte dela como ela merece!

Biografia

COP28: Afinal, o que é isto do ‘unabated’?



Na 28.ª cimeira climática global das Nações Unidas (COP28), o fim dos combustíveis fósseis é reivindicado por muitos, não apenas por movimentos e organizações ambientalistas, mas também por povos indígenas e alguns países, sobretudo os mais vulneráveis aos efeitos devastadores das alterações climáticas.

Estima-se que, atualmente, mais de 100 países de África, das Caraíbas, do Pacífico e da União Europeia tenham já publicamente defendido o fim progressivo de todos os combustíveis fósseis, mas outros, como a Rússia, a Arábia Saudita e a China, posicionam-se do outro lado da barricada.

As negociações ainda decorrem e muita água há ainda para correr debaixo da ponte, mas é importante perceber o que está em causa. Alguns governos defendem o fim, mesmo que progressivo, de todos os combustíveis fósseis, outros pedem o abandono dos combustíveis fósseis cujas emissões não possam ser neutralizadas, por exemplo, por tecnologias de captura de carbono, outros pedem apenas uma redução do uso dessa energia e há ainda os que querem que tudo fique como está.

Na discussão, um termo que muito tem sido debatido é o ‘unabated’. Esta expressão refere-se, no jargão climático, às emissões de gases com efeito de estufa, não apenas o dióxido de carbono, mas também o metano, que não podem ser capturadas e armazenadas e, por isso, são libertadas na atmosfera e agravam as alterações climáticas.

Embora seja usada prolificamente num sem-número de documentos relativos a negociações e compromissos climáticos, a definição do que é essa neutralização, ou ‘abatement’, frequentemente não gera consenso. Contudo, num relatório deste ano do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), uma nota de rodapé explica que isso poderá ser definido como “as intervenções humanas que reduzem a quantidade de gases com efeito de estufa que é libertada para a atmosfera a partir de infraestruturas de combustíveis fósseis”.

Adicionalmente, outra nota de rodapé aponta que combustíveis fósseis ‘unabated’ são aqueles “produzidos e usados sem intervenções que reduzam substancialmente a quantidade de [gases com efeito de estufa] emitidos ao longo do seu ciclo de vida”.

Numa altura em que o fim dos combustíveis fósseis está em cima da mesa na COP28, a indefinição do que é ‘unabated’ poderá gerar ainda mais dissensos no âmbito dos trabalhos de negociação climática.

Na ausência de uma definição clara, a palavra ‘unabated’ poderá, por exemplo, permitir a continuação de emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera, pois há espaço para argumentar que capturar 50% dessas emissões é neutralizar parte delas.

Outro debate acontece em torno do ‘phaseout’, ou abandono progressivo, e do ‘phasedown’, ou redução progressiva. Embora nenhum país defenda o fim dos combustíveis fósseis de um dia para o outro, a opção mais amplamente aceite é ‘phaseout’, permitindo uma transição energética justa que cause os menores impactos negativos sobre as sociedades e economias.

O ‘phaseout’ implica um abandono progressivo com vista ao seu eventual fim definitivo.

Contudo, há países que defendem o ‘phasedown’, sobretudo aqueles cujas economias dependem mais fortemente dos combustíveis fósseis, em que existiria uma redução faseada do uso de combustíveis fósseis, mas não o seu fim.

Quem são os grandes patrocinadores do Chega?


A extrema-direita não está contra o sistema. A extrema-direita é o pior que o sistema tem.

Além disso é incrível ouvir uma grande mentira por parte do André Ventura. É mesmo racista. André Ventura defende a teoria racista da substituição que inspirou massacres nos EUA, Europa e Nova Zelândia, apesar da Europa ter apenas 5% de imigrantes, que muito jeito dão para trabalhos que ninguém quer fazer.

O que ninguém diz sobre o novo aeroporto de Lisboa


Hoje, dia 6 de Dezembro de 2023, o velho aeroporto de Lisboa está saturado. Suponho que amanhã também estará, assim como para a próxima semana e possivelmente no próximo ano (já sem tantas certezas). Contudo, depois não sei.

O que eu aprendi nos estudos que fiz sobre obras de vulto foi que é necessário cenarizar o futuro. Atenção, cenários não são predições, nem são truques de astrologia – são futuros plausíveis!
No desenvolvimento dos cenários são utilizados modelos quantitativos e análises qualitativas. São simulações de sistemas multivariados que permitem perceber tendências.
Ou seja, quais as tendências do tráfego aéreo nos próximos 10-30-50 anos.
À partida ter-se-ão que avaliar todas as hipóteses: (a) o tráfego aéreo vai aumentar? (b) o tráfego aéreo vai manter-se? (c) o tráfego aéreo vai diminuir? e (d) a que velocidade?

