quinta-feira, 29 de março de 2018

Descobertas contestam hegemonia de Darwin e recuperam Lamarck

Características adquiridas em vida afetam genética e evolução das espécies, escreve professor escocês
por Kevin Laland


Resumo

Autor afirma que pesquisas recentes indicam que a evolução das espécies é um fenômeno mais complexo do que se imaginava e não pode ser explicado apenas pela seleção natural. Defensor de uma teoria alternativa (a síntese evolutiva estendida), ele argumenta que a ciência tem dificuldade para incorporar novas ideias.

Quando pesquisadores da Universidade Emory, em Atlanta, treinaram camundongos para sentir medo do cheiro de amêndoas (aplicando choques elétricos acompanhados pelo odor), eles descobriram, consternados, que os filhos e netos desses camundongos temiam espontaneamente o mesmo cheiro. Isso não deveria acontecer.

Gerações de estudantes sempre souberam que é impossível herdar características adquiridas. Um camundongo não deveria nascer com algo que seus pais aprenderam durante a vida, assim como aquele que perde a cauda em um acidente não dá à luz filhotes sem cauda.

Se você não é biólogo, pode ser perdoado por estar confuso com o estado da ciência evolutiva. A biologia evolutiva moderna data de uma síntese que emergiu nas décadas de 1940 a 1960, casando o mecanismo da seleção natural de Charles Darwin com as descobertas de Gregor Mendel sobre como os genes são herdados.

A visão tradicional e ainda dominante reza que as adaptações — desde o cérebro humano até a cauda do pavão— são integral e satisfatoriamente explicadas pela seleção natural (e a subsequente transmissão de características aos descendentes).

Porém, com a chegada de ideias novas vindas da genómica, epigenética e biologia do desenvolvimento, a maioria dos especialistas em evolução concorda que seu campo se encontra em transformação. Boa parte dos novos dados indica que a evolução é algo mais complexo do que presumíamos.

Alguns biólogos evolutivos, entre os quais me incluo, têm pedido uma caracterização mais ampla da teoria evolutiva, conhecida como síntese evolutiva estendida (SEE). Uma questão central é saber se o que ocorre com organismos durante sua vida —seu desenvolvimento— pode exercer papel importante e até agora imprevisto na evolução. (nota: para saber mais sobre consulte Extended evolutionary synthesis)

A visão ortodoxa estabelece que processos do desenvolvimento são em grande medida irrelevantes para a evolução, mas a SEE os considera cruciais. Protagonistas com credenciais respeitadas surgem de ambos os lados do debate; professores de universidades tradicionais e membros de academias nacionais discordam completamente quanto aos mecanismos da evolução. Algumas pessoas até se perguntam se há possibilidade de uma revolução.

Em seu livro "Da Natureza Humana" (1978), o biólogo evolutivo Edward O. Wilson afirmou que a cultura humana está presa a uma coleira genética. Foi uma metáfora controversa por duas razões. Primeiro, como veremos, porque também é verdade que a cultura segura os genes em uma coleira. Em segundo lugar, embora deva haver uma propensão genética ao aprendizado cultural, poucas diferenças culturais podem ser explicadas por diferenças genéticas subjacentes.

Mesmo assim, a frase tem potencial explicativo. Imagine uma pessoa (os genes) caminhando enquanto controla um cão forte (a cultura humana). A trajetória (o caminho da evolução) reflete o resultado da disputa entre a pessoa e o cão.

Agora imagine essa pessoa tentando controlar vários cães, presos por coleiras de comprimentos diferentes e puxando em direções distintas. Todos esses puxões representam a influência de fatores do desenvolvimento, incluindo epigenética, anticorpos e hormônios transmitidos pelos pais, além do legado ecológico e da cultura que eles deixam a seus descendentes.

Uma pessoa lutando para passear com os cães é uma boa metáfora para ilustrar como a SEE visualiza o processo adaptativo. Isso requer uma revolução na evolução?

Revolução Científica

Antes de podermos oferecer uma resposta, precisamos examinar como funciona a ciência. As melhores autoridades aqui não são biólogos, mas filósofos e historiadores da ciência. O livro "A Estrutura das Revoluções Científicas" (1962), de Thomas Kuhn, popularizou a ideia de que as ciências mudam por meio de revoluções no entendimento. Essas mudanças de paradigma ocorreriam depois de uma crise de confiança na velha teoria, que aconteceria pelo acúmulo de dados conflitantes.

Há também Karl Popper e sua conjectura de que teorias científicas não podem ser comprovadas, mas podem ser falsificadas.

Considere a hipótese "todas as ovelhas são brancas". Popper afirma que nenhuma quantidade de constatações condizentes com a hipótese poderia atestar sua correção, pois nunca estaria descartada a possibilidade de dados conflitantes surgirem no futuro. Inversamente, a observação de uma única ovelha negra desmentiria a hipótese de uma vez por todas. Segundo Popper, cientistas deveriam realizar experimentos críticos com potencial de desmentir suas teorias.

Embora muito difundidas, as ideias de Kuhn e Popper não estão a salvo de controvérsia entre filósofos e historiadores da ciência. O pensamento contemporâneo nesses campos é mais bem captado por Imre Lakatos em "The Methodology of Scientific Research Programmes" (a metodologia de programas de pesquisa científica, 1978): "A história da ciência refuta tanto Popper quanto Kuhn. Examinados de perto, tanto os experimentos cruciais popperianos quanto as revoluções kuhnianas se revelam mitos".

Os argumentos de Popper podem fazer sentido, mas não mostram como a ciência funciona no mundo real. Observações científicas são suscetíveis a erros de medição; pesquisadores são humanos e se apegam às suas teorias; ideias científicas podem ser muito complexas. Tudo isso torna a avaliação de hipóteses científicas uma tarefa confusa.

Em vez de aceitar que nossas hipóteses podem estar erradas, contestamos a metodologia ("a ovelha não é negra —o problema está nos instrumentos") ou a interpretação ("a ovelha só está suja"), ou então adaptamos nossa hipótese ("eu estava falando de raças domesticadas, não de carneiros selvagens"). Lakatos descreve essas modificações ou ressalvas como hipóteses auxiliares; cientistas as propõem para proteger suas ideias principais, evitando que sejam rejeitadas.

Esse tipo de comportamento se manifesta claramente em discussões científicas sobre a evolução.

Considere a ideia de que características adquiridas ao longo da vida podem ser transmitidas para a próxima geração. Ela ganhou força no início do século 19 graças ao biólogo Jean-Baptiste Lamarck, que a usou para explicar a evolução das espécies.

Há muito tempo, porém, entende-se que a hipótese foi desmentida por experimentos —a ponto de, nos círculos evolutivos, o termo "lamarckiano" carregar conotação depreciativa. A ideia mais largamente aceita é a de que as experiências dos pais não afetam as características de sua prole.

Epigenética

Só que elas afetam, sim. O modo como os genes se expressam para produzir o fenótipo de um organismo —as características reais que o organismo acaba tendo— é afetado por substâncias químicas que se ligam a eles. Tudo, desde a dieta até a poluição do ar ou o comportamento dos pais, pode influir sobre o acréscimo ou a retirada dessas marcas químicas, que ligam ou desligam genes.

