sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Caderno Profissão Cientista

Porque teimosia quase salazarista que as melhores profissões no nosso País têm que ser médicos, advogados, arquitectos, economistas, gestores e politólogos? Um conjunto de testemunhos de vários cientistas portugueses com projectos de investigação e planos de vida aliciantes invertem completamente esta visão tão obstrusa e amputada até para o crescimento económico e sutentável do nosso País e para o Mundo. Um trabalho de divulgação excelente feito pela Associação Viver a Ciência.


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Dia do Mar- Limpa a tua praia depois de a utilizares


Estão a decorrer um pouco por todo o País, várias iniciativas por parte de grupos de cidadãos a limpar as praias. Contudo quero esclarecer que também ajudamos os mares e praias mais limpas dentro de casa: cotonetes no balde do lixo; as chicletes tb devem ser rejeitadas no balde do lixo; amostras de perfumes no balde do lixo; não usar detergentes agressivos ao ambiente; não deitar nas sanitas as areias e dejectos dos animais domésticos. Nunca fazer "acampamentos improvisados" na praias, onde depois sobram inertes como madeiras velhas usadas nos fogachos e jantaradas à beira-mar e cartões de papel como mesas/assentos que depois as largam logo ali. Um alerta também básico à estudantada/juventude: por favor não escolham as praias para depósito de garrafas de álcool/latas e refrigerantes das vossas noitadas. E já agora, divirtam-se sem álcool, drogas e tabaco. Poupamos todos: a vossa/nossa saúde, os direitos humanos , as carteiras e a redução do lixo.

[Recordando o Artigo 12 do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais, adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1966, pelo qual se declara que toda pessoa tem direito de gozar o mais elevado nível de saúde física e mental;
Recordando ainda o preâmbulo da Constituição da Organização Mundial de Saúde, que afirma que o gozo do mais elevado nível de saúde que se possa alcançar é um dos direitos fundamentais de todo ser humano, sem distinção de raça, religião, ideologia política, condição económica ou social- in Convenção-Quadro para o Controle do Tráfico de Tabaco ]

Limpar, Consumo Consciente, Reduzir e Reutilizar Também é Agradecer por Estarmos Vivos e num Planeta Vivo.

Legislação:
Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

E-Livro- Cities and Climate Change- Global Report on Human Settlements 2011

Reparem como as alterações climáticas saiu das agendas internacionais, mas ela está aí...e sem resolvermos nada...e já foi Copenhaga e México e palpita-me que largaremos o Rio sem nada em definitivo, queimando oportunidades...

Cities and Climate Change Global Report on Human Settlements 2011 by João Soares on Scribd


terça-feira, 27 de setembro de 2011

737 donos do mundo controlam 80% do valor das empresas mundiais


O seu estudo, na fronteira da economia, da finança, das matemáticas e da estatística, é arrepiante. Três jovens investigadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique examinaram as interacções financeiras entre multinacionais do mundo inteiro. O seu trabalho - “The network of global corporate control” (“a rede de controlo global das transnacionais”) - examina um painel de 43.000 empresas transnacionais (“transnacional corporations”) seleccionadas na lista da OCDE. Eles dão a conhecer as interligações financeiras complexas entre estas “entidades” económicas: parte do capital detido, inclusive nas filiais ou nas holdings, participação cruzada, participação indirecta no capital.


Resultado: 80% do valor do conjunto das 43.000 multinacionais estudadas é controlado por 737 “entidades”: bancos, companhias de seguros ou grandes grupos industriais. O monopólio da posse capital não fica por aí. “Por uma rede complexa de participações”, 147 multinacionais, controlando-se entre si, possuem 40% do valor económico e financeiro de todas as multinacionais do mundo inteiro.

Uma super entidade de 50 grandes detentores de capitais

Por fim, neste grupo de 147 multinacionais, 50 grandes detentores de capital formam o que os autores chamam uma “super entidade”. Nela encontram-se principalmente bancos: o britânico Barclays à cabeça, assim como as “stars” de Wall Street (JP Morgan, Merrill Lynch, Goldman Sachs, Morgan Stanley...). Mas também seguradoras e grupos bancários franceses: Axa, Natixis, Société générale, o grupo Banque populaire-Caisse d'épargne ou BNP-Paribas. Os principais clientes dos hedge funds e outras carteiras de investimentos geridos por estas instituições são por conseguinte, mecanicamente, os donos do mundo.

Esta concentração levanta questões sérias. Para os autores, “uma rede financeira densamente ligada torna-se muito sensível ao risco sistémico”. Alguns recuam perante esta “super entidade”, e é o mundo que treme, como o provou a crise do subprime. Por outro lado, os autores levantam o problema das graves consequências que põe uma tal concentração. Que um punhado de fundos de investimento e de detentores de capital, situados no coração destas interligações, decidam, por via das assembleias gerais de accionistas ou pela sua presença nos conselhos de administração, impor reestruturações nas empresas que eles controlam e os efeitos poderão ser devastadores. Por fim, que influência poderão exercer sobre os Estados e as políticas públicas se adoptarem uma estratégia comum? A resposta encontra-se provavelmente nos actuais planos de austeridade.

O estudo completo, em inglês, encontra-se aqui e, em francês, aqui.

domingo, 25 de setembro de 2011

TEDxFlanders - Bernard Lietaer - design and implementation of currency systems


Bernard Lietaer é arquiteto monetário, autor e especialista internacional em design e implementação de sistemas monetários. Ele foi um dos designers do Euro. Ele estudou e trabalhou na área de dinheiro por mais de 30 anos numa ampla variedade de funções, variando de banqueiro central, gerente de fundos e professor universitário a consultor. Por que ouvi-lo?

Ao longo de sua vida, Bernard Lietaer tem procurado a melhor alavanca para melhorar todos os sistemas da vida. Ele descobriu que o dinheiro contém a resposta. É um ponto-chave de acupuntura quando se trata de abordar a maioria das coisas com as quais nós, seres humanos, nos preocupamos, como ter acesso a cuidados de saúde de boa qualidade, nutrição, moradia, educação e participar de forma significativa na vida de nossas comunidades por meio do trabalho de que gostamos. Como consultor experiente e de renome internacional em aspectos monetários, desde corporações multinacionais até países em desenvolvimento, Bernard esclarece as questões estruturais da crise económica em curso e oferece algumas soluções claras. 

Bernard Lietaer é atualmente Research Fellow no Center for Sustainable Resources da University of California em Berkeley, e é co-fundador da ACCESS Foundation, uma organização educacional sem fins lucrativos cujo objetivo é comunicar as melhores práticas no domínio das moedas complementares.

Mais um estudo científico independente comprova: Milho transgénico tóxico!