Quais as variáveis que condicionam o tráfego aéreo?
A elaboração dos cenários que estão em cima da mesa baseia-se nas actuais condições e tendências e essas apontam claramente para um rápido aumento do tráfego aéreo.
Mas a questão não é linear e um estudo sério deverá considerar outros cenários hipotéticos que levem em conta outras variáveis plausíveis. Dou apenas um exemplo que tem a ver com as alterações climáticas que são uma realidade dramática.
Os acordos internacionais sobre a redução da emissão de gases com efeito de estufa são manifestamente insuficientes para retardar de forma significativa os efeitos do aquecimento global: alterações do calendário agrícola, alterações biogeográficas, alterações demográficas, conflitos territoriais, fomes, secas, cheias, aumento da frequência de acontecimentos imprevisíveis, subida do nível do mar particularmente acentuada no Atlântico, etc..
A breve prazo, a fim de evitar o descalabro ambiental e o social dele decorrente, novos acordos muito mais draconianos terão de ser assinados. A redução significativa de gases com efeito de estufa será feita, de forma significativa, à custa da redução do tráfego terrestre e aéreo.
Serão impostas quotas de tráfego e tudo leva a crer, importantes ao nível do tráfego aéreo. A decisão é simples: ou temos planeta, ou o destruímos a uma velocidade estonteante.
Portanto o que é espectável, em alternativa ao suicídio planetário, é uma diminuição significativa do tráfego aéreo. Isto leva de novo à questão: justificar-se-á um novo aeroporto?
Obviamente que isto é mau para uma economia de acumulação cada vez mais baseada no turismo (e não directamente no trabalho) como a nossa. Porque numa primeira fase a única forma que o sistema económico tem de cumprir acordos de diminuição de tráfego aéreo será tornar os preços das viagens proibitivos. Volto a questionar: justificar-se-á um novo aeroporto?
A minha resposta não é um não imediato. É, simplesmente, que faltam estudos sérios, honestos, que considerem os vários cenários plausíveis e que fundamentem a necessidade (ou não) da obra.

E coloca-se a questão central do Impacto ambiental.
Claro que há estudos de impacto ambiental honestos e também desonestos. Conheço exemplos de ambos os tipos.
Um estudo de impacto ambiental do presumível novo aeroporto, obrigatoriamente, vários capítulos. Logo o primeiro deverá incidir sobre a própria obra: o impacto da construção de estaleiros, o impacto do tráfego de camiões (ou outros meios) para transporte de materiais, o impacto da própria obra, depois o levantamento dos estaleiros, depois o próprio tráfego aéreo em função da época do ano (por exemplo, será diferente o impacto durante a nidificação das aves do impacto durante as migrações e do impacto durante o inverno, etc.), depois o impacto do transporte de passageiros ou de mercadorias para os seus destinos (não imagino que, por exemplo os turistas, venham fazer turismo exclusivamente para o Alcochete ou trincar bifanas para Vendas Novas)… e, um dia, o impacto da desactivação do aeroporto (para quem não sabe as regras aconselham). 

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Urbano Tavares Rodrigues – 100.º aniversário do nascimento

Marcha pela Paz, Lisboa, 1983: José Saramago, Piteira Santos, Maria Rosa Colaço, Lopes Graça, Manuel da Fonseca, José Cardoso Pires e Urbano Tavares Rodrigues.

Urbano Tavares Rodrigues – 100.º aniversário do nascimento de um homem bom, antifascista e muito culto – 6 de dezembro de 1923.

"Não quer dizer que não haja coisas boas na União Soviética, porque há, mas os mandantes estão um bocado fossilizados."
Estavam. Agora é aquele canalha do Putin. Um bandido da pior espécie. Um miserável do KGB. 

O Amolecimento pela Sociedade de Consumo
Nos países subdesenvolvidos, a arte (literatura, pintura, escultura) entra quase sempre em conflito com as classes possidentes, com o poder instituído, com as normas de vida estabelecidas. Em revolta aberta, o artista, originário por via de regra da média e da pequena burguesia ou mais raramente das classes proletárias, contesta o status quo, propõe soluções revolucionárias ou, quando estas não podem sequer divisar-se, limita-se a derruir (ou a tentar fazê-lo pela crítica, violenta ou irónica) o baluarte dos preconceitos, das defesas que os beneficiários do sistema de produção ergueram contra as aspirações da maioria. Nas sociedades industriais mais adiantadas, o artista pode permanecer numa atitude idêntica de inconformismo; porém, os resultados da sua actividade de criação e reflexão tornam-se matéria vendável e, nalguns casos, matéria integrável.
O consumo do objecto artístico, seja ele o livro, o quadro ou o disco, quando feito sob uma tutela de opinião, que os meios de comunicação de massa, em escala larguíssima , exercem, torna-se, senão totalmente inócuo, pelo menos parcialmente esvaziado do seu conteúdo crítico. Despotencializa-se. Amolece. É o que se verifica, por exemplo, em boa parte, nos Estados Unidos. A ideologia repressiva da liberdade no mundo capitalista monopolista torna-se tanto mais perigosa quanto aborve, ou procura absorver, as próprias formas políticas de exercício das liberdades ditas essenciais, quando aceita no seu seio o escritor, acusador iconoclasta por natureza, recuperando-o em banho asséptico, limando-lhe os dentes. Mas, entendamo-nos, nem sempre o artista se dá conta dessa operação, até porque nem sempre, de facto, é ele próprio o paciente da operação que lhe reduz a perigosidade, senão que o é, sim, a sua obra, a qual, pelo poder diminutivo de uma dada comercialização, se rectifica.

Urbano Tavares Rodrigues, in "Ensaios de Escreviver"

Ativistas do Climáximo entram no aeródromo de Tires e pintam jato privado


Elementos do movimento Climáximo entraram hoje no aeródromo de Tires, Cascais, pintaram um jato privado e acorrentaram-se às rodas do aparelho, num protesto contra as emissões de gases com efeito de estufa dos voos de luxo, anunciou a organização.

Em comunicado, o movimento refere que uma viagem num jato privado entre Londres e Nova Iorque "emite mais CO2 [dióxido de carbono] do que uma família portuguesa num ano inteiro".