Geralmente, esses acréscimos ditos epigenéticos são removidos durante a produção de espermatozoides e óvulos, mas alguns são transmitidos à próxima geração, junto com os genes. Isso é conhecido como herança epigenética, e mais e mais estudos vêm confirmando que ela de fato ocorre.

Voltemos aos camundongos que têm medo de amêndoas. Foi a herança de uma marca epigenética transmitida nos espermatozoides que levou a nova geração a adquirir um medo herdado.

Em 2011, outro estudo extraordinário relatou que, expostos a um vírus nocivo, alguns vermes reagiram produzindo substâncias químicas que desativaram o vírus. Surpreendentemente, gerações posteriores herdaram epigeneticamente essas substâncias, através de moléculas reguladoras (conhecidas como pequenos RNAs).

Hoje existem centenas de estudos semelhantes, muitos publicados nos periódicos científicos mais prestigiosos. Biólogos debatem se a herança epigenética é lamarckiana ou apenas se assemelha superficialmente a isso, mas não há como fugir do fato de que a herança de características adquiridas ocorre.

Pelo raciocínio de Popper, uma única demonstração experimental de herança epigenética - como uma única ovelha negra- deveria bastar para convencer os biólogos evolutivos de que ela é possível. A maioria dos biólogos evolutivos, contudo, não correu para mudar suas teorias.

Em vez disso, como Lakatos previu, estamos propondo hipóteses auxiliares que nos permitem conservar as ideias que defendemos há muito tempo. Essas ideias incluem a de que herança epigenética é rara, não afeta características importantes, está sob controle genético e é instável demais para explicar a disseminação de características por meio da seleção.

Infelizmente para os tradicionalistas, nenhuma dessas tentativas de minimizar ou relativizar a importância da herança epigenética parece ser digna de crédito. Hoje é sabido que a herança epigenética está amplamente presente na natureza; mais e mais exemplos aparecem a todo momento.

Ela afeta características funcionalmente importantes como o tamanho de frutos, a época do florescimento e o crescimento de raízes de plantas --e, embora apenas uma pequena parte das variantes epigenéticas seja de natureza adaptativa, isso também é verdade em relação à variação genética, de modo que não chega a ser um argumento para desacreditar a herança epigenética.

Não há mais dúvida de que a herança epigenética nos obriga a enxergar a evolução de outra forma.

Cultura

A epigenética é apenas parte da história. Através da cultura e da sociedade, todos herdamos conhecimentos e habilidades adquiridos por nossos pais. Os biólogos evolutivos aceitam essa ideia há pelo menos um século, mas até recentemente considerava-se que isso fosse restrito aos humanos.

Essa posição, entretanto, deixou de ser defensável: criaturas de todo o reino animal aprendem socialmente sobre alimentação, predadores, comunicação, migração, escolhas de parceiros e de locais de reprodução. Centenas de estudos experimentais já demonstraram a aprendizagem social em mamíferos, aves, peixes e insetos.

Entre os dados mais convincentes estão estudos em que filhotes de chapim-real foram adotados por chapins-azuis, e vice-versa. Quando foram criadas por outras espécies, essas aves modificaram vários aspectos de seu comportamento para assemelhar-se a seus pais adotivos (incluindo a altura das árvores em que se alimentavam, as presas que buscavam, seus cantos e até sua escolha de parceiro).

Presumia-se que as diferenças comportamentais entre as duas espécies eram genéticas, mas ficou claro que muitas delas constituíam tradições culturais.

As culturas animais podem se conservar por períodos surpreendentemente longos. Resquícios arqueológicos mostram que chimpanzés usam ferramentas de pedra para abrir castanhas há pelo menos 4.300 anos.

No que diz respeito à herança epigenética, porém, seria um equívoco supor que a cultura animal precisa exibir estabilidade como a genética para ter significado evolutivo. Ao longo de uma única temporada de acasalamento podem se desenvolver modismos nas características que os indivíduos acham atraentes em seus parceiros.

Isso já foi demonstrado experimentalmente em moscas de frutas, peixes, aves e mamíferos, e modelos matemáticos mostram que esse "processo de cópia da escolha de parceiros" pode afetar fortemente a seleção sexual. Nessa linha, acredita-se que as variadas e culturalmente aprendidas tradições das orcas na busca de alimentos --em que grupos diferentes se especializam em certos tipos de peixes, focas ou golfinhos-- estejam levando-as a se dividir em várias espécies.

É claro que a cultura chega ao auge em nossa própria espécie, tendo sido fartamente comprovado que os hábitos culturais são fonte importante de seleção natural de nossos genes.

A criação de gado e o consumo de leite geraram a seleção de uma variante genética que aumentou a lactase (enzima que metaboliza leite e derivados), enquanto dietas agrícolas à base de amido favoreceram o aumento da amilase (enzima que decompõe o amido).

Toda essa complexidade não se concilia com uma visão estritamente genética da evolução adaptativa, fato que muitos biólogos reconhecem. Em vez disso, aponta para um processo evolutivo em que genomas (ao longo de centenas de milhares de gerações), modificações epigenéticas e fatores culturais herdados (ao longo de várias, possivelmente dezenas ou centenas de gerações) e efeitos parentais (ao longo de uma só geração) coletivamente influem sobre a adaptação dos organismos.

Esses tipos de herança extragenética conferem aos organismos a flexibilidade de se ajustarem rapidamente aos desafios ambientais, arrastando as mudanças genéticas em sua esteira --um pouco como um bando de cães agitados.

Resistência

Apesar do interesse suscitado por todos os novos dados, é improvável que eles desencadeiem uma revolução na evolução, pela simples razão de que a ciência não funciona assim --ao menos não a ciência evolutiva. Como os experimentos críticos de Popper, as mudanças de paradigma kuhnianas são mais próximas de mitos que da realidade.

Olhando para a história da biologia evolutiva, não se vê nada assemelhado a uma revolução. Mesmo a teoria de Charles Darwin levou cerca de 70 anos para ser amplamente aceita; na virada do século 20, ainda era vista com grande ceticismo. Nas décadas seguintes, novas ideias surgiram, foram avaliadas pela comunidade científica e pouco a pouco integradas ao conhecimento preexistente. A biologia evolutiva se atualizou sem passar por grandes períodos de crise.

A mesma coisa se aplica ao presente. A herança epigenética não desmente a herança genética, mas mostra que esta é apenas um entre vários mecanismos pelos quais características são herdadas.

Não conheço nenhum biólogo que queira rasgar os livros didáticos ou jogar fora a seleção natural. A questão é saber se queremos ampliar nosso entendimento sobre as causas da evolução e se isso modifica nossa visão do processo como um todo. Nesse ponto, o que está acontecendo é ciência normal.

Por que, então, biólogos evolutivos tradicionais se queixam dos radicais evolutivos equivocados que defendem uma mudança de paradigma? Por que jornalistas escrevem artigos sobre cientistas que estariam pedindo uma revolução na biologia evolutiva? Se ninguém de fato quer uma revolução, e se revoluções científicas raramente ocorrem, a que se deve a polêmica?

A resposta a essas perguntas traz um insight fascinante sobre a sociologia da biologia evolutiva.

Revolução na evolução é uma descrição equivocada do que está acontecendo - um mito propagado por uma aliança improvável de evolucionistas conservadores, criacionistas e imprensa. Não duvido que existam alguns radicais evolutivos revolucionários, mas a imensa maioria dos pesquisadores que buscam uma síntese evolutiva estendida é formada por biólogos evolutivos que trabalham duro.