Diversidade de milho em perigo
Um grupo de cientistas franceses emitiu um estudo independente que revela toxicidade perigosa para a saúde humana numa variedade de milho transgénico, denominada MON 863, em circulação na União Europeia.
O estudo agora divulgado é o primeiro feito por uma equipa científica independente, dirigida pelo cientista francês Gilles-Eric Seralini, publicado no jornal "Archives of Environmental Contamination and Toxicology" sob o título "New analysis of a rat feeding study with a genetically modified maize reveals signs of hepatorenal toxicity". Segundo esse documento, os ratos alimentados durante três meses com o milho transgénico sofreram danos renais e hepáticos, bem como alterações no crescimento.
Gualter Baptista, da "Plataforma" classifica esta situação como "o golpe final na credibilidade do sistema europeu de autorizações" e, numa proposta que faz recordar certas intenções do estado português relativamente a assuntos fiscais, que vão já rondando perigosamente a proximidade dos assuntos penais, propõe que "agora os transgénicos têm que ser considerados culpados até haver provas de que são inocentes" -- uma interpretação da inversão do ónus da prova que dá que pensar, tanto mais que já tem vindo a ser aplicada aos produtos químicos.
O milho, usado como alimento humano e animal, serve também para o fabrico de adoçantes, xaropes, gomas, cereais de pacote, lacticínios, pastilha elástica, óleos e fermentos. Entra na composição de rações para gado, porcos, aves, ovelhas, peixes e animais domésticos. Os seus derivados entram no fabrico de uma variedade de produtos, que vão do papel reciclado aos cosméticos, de tintas a antibióticos e alimentos para bebé -- o que significa que chega virtualmente a todo o lado e a todos nós.
Se fosse cumprida com rigor a determinação do ponto 40 da Directiva 2001/18, todos estes artigos deveriam rotular a informação "Este produto contém organismos geneticamente modificados", extensiva a todos os sub-produtos, conforme os pontos 17 a 23 do Regulamento 1829/2003.
Ora isto não acontece, por malabarismos de excepções que dispensam o pacotinho da pastilha elástica de ter o aviso, mesmo que na origem de um dos seus componentes tenha sido usado o MON 863. Muitas rações são rotuladas, mas o consumidor, que compra o produto final -- o animal que se alimentou delas -- não sabe disso. Como disse à Perspectiva Margarida Silva, especialista em transgénicos da Quercus, "Se há alguma coisa que temos que aprender com a crise das vacas loucas é que aquilo que os animais comem nos pode afectar e até matar".
Esta é uma falha grave na determinação comunitária de que os consumidores devem ser informados de modo claro e inequívoco das características dos produtos no mercado, com particulares obrigações para produtos geneticamente modificados ou que deles derivem.
Fontes: Pedro Laranjeira - Perspectiva / Público - Abr. 07

Ler tudo em 30 de Fevereiro


Mais Leituras (e vídeos indispensáveis)



sábado, 24 de setembro de 2011

Política do Mais por Menos põe Conservação da Natureza em Portugal em perigo!

Noiserv - Where is My Mind (Pixies Cover)


Política do Mais por Menos põe Conservação da Natureza em Portugal em perigo!
Comunicado de Imprensa- Lisboa, 23 de Setembro de 2011
A LPN - Liga para a Protecção da Natureza enviou hoje carta à Ministra do Ambiente a partilhar as sérias inquietações da associação relativamente ao Plano de Reestruturação do MAMAOT que sugere relativamente à implementação da política e da gestão da Conservação da Natureza em Portugal, dividir as suas competências pela Direcção-Geral da Conservação da Natureza e Florestas, Agência Portuguesa para o Ambiente, a Água e a Acção Climática e as Direcções Regionais de Agricultura e Pescas. A LPN receia que a descentralização das competências na área da Conservação da Natureza levará à incapacidade da implementação de uma estratégia a nível nacional, assim como ao incumprimento de estratégias, directivas e convenções internacionais, para não referir a própria gestão e fiscalização das áreas protegidas que se encontram em situação extremamente fragilizada.
Perante a proposta de "fazer mais com menos", a LPN salienta, que neste caso específico, o ICNB já se encontrava subdimensionado para cumprir as suas competências ao nível técnico e humano e lembra a importância do cumprimento das responsabilidades da República Portuguesa no que concerne à implementação de acordos e convenções internacionais (como a Convenção CITES contra o tráfego internacional de espécies ameaçadas, por exemplo).
A LPN questionou a Senhora Ministra com as seguintes questões específicas:
1. Quem fará a gestão da Rede Fundamental de Conservação da Natureza e da Rede Natura 2000?
2. Quem será responsável pela implementação da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade, e das Convenções Internacionais?
3.Como será coordenada a fiscalização das áreas classificadas (Áreas Protegidas, Sítios e Zonas de Protecção Especial) no território nacional?
4. Dos 554 funcionários do actual ICNB, quantos continuarão efectivamente afectos à gestão da Rede Nacional de Áreas Protegidas e Áreas Classificadas?
5. Quem fará a gestão das áreas marinhas protegidas?
6. Quem será o responsável directo de cada área protegida e interlocutor próximo com as populações e a sociedade civil em geral?
8. Que papel entende o actual Governo que o Estado deve desempenhar na Conservação da Natureza e Biodiversidade?
7. Que fiscalização terá a nova APA, uma vez que o seu modelo de gestão é claramente susceptível a pressões exteriores?
A LPN vê o momento actual de crise económica como uma oportunidade de se definirem novos paradigmas relativamente ao uso dos recursos do nosso planeta, e em que a importância dada à Conservação da Natureza deveria ter um papel preponderante no desenvolvimento mais harmonioso e na correcção de muitos excessos cometidos no passado. A sociedade civil encontra-se agora numa encruzilhada em que necessita de repensar a utilização e o consumo dos recursos naturais, e portanto é com pesar que a LPN vê desaparecer do ministério do ambiente um instituto que apesar da suas fragilidades, tinha uma papel importante na coesão de uma política de Conservação da Natureza.

