quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Reino Unido: fundos de investimento rotulam-se de 'verdes' mas financiam empresas de combustíveis fósseis


Os principais fundos de investimento disponíveis para os consumidores britânicos estão a comercializar-se a si próprios como "sustentáveis" e "éticos", mas financiam empresas de combustíveis fósseis. Muitos gestores de ativos estão a utilizar termos "verdes" na sua marca, apesar de investirem em gigantes petrolíferos, com o pior desempenho a ser um fundo gerido pela BlackRock, revela uma reportagem da revista Ethical Consumer.

Na Cimeira Climática da ONU, Urgewald, Stop EACOP, Oilwatch Africa, Africa Coal Network, 33 outras ONGs africanas e BankTrack divulgaram o relatório "Quem está a financiar a expansão dos combustíveis fósseis em África?" O relatório identifica 200 empresas que estão a explorar ou a desenvolver novas reservas de combustíveis fósseis ou a desenvolver novas infra-estruturas fósseis, tais como terminais de gás natural liquefeito, gasodutos ou centrais elétricas alimentadas a gás e a carvão em África.Altos funcionários do Departamento de Ambiente do Novo México demitem-se rotineiramente para irem trabalhar para os laboratórios de armas nucleares, para o Departamento de Energia, ou para os contratantes do DOE. Em alguns casos, foi de onde eles vieram para começar. Jay Coghlan, Nuclear Watch.


16 municípios porto-riquenhos estão a processar a Chevron, ExxonMobil, Shell, e outros para os indemnizar pelos danos da época de furacões de 2017, que foi exacerbada pelas emissões de combustíveis fósseis responsáveis pelo aquecimento global. KENNY STANCIL, Common Dreams.A Nuclear Free WA protestou no exterior da assembleia geral anual da Deep Yellow contra os planos da empresa para extrair urânio em Mulga Rock, a noroeste de Kalgoorlie, Austrália. Sam Wainwright, Green Left.

A Nuclear Free WA protestou no exterior da assembleia geral anual da Deep Yellow contra os planos da empresa para extrair urânio em Mulga Rock, a noroeste de Kalgoorlie, Austrália. Sam Wainwright, Green Left.

Livro - "Políticas da natureza: Como associar as ciências à democracia" de Bruno Latour


E-Livro: Politics of Nature: How to Bring the Sciences into Democracy

Há quase trinta anos, o sociólogo, antropólogo e filósofo francês Bruno Latour vem se dedicando a refletir sobre o casamento, não livre de adversidades, da ecologia com a política. Se não é exatamente recente o boom dos movimentos engajados em ativismo ambiental, é preciso trazer ao debate a questão: diante das transformações climáticas, das agressões sistemáticas das quais o planeta padece, eles têm conseguido efetivo encaixe político? A ecologia política é capaz, afinal, de dar conta desse delicado desafio?

Uma obra importante de um dos pensadores mais inovadores do séc. XX, "Política da natureza", publicado em 1999, não faz nada menos do que estabelecer o contexto conceitual para a ecologia política — transplantando os termos da ecologia para um solo filosófico mais fértil do que seus proponentes imaginaram até agora. Bruno Latour anuncia o seu projeto dramaticamente: “A ecologia política não tem nada a ver com a natureza, essa mistura de filosofia grega, cartesianismo francês e parques americanos”. A natureza, afirma ele, longe de ser um domínio óbvio da realidade, é uma forma de montar a ordem política sem o devido processo. Assim, seu livro propõe o fim da velha dicotomia entre natureza e sociedade – e a constituição, em seu lugar, de um coletivo, uma comunidade incorporando humanos e não-humanos e construindo sobre as experiências das ciências como elas são realmente praticadas.

Numa crítica da distinção entre facto e valor, Latour sugere uma redescrição do tipo de filosofia política implicada em tal divisão de “senso comum” – que aqui se revela como distintamente incomum e de fato fatal para a democracia e para um desenvolvimento saudável das ciências. Indo além das instituições modernistas de “mononaturalismo” e “multiculturalismo”, Latour desenvolve a ideia de “multinaturalismo”, uma coletividade complexa determinada não por especialistas externos que reivindicam razão absoluta, mas por “diplomatas” que são flexíveis e abertos à experimentação.

Metade dos regimes democráticos em todo o mundo em declínio

Um em cada dois regimes democráticos em todo o mundo está em declínio, fragilizado por problemas de legitimidade, limitações de liberdades essenciais ou por ausência de transparência, revela um relatório que vai ser hoje apresentado.


O mais recente relatório sobre o Estado Global das Democracias, relativo ao ano de 2021, do Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA), que vai ser hoje apresentado num evento público, indica que o número de países democráticos em regressão é o mais elevado da última década.

"O número de países a nível mundial que avançam na direção do autoritarismo excede o dobro do número de países que avançam numa direção democrática", acrescenta o relatório, que mostra que mesmo democracias estabelecidas, como a norte-americana, estão hoje a braços com problemas que minam a sua credibilidade junto dos eleitores.

Nos últimos cinco anos, o progresso das democracias a nível global tem estagnando nos índices destes relatórios do IDEA, verificando-se mesmo algumas regressões e, em vários parâmetros, não estão melhores do que em 1990.

O relatório do IDEA mede o desempenho democrático de 173 países desde 1975 e procura fornecer um diagnóstico sobre o estado das democracias em todo o mundo.

"Estamos perante uma situação muito grave. Mesmo países com sistemáticos bons resultados nos índices refletem quedas, provando que há um problema global com as democracias", disse à Lusa o secretário-geral do IDEA, Kevin Casas-Zamora.