Todos sabemos que o sensacionalismo vende jornais, e artigos anunciando uma grande reviravolta vendem bem. Criacionistas e defensores do design inteligente também alimentam essa impressão exagerando as diferenças de opinião entre evolucionistas e criando a falsa impressão de turbulência no campo da biologia evolutiva.

O que é mais surpreendente é como biólogos conservadores jogam a carta "estamos sendo atacados!" contra seus colegas evolucionistas. Retratar adversários intelectuais como extremistas ou dizer às pessoas que se está sendo atacado são truques retóricos usados desde sempre para ganhar discussões ou conquistar lealdades.

Sempre associei esse tipo de prática à política, não à ciência, mas hoje percebo que fui ingênuo. Os cientistas também têm carreiras e legados em jogo; também lutam por recursos, poder e influência.

Receio que o discurso dos tradicionalistas esteja produzindo efeitos negativos, criando confusão e, sem querer, alimentando o criacionismo pelo fato de fomentar divergências exageradas. Muitos cientistas respeitados sentem a necessidade de uma mudança na biologia evolutiva. Não é possível descartar todos eles como elementos à margem da visão científica majoritária.

Síntese Evolutiva Estendida (SEE)

Se a síntese evolutiva estendida não é um chamado por uma revolução na evolução, então o que ela é e por que precisamos dela? Para responder a essas perguntas, precisamos reconhecer um acerto de Kuhn: cada campo científico possui maneiras compartilhadas de pensar, ou quadros conceituais.

A biologia evolutiva não é diferente. Nossos valores e premissas compartilhadas influenciam quais dados coletamos, como os interpretamos e quais fatores são embutidos nas explicações sobre o funcionamento da evolução.

Por isso o pluralismo científico é saudável. Lakatos destacou que quadros conceituais alternativos (diferentes programas de pesquisa) podem ser valiosos pois incentivam o teste de novas hipóteses ou levam a novos insights. Essa é a primeira função da SEE: alimentar ou mesmo abrir novas linhas de pesquisa e maneiras produtivas de pensar.

Um bom exemplo é o viés de desenvolvimento. Considere os peixes ciclídeos da África oriental. Para dezenas ou até centenas de espécies de ciclídeos existentes no lago Maláui existe uma espécie "duplicada", que evoluiu independentemente, no lago Tanganica, com grandes semelhanças no formato corporal e no modo de se alimentar.

Tais semelhanças costumam ser explicadas pela evolução convergente: houve variação genética aleatória, mas condições ambientais semelhantes selecionaram os genes com resultados equivalentes.

Entretanto, o nível extraordinário de evolução paralela visto nesses dois lagos sugere que algo mais pode estar em jogo. E se algumas maneiras de "construir" um peixe forem mais prováveis que outras? E se a variação de características é enviesada em favor de certas soluções? A seleção ainda faria parte da explicação, mas a evolução paralela seria muito mais provável.

Estudos mostram que é possível usar um modelo matemático, baseado em camundongos de laboratório, para prever tamanho e número de dentes em uma amostra de 29 espécies de roedores.

Esses estudos são intrigantes pois ajudam a converter a biologia evolutiva em uma ciência mais previsora. Por que, então, essas ideias receberam, comparativamente, pouca atenção até pouco tempo atrás?

Alternativas

Voltamos aos quadros conceituais. Historicamente falando, biólogos evolutivos tratam o viés na variação fenotípica apenas como uma limitação --o modo como os organismos crescem restringe o tipo de características que eles poderão ter.

Foi preciso uma perspectiva diferente (neste caso, a da biologia evolutiva do desenvolvimento, chamada evo devo) para motivar novos experimentos. De um ponto de vista evo devo, os dentes de roedores e os corpos de peixes são como são porque o modo como esses animais crescem aumenta a probabilidade de essas características surgirem. Assim, o viés torna-se um conceito muito mais importante na explicação da evolução.

A síntese evolutiva estendida, ao menos como eu e meus colaboradores a enxergamos, é mais bem vista como um programa de pesquisas alternativo da biologia evolutiva.

Inspirada por descobertas recentes, a SEE parte da premissa de que os processos do desenvolvimento exercem papéis importantes como causas de variações fenotípicas novas (e potencialmente benéficas), como causas de diferenças de adequação dessas variantes e causas de transmissão para descendentes.

Em contraste com a concepção tradicional, na SEE a criatividade na evolução não é atribuída apenas à seleção natural. Esse modo alternativo de pensar está sendo usado para gerar novas hipóteses e traçar novas agendas de pesquisa. Ainda estamos nos primórdios da SEE, mas já há sinais frutíferos.

Se a evolução não se explica só por mudanças nas frequências de genes; se mecanismos antes rejeitados, como a herança de características adquiridas, revelarem ter importância; e se for reconhecido que os organismos enviesam a evolução por meio de desenvolvimento, aprendizagem e outras formas de plasticidade, tudo isso significa que está emergindo um relato radicalmente diferente e profundamente mais rico da evolução?

Ninguém sabe. Mas, do ponto de vista daquela pessoa que leva os cães para caminhar, a evolução está ficando menos parecida com um passeio genético aprazível e mais com uma luta frenética dos genes para acompanhar agitados processos de desenvolvimento.

--------
Kevin Laland é professor de biologia evolutiva e comportamental na Universidade de St. Andrews, na Escócia.


Este texto foi publicado originalmente no site Aeon
--------
Outro artigo científico nesta matéria ver postagem no BioTerra: 
Essay - Unified theory of evolution

quarta-feira, 28 de março de 2018

Dalai Lama



"Caminhamos para um desastre psicológico, social e ecológico. Dominados pela tecnologia e o consumismo, vamos perdendo o verdadeiro significado da vida, que é a paz e a felicidade. O amor e a compaixão por todos os seres, é a nossa única salvação."- Dalai Lama

terça-feira, 27 de março de 2018

Smartphones Are Killing The Planet Faster Than Anyone Expected

Researchers are sounding the alarm after an analysis showed that buying a new smartphone consumes as much energy as using an existing phone for an entire decade.


Before you upgrade your next iPhone, you may want to consider a $29 battery instead. Not only will the choice save you money, it could help save the planet.

A new study from researchers at McMaster University published in the Journal of Cleaner Production analyzed the carbon impact of the whole Information and Communication Industry (ICT) from around 2010-2020, including PCs, laptops, monitors, smartphones, and servers. They found remarkably bad news. Even as the world shifts away from giant tower PCs toward tiny, energy-sipping phones, the overall environmental impact of technology is only getting worse. Whereas ICT represented 1% of the carbon footprint in 2007, it’s already about tripled, and is on its way to exceed 14% by 2040. That’s half as large as the carbon impact of the entire transportation industry.

Smartphones are particularly insidious for a few reasons. With a two-year average life cycle, they’re more or less disposable. The problem is that building a new smartphone–and specifically, mining the rare materials inside them–represents 85% to 95% of the device’s total CO2 emissions for two years. That means buying one new phone takes as much energy as recharging and operating a smartphone for an entire decade.