Pixies - Wave of Mutilation [UK Surf]


Wave Of Mutilation
Cease to resist, giving my goodbye
drive my car into the ocean
you'll think i'm dead, but i sail away
on a wave of mutilation
a wave
wave

i've kissed mermaids, rode the el nino
walked the sand with the crustaceans
could find my way to mariana
on a wave of mutilation,
wave of mutilation
wave of mutilation
wave

Onda de Mutilação
paro de resistir e me despeço
dirijo o meu carro rumo ao oceano
vocês pensarão que estou morto, mas eu velejo para longe
numa onda de mutilação
uma onda
onda

eu andei beijando sereias, em volta do el nino
andando pela areia com os crustáceos
pude achar minha trilha para mariana
numa onda de mutilação
onda de mutilação
onda de mutilação

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fóssil de fêmea de plesiossauro grávida sugere que elas eram as boas mães do Mesozóico

O feliz acotecimento  (S. Abramowicz/Dinosaur Institute/NHM)
Haverá melhor local do que um museu da Califórnia para descobrir um monstro marinho da época dos dinossauros grávido - ou, melhor dizendo, grávida? É Verão e Hollywood não ficará longe do Museu de História Natural de Los Angeles County, onde um fóssil com 78 milhões de anos, descoberto em 1987, prova finalmente que os plesiossauros davam à luz os seus filhos, como os golfinhos e os tubarões e muitos répteis fazem hoje, em vez de porem ovos.
Os plesiossauros viveram no tempo dos dinossauros mas, apesar do aspecto que têm, não eram dinossauros. Eram grandes répteis marinhos (ou popularmente apelidados por monstros marinhos)- e, se o monstro do Lago Ness existisse, pelas descrições que normalmente fazem dele, nos avistamentos entre a bruma escocesa, esperar-se-ia que fosse um plesiossauro que se perdeu no tempo.

A ordem Plesiosauria inclui tanto a família dos animais de pescoço curto (tal como o que permitiu esta descoberta), como a dos de pescoço longo, que seria a do suposto monstro do Lago Ness.

Sabe-se que outros répteis do Mesozóico  davam à luz os seus descendentes, em vez de pôr ovos, como os dinossauros, escrevem Robin O´Keefe (Universidade Marshall) e Louis Chiappe (Museu de Los Angeles) na revista Science. Mas isso nunca tinha sido confirmado para os plesiossauros.

Os dois cientistas relatam agora como perceberam que um fóssil de Polycotylus latippinus, descoberto no Kansas, afinal continha ossos de dois animais: um deles era o esqueleto de um embrião, que parecia ainda estar na barriga da mãe.

"Já há muito tempo que se sabia que o corpo dos plesiossauros não era adaptado a sair para terra e pôr ovos num ninho", disse O"Keefe, citado num comunicado de imprensa do Museu de Los Angeles. Os ovos dos répteis têm a casca muito dura e têm de ser postos em terra - mas os plesiossauros eram demasiado grandes para se arrastarem para a costa, salienta a revista New Scientist.

"A falta de provas de que dessem à luz as crias tem sido surpreendente. Este fóssil documenta-o pela primeira vez, e por isso finalmente fica resolvido este mistério."

Como as orcas

Por outro lado, os cientistas notam que o embrião parece bastante grande em comparação com a mãe, e até em relação ao que seria de esperar, quando se olha para as proporções noutras espécies de répteis: a mãe tinha 4,7 metros e o bebé teria 1,6 metros, se se tivesse desenvolvido até ao momento do parto, estimaram os cientistas.

Isto levou os dois investigadores a formularem uma hipótese curiosa: "Muitos dos animais que hoje existem e dão à luz crias únicas e grandes são sociais e dispensam cuidados maternais. Especulamos que os plesiossauros podem ter exibido comportamentos semelhantes, que tornavam as suas vidas sociais mais semelhantes aos dos modernos golfinhos do que aos de outros répteis", diz ainda O`Keefe.

Os cetáceos odontocetes (as baleias com dentes, como as orcas), que são altamente sociais e cuidam dos seus descendentes, com dimensões e hábitos alimentares semelhantes (carnívoros), são identificadas pelos cientistas como "os mais próximos equivalentes ecológicos actuais" destes antigos monstros aquáticos. No entanto, os plesiossauros não têm descendentes.

Adaptado do Público, 12.08.11
Journal reference: Science, vol 333, p 870; DOI: 10.1126/science.1205689


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Esperança, Perseverança e Felicidade: O Poder Feminino


 
A 3600 metros acima do nível do mar, na aridez da Puna, um grupo de mulheres indígenas deu à luz a organização mais fértil dos últimos tempos. A ONG Warmi Sayajsunqo - em quechua: "mulheres perseverantes" - criou um modelo de desenvolvimento com os valores dos Povos Indígenas. A partir de Abra Pampa (Jujuy) abarca 3600 sócios em 79 comunidades indígenas do alto planalto. Administra empresas do século XXI e um sistema bancário excepcional. Hoje luta por uma gestão dos seus recursos naturais. A sua líder, Rosario Quispe, foi até convidada pela Universidade de Harvard para contar como o fizeram.[Fonte: IM magazine]
 