O declínio da democracia global reflete-se em diferentes parâmetros, incluindo a credibilidade dos resultados eleitorais, restrições às liberdades cívicas e de expressão, a desilusão dos jovens com a atividade política.

Quando os investigadores do IDEA procuram encontrar causas para o declínio dos regimes democráticos detetam explicações no afastamento dos eleitos perante os problemas reais dos eleitores, o aumento da corrupção e a ascensão de partidos demagógicos e populistas que polarizam e radicalizam a atividade política.

Ao mesmo tempo, o relatório deste ano mostra que os regimes autoritários são cada vez mais numerosos e estão a aprofundar a sua atividade repressiva, tendo 2021 sido o pior ano de que há registo.

"Mais de dois terços da população mundial vivem agora em democracias em regressão ou sob regimes autoritários e híbridos", conclui o relatório, que ainda assim deixa alguns sinais de otimismo, relativamente ao cenário político global.

"As pessoas estão a unir esforços de forma inovadora, para renegociar os termos dos contratos sociais, pressionando os seus governos a satisfazer as exigências do século XXI, desde a criação de estruturas comunitárias de cuidados infantis, na Ásia, até às liberdades reprodutivas na América Latina", conclui o estudo do IDEA.

Em declarações à Lusa, o secretário-geral deste instituto com sede em Estocolmo reconheceu que há muitos casos interessantes de atividade cívica, como os movimentos ambientais, as manifestações a favor dos direitos das mulheres no Irão ou os protestos políticos na Tailândia, revelando que "os cidadãos mostram vontade de ultrapassar os limites do politicamente possível".

"Os próximos anos vão ser desafiantes", garante Casas-Zamora, lembrando que "ao contrário do que os pessimistas democráticos podem sugerir, os regimes autoritários e os sistemas alternativos de governação não superaram o desempenho dos seus pares democráticos".

Ainda assim, o relatório sobre a saúde das democracias no planeta apresenta indicadores preocupantes para quem acredita nesta forma de regime político, como o facto de, no final de 2021, metade dos 173 países avaliados terem revelado declínio em pelo menos um dos atributos democráticos.

Na Europa, por exemplo quase metade de todas as democracias, num total de 17 países, sofreram erosão nos últimos cinco anos, e Portugal não foi exceção, depois de, em 2020, ter registado uma queda em três dos parâmetros que medem a qualidade das democracias.

Portugal, apesar de tudo, mantém-se como uma democracia saudável e partilha com outros países europeus algum défice na componente da corrupção e na falta de maior abertura à participação dos cidadãos nas decisões governativas.

Nos continentes asiático, africano e sul-americano persistem problemas sistémicos e históricos de graves défices democráticos, com países como Afeganistão, Bielorrússia, Comores ou Nicarágua a repetir desempenhos de declínio dos parâmetros democráticos.

"A democracia não parece estar a evoluir de uma forma que reflita a rápida evolução das necessidades e das prioridades. As melhorias são pouco significativas, mesmo nas democracias em que se regista um desempenho de médio ou alto nível", conclui o relatório.

O documento do IDEA recomenda uma série de medidas políticas para renovar e reativar os regimes democráticos, nomeadamente com a adoção de contratos sociais mais equitativos e sustentáveis, com reformas das instituições políticas e com o fortalecimento das defesas contra o autoritarismo.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

G20: agora, já é às claras



Há duas semanas realizou-se a reunião anual do G20, em Bali, com a participação dos inefáveis e não-eleitos Klaus Schwab e Bill Gates, todos vestidos ao melhor estilo de ditadores comunistas.

Os líderes das 20 maiores economias do Mundo, coadjuvados pelas duas luminárias, assinaram o seguinte compromisso, muito bem sintetizado por Kit Knightly no OffGuardian:

1 – Alterar a produção e distribuição de alimentos;
2 – Incrementar a dependência global de fontes de energia “renováveis”;
3 – Aumentar a vigilância e a censura da “desinformação” na Internet;
4 – Introduzir moedas digitais programáveis dos Bancos Centrais;
5 – Introduzir passaportes digitais de vacinas, com base “na experiência” da putativa pandemia covid-19.

Enquanto andávamos todos distraídos com os dislates do prócere máximo da República, com a reconquista de Kherson pelas tropas ucranianas e com o míssil “russo” na Polónia, os principais líderes mundiais, com base nas ordens dos não-eleitos Klaus Schwab e Bill Gates, discutiam, combinavam e publicavam os seus planos para o Governo Mundial.

Os participantes destes encontros globais já não escondem os seus planos. Desde a putativa pandemia que os seus planos maquiavélicos para o futuro da Humanidade são públicos e contêm todos os detalhes que nos esperam.

Antes de me debruçar sobre os detalhes do compromisso, importa mencionar novo lema: “Recuperar Juntos, Recuperar Mais Forte”, isto depois do infame “Reconstruir Melhor”. O colectivo acima do indivíduo, tal como uma utopia socialista, onde cada membro não é mais do que uma peça da engrenagem para rumar à “Terra Prometida”.

Daqui a uns meses estarão todos em uníssono a repetir “Recuperar Juntos, Recuperar Mais Forte”, incluindo o fugitivo do pântano nas Nações Unidas.