"Estar aqui corta mais emissões do que qualquer escolha individual. Os donos do mundo culpam pessoas normais de forma ingrata pelos seus hábitos, quando na realidade esta é de longe a forma de transporte com mais emissões per capita, e é usada quase exclusivamente por ultra ricos", afirma Noah Zino, do Climáximo, citado no comunicado.

A agência Lusa tentou obter mais informações sobre o caso junto da esquadra do aeródromo de Tires, mas em vão. O Expresso entrou também em contacto com o aeródromo de Cascais mas não foram tecidos comentários ao sucedido.

Fonte da esquadra da PSP de São Domingos de Rana, freguesia onde se insere o aeródromo, disse que alguns dos seus elementos foram para o local.

No comunicado, acompanhado de fotos onde se podem ver alguns jovens acorrentados às rodas de um dos jatos estacionado e que foi pintado com tinta vermelha, o Climáximo lembra ainda: "A ONU afirma que o 1% tem de cortar mais de 97% das suas emissões, mas os voos duplicaram no ano passado".

"Jatos privados são armas de destruição em massa, não têm lugar numa sociedade em chamas. Só a poluição da queima de combustíveis fósseis já mata, todos os anos, mais pessoas que os campos de concentração", refere o movimento.

O movimento critica o facto de os líderes mundiais se deslocarem "de jato privado aos Emirados Árabes Unidos para 'negociações climáticas", considerando que "pintam uma imagem da realidade tão nítida como a tinta vermelha que os denuncia".

Cortar as emissões de luxo e "voos supérfluos", como os de jato privado e os voos de curta distância, travar qualquer plano de aumento da aviação -- "seja um novo aeroporto em Lisboa ou a expansão em curso do Aeroporto de Cascais" - e requalificar milhares de trabalhadores, desenvolvendo amplamente a rede ferroviária nacional e internacional, são algumas propostas avançadas pelo Climáximo para travar a crise climática.

O movimento convida ainda todas as pessoas a juntarem-se e saírem à rua no próximo sábado, numa "manifestação de resistência climática".

Ler mais:

Long Lines Building - O mistério escondido num arranha-céu sem janelas de Nova York


Arquitectura brutalista
Projetado em 1974, pelo arquiteto John Carl Warneke, o Long Lines Building (Prédio de longas linhas, em tradução livre) fica bem no centro de Manhattan. A sua construção, contudo, não é nada usual e parece um pouco deslocada no mar de edifícios da região. Construído a partir de lajes de betão e painéis de granito, tem uma aparência cinza e funcional.

Fachadas sem aberturas não só impedem a entrada de elementos externos no edifício, mas também ajudam a manter uma temperatura constante, segundo o NYV Urbanism.

No total, o prédio conta com 170 metros de altura, divididos por 29 andares - sendo que o famoso Empire State Building mede 381 m. Só que, no caso do Long Lines, além da visível falta de janelas, cada um dos andares também conta com um pé direito altíssimo.

Ainda mais impressionante, de acordo com o site Atlas Obscura, a construção foi projetada para suportar uma quantidade absurda de peso por metro quadrado. Tudo isso com o objetivo de servir como uma grande central de telecomunicações.

Comunicação é a chave
Acontece que, desde sua criação, até hoje, o prédio na 33 Thomas Street pertence à AT&T, uma gigante da comunicação nos Estados Unidos. Quase tão resistente quanto uma fortaleza, então, o prédio servia como base para os computadores da empresa.

Os equipamentos antigos, contudo, não eram tão fáceis de transportar e de manter como os dos dias atuais. Por isso, os andares deveriam ser mais altos, devido ao tamanho das caixas de metal, e o prédio deveria ser mais resistente, pensando no peso.

Naquela época, a sede da AT&T também guardava equipamentos telefônicos de longa distância. Atualmente, além dos aparelhos, o prédio ainda serve como central de armazenamento de uma parte de dados importantes detidos pela empresa.

Planta suspeita
Projetado para guardar uma grande quantidade de informações bastante valiosas, o edifício tem uma segurança quase impenetrável. Isso sem contar as paredes resistentes, que podem resistir a uma explosão nuclear, permitindo que os sistemas continuem em pleno funcionamento por duas semanas, mesmo sem contato com uma rede fixa.

O problema é que, segundo o The Intercept, as potentes estruturas do Long Lines estão sendo usadas para um segundo propósito, que não o comercial da AT&T. Em matéria publicada em novembro de 2016, o veículo afirmou que o edifício também serve como um centro de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional).

De acordo com a denúncia, o arranha-céu teria o codinome de ‘Titanpointe’ e, entre as suas paredes sem janelas, guardaria escutas telefónicas e equipamentos utilizados para coletar dados governamentais. Por isso, inclusive, poucos teriam acesso ao seu interior.

O edifício também conta, segundo a reportagem, com três subsolos, abastecidos com comida o suficiente para que 1,5 mil pessoas se alimentem por duas semanas em caso de catástrofe. 
Segundo o The Sun é uma das construções mais seguras dos Estados Unidos, capaz, inclusive de resistir a uma explosão nuclear!

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

E o «descalabro» do PISA nos liberais países do norte europeu?