"Menina, que combustível é este W? É muito mau?", pergunta um homem, curioso e preocupado, frente ao enorme W que é o logótipo dos fornecedores de gasolina.
A estação de serviço de Abra Pampa é uma das últimas do lado argentino, antes de chegar à Bolívia. A menina que atesta gasolina chama-se Alberta Llampa e, como os kollas das povoações indígenas do alto planalto, tem a pele da cor da chicha (bebida à base de milho), o cabelo muito negro e macio. 36 anos, sétimo ano de escolaridade e sete filhos, todos na escola. Alberta não se cansa de explicar aos clientes da estação de serviço o que peritos em ciências sociais e economistas analisam como o fenómeno mais fértil da puna argentina.
"É um combustível normal. Pusemos W como nome do fornecedor porque é uma empresa comunitária da Warmi Sayajsunqo, a organização proprietária. O nome significa mulheres perseverantes", diz Albertina cobrindo os olhos enormes com a mão para se proteger do sol que não perdoa.
Na puna, a mais de 3600 metros de altura, a natureza é extrema. A beleza abrupta dos montes com os seus ventres inchados de minerais, os dias quentes e noites geladas, o vento feroz e terra seca, feita de pó sobre pó... Nesta Sibéria sul-americana, como a chamavam, as leis sociais reproduziram a crueza do meio ambiente e a crise económica argentina já aí tinha entrado em força mesmo antes das conhecidas manifestações populares de 2001. Mas as mulheres da Warmi desafiaram as leis que dizem que a puna é um deserto ermo, estéril, atrasado. Dispõem de um leque de empresas comunitárias e do século XXI: cybercafé, estação de serviço, restaurante, criação de chinchilas, curtidor, estábulo e um sistema bancário excepcional.
Tanto a origem, como as mulheres que teceram este modelo de desenvolvimento, têm de ser procuradas em Abra Pampa, uma cidade de 14 000 habitantes, onde qualquer pessoa que não seja da etnia kollas é gringo e chama a atenção. Cidade simples: uma praça, um mercado, uma câmara municipal, uma residencial, um punhado de escolas, três ou quatro restaurantes e muitas ONGs. O fervor, ou a necessidade de se agruparem, apareceu nos anos 90, quando as minas da zona - cobre, chumbo, zinco, estanho - encerraram. Milhares de operários tiveram que sair em busca de emprego e habitação, entre eles, o senhor Alfredo, o marido da senhora Rosario Andrada de Quispe, fundadora e presidente da Warmi.
Durante anos, o senhor Alfredo e a senhora Rosario, com os seus sete filhos, viveram nessas povoações que nascem e morrem com a actividade mineira. Fechava uma e mudavam-se para outra que acabava de abrir. Até que se fez noite e não houve mineração no alto planalto argentino. A paridade de câmbio que igualava o dólar ao peso baixou a rentabilidade e terminou com a actividade (na altura).
"Não tínhamos para onde ir", diz Dona Rosario.
Refugiou-se em Abra Pampa, onde a sua mãe tinha uma casa. Já tinha sido empregada doméstica e vendedora ambulante. "Tive a sorte de conseguir trabalho num projecto de promoção de mulheres". Meteu-se nesses caminhos que conduzem a aldeias pequenas e esquecidas. Falou com imensas mulheres e soube que, na puna, elas ficam sozinhas. Até há pouco, os que queriam trabalhar tinham que partir. Para o tabaco, para a cana-de-açúcar, para a mina. A elas cabia colocarem-se de pé e levantar a colheita. "Vi tanta miséria... Soube que, se continuássemos assim, iríamos morrer de fome. Era preciso pensar em algo para sobreviver e começámos a reunir-nos em minha casa", diz Rosario.
As mulheres foram chegando com os seus filhos às costas. Não tinham com quem deixá-los: penduravam-nos ao peito em panos de cores resplandecentes em contraste com a paleta mineral da paisagem. Juntavam trocos entre elas, compravam lã e teciam artesanato. Poucas sabiam tecer, desde que os seus maridos tinham ido para as minas, tinham esquecido os lavores aprendidos em meninas, com mães e avós, enquanto pastoreavam o gado.
- Quando começámos eu ia a Villazón (Bolívia) comprar lã e telas. As raparigas cosiam, cortavam. Começaram a convidar-nos para encontros em Buenos Aires. Para levar mercadoria passávamos noites sem dormir. Em 1995, lembrámo-nos de formar a Warmi. Eu dizia: tem que ser algo diferente. Trabalhei antes na Igreja, com os padres da OCLADE (Organização Claretiana para o Desenvolvimento), mas sentia que ali havia um tecto. Pusemos o nome Warmi Sayajsunqo, que na língua quechua de nossos avós significa mulher perseverante.
De então para hoje as mulheres da Warmi deram um salto. Quando começaram queriam recuperar duas coisas: os artefactos da sua etnia e a saúde. Muitas kollas estavam a morrer devido ao cancro do colo do útero. Apareceram artigos nos meios de comunicação e apareceu também Stephan Schmidheiny, presidente da Fundação Avina, que quis conhecer Dona Rosario. Este senhor, um empresário sueco apaixonado pela América Latina, disse-lhe que pedisse um desejo.
"Gostaria que o meu povo pudesse viver de trabalho digno, com a sua identidade e cultura, que não houvesse escravos de ninguém, como no tempo dos nossos avós".  
Schmidheiny deu-lhe o financiamento. Com esse dinheiro a Warmi equipou um grupo que percorreu as comunidades indígenas às quais não chegam nem os políticos quando estão em campanha. Nesses casarios de adobe, as famílias contaram como viviam e as suas ideias para o futuro. Em 2001, já as comunidades indígenas associadas à Warmi levantavam-se com um Programa de Desenvolvimento Indígena extremamente bem-sucedido. Cerca de 60 povoações de Jujuy estavam ligadas através de um sistema de microcrédito. Já não eram apenas mulheres, mas sim cerca de 3600 famílias. Este banco entregou mais de 1 400 000 pesos em 2000 empréstimos.
A organização é auto-sustentável graças às suas empresas e faz alianças estratégicas. O dinheiro é gerido pelos tesoureiros de cada comunidade e deve participar sempre pelo menos uma mulher. "De vez em quando, alguém se atrasa com o pagamento, mas não há um incobrável", diz Florinda Condori, tesoureira da administração central.
Para além do banco, estão as sua próprias empresas e as que ajudam a pôr em marcha com financiamento e formação. Como a de Sal Puna, nas mãos da comunidade de Cerro Negro, uma das mais rentáveis. O tema comum que as atravessa continua a ser a terra em todas as suas dimensões. Sob os seus sapatos gastos por esse solo pedregoso e inóspito, está a chave de tudo. A titularidade dos terrenos que habitam desde tempos imemoriais é uma ferida que continua aberta, e pela qual lutam corpo a corpo. O meio ambiente é outra batalha quotidiana. Ontem foi o cancro do colo do útero. Hoje é o chumbo que contamina o sangue dos seus filhos.
Tudo isto conta Dona Rosario sem largar o telemóvel pequeno e prateado que a acompanha para onde vá, tal como o seu chapéu negro. Em Fevereiro de 2007 esteve na Universidade de Harvard, convidada a contar a experiência da Warmi na Conferência Internacional Bridge Builders. Diz que admira Evo Morales. Viajou para a Bolívia para o ver tomar posse e emocionou-se. Já a convidaram a participar na política, mas ela diz "sirvo mais ao meu povo aqui onde estou".

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Música-Reflexão Bioterra :: Lisa Gerrard - The Messenger



Faltam as abelhas, o Sujeito que nos retire desta sociedade argentária, os ignorantes imperam, há que continuar a insistir na mensagem da transição.

domingo, 18 de setembro de 2011

Homenagem a Victor Jara

Victor eterno, fazendo latir o coração revolucionário de todos os seres humanos lúcidos e inteligentes. Logo após o golpe militar de 11 de setembro de 1973, Jara foi preso, torturado e fuzilado a 16 de Setembro. Seu corpo foi abandonado na rua de uma favela de Santiago. (a minha homenagem). Biografia em português, castelhano e inglês

Canción del Arból del Olvido




El Arado




Dorme Negrito


Por fim deixo-vos com o último poema, Cinco Mil, que Jara escreveu, ainda em cativeiro, pouco antes de ser assassinado e é um testemunho tremendo do terror da ditadura de Pinochet.


Somos cinco mil aquí.
En esta pequeña parte de la ciudad.
Somos cinco mil.
¿Cuántos somos en total
en las ciudades y en todo el país?
Somos aquí diez mil manos
que siembran y hacen andar las fábricas.

¡Cuánta humanidad
con hambre, frío, pánico, dolor,
presión moral, terror y locura!
Seis de los nuestros se perdieron
en el espacio de las estrellas.
Un muerto, un golpeado como jamás creí
se podría golpear a un ser humano.