Vamos então ao compromisso do G-20; em sequência da “Cimeira do Clima”, a COP27, onde se falou de “agricultura alternativa” – carne cultivada em laboratório e produção em massa de insectos para alimentação humana-, o documento volta a debruçar-se sobre o tema:

“Vamos tomar mais acções coordenadas para enfrentar os desafios da segurança alimentar, incluindo aumentos de preços e escassez de produtos alimentares e fertilizantes a nível mundial… assegurar que os sistemas alimentares contribuam para a adaptação e mitigação das alterações climáticas, travem e invertam a perda de biodiversidade, diversificando as fontes alimentares… Estamos empenhados em apoiar a adopção de práticas e tecnologias inovadoras, incluindo a inovação digital na agricultura e nos sistemas alimentares para aumentar a produtividade e a sustentabilidade.”

Passemos a fazer um exercício de tradução: (i) onde está a expressão “mitigar a mudança climática”, deveria ser “produzir menos carne”; (ii) onde está a frase “diversificando as fontes alimentares”, deveria estar “diversificando as fontes alimentares com a produção massiva de insectos”; (iii) onde consta “práticas e tecnologias inovadoras”, deveria ter sido escrito “de tecnologias de produção em laboratório”.

Em relação à produção de energia, mais do mesmo, os gases com efeito de estufa continuam a ser o alvo a abater:

“Reiteramos o nosso compromisso de alcançar uma redução global das emissões líquidas de gases com efeito de estufa/ neutralidade de carbono…aumentando a implantação da produção de energia limpa, incluindo as energias renováveis, bem como medidas de eficiência energética, incluindo a aceleração dos esforços para a redução gradual da energia que usa carvão.”

O Santo Ofício era uma brincadeira de crianças ao lado destes “Senhores do Mundo”. Propõem controlar a Internet com maior rigor; tudo, obviamente, em nome da nossa segurança!

“Reconhecemos que uma conectividade digital acessível e de alta qualidade é essencial para a inclusão e a transformação digital, enquanto um ambiente online resistente, seguro e protegido é necessário para aumentar a confiança na economia digital… Reconhecemos a importância de combater campanhas de desinformação, ameaças cibernéticas, abusos online e garantir a segurança nas infraestruturas de conectividade”.

O combate ao dinheiro físico continua a ser uma obsessão. O lançamento de Moedas Digitais dos Bancos Centrais constitui agora a prioridade máxima!

“Saudamos o relatório do Banco SIS (o Banco Central dos Bancos Centrais) sobre a interligação dos sistemas de pagamento… sobre opções de acesso e interoperabilidade das Moedas Digitais dos Banco Central para pagamentos transfronteiriços.”

A melhor parte estava reservada para o fim: os certificados digitais, instrumentos de segregação, justificados com a mais despudorada mentira, beneficiaram de um tremendo panegírico:

“Reconhecemos a importância de normas técnicas e métodos de verificação comuns…para facilitar as viagens internacionais sem descontinuidades, a interoperabilidade, e o reconhecimento de soluções digitais e não digitais, incluindo a prova de vacinação. Apoiamos a continuação do diálogo e colaboração internacionais no estabelecimento de redes de saúde digitais globais de confiança.”

Que bons que são eles! Querem atribuir-nos direitos que já estão inscritos na Carta dos Direitos Humanos. Se nos inocularmos com as substâncias experimentais, passamos a ter liberdade de locomoção. A nossa privacidade é enviada definitivamente para o caixote de lixo. Passaremos a apresentar “os papéis”, tal como na Alemanha Nazi, em cada “check-point” que estes tiranetes decidam impor.

Anteriormente, uma pandemia era algo que existia uma vez na vida de uma pessoa. Agora está aí ao virar da esquina, temos de nos preparar para próxima – dizem eles –, aproveitando o legado dos certificados-nazi covid-19.

De uma coisa estaremos certos, por aqui esta agenda será fácil de implementar.

Há pouco tempo, o prócere máximo da República até nos anunciava que a bola era mais importante que os direitos humanos; estes podiam ficar para mais tarde. Quando reparou que tinha enfiado o “pé-na-poça”, proclamou que ia ao Qatar falar de direitos humanos!, isto vindo de alguém que solicita uma revisão constitucional para legalizar precisamente atropelos aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos que ele jurou proteger.

No Qatar, até o tivemos a dar lições de moralidade, quando no país que preside, os direitos humanos são sistematicamente violados, em alguns casos até por si validados: confinamentos ilegais, prisões domiciliárias ilegais, imigrantes estrangeiros em escravatura, um sem fim de misérias!

Até o tivemos numa aula de “religião e moral” nas Arábias, onde segundo a obnóxia imprensa, seríamos um país-modelo, com os dirigentes do país dos “atentados aos direitos humanos” a assistir satisfeitos. Isto tudo num inglês que ninguém compreende. Talvez por isso dormiam e aplaudiam enquanto ele falava.

No final, dirigiu-se para o estádio, informando-nos que estaria “concentrado no jogo” a partir daquele momento! Com tais líderes, a agenda de Klaus Schwab e Bill Gates será uma realidade em breve!

Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário

Organizações pedem ao Governo o fim dos óleos de palma e de soja nos biocombustíveis em Portugal


Mais de 30 organizações ambientalistas e cívicas que representam povos indígenas e a sociedade civil do Brasil, Indonésia e Europa instam o Governo a abandonar a importação e o uso de óleos de palma e de soja nos biocombustíveis consumidos em Portugal.

Numa carta aberta endereçada ao Primeiro-ministro António Costa, ao ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, e ao Secretário de Estado da Energia, João Galamba, as organizações “apelam ao Governo da República Portuguesa que aceite a proposta do Parlamento Europeu no sentido de eliminar no curto prazo os biocombustíveis produzidos a partir de óleos de soja e de palma, defendendo esta posição nas próximas negociações do trílogo sobre a Diretiva das Energias Renováveis da UE (RED, sigla em Inglês)”, salientam em comunicado.