Numa reação precipitada aos resultados do PISA 2022, dois dos nossos liberais de serviço coincidiram num adjetivo: «descalabro». Assim se expressou o habitualmente ponderado Alexandre Homem Cristo: «PISA 2022. Descalabro. Resultados de Portugal são os piores desde PISA 2006 (...)». Quase se limitando a citar, diz Rui Rocha, da Iniciativa Liberal: «As avaliações do PISA 2022 são um descalabro. A gestão socialista fez os resultados retrocederem praticamente duas décadas. Piores resultados desde 2006 (...)».

Não fora tanta a pressa e talvez Homem Cristo e Rui Rocha tivessem podido constatar que se trata de uma queda generalizada e «sem precedentes» ao nível da OCDE. E que traduz, no essencial, o impacto da pandemia nas escolas e nas aprendizagens. De facto, como assinala o IAVE no Relatório Nacional, o desempenho global na OCDE caiu em média, entre 2018 e 2022, «15 pontos a matemática e 10 pontos a leitura», quando «em duas décadas de estudo PISA, a pontuação média da OCDE nunca flutuou mais de quatro pontos a matemática ou cinco pontos a leitura entre avaliações consecutivas». É isto, «que torna os resultados do PISA 2022 tão singulares».

Analisando o relatório PISA 2022 com a devida calma e ponderação, estes nossos liberais poderiam constatar, ainda, que depois da melhoria gradual dos resultados dos alunos portugueses, que permitiu uma aproximação progressiva às médias da OCDE, na primeira década deste século (sim, na tal «década perdida», segundo Crato), Portugal passou a estar alinhado com os valores da organização. E isso que, como mostra o mapa aqui em cima, sucede no PISA 2022: a descida de Portugal no PISA, entre 2018 e 2022, acompanha o ritmo de descida da OCDE, sem diferenças estatisticamente relevantes.

Coisa que não sucede, já agora, nos sistemas educativos de insuspeitos países do norte europeu, em que as quebras de valores médios do PISA, entre 2018 e 2022, vão além dos -14 pontos registados em Portugal e na média da OCDE (como sucede no caso da Alemanha, França, Países Baixos, Finlândia ou Noruega).

Na verdade ninguém quer saber do Pisa. Os 20% q se poderiam interessar já têm os filhos em escolas privadas. E isso é que preocupa a IL e o Chega. Investem em colégios e os vossos estudantes/filhos afinal não são "excelentes".

Música do BioTerra: Lowlife - Loaded Primed and Pulled


Now that he knew how it grew
He powered down slightly
As much air as he could
Swallowed down quickly
As fast as he saw fit
He pulled himself inside it
As fast as he could do it
As fast as he could

It was ready to be
Slowly sucked from him
As much as he could make
They could have from him
Loaded primed and pulled
He dragged himself inside it
As slow as he could do it
As slowly as he could

Now that he knows how it goes
He doesn't look behind him
Leaves it dying in the cold
The thought of it warms him
Leaves it lying in the cold
The thought of it warms him
As slow as he could do it
As slowly as he could

Embora o grupo nunca tenha obtido popularidade mainstream, eles desenvolveram um culto de seguidores que continua até hoje. Lowlife produziu 5 álbuns. O vocalista Craig Lorentson faleceu em 4 Junho 2010.

Cartoon - As alterações climáticas são causadas por duas coisas: atividade humana...e inação humana


Não votem na Iniciativa Liberal, nem no Partido Chega. São cépticos climáticos e vendidos ao lóbi das petrolíferas.
Dr Friederike Otto, of Imperial College London said: “The science of climate change has been clear for decades: we need to stop burning fossil fuels. A failure to phase out fossil fuels at Cop28 will put several millions more vulnerable people in the firing line of climate change. This would be a terrible legacy for Cop28.”

The Global Carbon Project, an international collaboration of scientists, estimates that worldwide carbon dioxide emissions from burning fossil fuels will rise 1.1% this year over 2022, to 36.8 billion metric tons. That’s a new peak and 1.4% higher than the level in 2019, prior to the Covid-19 pandemic. [Bloomberg

Alberto Caeiro - Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto

Pato real- Parque da Cidade do Porto

"Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.

A recordação é uma traição à Natureza.
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"

Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa in “O Guardador de Rebanhos”. 7-5-1914

Livro - Cervantes Libertário


Este livro de Emilio Sola redescobre um Cervantes crítico do sistema social vigente à época, e amante da liberdade. Uma razão bastante para encontrarmos um Cervantes libertário que explica porque é que os anarquistas amam Cervantes

«A liberdade, Sancho, é um dos dons mais preciosos, que aos homens deram os céus: não se lhe podem igualar os tesouros que há na terra, nem os que o mar encobre; pela liberdade, da mesma forma que pela honra, se deve arriscar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pode acudir aos homens.»

Cervantes, M. D. Quixote de La Mancha

“Alcançar a liberdade nesta vida” é um verso de Cervantes que contém em si todo um programa de vida e de ação para uma pessoa do seu tempo e de todos os tempos. Porque a riqueza de Cervantes reside precisamente na descoberta que cada geração dele faz à medida que evoluem novas sensibilidades, para além da mera erudição crítica dos Cervantes, sempre transbordando delas. Quatro dias antes de morrer, o próprio Cervantes disse: “os tempos não são os mesmos”, e que chegará um tempo em que as pessoas, amarrando os fios soltos e quebrados de suas histórias, verão o que ele quis dizer e, mais ainda, o que ele quis dizer, o que era apropriado dizer.