Yet even as people are now buying phones less often, consumer electronics companies are attempting to make up for lost profits by selling bigger, fancier phones. The researchers found that smartphones with larger screens have a measurably worse carbon footprint than their smaller ancestors. Apple has publicly disclosed that building an iPhone 7 Plus creates roughly 10% more CO2 than the iPhone 6s, but an iPhone 7 standard creates roughly 10% less than a 6s. So according to Apple, the trend is getting better, but the bigger phones companies like Apple sell seem to offset some gains. Another independent study concluded that the iPhone 6s created 57% more CO2 than the iPhone 4s. And despite the recycling programs run by Apple and others, “based on our research and other sources, currently less than 1% of smartphones are being recycled,” Lotfi Belkhir, the study’s lead author, tells me.

In any case, keeping a smartphone for even three years instead of two can make a considerable impact to your own carbon footprint, simply because no one has to mine the rare materials for a phone you already own. It’s a humbling environmental takeaway, especially if you own Samsung or Apple stock. Much like buying a used gasoline-fueled car is actually better for the environment than purchasing a new Prius or Tesla, keeping your old phone is greener than upgrading to any new one.

Smartphones represent a fast-growing segment of ICT, but the overall largest culprit with regards to CO2 emissions belongs to servers and data centers themselves, which will represent 45% of ICT emissions by 2020. That’s because every Google search, every Facebook refresh, and every dumb Tweet we post requires a computer somewhere to calculate it all in the cloud. (The numbers could soon be even worse, depending on how popular cryptocurrencies get.) Here, the smartphone strikes again. The researchers point out that mobile apps actually reinforce our need for these 24/7 servers in a self-perpetuating energy-hogging cycle. More phones require more servers. And with all this wireless information in the cloud, of course we’re going to buy more phones capable of running even better apps.

As for what can be done on the server end, Belkhir suggests that government policies and taxes might make a difference–whatever needs to be done to get these servers migrated over to renewable energy sources. Google, Facebook, and Apple have all pledged to move to 100% renewable energy in their own operations. In fact, all of Apple’s servers are currently run on renewable power. “It’s encouraging,” says Belkhir of these early corporate efforts. “But I don’t think it’d move the needle at all.”

If this all sounds like bad news, it’s because it absolutely is bad news. To make matters worse, the researchers calculated some of their conclusions conservatively. The future will only get more dire if the internet of things takes off and many more devices are hitting up the cloud for data.

“We are already witnessing internet-enabled devices, ranging from the smallest form factor such as wearable devices, to home appliances, and even cars, trucks and airplanes. If this trend continues . . . one can only wonder on the additional load these devices will have on the networking and data center infrastructures, in addition to the incremental energy consumption incurred by their production,” the team writes in the study. “Unless the supporting infrastructure moves quickly to 100% renewable power, the emergence of IoT could potentially dwarf the contribution of all the other traditional computing devices, and dramatically increase the overall global emissions well beyond the projections of this study.”

Indeed, tech’s carbon footprint is beyond what any one designer, one company, or even one government regulator can contain. As consumers, we have more reason than ever to hesitate when it comes to our next shiny tech splurge. The bottom line is that we need to buy less, and engage less, for the health of this entire planet.

De bruxas e sábias a cientistas: a história das mulheres na ciência

Hypatia é considerada a última cientista pagã

¿Qué imagen te viene a la mente cuando piensas en una persona dedicada a la ciencia? Tal vez -sobre todo si eres millennial- pienses en personajes como Dexter, el profesor Utonio o, en general, el Doc en la película Volver al Futuro. Pero, ¿podrías pensar en alguna mujer científica? En la cultura popular también hay algunas aunque ciertamente distan del estereotipo del varón que usa siempre bata blanca, como Bulma de Dragon Ball Z, la Dulce Princesa de Hora de Aventura o incluso Arenita en Bob Esponja.

Y tal vez en la secundaria nos hablaron de Marie Curie, pero el resto de científicos e inventores que podrían venir a nuestra mente serán en su mayoría hombres, pues la invisibilización de las mujeres en el campo de la ciencia ha sido sistemática. De hecho, a la misma Marie Curie no se le reconoció hasta que su propio esposo pidió que dejaran de darle los créditos de ella. 

El 11 de febrero de 2015 fue proclamado por la Organización de las Naciones Unidas (ONU), como el Día Internacional de la Mujer y la Niña y la Ciencia, y desde entonces, se han realizado esfuerzos desde distintas instituciones para colaborar a la visibilización de las mujeres en la ciencia.

Tal como lo dice la ONU, esta fecha se proclama porque “la brecha de género en los sectores de la ciencia, la tecnología, la ingeniería y las matemáticas persiste desde hace años en todo el mundo. A pesar de que la participación de las mujeres en las carreras de grado superior ha aumentado enormemente, están todavía insuficientemente representadas en estos campos”.

Este año en Puebla, El Taller AC ofreció una charla-taller sobre el tema. Ahí se habló brevemente de la historia de las mujeres en la ciencia y los estereotipos que persisten, así como los esfuerzos para que las niñas consideren las ramas de la ciencia y tecnología como una opción de vida.

¿Cuántas mujeres hubo en la historia de la ciencia?


Rubí Cervantes, psicóloga e integrante de El Taller AC, explicó durante la charla que a lo largo de la historia la aportación de las mujeres en la ciencia es innumerable, sin embargo la información es escasa pues han sido deliberadamente borradas o simplemente ignoradas.

Además, en distintas épocas y lugares, el acceso de las mujeres a la educación fue imposible. Algunas mujeres lograban entrar sólo por cuestión de privilegios socioeconómicos y algunas otras lo lograron al hacerse pasar por varones. Incluso en algunos lugares estuvo prohibida la admisión de mujeres en centros de educación superior, como en la Universidad de Bolonia, Italia, donde en un decreto de 1377 se establecía lo siguiente:

“Ya que la mujer es la razón primera del pecado, el arma del demonio, la causa de la expulsión del hombre del paraíso y de la destrucción de la antigua ley, y ya que en consecuencia hay que evitar todo comercio con ella, defendemos y prohibimos expresamente que cualquiera se permita introducir una mujer, cualquiera que ella sea, aunque sea la más honesta, en esta universidad”.

En una de sus investigaciones Alicia Itatí Palermo, socióloga, investigadora de la Universidad Nacional de Luján (Argentina), autora de diversos artículos y libros sobre género y doctora en Educación y Filosofía, señala que en casi todos los países las primeras universitarias fueron médicas, tal vez porque -de acuerdo con otros autores- “el impulso a la medicina parecía natural en las mujeres, tan natural como la enseñanza, pues las esposas y madres eran en el siglo XIX, como lo habían sido siempre, las supervisoras de la salud y las enfermeras en el hogar”.

En ese sentido, Rubí Cervantes consideró que las brujas pudieron ser mujeres científicas por su conocimiento sobre sanación, aunque el estereotipo de las brujas en la cultura popular no las muestra como mujeres sabias, sino como malvadas que comen niños.

En una investigación que data de los años 70, las autoras feministas Barbara Ehrenreich y Deirdre English escribieron: “Durante siglos las mujeres fueron médicas sin título; excluidas de los libros y la ciencia oficial, aprendían unas de otras y se transmitían sus experiencias entre vecinas o de madre a hija. La gente del pueblo las llamaba ‘mujeres sabias’, aunque para las autoridades eran brujas o charlatanas”.

Las mujeres científicas más antiguas

¿Sabes quién inventó el baño maría? Pues justo se llama así porque su inventora fue una mujer conocida como María la Hebrea, que vivió entre el siglo I y II de nuestra era en Alejandría, Egipto.