Os signatários consideram que vivemos “um momento decisivo para a Europa, para o Brasil e para a Indonésia” e que o mundo tem o seu alcance “uma oportunidade histórica para garantir que as políticas Fit for 55 contribuam realmente para mitigar a crise climática, para proteger a biodiversidade e para garantir os direitos dos povos indígenas, incentivando o uso de energias limpas, tanto na Europa como no resto do mundo”.

As 33 organizações destacam o “uso da soja e da palma para a produção de biocombustíveis” é a causa de “inúmeros” problemas, entre eles o aumento da procura por produtos derivados da soja e da palma que “levaria à conversão de ecossistemas naturais ricos em carbono, como é o caso das florestas tropicais e das turfeiras, em solos agrícolas”, e que “algumas das áreas do mundo com maior biodiversidade biológica serão substituídas por plantações monoculturais”.

Avisam também que “o aumento da procura por terra para a produção de soja e palma no Brasil e na Indonésia provoca conflitos territoriais graves com os povos indígenas e outras comunidades locais, cujas terras são invadidas pelas plantações em expansão”. E esses confrontos “impedem a gestão sustentável das florestas tropicais e outras zonas e levam à violência contra os nossos defensores do ambiente e à violação dos direitos humanos, assim como à destruição dos nossos meios de subsistência”.

Por fim, explicam que quanto maior for a procura pela soja e pela palma para integrarem os biocombustíveis, maior serão também os preços dos óleos alimentares vegetais e a sua escassez nos mercados mundiais. Por isso, “acreditamos firmemente que os solos agrícolas devem ser utilizados para a produção de alimentos e não para produzir combustíveis que são queimados nos nossos veículos”, argumentam as organizações, acrescentando que “numa situação em que a escassez de alimentos pode ser uma realidade global, é fundamental ter isto em consideração”.

As organizações que assinam a carta aberta ao Governo português defendem que a certificação dos produtos de soja e de palma não é a solução, que só poderá passar pela eliminação, “o mais rapidamente possível”, de biocombustíveis feitos a partir desses produtos vegetais.

E dizem que é fundamental “eliminar a soja e a palma dos nossos combustíveis de forma simultânea”, pois se apenas “abandonarmos o óleo de palma, o mais provável é que venha a ser substituído por soja na produção de biocombustíveis, deslocando assim os problemas de um local para o outro, sem os resolver”.

Assim, pedem aos três governantes “para estarem à altura das circunstâncias ao adotarem o abandono imediato e simultâneo da soja e da palma nos biocombustíveis da Europa, como proposto pelo Parlamento Europeu, para que as políticas sobre as energias renováveis contribuam para um futuro sustentável, ao invés de expor os nossos países e povos a um aumento da desflorestação e à violação dos nossos direitos básicos”.

Livro - "Goodbye Phone, Hello World" de Paul Greenberg

Nesta conferência a investigadora  Suzanne Simard mostra como as árvores se comunicam umas com as outras, mesmo sendo de espécies e sistemas diferentes. Elas formam uma rede de comunicação semelhante ao das redes de neurónios do nosso cérebro e a sincronicidade do universo.


"The more we learn about the lives of the life around us the more we see how narrow the digital peephole tech has given us to nature. Why does a tree bearing one taxonomic name sometimes communicate with a tree of another name beneath the soil’s surface? Why do trees send out chemical signals into the air that seem to be understood by the forest at large? Why does our own blood pressure drop when we find ourselves in the company the coniferous and deciduous, our own troubled thoughts outnumbered by the seemingly better wishes of the woods?
We don’t know. And we can’t come to know by LeafSnapping our way through nature. For that kind of understanding we need to spend time with a wisdom that is bigger than the most powerful microprocessor. Dull as it might seem in the moment, getting to really know the lives of organisms as they live them might just lead us to a more exciting understanding of our place in the universe.
And so, next time you’re in the woods, try putting your phone in your pocket. Better yet, leave it at home. If a moment of boredom washes over you, let it wash. The forest is waiting to bathe you with a different kind of tonic. But to get that particular bath, you have to be naked enough to receive the waters."- Paul Greenberg

Disconnect- Connect with Nature- Respect- Wisdom- Forests.

Seco há 50 anos, o Aqueduto de Lisboa vai ser reativado — a água vai voltar a circular


O Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa, foi desativado em 1973 devido à diminuição dos caudais das nascentes. Mandado construir por D. João V no século XVIII, ergue-se sobre o vale de Alcântara, localização que lhe permitiu sobreviver ao terramoto de 1755.

Após cinco décadas a seco, o aqueduto voltará a ter água já a partir de 2023, anunciou a Empresa Portuguesa de Águas Livres (EPAL) na sexta-feira, 25 de novembro. O circuito vai voltar a ser ativado graças ao reaproveitamento de águas, que serão posteriormente utilizadas para regar jardins na Amadora e em Lisboa.

A partir do próximo ano, também será possível fazer todo o percurso do monumento nacional, do Aqueduto geral até à Mãe d’Água das Amoreiras, além da já conhecida travessia do Vale de Alcântara. À galeria subterrânea Loreto, que já está aberta ao público, deverão juntar-se as restantes quatro galerias que fazem parte do sistema.

As novidades não ficam por aqui: a empresa também irá instalar 200 bebedouros pela cidade. Os primeiros 50 já estão instalados, sendo que os restantes deverão estar prontos até ao final do primeiro semestre de 2023.