Este livro de Emilio Sola – historiador com obras fundamentais sobre questões fronteiriças e de informação na época de Cervantes, tanto no Mediterrâneo como no Extremo Oriente – é um convite precisamente a essa interpretação mais livre das obras de Cervantes, a uma leitura libertária. ou libertar que no seu tempo histórico - “os tempos não são os mesmos” - era inviável.

Para horror do sistema, dos casticistas, dos bem pensantes e politicamente corretos, a suspeita de um Cervantes anti-sistema, um cortesão impossível, caluniador de “trocas injustas e de lidar com emaranhados” (a mais básica corrupção econômica) , um Cervantes não-denominacional e até uma feminista de quem não se fala na pompa dos centenários, e cuja mensagem principal ele se esforçou conscientemente para construir ao longo de sua vida. Por esta razão, Cervantes, o libertário são ou lúcido, tem que inventar Dom Quixote, o libertário louco, para dizer o que queria dizer, uma pura busca pela liberdade de expressão para “alcançar a liberdade nesta vida”.

Inúmeras e sempre novas leituras de Cervantes, renováveis ​​mesmo com a mudança dos tempos, fundamentais para compreender, por exemplo, Cervantes quando diz que não é adequado como cortesão porque não sabe lisonjear, e cujas queixas sobre a justiça são radicais, sem costura, claramente antissistémica., como aparece no primeiro discurso da Idade de Ouro, pela boca de Quixote; ou o Cervantes que, numa análise magistral da modernidade que se aproximava, compara a empresa económica moderna com a galera corsária, e lamenta que o novo deus dos novos tempos seja o “juros”, o dinheiro, para que “as mudanças injustas e tratamento emaranhado" seja a nova lei desses novos tempos bárbaros; ou a feminista Cervantes que numa sociedade patriarcal e machista faz Marcela dizer que nasceu livre e o que acontece é que seu amante não correspondido, Crisóstomo, suicidou-se, porque era um perseguidor; ou o Cervantes que, numa sociedade confessional fundamentalista como a monarquia católica, faz despedir-se um mouro e um cristão numa peça teatral como esta: “O teu Cristo vai contigo”, diz o mouro Ali; “Seu Muhammad, Ali, fique com você”, diz o cristão; formulação sem paralelo na literatura europeia de então e quase hoje, no curso das coisas.

Esse é o Cervantes que as elites culturais e os especialistas não parecem ter interesse em encobrir para que todos o compreendam. Aquele que não consegue digerir uma sociedade formal que, no fundo, não entra plenamente nele porque, como lhe aconteceu na vida, a despreza e esconde, a confunde ou a ignora, e só consegue rir dela graças ao louco que fala besteiras, e que inventou por pura necessidade de liberdade de expressão, num artifício literário que cria o romance moderno.

Esse é, sem dúvida, o personagem histórico de Cervantes que deslumbra os anarquistas, os libertários, e por isso são radicalmente Cervantes, mais que quixotistas, porque apaixonados por Dom Quixote, centram seu interesse naquele homem que está por trás do a própria obra literária., que lhe dá vida, que a torna possível.

Que Dom Quixote de Alcalá de Henares, como José María Puyol Albéniz, puro emblema, resume no título de um livro que publicou em 1947 e que simplesmente assina Puyol: um exilado libertário que chegou à Argélia no navio Stanbrook fugindo da repressão de Franco, cuja paixão por Cervantes também é narrada em "Por que os anarquistas amam Cervantes". O livro termina com uma revisão das afinidades do movimento libertário com Dom Quixote e seu autor.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Música do BioTerra: António Variações - Povo que Lavas no Rio

Ao vivo, na RTP, 1984

Fado: 'Povo que lavas no rio'
Poema: Pedro Homem De Mello

[Refrão]
Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Beber em malga que esconda
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
Água pura, puro agreste,
Mas a tua vida não.

Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, Povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.

[Refrão]

Em estúdio

É "duvidoso", "injusto", "populista", "precipitado", "irracional": PSD proíbe que suspeitos de crimes integrem lista de deputados ("mas tem suspeitos entre os seus dirigentes")


Os critérios aprovados pela comissão política nacional do PSD para a elaboração das listas para as legislativas de 2024 ditam que estas não podem ter pessoas que tenham sido condenadas, presas preventivamente ou pronunciadas por crimes contra o Estado. Para Margarida Davim, comentadora da CNN Portugal, a medida é "duvidosa" e contempla "populismo".

"Não sei se isto não é uma cedência ao justicialismo e a uma forma de populismo. Isto também passa um bocadinho pelo marketing político. Ou seja, o PSD quer aqui uma diferença relativamente ao PS, que neste momento é o partido que está envolvido em casos mais mediáticos. Mas estas coisas não são exclusivas nem do PS, nem do PSD e ninguém está a propriamente a salvo deste tipo de situações", afirma a jornalista, explicando que "o estatuto de arguido é um estatuto que foi desenhado para conferir também direitos de defesa". "Portanto, não pode ser virado ao contrário e transformado numa presunção de culpabilidade."

Margarida Davim lembra ainda que "isto é uma tentativa do PSD de dar um sinal aos eleitores de diferença relativamente ao PS", mas que a "a eficácia disto é extraordinariamente reduzida e é até duvidoso que se deva estabelecer este tipo de regras".

A comentadora da CNN Portugal diz mesmo que. apesar de não existir uma "regra ideal", tem de "haver regra do bom senso" - que passa por "haver critérios da escolha do ponto de vista do percurso político", tendo sempre em conta que "não há coisas à prova de bala". "Não há forma de ter a certeza absoluta de que alguém que vai ser escolhido para um determinado cargo não seja envolvido, justa ou injustamente, num processo judicial. Isto é impossível. Isso não existe."