Contrario a lo primero que podría pensarse, María no era una entusiasta de la cocina sino una importante alquimista. Así la describe Margaret Alic en su libro sobre la historia de las mujeres en la ciencia:

“Las bases teóricas y prácticas de la alquimia occidental, y por lo tanto de la química moderna, se deben a María la Hebrea. Aunque sus teorías habían de tener influencia, fue ante todo una inventora de complicados aparatos de laboratorio para la destilación y la sublimación. Después de casi 2 mil años, su balneum mariae sigue siendo una pieza esencial en el laboratorio”.

El trabajo de María la Hebrea es tal vez el más antiguo que se ha documentado. Y no es que ella fuera la única mujer alquimista de esa época -se sabe, por ejemplo, de otra que firmaba como Cleopatra- pero sí es de las únicas de las que se tienen indicios documentados.

Hipatia fue la primera mujer científica cuya vida está bien documentada. Vivió aproximadamente entre el año 370 y 416 de nuestra era en Alejandría, Egipto. Ella fue una filósofa y maestra neoplatónica griega​ que destacó en los campos de las matemáticas y la astronomía.

Margaret Alic coincide en que Hipatia es considerada la última científica pagana y con su asesinato, probablemente ordenado por un líder de la fe católica, llegó la época del oscurantismo.

El efecto Matilda

A lo largo de la historia también hay muchos casos en los que el crédito del trabajo de mujeres en la ciencia ha sido arrebatado por un colega varón. A esto se le llama Efecto Matilda.

La socióloga Uxune Martinez Mazaga explica en un artículo sobre mujeres, ciencia y discriminación, que el efecto Matilda tiene una historia irónica y para hablar de esto, es necesario contar sobre el Efecto Mateo.

El Efecto Mateo hace referencia a un fenómeno en que las investigaciones de científicos jóvenes, o no tan conocidos para la comunidad científica y la sociedad en general, aunque sean mejores que las de sus compañeros ya consagrados, reciben menor cantidad de menciones e incluso pueden quedar permanentemente a la sombra de los más famosos.

La ironía está en que Robert K. Merton, sociólogo que dio a conocer el efecto Mateo en los años 60, se basó en el trabajo de Harriet Zuckerman, una mujer investigadora, pero se negó a reconocer públicamente el trabajo de ella.

Más de 20 años después, en los 90, la historiadora Margaret W. Rossiter sacó a la luz lo ocurrido en el transcurso de la definición del efecto Mateo para explicar la discriminación sistemática que ha sufrido la mujer en el ámbito de la ciencia.

“Margaret W. Rossiter definió el olvido consciente y sistemático que habían sufrido las aportaciones de las mujeres científicas e investigadoras haciendo honor al nombre de Harriet Zuckerman y al de la activista en pro de los derechos de las mujeres, Matilda Joslyn Gage, quien fue la primera en hacerse eco de este hecho. De esta manera, la discriminación que han sufrido las mujeres en la ciencia ha sido conocida desde 1993 gracias a Margaret W. Rossiter con el nombre de efecto Harriet/Matilda (aunque hoy en día se conozca como el efecto Matilda)”.

Algunas mujeres científicas que fueron víctimas del efecto Matilda: 
Jocelyn Bell Burnell: Astrofísica irlandesa que descubrió la radioseñal de un púlsar mientras realizaba su tesis doctoral en el equipo del astrofísico Tony Hewish, pero fue este quien recibió el premio Nobel. 
Lise Meitner: Fue una física que explicó el fenómeno de la fisión nuclear, pero fue su colega Otto Hahn quien se llevó el crédito por eso y también un premio Nobel. 

La visibilización en las aulas de las mujeres en la ciencia

—La ciencia es experimentación, creatividad, algo que las niñas hacen pero que no relacionan con la ciencia, ni como una posibilidad para su futuro —dijo Rubí Cervantes durante su plática, especialmente dirigida a las niñas.

Aunque actualmente las mujeres en la ciencia son muchas, continúan sin tener tanta visibilidad como los hombres.

Datos de la UNESCO reportan que 45.2% de las personas que realizan investigación en ciencia y tecnología en América Latina y el Caribe es mujer, porcentaje que supera a la media de otras regiones del mundo (Oceanía 39,2%, África 34,5%, Europa 34%, Asia 18,9%).

Sin embargo, el observatorio de Igualdad de género de América Latina y el Caribe afirma que, a pesar de que esta cifra parece muy prometedora en la región, las mujeres aún se concentran en disciplinas relacionadas con roles culturalmente asignados a mujeres y están sub-representadas en las ingenierías y ciencias exactas.

Ejemplo de esto es que las mujeres en el área de físico matemáticas y ciencias de la tierra adscritas al Sistema Nacional de Investigadores representan apenas el 17%.

Rubí Cervantes asegura que la visibilización de las mujeres como inventoras o científicas, desde las escuelas y, en general, como modelos a seguir es muy importante para destruir estereotipos y aumentar la participación de las mujeres en la ciencia.

Fonte: Lado B

segunda-feira, 26 de março de 2018

Não podemos confiar que as empresas nos salvem da mudança climática (em castelhano)

Las exigencias de descarbonización radical chocan con los imperativos de lucro y valor para los accionistas, escriben Christopher Wright y Daniel Nyberg.

Este artículo apareció originalmente en el blog LSE Business Review, de la London School of Economics y está basado en la investigación de los autores, publicada en el artículo Una Verdad Incómoda: Cómo las organizaciones traducen el cambio climático en normalidad, publicado en octubre de 2017 en la Revista de la Academia de Gestión.