Los otros cuatro quisieron quitarse todos los temores,
uno saltando al vacío,
otro golpeándose la cabeza contra el muro,
pero todos con la mirada fija de la muerte.

¡Qué espanto causa el rostro del fascismo!
Llevan a cabo sus planes con precisión artera sin importarles nada.
La sangre para ellos son medallas.
La matanza es acto de heroísmo.

¿Es éste el mundo que creaste, Dios mío?
¿Para esto tus siete días de asombro y trabajo?
En estas cuatro murallas sólo existe un número que no progresa.
Que lentamente querrá la muerte.

Pero de pronto me golpea la consciencia
y veo esta marea sin latido
y veo el pulso de las máquinas
y los militares mostrando su rostro de matrona lleno de dulzura.
¿Y Méjico, Cuba, y el mundo?
¡Qué griten esta ignominia!

Somos diez mil manos que no producen.
¿Cuántos somos en toda la patria?
La sangre del Compañero Presidente
golpea más fuerte que bombas y metrallas.
Así golpeará nuestro puño nuevamente.
Canto, que mal me sales
cuando tengo que cantar espanto.

Espanto como el que vivo, como el que muero, espanto.
De verme entre tantos y tantos momentos del infinito
en que el silencio y el grito son las metas de este canto.
Lo que nunca vi, lo que he sentido y lo que siento
hará brotar el momento....

"El amor a la justicia como instrumento del equilibrio para la dignidad del hombre" ~ Jara

sábado, 17 de setembro de 2011

Musica do BioTerra: Homenagem a Mercedes Sosa - Todo cambia

La Negra e uma bela poesia do chileno Julio Numhauser . Os meus sentimentos universais, profissionais e privados:
No estúdio




Ao vivo (que emoção!)



Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
y así como todo cambia
que yo cambie no es extraño


Pero no cambia mi amor
por mas lejos que me encuentre
ni el recuerdo ni el dolor
de mi pueblo y de mi gente

A voz dos "sem voz". Sua preocupação sociopolítica reflectia-se no reportório que interpretava, tendo sido uma das grandes expoentes da Nueva canción, movimento musical com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas marcado por uma ideologia de contestação ao imperialismo norte-americano, ao consumismo e às desigualdade sociais.

Toda a sua biografia e ligações no wikipedia

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Fotografia da Semana

Numa rua de Chelsea, UK

Vejam como também há de muito kitsh e mau gosto em eventos de jardinagem...num dos mais prestigiados encontros de anglojardineiros no 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Quandos as abelhas inspiraram o músico: A. Pasculli: Le Api para oboe e pianoforte (1874)



Um bom dia para tod@s. Procuremos a paz dentro de nós para estarmos em paz e paciência, e assim emergir a criatividade e o colectivo mais forte.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Uranium Filmes - Acidente com radiação de Goiânia com Césio 137



O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente com o Césio-137, foi um grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias das instalações de um hospital abandonado foi encontrado, na zona central de Goiânia, no estado de Goiás. Foi classificado como nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares.

O instrumento, irresponsavelmente deixado no hospital, foi encontrado por catadores de um ferro velho do local, que entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas. O acidente com Césio-137 foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.
Continua: Wikipedia

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Widget da semana : Veja o nível de GEE agora mesmo!



O que o mundo precisa para assistir

O aquecimento global é principalmente o resultado dos níveis de CO2 subindo na atmosfera da Terra. Tanto CO2 na atmosfera e as mudanças climáticas estão se acelerando. Cientistas do clima dizem que temos anos, não décadas, para estabilizar gases de efeito estufa CO2 e outros.

Para ajudar o mundo a ter sucesso, CO2Now.org torna mais fácil para ver o nível mais atual de CO2 e que isso significa. Então, use este site e manter um olho em CO2. Convida outras pessoas a fazerem o mesmo. Então nós podemos fazer mais para enviar CO2 na direção certa.

Assista agora CO2 e saber a pontuação sobre o aquecimento global, praticamente em tempo real.

domingo, 11 de setembro de 2011

A Agricultura Biológica (AB) no Programa Prós e Contras


Presidente da Interbio explicou a AB de forma clara e positiva.

Alfredo Cunhal Sendim, da Herdade do Freixo do Meio, um fantástico projecto de Agricultura Biológica Portuguesa, faz uma das melhores intervenções do programa, demonstrando que a corrente comercial vigente para os produtos agrícolas pode ser diferente da que se instalou no país. Agricultores resilientes e organizados é mesmo o que falta neste canto da Europa...

Conheça as actividades da Interbio

Artigo Científico - Os nossos corpos são um mercado global onde as bactérias fazem comércio de genes

The zoo on your skin. Fonte: tsjok45 blog
Existe um mercado vasto e invisível que nos conecta a todos. Os comerciantes são os trilhões de bactérias que vivem sobre ou dentro de nossos corpos, a commodities são eles trocam genes. Este fluxo de genes em torno de nossos corpos permite que as bactérias evoluem rapidamente novas competências, incluindo as habilidades para resistir a antibióticos, causar a doença, ou quebrar substâncias químicas ambientais.No passado, os cientistas apenas tinham vislumbres desses acordos individuais, mas agora o tamanho total do mercado está-se tornando claro.



Our Bodies Are a Global Marketplace Where Bacteria Trade Genes

sábado, 10 de setembro de 2011

Lilás Postes Mórbidos



Desde tempos medievais e até actualmente os músicos experimentavam colectivamente as suas composições e em festas promoviam as suas canções e os seus hits propagavam-se nas aldeias próximas e havia os bailes. Na entrecuzilhada mais tecno e no séc XXI isso continuará, umas bandas ou temas não ficarão nos cancioneiros nem de portugueses, nem dos islandeses, eu sei lá...algum musicólogo depois fará a história desta explosão de inúmeros nadas que com pequeno conjunto de instrumentos nascem melodias. Umas chegam aos grandes charts de consumo, outras preferem o estatuto indie, outras um aborto e ainda outras pequenas pérolas no universo do youtube. Também chegou a minha vez. Tinha 19 anos e conheci um grupo de amigos, a ideia da banda foi crescendo e foi um poema meu que embaixo reproduzo deu nome à banda. Escolhi este clip porque me faz lembrar o tipo de sonoridade mais próxima dos Lilás Postes Mórbidos, por vezes mais bauhauístas, outras vezes chameloneanos, cureanos e tuxedomoon, sem metais....muito baixo, bateria, caixa de ritmos e guitarra e garra e sonhos e muita independência. Tudo isto porque a banda se inspirou neste poema que o fiz no dia de 18 de Agosto de 1985. Há 27 anos...Bolas, 27 anos!! Ao Pauplonio Sacrilégio, Gusto, Dr. Faustus foi bom conhecer-vos e termos feito concertos. Agora mal nos vemos, mas foram bons momentos. A vida é assim, revolução e evolução. Revolução e evolução até a um funeral, uma imortalidade que ficará nos corações que conseguimos tocar e perpetuar muito mais ou igualmente como os livros, blogues, trabalho profissional e obras de arte.