O lago do Jardim do Príncipe Real, que foi “concebido e organizado à volta de um grande lago octogonal com repuxo”, também será reabilitado. Segundo a EPAL, o lago funcionará em circuito fechado de água para uma maior poupança de água.

Outros dos projetos da EPAL que prometem revolucionar a vida em Lisboa são a reabilitação do Reservatório da Penha de França, a instalação de painéis fotovoltaicos em recintos da empresa em Lisboa, a construção de um novo edifício na Rua José Gomes Ferreira, em Campos de Ourique, com habitação e escritórios, e reabilitar o edifício do Páteo do Tronco, na Avenida da Liberdade, para criar dois tipos de unidades de alojamento que possam ser utilizadas por estudantes.

Livro: Thomas Mann - "A Montanha Mágica"


Uma intensa reflexão sobre a vida humana. Reli com imenso gosto e é muito actual.

Lodovico Settembrini é um personagem fundamental neste livro. Italiano, homem do sul, ele é sonhador, muito crítico, lutador pela liberdade. Talvez o contraponto com o espírito alemão. Ele é, sem dúvida nenhuma, o representante do lado otimista do ser humano, da visão crítica e livre da existência. Para ele, a vontade e a força humana (haverá algo de Schopenhauer?) são capazes de enfrentar qualquer poder e a própria natureza, apontando como exemplo a forma como Voltaire se recusou a aceitar o terramoto de 1755. Não é, no entanto, um hedonista; é um humanista que defende o primado do espírito. Mas um espírito livre, longe do “obscurantismo cristão”. Ele é o único que aconselha Hans a abandonar o sanatório. Muito crítico em relação à medicina, ele considera que Hans tem de optar pela liberdade.
No entanto, a prisão de Hans Castorp já não é só o sanatório; é também Clavdia. A sua paixão começa precisamente quando adoece. O amor surge associado à doença e à tristeza: “Le corps, l’amour, la mort, ces trois ne font qu’un », diz Clavdia. Thomas Mann introduz aqui uma forte imagem simbólica: a recordação que Hans guardará de Clavdia será a sua radiografia.
À medida que a obra avança, o tempo vai-se tornando uma obsessão; o drama da sucessão dos anos, o ritmo das estações do ano; a nostalgia de um verão em que os dias vão sendo cada vez mais curtos…
Setembrini, maçónico, é o adepto fiel do progresso, da civilização e do humanismo. É um pacifista mas contra a Áustria admite todas as guerras… Lentamente, estas ideias vão influenciando o espírito jovem de Joacquim Ziemssen, o aspirante a militar; pouco lhe interessam as reflexões e os assuntos da alma.
Hans, por seu turno, vai-se tornando cada vez mais reflexivo.
Leo Naphta, o jesuíta de família judaica, é um personagem fortíssimo, que surge a meio do livro. Ele é um nacionalista que advoga o valor da guerra e anuncia o conflito mundial que se aproximava. Defende o nacionalismo por oposição a um certo humanismo cosmopolita.
Nafta é um conservador revoltado: a sua família fora martirizada por serem semitas e o jovem Leo haveria de seguir o rumo jesuítico mais por revolta do que por convicção, depois de ter lido Marx. No entanto, foi a doença que o impediu de seguir uma brilhante carreira eclesiástica. Talvez este espírito revoltado explique o seu radicalismo aliado a uma inteligência invulgar. E talvez seja por isso que Setembrini o considera perigoso.
As longas mas profundas discussões entre Naphta e Setembrini concretizam também a oposição entre o tradicional e o moderno, o conservador e o progressista. Dá a sensação que a posições se extremam ao longo da discussão levando mesmo Naphta a defender o primado da fé sobre a ciência. Só a fé é útil à salvação do homem e por isso a ciência só é útil se servir a fé.
Note-se que a narrativa se desenrola imediatamente antes do deflagrar da primeira guerra mundial; neste contexto a obra é também algo premonitória: estes dois personagens, opostos, inimigos, talvez simbolizem as duas forças opostas que entrarão em conflito e que depois terão sequência na segunda guerra mundial, em todo o século XX e agora o séc. XXI: as democracias por um lado e os totalitarismos por outro.
Os mais jovens, Joacquim e Hans rejubilam com os argumentos de Setembrini: democracia, progresso, liberdade; Renascimento, Luzes, Ciência moderna. No entanto, paira no ar o sinal da razão de Naphta: o absoluto resiste; a ciência não evita o medo; a lógica do mundo parece não sobreviver sem a autoridade, a força, a disciplina. Numa palavra, a obediência.
Naphta representa também aqueles que colocam o espírito à frente do corpo; o espiritual triunfando sobre o carnal. No entanto, o próprio Naphta foi derrotado pelo corpo: a sua saúde é terrivelmente precária; sobreviverá o seu espírito? No entanto, para ele a doença é o estado natural do Homem; é aí que ele assume toda a sua humanidade porque perante a doença do corpo, impera o espírito.
Defendendo a pena de morte e a tortura, Naphta afirma o primado do ser universal sobre o ser individual, acusando Setembrini de defender o individualismo burguês, que ele considera egocêntrico e fútil.
Este personagem (Naphta) assume um papel fundamental na obra: o leitor começa por estranhar e mesmo adquirir uma certa repulsa pelas suas ideias ultra conservadoras mas, mesmo nessas ideias podemos encontrar poderosos motivos de reflexão. Por exemplo, até que ponto a defesa da liberdade individual, da tolerância e da democracia não está ligada ao interesse político da ética capitalista, no culto interesseiro e mesmo egocêntrico do individualismo burguês?