No podemos confiar en que las empresas nos salven del cambio climático
Activistas y voluntarioss de 350.org en un acto en Australia para pedir la retirada de inversiones en el sector de los combustibles fósiles. Foto: 350.org / CC BY-NC-SA 2.0.
Christopher Wright y Daniel Nyberg // El cambio climático es ya una realidad presente en la experiencia humana. El año pasado presenciamos cómo una sucesión de enormes huracanesazotaba Estados Unidos y el Caribe, los mayores incendios jamás registrados en California, y en Australia, a pesar de la muerte de hasta la mitad de la Gran Barrera de Coral en consecutivos eventos de de blanqueo, vemos apoyo político para nuevas mega minas y plantas energéticas de carbón. Aunque ya hay un consenso científico claro de que el mundo se dirige a incrementos de temperatura de hasta 4 grados centígrados para fin de siglo (lo que amenaza la viabilidad de la propia civilización humana), nuestros amos políticos y económicos siguen doblando sus apuestas por los combustibles fósiles, transformando lo que es quizás la mayor amenaza para la vida en este planeta en normalidad.
Una respuesta a los fallos de los gobiernos ha sido la creencia de que los mercados y la innovación corporativa darán con la solución a la crisis climática. Como decía el magnate Richard Branson, “nuestra única opción de parar el cambio climático es que la industria gane dinero con ello”. De esta manera, las corporaciones, que son vistas como grandes contribuidoras a las emisiones de gases de efecto invernadero, suelen ser presentadas al mismo tiempo como proveedoras de formas innovadoras para descarbonizar nuestras economías. Pero, ¿cuánta fe podemos depositar en que las corporaciones nos salven del cambio climático?
En un estudio publicado recientemente, hemos explorado cómo las grandes corporaciones traducen el desafío del cambio climático en estrategias, políticas y prácticas en un periodo extendido de tiempo. Nuestra investigación ha incluido un análisis cruzado de cinco grandes empresas con operaciones en Australia durante diez años (de 2005 a 2015). En este periodo, el cambio climático se convirtió en una cuestión central en el debate político y económico, llevando a una serie de oportunidades y riesgos tanto físicos como de regulación y de mercado. Cada una de estas compañías eran líderes en la promoción de su compromiso con el tema.
Sin embargo, y a pesar de que procedían de diferentes industrias (banca, manufactura, seguros, medios de comunicación y energía), hallamos un patrón común conforme avanzaba el tiempo, según el cual sus declaraciones iniciales sobre liderazgo climático degeneraban en preocupaciones más mundanas sobre la actividad empresarial convencional. Un factor clave para este deterioro de las iniciativas medioambientales de las empresas fue la crítica de los accionistas, los medios, los gobiernos y otras corporaciones y ejecutivos. Esta “crítica de mercado” reveló continuamente las tensiones subyacentes entre las demandas de descarbonización radical y los imperativos de empresa básicos de beneficio y valor para los accionistas.
La transformación corporativa del cambio climático en negocio tradicional implica tres fases. En laprimera, llamada de “enmarcado”, ejecutivos de alto rango presentaron el cambio climático como una cuestión estratégica de negocios, y planearon cómo podían sus empresas ofrecer innovación y soluciones. En esta fase, los ejecutivos asociaban el cambio climático con significados específicos y con temas como “innovación”, “oportunidad”, “liderazgo” y “resultados en que todos ganan”, al tiempo que desechaban otras connotaciones más negativas o amenazadoras (por ejemplo “pesimismo”, “regulación” o “sacrificio”). En una expresión clásica de este ethos de victoria para todos, el director global de sostenibilidad de una de las organizaciones estudiadas (y una de los mayores conglomerados industriales del mundo), argumentaba: “Estamos eliminando la falsa elección entre una gran economía y el medio ambiente. Buscamos productos que tengan un impacto positivo y poderoso sobre el medio ambiente y sobre la economía”.
Al tiempo que estas declaraciones de intenciones generales respondían a la tensión inherente entre intereses corporativos y medioambientales, convencer a los accionistas de los beneficios de iniciativas verdes nunca fue sencillo, y las críticas crecieron entre estos y entre clientes, que sentían que los esfuerzos ambientales de sus organizaciones carecían de sinceridad o no satisfacían motivos de lucro.
En una segunda fase, de “localización”, los ejecutivos intentaron hacer relevantes estos marcos de referencia iniciales mediante la implementación de prácticas de eco-eficiencia mejorada, productos y servicios “verdes” y la promoción de la necesidad de acción climática. Se desarrollaron medidas internas de valor corporativo para demostrar los “argumentos de negocio” de las respuestas climáticas (por ejemplo, la satisfacción y el compromiso, cifras de ventas de nuevos productos y servicios “verdes” y mecanismos de precio de carbono). Las empresas también trataron de comunicar los beneficios de estas iniciativas tanto a empleados a través de cambios de cultura corporativa, como a personas interesadas de fuera de la organización, como clientes, ONGs y partidos políticos.
Sin embargo, según pasaba el tiempo, estas prácticas atrajeron más críticas de otros ejecutivos, accionistas, medios de comunicación y políticos en una tercera fase, llamada de “normalización”. En esta fase se rompen los compromisos temporales entre el mercado y los discursos sociales y medioambientales, y los ejecutivos de las empresas trataron de realinear las iniciativas climáticas con la lógica empresarial dominante de maximizar el valor para los accionistas. Algunos ejemplos incluyen la disminución de las fortunas empresariales y nuevos consejeros delegados que promovieron una estrategia de “regreso a lo básico”, el contexto político cambiante que instauró políticas climáticas como las leyes de energía limpia, nuevas oportunidades de negocio relacionadas con los combustibles fósiles y la disolución de iniciativas climáticas en programas más amplios y menos específicos, con etiquetas como “sostenibilidad “ y “resiliencia”. Como reconocía un directivo de alto rango en una gran compañía de seguros: “Eso estuvo bien en los buenos tiempos, pero ahora vienen duras. Tenemos que volver a lo básico”.
Así, nuestro análisis subraya las limitaciones políticas de confiar en las respuestas corporativas y de mercado a la crisis climática. Tenemos que imaginar un futuro que vaya más allá de las cómodas asunciones de autorregulación corporativa y “soluciones de mercado”, y aceptar que se necesitarán regulaciones en la extracción y uso de combustibles fósiles. En una era en la que el neoliberalismo aún domina las imaginaciones políticas en todo el mundo, nuestra investigación remarca así una “verdad incómoda” para las élites políticas y empresariales, el sinsentido de la sobre-dependencia de las corporaciones y los mercados para enfrentarse a la que es, quizás, la amenaza más grave para nuestro futuro colectivo.
Christopher Wright es profesor de de Estudios de Organización de la Escuela de Negocios de la Universidad de Sydney y co-autor, junto a Daniel Nyberg, de Climate Change, Capitalism and Corporations: Processes of Creative Self-Destruction.
Daniel Nyberg es profesor de gestión en la Escuela de Negocios de la Universidad de Newcastle, e investiga cómo los fenómenos sociales como el cambio climático se traducen en situaciones de organización local.

domingo, 25 de março de 2018

Fôssemos mais uma suave entrega da brisa, por João Soares


PT
"Fôssemos mais uma suave entrega
da brisa
Ou entregues aos labores de um estorninho
E apenas o Sol fogoso
animando a arte"

João Soares, 18.3.2017

EN

"Let us be more a gentle delivery of the breeze
Or delivered to the labors of a starling
And just the fiery sun animating the art"

João Soares, 18.3.2017



Musica do BioTerra: Death In June - Come Before Christ And Murder Love


Drown me with your sorrow
Taint me with your treason
To find your god is hollow
Brings death to all reason

Wolf grey adonis
A cruel life dawns
Curse me with obessiveness
Fultility and scorn

Moved to speak?
You made your choice
We had our chance
And lost our voice

Your alleyway, your terror
Glistens in dispair
Dead meat and error
The only crown I'll wear

From the ashes of liars
Grow the flowers of hope
From the steeples and spires
Hang each tear from a rope

Fonte das filmagens:
Não é um só filme. É uma mistura de vários, mas o principal deles é “A Cor das Romãs” de Sergei Paradzhasnov. Há também cenas de “Rapsódia Ucraniana”, do mesmo diretor; de "Olympia" de Leni Riefenstahl e "Invocação de meu irmão demónio" de Kenneth Anger, entre outros.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Somos Marielle Franco

Nunca "morremos". Esta Vereadora estará connosco para sempre. Esta moça corajosa será sempre a prova de tudo o que podemos ser e fazer. Ela foi tudo isto porque rompeu dentro do Brasil. Mas a Voz que clamava por justiça, equidade, denúncias, as suas mensagens e palestras e presença não morrerá. É o nosso grito também. Marielle eterniza na luta por melhores dias, seja em que País for.- João Soares



Compartilho também este poema de uma cidadã Brasileira Ana Freitas Reis. Dor emocionada, incentivo à "força" da voz, chamamento aos afectos, à igualdade, à justiça social e liberdade. Melhor exposto impossível. Texto emocionante e motivador.