Lilás Postes Mórbidos

Os meus olhos
ardem copiosos
Mesmo o musgo que escorria
pelos pigmentos ferrosos
garganteia cânticos de paixão

Até mesmo os azulejos em flor
garganteia cânticos
que estilhaçam
em cacos no céu da boca

O sangue mistura-se com força
nas náuseas da minha angústia

No pátio, sinistros
postes mórbidos
acautelam o caixão
grinaldas de rosas sobre lilás
pincelam o manto

Ai a fúria, o ódio, o rancor
profundo e reservado
de já não me pertenceres
embrenharam-se num solene
pranto...

João Paulo Soares, 18.08.85

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Os subsídios da alimentação


Há muito boa gente que ganha com a miséria alheia. O Bank of America e o JP Morgan lucram com subsídios de alimentação emitidos pelo governo americano em 26 estados. É o próprio Christopher Paton a dizê-lo em entrevista.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Aristides de Sousa Mendes - um Grande Português entre os maiores...


Depois de conhecer Aristides de Sousa Mendes, pelo seu heroico feito, resolvi, embora singelamente, prestar-lhe homenagem. É a primeira página no meu sítio da internet, o que considero um tributo a "um Homem tão grande como é grande o mundo". Esta admiração por Aristides Sousa Mendes leva-me a apresentar fotos que tirei em Auschwitz e Birknau, para que a memória não se perca. Ele viveu essa época... a minha é outra... mas, as correntes da história querem branquear o holocausto. No que estiver ao meu alcance lutarei,  para que este ponto negro não seja esquecido. O General Dwight D. Eisenhower, supremo comandante das forças aliadas na II Guerra Mundial disse: "em algum momento ao longo da história, algum idiota vai erguer-se e dirá que isto nunca aconteceu (a isto referia-se ao holocausto). Este horror foi o que Aristides Sousa Mendes conseguiu evitar a inúmeras pessoas (mais ou menos 30.000). É este gesto desta figura ímpar do panorama histórico nacional e internacional que homenageio. Bem-haja, Aristides Sousa Mendes, por cada Homem que salvou.

Mais informações
Aristides Sousa Mendes
Aristides Sousa Mendes (wikipedia pt)
Aristides Sousa Mendes (wikipedia en)

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Alterações Climáticas, Consumismo, Ética - reflexões de Clive Hamilton



Artigos seleccionados- blogue Clive Hamilton

In the standard consequentialist view of climate ethics, the question of whether it is ethically justified intentionally to shift the planet to a warmer or cooler climate depends on an assessment of the costs and benefits of the new state compared to the old one. In this view the natural world is framed as a catalogue of resources for the benefit of humans, there is nothing inherently preferable about the natural state, and there is no moral constraint on humans choosing for the Earth any climate they might prefer. This paper argues that the grip of this kind of “technological thinking” explains why it has been so difficult for humanity to heed the warnings of climate science and why the idea of using technology to take control of the Earth’s atmosphere is immediately appealing. Yet the unique and highly threatening character of global warming renders the standard approach to the ethics of climate change and geoengineering untenable. Recent discoveries by Earth system science itself—the arrival of the Anthropocene, the prevalence of non-linearities, and the deep complexity of the earth’s processes—hint at its inborn flaws. The emerging understanding of the Earth highlights the dangers of technological thinking, evokes a strong sense of humility and suggests a source of moral authority beyond the self-legislating Kantian subject.

Why We Resist the Truth About Climate Change

by Clive Hamilton , November 2010
Global warming science has become a battleground in a wider cultural war, particularly in the United States where rejecting climate science has been seamlessly adopted by right-wing populism—notably by the Tea Party, the movement of those who demand their fair share of injustice. In these circumstances scientific facts are trumped by beliefs, so that climate denial is due more to a surplus of culture than a deficit of information. History can illuminate the present in a way no contemporary analysis can, and this paper draws on three historical episodes to provide a more nuanced understanding of the nature of climate denial. First, the campaign in the 1920s against Einstein’s general theory of relativity provides an uncannily complete template for the conservative attack on climate science eight decades later. Secondly, in many speeches throughout the 1930s Winston Churchill aimed “to prick the bloated bladder of soggy hopes” for enduring peace. But his “alarmist” warnings of Nazi aggression were met with derision. The public was deaf to any messages but reassuring ones. The third episode is less history than historical allegory, that of how the French responded to German occupation. Albert Camus’ 1947 novel The Plague describes the strategies deployed by those trapped in a plague-ridden town to avoid facing up to the truth, and the courage of the few who do.The phenomenon of climate denial suggests that three centuries ago the forces of Enlightenment science had entered into a contingent alliance only with the commitment to a rational social order, and that the “subjectivity” that allowed us to extract Nature’s secrets also gave us the self-certainty to ignore the knowledge if it proved too discomforting.

The Return of Dr Strangelove

by Clive Hamilton , June 2010
In Stanley Kubrick’s 1964 film, Dr Strangelove was the unhinged US general who risked nuclear apocalypse by ordering a first strike against the Soviet Union. The character was modelled on Dr Edward Teller, “the father of the hydrogen bomb”. In the 1990s, Teller and his colleague at the Lawrence Livermore National Laboratory, Lowell Wood (a weapons researcher nicknamed “Dr Evil”), were among the first to advocate responding to global warming by transforming the chemical composition of the Earth’s atmosphere. Taking control of the climate by injecting sulphur particles into the upper atmosphere sounds like science fiction, but there is now a powerful alliance of scientists and venture capitalists backing the idea. It’s endorsed by climate deniers in conservative think tanks, but the public remains mostly in the dark. This paper explores the strange politics of geoengineering.

Two years ago the Australian Labor Party won a decisive election victory in part by riding a public mood demanding action on climate change after years of stonewalling. The new Government promised to spearhead world efforts to reduce greenhouse gas emissions. Today it’s on the run, retreating from a surge of militant anti-climate activism that believes climate science is a left-wing plot aimed at promoting elites, wrecking the economy and screwing the little man. What happened?  This series of five articles appeared on the ABC The Drum website on 22-26 February 2010.