Lembrando ainda que esta não é a primeira vez que o PSD tenta implementar este tipo de regra - "quando Luís Marques Mendes era líder do PSD também tinha uma regra segundo a qual as pessoas que estavam constituídas arguidas não podiam estar em funções -, Margarida Davim afirma que os sociais-democratas têm "quase que um bocadinho de trauma disto" e que é difícil perceber como é que regressa esta regra que fez com que o PSD perdesse a Câmara de Lisboa em 2007 para António Costa.

"O PSD também tem suspeitos entre os seus dirigentes"

Também Pedro Tadeu, comentador da CNN Portugal, considera que "dada a experiência que temos tido", este tipo de regra que o PSD implementou "parece uma discriminação que pode ser injusta".

"Mas compreendo que os partidos se queiram defender, até por um instinto de sobrevivência, que é o que está aqui em causa, de parecerem cúmplices de criminosos. E tentam, com isto, restringir o impacto negativo na opinião pública, de terem, entre os seus quadros, alguém que é investigado. Aqui, no caso do PSD, parece-me que há também uma tentativa de aproveitamento de uma fragilidade que agora o PS tem, porque tem o primeiro-ministro a ser investigado, para mostrar que nós somos melhores que eles, até vamos fazer isto, coisa que eles não fizeram", afirma, lembrando que esta pode não ser "a atitude mais certa, até porque o próprio PSD tem problemas", uma vez que "há muito pouco tempo a sede do PSD foi sujeita a buscas".

Ou seja, o próprio partido que agora proíbe condenados ou suspeitos de crimes nas listas de deputados "também tem suspeitos entre os seus dirigentes" .

Para o comentador, mais do que implementar este tipo de regras, o problema pode ser resolvido ao "garantir que o Ministério Público consegue ter mecanismos para ter cada vez investigações mais sólidas e que depois não provoquem acusações graves sobre pessoas que depois acabam por ser dadas como inocentes".

Tal como Margarida Davim, Pedro Tadeu afirma não acreditar "que isto seja a medida mais eficaz" e que a regra ideal passaria pela "avaliação política de cada caso", lembrando que "há casos e casos" na justiça e na política.

"Uma coisa é alguém que é suspeito de desviar dinheiro do Estado, por exemplo. É evidente que tem de ser imediatamente afastado de qualquer função pública. Outra coisa é, por exemplo, uma pessoa que é suspeita de não ter pago um imposto, por exemplo. Há uma moderação que a própria política deve exercer em relação a isto. Depois, se as coisas chegam ao tribunal e depois as pessoas são realmente condenadas, então aí sim deve concretizar-se esse afastamento. Mas tenho medo de que este tipo de precipitações sejam mais uma ideia populista da política, uma ideia irracional", afirma, alertando que este tipo de regras pode trazer "mais problemas do que soluções".

Rádio Comercial: Homenagem Sérgio Godinho - O Primeiro Dia


“Sem palavras
Dizem-me várias vezes: tu és um homem das palavras, e eu sei que sim, como muitos são de outras formas. Sim, porque tenho uma paixão pelas palavras, e nomeadamente na sua concubinagem com a música. Mas tudo isto para dizer que agora fiquei mesmo sem palavras, perante este vídeo que me é oferecido pela Rádio Comercial, agregando as vozes de tantos músicos cantores, cada um e cada uma com a sua razão própria e generosa de me agradecer, cantando-me. E aí teria uma palavra, sim – obrigado. Que diz tudo. Nessa palavra cabe toda a força desta irmandade musical, que se estende a tantas praias e tantos horizontes. Cada um mergulhou no seu mar, nadou à sua maneira, flutuou, soube ir ao fundo e voltar. ‘Eu fui ao fim do mundo, vou ao fundo de mim...’ Obrigado por terem ido ao fundo de mim. Os tesouros e os despojos que talvez encontrem são vossos, todos vossos.”

Poema:

Presidente COP28 defende fim de combustíveis fósseis após palavras polémicas

O porta-voz da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas afirmou que o sultão Al-Jaber dos Emirados Árabes Unidos tem sido “inabalável ao afirmar que atingir 1,5 ºC implica atuar numa série de áreas e setores”. O sultão considerou antes que uma transição muito rápida levaria o mundo à "idade das cavernas"


O presidente da cimeira climática COP28 disse este domingo, 3 de dezembro, ter bem presente que os combustíveis fósseis devem ser progressivamente diminuídos e abandonados, após declarações polémicas a questionar a ciência e a meta de redução de 1,5ºC no aquecimento global.

Questionado pela agência EFE, o porta-voz da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28) afirmou que o sultão Al-Jaber dos Emirados Árabes Unidos, país que acolhe a cimeira do clima desde quinta-feira, tem sido "inabalável ao afirmar que atingir 1,5 ºC implica atuar numa série de áreas e setores" e que "o presidente da COP deixa claro que a redução progressiva e o abandono dos combustíveis fósseis é inevitável e que devem ser mantidos os 1,5ºC ao alcance".

"Não temos certeza do que este artigo supostamente revela. Não há nada nele que seja novo ou notícia de última hora", afirmou o porta-voz a propósito das declarações de Al-Jaber hoje reveladas pelas imprensa britânica, comentando que "esta história nada mais é do que mais uma tentativa de minar a agenda da presidência, que tem sido clara e transparente e apoiada por conquistas tangíveis do presidente da COP e da sua equipa".