(Sou mulher, branca, “heterossexual rica”, escrevi para as minhas filhas conseguirem ler)
Sou a Ana
Mas podia ser Mário ou Maria ou Mónica
Podia ser Marielle
e seu motorista
A minha pele podia ser preta, homossexual, ativista, pobre, favelada, violada
Sou humano
Sou pessoa
Somos todos ela
Não somos
nada todos ela
não carregamos metade da bagagem
não sabemos o que é nascer num país sem direito a documentos
não sabemos o que é nunca ter tido um contrato
não sabemos o que é acordar desconhecendo o dia que vamos levar com o ato de tormentos-bala a voar
Chega
Chega de horror, racismo, preconceito, roubo, escravidão, povo oprimido que gera bandido
Chega de matar
principalmente o inocente
que quer apenas sobreviver e levantar a sua voz
quer apenas falar e expor a injustiça
quer apenas poder vingar
Para sermos todos ela
tem de haver um espaço a balizar a coragem, a crítica, a ética, o pensamento, o diálogo e a inclusão
Chega
Chega de opressão, de extermínio, de barbárie
qualquer que seja
no Brasil, na Síria ou em Portugal, onde quer que esteja
não feche a porta na cara do seu vizinho
Sou a Ana (muito prazer)
Mas podia ser Mário ou Maria ou Mónica
Podia ser Marielle
e seu motorista
A minha pele podia ser preta, homossexual, ativista, pobre, favelada, violada
Sou humano
Sou pessoa
Somos todos ela
Somos todos frágeis, vulneráveis, Dependo de ti, preciso de ti, tu também de mim
Chega
da lição que nos ensinou assim o branco e o preto
Chega
de um mundo binário, dual e divisório
que põe o que incomoda num gueto, lá longe, bem distante para não vermos nada
O mundo nunca vai ser igual, isso é uma cilada, mas não queremos igualdade, queremos a liberdade e a justiça, política com lugares ocupados, cidadãos que levantam a verdade dos alvejados e que ataquem o horror
Chega
Chega da dor desta natureza primitiva e talvez possamos aprender um dia que a beleza está, mais do que nas diferenças do homem e da mulher, do feminino e do masculino, está em apenas podermos ser pessoa e cada um deve estar mais próximo daquilo que quer
Chega
Chega de tanta censura e do medo do diferente que origina a tortura radical
E é tão parcial que sabemos que dentro de um opressor também vive um oprimido
e dentro de um oprimido também vive um opressor
Chega
Chega de estar parado
atrás desse computador ou telefone -celular
A fingir um povo unido
Que na prática não se olha e não se atreve a dançar as suas forças tão ferozes
Não vamos lá com vozes de falinhas mansas, não tenhamos essa ilusão mas temos certeza de uma mão para dar a um outro que não sou eu
Sou a Ana
Mas podia ser Mário ou Maria ou Mónica
Podia ser Marielle
e seu motorista
A minha pele podia ser preta, homossexual, ativista, pobre, favelada, violada
Sou humano
Sou pessoa
Somos todos ela
Vamos acender a vela com a largada da potência, do nosso grito, da existência
no mistério absurdo deste planetinha de objectos tão mortais
Vamos investir nos afetos, nos canais, na educação, na união e na identidade
Porque hoje e sempre reinou o não sei quem sou e o ser contemporâneo está na verdade bem sozinho
Sou a Ana
Mas podia ser Mário ou Maria ou Mónica
(Ou o teu vizinho)
Podia ser Marielle
e seu motorista
A minha pele podia ser preta, homossexual, ativista, pobre, favelada, violada
Sou humano
Sou pessoa
Somos todos ela
Marielle
presente
sempre
Vi algures que seu sangue
vai virar semente

Site Oficial

Para saber mais/ To know her better 
1- Marielle Franco: Negra, moradora da Maré e a quinta vereadora mais votada do Rio Na Câmara, dedicou mandato à causa negra e aos direitos das mulheres

2- Say Her Name: Marielle Franco, a Brazilian Politician Who Fought for Women and the Poor, Was Killed. Her Death Sparked Protests Across Brazil

3- Esta mulher, executada no Rio de Janeiro, ocupado por militares há um mês

Wiki [pt]
Wiki [en]

quarta-feira, 21 de março de 2018

Agricultura de Conservação - cada vez mais urgente! (com vídeo explicativo)


A Agricultura de Conservação é um sistema que visa a melhoria das funções do solo para, dessa forma, aumentar a sustentabilidade económica e ambiental dos sistemas agrícolas. Neste vídeo são abordados os conceitos fundamentais do sistema, assim como os aspectos cruciais dos itinerários técnicos relativos às culturas de sistemas agro-pecuários no Alentejo. O filme tem por base a Herdade da Parreira – Portalimpex, situada junto à Aldeia do Ciborro no concelho de Montemor-o-Novo. Esta exploração iniciou a sua conversão ao sistema em 2003 e é o exemplo mais avançado existente em Portugal.
Agricultura de Conservação from António Menêzes on Vimeo.

terça-feira, 20 de março de 2018

Moralização de mercados ou como usar o consumo como arma política



  • Se puede protestar en la calle y en el supermercado, sacando de la cesta de la compra aquellos artículos que no cumplan con los derechos laborales o dañen el medioambiente
  • El boicot empresas no respetuosas o la compra colectiva en productos como la electricidad son formas de castigar o premiar a través del bolsillo
  • Los expertos también alertan de que el mercado se adapta y puede defraudar a los clientes concienciados con el medioambiente con técnicas como el greenwashing

Un cartel de la campaña ‘Ropa limpia’ que denuncia la explotación laboral en la industria textil. / Campaña ropa limpia (Facebook)
Consumir es también un acto político. El gesto más cotidiano contribuye a alimentar el sistema, corregirlo o destruirlo. Cada vez más ciudadanos son conscientes de que el poder para cambiar el mundo se esconde también en su bolsillo: cada uno decide qué quiere financiar, aunque a veces las alternativas sean escasas o inexistentes. Comprar es un acto más de presión.

Usar el consumo (por acción u omisión) como medida de presión no es una estrategia nueva. Hay muchas formas de canalizarlo, desde las compras colectivas hasta plantearlo en negativo, dejando de adquirir productos de una determinada compañía. Se ha utilizado a varias escalas, con mayor o menor éxito. El boicot económico se sumó, como una más, a las medidas que hicieron caer el apartheid en Sudáfrica, una herramienta que ahora se usa contra los productos israelíes y que acabó en los tribunales cuando algunos ayuntamientos españoles decidieron sumarse a la campaña de Desinversión y Sanciones contra Israel (BDS).

Muchas veces asociarse por intereses comunes también genera victorias, como los recursos contra las cláusulas suelo por los que muchos clientes han conseguido recuperar el dinero de sus bancos. Pocas veces, la indignación del consumidor logra acabar directamente con un producto. En 2012, Telecinco tuvo que cancelar el programa de La Noria después de que sus anunciantes retiraran la publicidad. En las redes sociales hubo una lluvia de críticas por una entrevista a la madre de El Cuco, uno de los acusados en el caso Marta del Castillo.