Mario Ferri invade o campo no Portugal-Uruguai em apoio à causa LGBTQI+, à Ucrânia e às mulheres do Irão


Depois de todas as polémicas em torno dos ataques aos direitos humanos no Catar, eis que surge a primeira manifestação durante um jogo.
Momento aconteceu durante a segunda parte do Portugal-Uruguai. Mario Ferri invadiu o campo com uma bandeira de apoio à causa LGBTQI+ e com as mensagens «Salvem a Ucrânia» e «Respeito pelas mulheres iranianas» na camisola.


Apesar da política da FIFA de evitar ao máximo a captação de imagens de invasões de campo, foi possível ver na transmissão esta acção directa antes de Mario Ferri ser intercetado pelos seguranças e levada para fora do relvado. Curiosamente e por coincidência o árbitro desta partida era iraniano.

Viu-se, depois, o árbitro da partida, o iraniano Alireza Faghani, a recolher a bandeira do chão.


Saber mais:

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Yoann Bourgeois – Celui qui tombe (Aquele que cai)

Em Celui qui Tombe, a instabilidade é constante e, para resistir à queda e desafiar as leis da gravidade, são necessários corpos fortes e ágeis. Um espetáculo em que se joga com a vertigem do vazio.


Deixar-se levar ou contrariar a força daquela plataforma imponente? Há uma luta de poder entre os seis bailarinos e o dispositivo de madeira, capaz de se inclinar, girar, balançar e elevar. 
“I planned each chartered course,/ Each careful step along the by way./ And more, much more than this,/ I did it my way”, ouve-se, no hino inconfundível de Frank Sinatra, vincando a vulnerabilidade poética do espetáculo. 
Em Celui qui Tombe (uma criação de 2014, de duração: 60 minutos), o acrobata, ator, malabarista, bailarino e coreógrafo francês Yoann Bourgeois quis levar mais longe as suas tentativas para alcançar um ponto de suspensão, onde se joga com a vertigem sobre o vazio. Os bailarinos, vestidos com roupas informais, procuram manter-se de pé na plataforma, numa situação cada vez mais adversa, criando uma metáfora da luta pela sobrevivência com imagens de uma extrema beleza e, simultaneamente, de uma singeleza comovedora. 
“Depois de ter passado pelo circo, pela dança e pela música, o meu trabalho teatral pode ser hoje considerado uma desconstrução de todos os seus elementos materiais (texto, luzes, ações, figurinos, som…) e a experimentação de novas relações entre esses elementos”, escreveu Yoann Bourgeois. 
É por isso difícil catalogar os seus espetáculos, cuja intensa pesquisa parece caminhar para um género teatral singular. 
Mantenhamo-nos atentos, a capacidade de Yoann Bourgeois surpreender o público parece infindável. 

Filme: "O Quinto Império: ontem como hoje" (2004) de Manoel de Oliveira


Elenco: Carlos Gomes, Filipe Cochofel , Glória de Matos, José Wallenstein, Luís Miguel Cintra, Ricardo Trêpa , Rogério Samora

O filme baseia-se na peça teatral «El-Rei Sebastião», de José Régio, na qual se pretendeu analisar o Rei, o Homem e a mítica personagem.

O rei Sebastião, depois da estrondosa derrota na batalha de Alcácer-Quibir (1578), mais conhecida pela Batalha dos Três Reis, e por jamais ter sido identificado o seu corpo após a batalha, se tornou no mito do encoberto ele que fora antes o desejado e o destinatário ao mito.

Mito, aliás cantado e exaltado nos sermões do Padre António Vieira (Século XVII) e pelo filósofo Sampaio Bruno (século XIX). No século XX pelo poeta Fernando Pessoa e pelos filósofos José Marinho e Agostinho da Siva, entre outros escritores e psicólogos portugueses, como ainda por estudiosos estrangeiros.

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Rede portuguesa de Estações de Borboletas Nocturnas já registou mais de 500 espécies



Saber onde estão e quando voam as borboletas nocturnas de Portugal é o objectivo da Rede de Estações de Borboletas Nocturnas. Desde que começaram em janeiro de 2021, os cidadãos que estão a registar estes insetos em 50 locais de amostragem, incluindo em quintais e varandas de Norte a Sul do país, já fizeram mais de 11.000 registos de 512 espécies. Os resultados de 2021 já estão publicados na plataforma GBIF (Global Biodiversity Information Facility).

A Wilder falou com João Nunes, coordenador do projecto de ciência-cidadã Rede de Estações de Borboletas Nocturnas (REBN), e com a restante equipa. Aqui contam como funciona esta rede de vários locais de amostragem dispersos pelo país onde, de uma forma coordenada, se faz a amostragem destes insectos com recurso a um método estandardizado baseado em armadilhas luminosas. Além de aumentar o conhecimento sobre as espécies de Portugal, esta rede ajuda a reunir os naturalistas num objectivo comum.

WILDER: Quando e porquê começou esta a REBN a funcionar?

REBN: A Rede de Estações de Borboletas Nocturnas (REBN) começou a funcionar em Janeiro de 2021. Apesar de Portugal ter cerca de mais de 2.600 espécies de borboletas nocturnas conhecidas, os aspectos da ecologia e fenologia de muitas espécies são ainda mal conhecidos. Assim, achámos que um projecto de ciência-cidadã poderia ser a solução para uma amostragem em grande escala e de forma sistemática. Outro aspecto muito importante do projecto é a divulgação e sensibilização para a diversidade de espécies de borboletas nocturnas e o seu papel como bioindicador da qualidade dos habitats.