Recent analysis of carbon budgets shows that the timing and scale of emission reductions needed to avert dangerous climate change are well beyond any national policy proposals or anticipated international agreement.There have been two alarming developments in recent years. First, climate scientists are reporting that the scale of damages associated with warming of 2°C is much worse than previously believed, suggesting that more stringent emission cuts are essential. Secondly, global growth in greenhouse gas emissions is much higher than anticipated a few years ago and the world is now on a warming path that is worse than the worst-case scenario. Rather than decarbonising, the world is carbonising at an unprecedented rate.Analysis reviewed in this paper shows that, under the most optimistic assumptions about the timing and extent of global greenhouse gas emission reductions, cumulative emissions over the next few decades will result in atmospheric concentrations reaching 650 ppm of CO2-e, associated with warming of 4°C or more before the end of the century, a temperature not seen on Earth for 15 million years. It now seems almost certain that, if it has not occurred already, within the next several years enough warming will be locked into the system to set in train positive feedback processes that will overwhelm any attempts to cut back on carbon emissions. Humans will be powerless to stop the shift to a new climate on Earth, one much less sympathetic to life.

Humanity’s ability to adapt physically to a warming globe will depend in part on how well people adapt psychologically. So how will humans adjust to or cope with the threat associated with a world under a radically transformed climate? While varying among individuals and societies, many people will experience threats related to: the well-being and survival of descendants; the state of the planet, including its natural wonders and biological diversity; and the stability and progress of the societies in which they live. Extensive social scientific research into human reactions to threats provides some insights into the psychological strategies humans are likely to adopt to defend against or manage the unpleasant emotions associated with “waking up” to the dangers of a warming globe. The emotions include fear, anxiety, guilt, anger, anguish, sadness, depression and helplessness. Likely coping strategies include denial strategies, maladaptive coping strategies and adaptive coping strategies.

William Nordhaus is perhaps the most influential US economist in the global warming debate. While climate scientists are calling for urgent and strong action, he has been urging a cautious response, stressing the high costs of cutting emissions and the uncertainties associated with climate change. This paper argues that his latest proposal for a carbon tax, based squarely on neoclassical economic assumptions, contravenes agreed international principles, exposes the environment to risk, accords unwarranted privilege to private over public decisions and would result in more years of delay before the world responds.


Death rattles of climate change skeptics

by Clive Hamilton , May 2008
With the sharp turn in public opinion and the election of the Rudd Government, it was fair to expect the climate skeptics would become quiescent. But, no, new amateur climate scientists think they know better than the experts. The latest to regurgutate the same old lines is Don Aitkin. (published in New Matilda 19 May 2008)

A comment, published in Crikey, on the 2008 budget of the new Labor Government.

Will the budget remake Howard's Australia

by Clive Hamilton , May 2008
What does the budget, and the reaction to it, tell us about the long-term effects of 11 years of Howard's cultural revolution? (Published in Crikey.)

No free permits for coal-fired power plants

by Clive Hamilton , March 2008
"Exempting the coal-fired electricity generators from the emissions trading system would be like imposing a tax on cigarettes then exempting smokers from paying it. ..." (Published in Crikey.)

Observations on Late Consumer Capitalism

by Clive Hamilton , June 2007
"Today, most people in rich countries seek proxy identities in the form of commodity consumption, consumer capitalism’s answer to the search for meaning. The hope for a meaningful life has been diverted into the desire for higher incomes and more consumption. Why do we succumb? ... " (Published in Australian Quarterly.)

Why Consumer Capitalism Loves Waste

by Clive Hamilton , October 2005
Hamilton outlines the problems associated with living in an economy built on the continuous production of ever-growing piles of waste, generated by unnecessary consumption. Alarming figures about how much we actually waste strengthen the argument.

Review of Jeffrey Sachs' "The End of Poverty"

by Clive Hamilton , July 2005
This book could be subtitled, My Amazing Adventures as an International Economic Guru. Having saved Bolivia from the perils of hyperinflation (when he was just 30) and rescued Poland and Russia from the deadweight of communism, our superhero has now set himself the biggest challenge of all − delivering the world from the curse of poverty. ... (The Age)

The Social Psychology of Climate Change

by Clive Hamilton , September 2002
This paper to the national Academies Forum on ‘Climate and Culture in Australia’ addresses the social and psychological reponse to the threat of climate change and environmental damage. Given that we have some cognitive understanding of the situation, it is a wonder that we are not moved to action to try to combat it, but unstead stick our heads in the sand. We are in a state of denial which must be overcome.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Curta-metragem da Semana: The American Dream


Cinco estrelas. Uma perspectiva para compreender a dividocracia, plutocracia e oligarquias financeiras que estão a controlar os nossos movimentos, acelerar as nossas vidas e a alienar tudo (bens materiais e imateriais) e no fundo privar-nos da liberdade.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

União Europeia não passa de uma URSS mais ocidentalizada - acusa Vladimir Bukovsky que passou vários anos em campos de trabalho forçados e prisão psiquiátrica



Vladimir Bukovsky passou muitos anos em campos de trabalho e prisões psiquiátricas russas para defesa dos direitos humanos. Ele veio para a Grã-Bretanha em 1976. Já deu palestras e escreve sobre o antigo sistema soviético e da UE.
Cuidado, este documentário não é apenas sobre a Europa, há outros monstros como este foram criados em todo o mundo. NAU, UNASUL, Asean, União Africana . É exatamente como o mapa do mundo de 1984. O nome do jogo é a Nova Ordem Mundial, mas não é nova, não é ordem é, caos e não traz nada de boas intenções para o mundo.

Saber mais sobe Vladimir Bukovsky
Wiki

domingo, 4 de setembro de 2011

Encontros Improváveis: Eugénio de Andrade (Uma abelha) e Madrugada (Honey Bee)

Madrugada - Honey Bee

Uma abelha, dessas que dizem ser italianas, entrou pela janela, obstinou-se em escolher-me, pousa-me no ombro, descansa de seus trabalhos. Lisonjeado com aquela preferência, comecei a amá-la devagar, retendo a respiração, com receio que não tardasse a dar pelo seu engano, que cedo viesse a descobrir que não era eu a haste de onde se avistam as dunas. Mas o seu olhar tranquilizava, era calma ondulação do trigo. Agora só uma interrogação perturbava a minha alegria – comigo, como é que faria o seu mel? [Eugénio de Andrade]

1. Johan Rockström - Os nove limites físicos do planeta Terra (conferência TED)
Link 1

2. Animação da semana: 300 anos de energia fóssil em 300 segundos (300 Years of FOSSIL FUELS in 300 Seconds)
Link 2

3. Entrevista: A ecologia radical de Slavoj Žižek - Roda Viva - Fevereiro de 2009
Link 3

sábado, 3 de setembro de 2011

Capitalismo Bestial Ataca nas Ruas, por David Harvey




"Uma economia política de saqueio das massas, de práticas predatórias que chegam ao assalto à luz do dia, sempre contra os mais pobres e vulneráveis, os simples e desprotegidos pela lei – isso é hoje a ordem do dia. Alguém ainda crê que seja... possível encontrar um capitalista honesto, um banqueiro honesto, um político honesto, um comerciante honesto ou um delegado de polícia honesto? Sim, existem. Mas só como minoria, que todos os demais consideram idiotas. Seja esperto. Passe a mão no lucro fácil. Fraude, roube! A probabilidade de ser apanhado é baixa. E em qualquer caso, há muitos meios para proteger a fortuna pessoal e impedir que seja tocada pelos golpes das corporações.