“La movilización de los ciudadanos sí puede provocar cambios políticos”, resalta convencido Rubén Sánchez, portavoz de la asociación FACUA, que vela por los derechos de los consumidores y los organiza para combatir los abusos. Sin embargo, insiste en no descargar toda la culpa en el consumidor y, sobre todo, no responsabilizarle de las tareas que deberían cumplir los poderes públicos: “Puede haber acciones de movilización de consumidores para dejar de comprar un determinado producto o de contratar un servicio a una empresa que ha cometido un abuso, pero los efectos son muy parciales”.

Los cambios estructurales, como acabar con los oligopolios en un determinado sector, son más lentos.”Haciendo un paralelismo con los movimientos obreros, los consumidores no tenemos nada que nos organice, somos una fuerza fragmentada”, explica Carmen Valor, profesora de la Universidad Pontificia de Comillas y miembro de Economistas sin fronteras.
Además de las compras colectivas, los boicots y las protestas, hay estrategias para que las organizaciones logren avances en las empresas. Por ejemplo, las intervenciones en las juntas de accionistas, como la que Oxfam Intermón logró en Repsol gracias a una cesión de acciones de particulares: “Solo el hecho de acudir a las juntas y plantear preguntas generó cambios”; explica Valor, que recuerda que este poder de los accionistas no existe en la legislación española.
Nazaret Castro y Laura Villadiego se toparon con la huella de las multinacionales en Brasil y Camboya, respectivamente, mientras trabajaban en estos países. El producto más cotidiano y barato en los comercios del primer mundo era fruto de la explotación en la parte sur del planeta. Por ello, crearon la web Carro de Combate, dondeexploran el origen, producción y alternativas de algunos artículos como el azúcar o el aceite de palma: “También hay gente interesada en este tipo de productos, pero no sabe dónde ir. Ocurre lo mismo con el consumo local. Algunas personas no tienen tiempo y al final van al supermercado”, explica Aurora Moreno, del equipo de este espacio. Esta periodista es optimista en esta cuestión y cree que hay una “concienciación sobre la necesidad de cambiar el sistema de producción en todos los ámbitos”.

Las trampas del neoliberalismo
Si la información es clave, la economista Carmen Valor insiste también en la formación: “Cuando se estudia educación para la ciudadanía y los cauces para su participación  siempre se pone el foco en las vías tradicionales de la política”. La experta apuesta por la “moralización de los mercados”, compuestos por ciudadanos que compren, no solo por el afán de adquirir, sino también por asociarse con los valores de una marca. “Existe la creencia de que la inmoralidad del mercado va a llevar a consecuencias que repercuten en el bien común, pero está muy demostrado que no es así”.
El neoliberalismo también crea disonancias cognitivas. Hay personas que están concienciadas con el medioambiente, pero la falta de alternativas hace que caigan en incoherencias y se cree un malestar interno. “Es una explotación del cinismo. O eres eternamente puro o no sirve para nada”, explica sobre la desafección que provoca en algunas personas. Avisa del peligro de la atomización de los consumidores y de la “creencia de que yo solo no hago nada”, una idea que hay que cambiar.
“Vivimos en una dinámica muy consumista. Nuestra identidad es lo que consumimos y lo que entra dentro de nuestra capacidad de comprar”, explica Sergio Andrés Cabello, profesor de Sociología de la Universidad de La Rioja, sobre cómo el neoliberalismo ha logrado penetrar en todos los resquicios e imponer las necesidades que ha creado. Rubén Sánchez recalca también cómo ese discurso se ha trasladado a todos los ámbitos de la vida: “Somos consumidores por encima de ciudadanos. Los políticos hacen discursos para que compremos su producto”.
Además, el capitalismo se reinventa constantemente y se disfraza de lo que el consumidor quiere. De esa preocupación por el medio ambiente nacen iniciativas positivas, pero también se dan pasos como el greenwashing, es decir, intentar que el consumidor perciba que una marca es respetuosa con el medioambiente, a través de trucos como el nombre o de asociar el color verde a su imagen. También surgen plataformas digitales que se arropan bajo la denominación de “economía colaborativa” y que no lo son, pero se arrogan ese capital moral.

Los expertos consultados son optimistas y proyectan un futuro con ciudadanos más conscientes y responsables. Organizaciones y usuarios van poco a poco desequilibrando la balanza de esta lucha entre David y Goliat.

Fonte: Cuarto poder

segunda-feira, 19 de março de 2018

Mais um meta-estudo comprova que os sistemas de cultivo orgânicos são mais eficientes (com video)

O trabalho científico, publicado na revista “Journal of Applied Ecology”, comprovou que o tipo de agricultura praticada influencia o sequestro de carbono no solo.


Laboratório de Solos da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC)

Os eventos climáticos extremos «vão ser cada vez mais frequentes e de maior duração e os agricultores vão ter de se adaptar, encontrando novas formas de gestão agrícola e agroflorestal por forma a tornar este setor mais resiliente às alterações climáticas», afirma o cientista José Paulo Sousa, do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), coordenador de uma equipa de investigadores portugueses que participa no estudo internacional ECOSERVE, que está a avaliar os efeitos das alterações climáticas nos processos biológicos do solo.

Uma medida para mitigar os efeitos de eventos climáticos extremos, nomeadamente períodos prolongados de seca, revelam os primeiros resultados do estudo, passa pela utilização de variedades de plantas cultiváveis com as caraterísticas mais adequadas para promover o sequestro de carbono no solo, de modo a aumentar o uso eficiente da água e dos nutrientes. Um maior teor de carbono no solo implica uma maior capacidade de o solo reter água e disponibilizá-la para as plantas, logo menor é a necessidade de rega.


O trabalho científico, publicado na revista Journal of Applied Ecology, comprovou, também, que o tipo de agriculta praticada influencia o sequestro de carbono no solo. Segundo os investigadores, os sistemas de cultivo orgânicos, sistemas em que a utilização de químicos é muito reduzida e onde os resíduos de uma cultura são utilizados como fonte de matéria orgânica para a cultura seguinte, originam maiores stocks de carbono no solo do que sistemas de cultivo convencionais.

Este facto, explica José Paulo Sousa «está intimamente relacionado com as caraterísticas das espécies cultivadas, especialmente com a facilidade com que os resíduos destas espécies se decompõem e são posteriormente incorporados no solo», ou seja, «temos espécies ou variedades que influenciam de forma positiva a quantidade e qualidade dos stocks de carbono no solo.»

Através de uma meta-análise global, complementada com medições em campo, a equipa relacionou as «caraterísticas de diferentes espécies cultivadas com as respostas dos stocks de carbono nos dois tipos de cultivo, tendo encontrado relações significativas entre a presença de espécies que originam resíduos da cultura mais recalcitrantes, normalmente utilizadas em cultivos orgânicos, e maiores stocks de carbono», observa o também docente da FCTUC.

Estas conclusões são relevantes porque «fornecem pistas para possíveis medidas de mitigação dos efeitos de alterações climáticas na agricultura. Ao utilizar variedades de espécies cultiváveis com as caraterísticas apropriadas, os agricultores podem mitigar estes efeitos, aumentando o stock de carbono no solo, logo aumentando o uso eficiente da água e dos nutrientes», conclui José Paulo Sousa.

O estudo ECOSERVE envolve, além da equipa da Universidade de Coimbra, investigadores de Espanha, França, Holanda, Suécia e Suíça.