As declarações, dadas a conhecer este domingo pelo jornal britânico The Guardian e pelo Centre for Climate Reporting, remontam a 21 de novembro num evento online organizado pela iniciativa "She Changes Climate", num debate tenso com a ex-Presidente irlandesa e antiga Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Mary Robinson.

O sultão considerou então a saída dos combustíveis fósseis inevitável, mas advertiu que uma transição muito rápida para limitar o aquecimento global a 1,5ºC levaria o mundo à "idade das cavernas" e pediu pragmatismo sobre esta matéria.

Na discussão, Mary Robinson, presidente do grupo independente Os Sábios (altos dirigentes, ativistas da paz e defensores dos direitos humanos), tinha desafiado Al-Jaber no sentido de, na qualidade de presidente da COP e líder da petrolífera estatal Adnoc, a assumir a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis "com mais credibilidade".

Em resposta, Al-Jaber afirmou: "Aceitei vir a este encontro para ter uma conversa sóbria e madura. Não estou de forma alguma a aderir a nenhuma discussão alarmista. Não há nenhuma ciência, ou nenhum cenário, que diga que a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis é o que vai atingir [a meta assumida no Acordo de Paris de] 1,5°C".

Segundo o The Guardian, a antiga política irlandesa continuou a desafiar o presidente da COP, afirmando ter lido que a estatal Adnoc estava a investir muito mais em combustíveis fósseis no futuro, ao que Al-Jaber ripostou: "Por favor, ajude-me, mostre-me o roteiro para uma eliminação progressiva dos combustíveis fósseis que permitirá o desenvolvimento socioeconómico sustentável, a menos que você queira levar o mundo de volta às cavernas".

Na mesma ocasião, o sultão duvidou que se consiga ajudar a resolver o problema climático com acusações ou contribuindo para a polarização e uma divisão que disse já estar a acontecer no mundo: "Mostre-me as soluções. Pare de apontar o dedo. Pare com isso".

A nomeação de Al-Jaber como presidente da COP28 foi duramente criticada e centenas de organizações da sociedade civil pediram a sua demissão por ser o diretor-executivo da Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc).

No seu relatório de setembro, a Agência Internacional de Energia (AIE) estima que a produção de combustíveis fósseis deve cair 83% entre 2022 e 2050 para se alcançar a neutralidade carbónica.

O foco das críticas às declarações do sultão prende-se com a diferença entre redução e eliminação dos combustíveis fósseis para se alcançar o objetivo da diminuição do aquecimento global.

A este propósito, nos primeiros trabalhos da abertura da COP28, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que "a ciência é clara e o limite de 1,5ºC só é possível se pararmos de queimar todos os combustíveis fósseis", salientando que não se trata de reduzir ou diminuir, mas da "eliminação gradual, com um prazo claro".

Citado pelo The Guardian, Bill Hare, diretor-executivo da organização não-governamental (ONG) Climate Analytics, comentou que o debate entre Al-Jaber e Mary Robinson é "extraordinário, revelador, preocupante e conflituoso", assinalando que mandar o mundo de volta à idade das cavernas é uma imagem recorrente da indústria fóssil e que está "à beira da negação das alterações climáticas".

A cimeira do clima que começou na quinta-feira no Dubai vai debater estratégias de adaptação e mitigação, apoios financeiros, e fazer um balanço de oito anos de ação climática, que a ONU diz ir em sentido contrário.

domingo, 3 de dezembro de 2023

Moda de Inverno


Credo! Nunca me vestiria desta forma. A moda realmente às vezes supera o ridículo!!!

Contra a devastação social e ambiental do pronto a vestir, associações ambientalistas agiram na véspera da Black Friday: espalharam camisetas manchadas de sangue falso no coração de Paris.

A COP28 conta com 30 patrocinadores: empresas de energia, bancos fósseis e grandes empresas de tecnologia


As cimeiras sobre o clima são uma grande vitrine para empresas e atores interessados ​​(alguns com mais razão do que outros) em princípio comprometidos com a ação climática. E a COP28 , que acontecerá de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai (Emirados Árabes Unidos), pretende ser o maior de todos os eventos climáticos até o momento , pelo menos em termos de participação. A organização estima que comparecerão 70 mil pessoas, um número muito superior ao da COP27 realizada em Sharm El-Sheikh (Egito), onde se reuniram 49.704 pessoas, o maior até à data.

Em cada edição, a maioria dos patrocinadores tende a ser empresas do próprio país, sejam elas de maior ou menor projeção internacional. Existem também alguns reconhecidos mundialmente. Um dos habituais é o espanhol: Iberdrola . A empresa de energia presidida por Ignacio Sánchez Galán é patrocinadora oficial das cimeiras climáticas desde a COP23 realizada em Bona, na Alemanha, em 2017.

Nesta COP28, a Iberdrola assinou como “Associate Partner” ( Associate Path Partner ). Um patrocínio que lhe permitirá ter a sua marca presente na chamada Zona Verde , um espaço paralelo às negociações da cimeira aberto à sociedade civil. Na Zona Azul (zona azul, reservada a países, jornalistas, organizações e observadores) a Iberdrola não terá estande próprio , mas muitos de seus executivos estarão presentes – entre eles, Galán – para participar de dezenas de eventos organizados, entre outros, pela ONU, pelo Ministério chefiado por Teresa Ribera e pela ONG BirdLife. Irão também reunir-se com a presidência da cimeira e com membros de diferentes instituições , como o Parlamento Europeu ou o Parlamento do Reino Unido.