Tudo isso, dito assim, talvez choque. Muitos de nós não veem, porque não queremos ver. Claro que nenhum político atreve-se a dizer essas coisas e a imprensa só publicaria, se algum dia publicasse, para escarnecer de quem dissesse. Mas acho que todos os que correm pelas ruas agitando a cidade sabem exatamente a que me refiro. Estão fazendo o que todos fazem, embora de modo diferente – mais flagrante, mais visível, nas ruas. O Thatcherismo despertou os instintos bestiais do capitalismo (o “espírito animal” do empreendedor, como o chamam timidamente) e, desde então, nada surgiu que os domasse. Destruir e queimar é hoje a palavra de ordem das classes dominantes, de fato, em todo o mundo."

Ler tudo nesta crónica Capitalismo Bestial Ataca nas Ruas por David Harvey. O artigo está transcrito completo nesta postagem. David Havey é Professor Emérito do Graduate Center da City University of New York. Artigo publicado originalmente no blog Counter Punch.

Página Oficial
David Harvey

Todas as postagens de David Harvey no Bioterra

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Contributos para o ambientalismo Português: José de Almeida Fernandes

José de Almeida Fernandes: Entre o sonho e o cepticismo 
2010-07-28

A história do Ambiente em Portugal entrelaça-se com a vida de José de Almeida Fernandes, embora o professor jubilado passe muitas vezes despercebido como figura pública. A poucos dias de fazer 80 anos, Almeida Fernandes recebeu o Prémio Carreira Fernando Pereira 2009/2010, pelo trabalho ambiental de uma vida, que o levou a perder muitos dos sonhos em prol do cepticismo.
A postura é defensiva. Denomina-se como «ambientalista céptico» nas páginas no livro que publicou, em 2002, com o título «Do Ambiente Propriamente Dito – Considerações pouco canónicas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento Humano». E é a partir do cognome com que se auto-proclamou que analisa as sucessivas falhas na protecção da Natureza, em Portugal. O papel do Instituto de Conservação da Natureza, a Lei-Quadro de Conservação da Natureza ou a Estratégia Nacional neste domínio são dissecados ao longo do livro, numa prosa que não se verga ao politicamente correcto.
Porque Almeida Fernandes sabe do que fala. Se no período prévio ao 25 de Abril a sua carreira passou essencialmente pela investigação e docência, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Revolução dos Cravos muda completamente o quadro político, permitindo que o professor passe para funções de decisor na área do Ambiente. Desde técnico da Comissão Nacional do Ambiente, dirigindo a Estratégia Europeia de Conservação da Natureza, até fundador e presidente do INAmb, Instituto Nacional do Ambiente, passando pelo cargo de presidente do Serviço Nacional de Parques e Reservas Naturais. Os cargos sucedem-se fazendo jus ao carácter de ambientalista convicto com que sempre pautou o seu caminho.
A educação ambiental é uma das grandes prioridades do professor, mas foi a Arrábida o seu primeiro amor. “A Serra da Arrábida: seu interesse botânico perante o turismo” foi o primeiro trabalho publicado, no distante ano de 1954, no Boletim da Sociedade Portuguesa de Ciências Sociais. A partir de então seguiu a área da entomologia e chegou a ser o naturalista responsável pela supervisão do Museu Bocage (secção de Zoologia e Entomologia do Museu Nacional de História Natural).
A sua voz ecoou na rádio, através do programa “O Homem e o Ambiente” para a Emissora Nacional , e as suas palavras estão espalhadas em mais de 30 artigos científicos. Hoje recebe o Prémio Carreira Fernando Pereira, num reconhecimento pelos seus anos de carreira em prol do Ambiente. O sócio número 127 da Liga Portuguesa para a Natureza (LPN), onde é actualmente membro do Conselho Técnico, continua tão crítico da política ambiental como o foi em 2002. Mas o sonho ambientalista não o abandonou, de certeza. «Como seria o nosso mundo humano se não existissem sonhadores e seguidores dos sonhos?», questiona, no seu livro “Do Ambiente Propriamente Dito”.

Livro
Um Futuro Para O Nosso Ambiente

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Oxfam Espanhola publica um mapa interactivo que mostra as zonas mais vulneraveis pela especulação dos preços dos alimentos





Oxfam (Intermón Oxfam em Espanha) publicou um novo mapa interactivo  (ver- é impressionante) mostrando as áreas mais vulneráveis, dos preços dos alimentos nos países mais pobres do mundo. Esta ferramenta é parte da campanha de ONGs CRESCE ", que visa alterar o nosso sistema alimentar falhou." "Os preços excepcionalmente altos de alimentos punir os rendimentos dos pobres, que devem gastar uma parcela ainda maior dos seus recursos à alimentação. Também levar à instabilidade e violência ao redor do mundo", disse o diretor-geral da Oxfam, Jeremy Hobbs.

O mapa mostra os países que são altamente vulneráveis ​​aos aumentos de preços e outros que mostra que o pico dos preços contribuiu para a violência ou distúrbios, ou que sofreram eventos climáticos extremos que têm contribuído para o aumento dos preços. "Nas comunidades mais pobres do Iêmen para a Bolívia, a pressão que a volatilidade dos preços dos alimentos produzidos é mais do que óbvio, e ainda os líderes mundiais estão tomando medidas não sejam proporcionais à gravidade do problema", alertou Harp.

Os preços dos alimentos mantiveram-se perto de seu recorde desde o final de 2010, o que piorou a pobreza de milhões de pessoas. "Depois de décadas de progresso constante na luta contra a fome, o número de pessoas sem o suficiente para comer novamente aumentar, e pode em breve chegar novamente a figura aterradora de um bilhão", lamentou Oxfam. Os líderes das nações do G-20 "patches têm apenas propostas para corrigir o problema, dando pouca esperança para as comunidades que sofrem", disse a organização.

Actua agora!

Assina a petição 


Fonte: Eroski Consumer