W: Neste momento, quando estão prestes a fazer dois anos, quantas estações existem e onde se encontram?

REBN: Neste momento temos 50 locais de amostragem, que designamos de “Estações”. Estas estações estão distribuídas por todo o país e em vários habitats diferentes, que vão desde varandas em prédios inseridos em ambiente urbano até zonas dunares. Todos os habitats são interessantes de amostrar embora, por uma questão de facilidade de acesso regular, muitas estações estão localizadas em jardins e quintais. Uma característica demográfica do nosso país é também reflectida na distribuição das estações, já que muitas estão concentradas na faixa litoral, onde há uma maior concentração de população. Esta é uma tendência que gostaríamos de contrariar e estimular a criação de estações no interior do país, que é muito biodiverso.

W: Qual o objectivo desta rede?

REBN: Um dos grandes objectivos da REBN é a recolha sistemática de dados sobre borboletas nocturnas em Portugal. Estes dados podem depois ser trabalhados de vários ângulos, mas de forma mais imediata é possível obter dados sobre a distribuição das espécies no território e períodos de voo. Pretendemos que a REBN seja um projecto de amostragem a longo prazo, de forma a trabalhar as tendências populacionais para as espécies mais comuns. Só com uma amostragem continuada no tempo, regular e padronizada é possível detectar variações nas populações de borboletas nocturnas. A REBN disponibiliza integralmente os dados que recolhe na Global Biodiversity Information Facility (GBIF), uma plataforma que agrega dados biológicos e que permite outros investigadores utilizarem os dados.

Ao integrarmos cidadãos que nunca tiveram contacto com as borboletas nocturnas estamos também a criar uma maior consciencialização para a diversidade de espécies e a necessidade de preservação dos habitats. Apesar de os dados serem muito úteis quando analisados em conjunto, há também uma outra dimensão local que é desafiante para os participantes, por exemplo, perceber quantas espécies visitam o seu jardim ou quintal.

W: Quem coordena as estações e de quem partiu a iniciativa?

REBN: A iniciativa para a criação deste projecto partiu do Helder Cardoso, ornitólogo e que se dedica a estudar borboletas nocturnas de forma amadora há 12 anos. Na sequência de amostrar durante vários anos na região Oeste, surgiu a ideia de tentar comparar dados com outros locais e seguiu-se o contacto com outros entusiastas das borboletas nocturnas. Rapidamente a ideia evoluiu para a criação de um projecto de ciência-cidadã. Os moldes do projecto são muito próximos do que tem vindo a ser feito noutros países do norte e centro da europa, caso do Reino Unido, Holanda ou Bélgica.

Neste momento o projecto é coordenado por um grupo informal de seis elementos (Ana Valadares, Helder Cardoso, João Nunes, João Tomás, Paula Banza e Thijs Valkenburg) e conta com o apoio de outras pessoas organizadas em pequenos grupos de trabalho, dedicados à edição do boletim informativo ou à divulgação do projecto.

W: Em que consistem estas estações e como funcionam?

REBN: A REBN é essencialmente uma rede de pontos de amostragem de borboletas nocturnas (Estações), com recurso a armadilhas luminosas não letais. Estas armadilhas são colocadas num local fixo e que, idealmente, não sofra muitas alterações de habitat. O princípio de funcionamento é muito simples: a lâmpada vai atrair as borboletas para dentro de uma caixa de retenção temporária. As borboletas ao entrarem, têm dificuldade em sair e vão ficar pousadas nas caixas de ovos vazias no interior.

As armadilhas devem funcionar pelo menos uma vez por mês, onde a lâmpada é ligada ao final do dia e fica a atrair borboletas a noite toda para dentro da caixa de retenção. Na manhã seguinte a armadilha é visitada e procede-se à identificação e contagem do número de indivíduos por espécie e as borboletas são posteriormente libertadas.

As amostragens decorrem durante todo o ano, já que muitas espécies estão apenas activas nos meses de inverno.

Mensalmente temos também a publicação de um boletim informativo (Borboletim). No boletim são abordados diversos temas relacionados com as borboletas nocturnas, incluindo artigos de identificação de espécies mais difíceis e também uma compilação dos dados do mês anterior. Qualquer pessoa pode subscrever o boletim gratuitamente e ficar a par do que se vai fazendo no projecto.

W: As pessoas comuns podem participar? Se sim, como? É preciso ter conhecimentos sobre estes insectos?

REBN: A participação na REBN é aberta a todos, mesmo a quem não tem qualquer tipo de experiência prévia com borboletas nocturnas e a sua identificação. Basta ter vontade de aprender e descobrir o mundo natural.

O primeiro passo para começar a participar é contactar a REBN de forma a podermos explicar como construir uma armadilha simples e onde a colocar. Criámos ainda várias ferramentas com o intuito de auxiliar quem está a começar incluindo um e-mail dedicado a dúvidas de identificação, um pequeno guia das borboletas nocturnas mais comuns e um grupo de Facebook.

W: Na vossa opinião, qual a importância deste projecto?