O objetivo da Iberdrola – uma das empresas que mais contribuiu para o aquecimento global nas últimas décadas em Espanha – é participar na cimeira do clima como uma empresa verde . O seu discurso durante as duas semanas de negociações girará em torno da necessidade de eliminar progressivamente os combustíveis fósseis , triplicar a capacidade renovável até 2030 e duplicar a melhoria anual na eficiência energética durante esta década, além de chegar a um acordo sobre o financiamento do clima para mitigação e adaptação.

De acordo com informações publicadas pela media britânica Sky News em maio, os preços dos patrocínios quase triplicaram desde a cimeira anterior. O pacote de patrocínio mais caro oferecido custa 6,5 ​​milhões de libras (7,5 milhões de euros) e oferece à empresa que paga por ele “a oportunidade de falar em eventos da presidência da COP28” e ser reconhecida com a sua própria placa na parede como membro.

Empresas de energia, bancos fósseis e grandes empresas de tecnologia estarão na COP28
A COP28 conta com cerca de trinta empresas patrocinadoras . A classificação mais alta são os principais parceiros: Abu Dhabi Global Market (um centro financeiro), DEWA (autoridade de eletricidade e água de Dubai), DP World (holding de propriedade do governo de Dubai), e& (grupo de tecnologia dos Emirados), Dubai Holding ( a carteira de investimentos pessoais do governante de Dubai, Sheikh Mohammed bin Rashid al-Maktoum), Masdar (empresa estatal de energia renovável fundada e presidida pelo presidente da COP28, Al Jaber), M42 (empresa dos Emirados focada em tecnologia de saúde), RTA (autoridade de estradas e transportes de Dubai) e Emirates NBD (banco de propriedade do Governo de Dubai).

Depois, há cinco empresas que aparecem como parceiras estratégicas: EY (também conhecida como Ernst & Young, é líder global em serviços de auditoria, impostos, assessoria de transações e consultoria), FAB (First Abu Dhabi Bank, o maior banco dos Emirados Árabes Unidos), o Ministério da Educação dos Emirados Árabes Unidos, Al Futtaim (um conglomerado familiar ativo em diversos setores) e o Governo de Dubai .

Outra fórmula de patrocínio é Industry Pathway Partners . São quatro: Octopus Energy (um comerciante "100% sustentável" e o maior investidor em energia solar na Europa), Bank of America (uma das maiores holdings bancárias dos Estados Unidos), HSBC (um banco britânico e serviços financeiros empresa, conhecida por ser um dos principais financiadores da destruição da Amazónia e por financiar secretamente a exploração de carvão na Alemanha), e o Ministério da Indústria e Tecnologia Avançada dos Emirados Árabes Unidos (cujo ministro é o Sultão Ahmed Al Jaber, presidente da COP28).

Por fim, existem empresas cujo patrocínio consiste em serem “parceiros associados”. Além da Iberdrola, esta categoria inclui Baker Hughes (uma das maiores empresas de serviços petrolíferos do mundo), Mashreq (o banco privado mais antigo dos Emirados Árabes Unidos), IBM (uma empresa multinacional americana de tecnologia), Korea Hydro & Nuclear Power (operadora de centrais nucleares e hidrelétricas na Coreia do Sul), Siemens (conglomerado empresarial alemão, também comum em COPs), Investcorp (fornecedor e gestor líder de produtos de investimento alternativos que atendem clientes privados e institucionais de alto património), Banco Islâmico de Abu Dhabi, Goldwind (fabricante chinês de turbinas eólicas) e Banco Islâmico de Dubai (maior banco islâmico dos Emirados Árabes Unidos).

Até agora são os patrocinadores oficiais que a própria presidência da COP28 tem anunciado através de comunicados de imprensa. No entanto, na secção “parceiros” do seu website há aqueles que chamam de “ inovadores climáticos ”. Nesta seção, a principal empresa patrocinadora é o Barclays , o banco da Europa que mais investiu em combustíveis fósseis desde o Acordo de Paris (2015). Apelidados de “facilitadores” aparecem, entre outros, Amazon Web Services e Microsoft .

Segundo a organização, todas as empresas patrocinadoras se comprometeram a avançar em direção à meta de emissões líquidas zero até 2050 . Para tal, devem ter aderido à aliança Race to Zero da ONU ou outra iniciativa “equivalente”, ou ter assinado o Compromisso de Negócios Sustentáveis ​​dos Emirados Árabes Unidos .

O comitê de patrocínio, composto por sete departamentos internos diferentes da COP28, nomeou a empresa de consultoria EY (também listada como empresa patrocinadora) para “validar compromissos e fornecer consultoria técnica para a COP28”.

Da Climática temos contactado repetidamente o departamento de imprensa da COP28 para saber mais detalhes sobre os patrocínios. No momento da publicação deste artigo eles não haviam respondido.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Música do BioTerra: She Sells Sanctuary - original dos The Cult e a bela versão das Smoke Fairies



Quem conhece o tema original dos The Cult e escutamos esta versão, há realmente uma grande diferença, sobretudo pela falta da guitarra eléctrica e batida quase punk, mas a energia e respeito pela letra estão aqui também. Smoke Fairies têm um sentido musical e estético apuradíssimos entre o folk e o rock.
 

Toda a história do tema aqui

Poema