REBN: Projectos de monitorização de invertebrados são algo de extrema importância no panorama actual para que possamos perceber e quantificar, a longo-prazo, as tendências nas populações destes organismos. O declínio dos insectos é uma problemática conhecida. Contudo, em Portugal não temos dados passados que nos permitam quantificar com rigor quanto perdemos até agora, ou quanto o cenário se modificou até agora. Projectos semelhantes à REBN já existem em alguns países da Europa. O projecto inglês já conta com mais de 30 anos de dados, o que permitiu constatar recentemente (“The State of Britain’s Larger Moths 2021 report”), entre outras coisas, a alteração dos padrões de distribuição de algumas espécies e uma generalizada queda na abundância. Este projecto pioneiro em Portugal permitirá, a longo-prazo, avaliar o estado das populações, a real fenologia e distribuição das espécies e a sua variação no tempo. A recolha de informação já começou, agora é a parte mais difícil, manter as amostragens. As borboletas nocturnas são um grupo usualmente utilizado neste tipo de estudos devido à facilidade de atracção destes animais.

Fonte e mais fotos: aqui

Pele de cogumelo pode ser usada para criar chips eletrónicos biodegradáveis


O mundo está em constante mudança e nós, claro está, temos que mudar a avançar com ele. Neste sentido, as investigações trazem novidades com regularidade, como, por exemplo, novas formas mais sustentáveis de criar os produtos que usamos no nosso dia-a-dia.

Assim, dados mais recentes indicam que a pele dos cogumelos pode ser usada como substrato para a criação de chips eletrónicos biodegradáveis.

Pele de cogumelo para fazer chips biodegradáveis

Com a exigência da produção de cada vez mais chips eletrónicos para responder às necessidades do mercado, a indústria depara-se com um problema a curto e longo prazo relacionado com a poluição desses mesmos componentes. Como tal, é fundamental que sejam encontradas soluções para lidar com este problema que nos afeta a todos.

Assim, as investigações científicas realizadas por cientistas austríacos podem agora ter encontrado uma alternativa amiga do ambiente. Trata-se de uma pesquisa designada MycelioTronics e consiste no uso de pele de fungos como forma de substrato para a criação de PCBs (Printed Circuit Boards) biodegradáveis. Os investigadores descobriram que assim que a pele é removida e seca, esta consegue desenvolver muitas das propriedades encontradas nos PCBs que são usados em todos os dispositivos eletrónicos do mercado.

A pesquisa baseia-se no fungo Ganoderma lucidum para a criação de chips e PCBs, cuja pele é fina, flexível e pode ser dobrada mais de 2.000 vezes, preservando ainda assim a sua integridade estrutural. Para além disso é também um bom isolante e pode suportar temperaturas acima dos 200 graus, o que é mais do que os PCBs conseguem suportar.

Mas, como é normal, tudo isto tem que ser aplicado na prática para ver se é ou não viável. Assim, os investigadores já realizaram várias experiências onde revestiram a pele seca do fungo com uma camada de cobre, crómio e ouro de forma a melhorar a condutividade. Por cima usaram um laser para imprimir trilhos condutores e descobriram que o produto se comportava como um PCB, tendo ainda como vantagem o facto de ser biodegradável.


O fungo Ganoderma lucidum é uma espécie de cogumelo muito popular na Ásia, sendo também conhecido pelo nome Reishi e usado na medicina tradicional chinesa há mais de 4.000 anos. Há quem o descreva como cogumelo da imortalidade.

Assim, quem sabe daqui a uns anos os chips dos nossos equipamentos tecnológicos não serão baseados neste cogumelo, evitando assim enormes quantidade de resíduos?

Livro- Agricultura Biológica: Boas Práticas Agrícolas Para o Solo e Para o Clima



Trata-se de um manual de boas práticas agrícolas para melhorar o solo, fixar carbono, reduzir emissões poluentes e eliminar a aplicação de herbicidas, cumprindo assim o objetivo de promoção da fertilidade do solo de forma sustentável face às alterações climáticas."



Como está o solo em Portugal?
  • 63% do território do continente classificado como estando suscetível à desertificação e 32,6% com solos em situação degradada (dados de 2020)
  • Plano de Ação Nacional de Combate à Desertificação

Livro- Manual de Agricultura Biológica


Nos últimos anos, a procura por alimentos de origem biológica disparou e são muitos os que optam por cultivá-los, seja para consumo próprio em pequenos quintais ou mesmo nas varandas, seja mudando de vida e trocando o ritmo alucinante das cidades pelo campo e pela natureza. Mas para quem nunca mexeu na terra, por onde começar? O que devo cultivar? E como garantir uma horta 100% biológica, sem recorrer aos químicos prejudiciais para o nosso corpo e para o meio ambiente? Como assegurar uma produção sustentável de uma forma biológica, respeitando a natureza? Como eliminar as pragas sem recorrer a pesticidas de síntese química? E quem já cultiva, mas quer tornar a sua produção mais saudável e mais alinhada com os tempos que vivemos? Foi a pensar nestas perguntas que surgiu este "Manual de Agricultura Biológica — Crie uma Horta Saudável e Cultive os Seus Próprios Alimentos", da autoria de três destacados elementos da AGROBIO - Associação Portuguesa de Agricultura Biológica. Neste livro prático, repleto de quadros, ilustrações e esquemas elucidativos, e quer seja um iniciante ou já possua experiência, poderá aprender a melhor maneira de organizar e cuidar de uma horta biológica, para poder ter sempre hortícolas saudáveis e amigos do ambiente.

domingo, 27 de novembro de 2022

Música do BioTerra: Catherine Graindorge feat. Iggy Pop - The Dictator


When I was a little boy I remember the smiling head of Ike 
and everything was gonna be alright
And I can remember the hysterical speaker at the patriotic boys assembly
And I remember the bloody head, handsome and dead of the president
I remember the beatings ... 

And I remember the sneering.... the sneering...
The big dictator, he is coming soon. 
He has magic to, turn a day to night.

He has instinct to, crush the weak with might.
He conjures Elvis who was the people's king.
He conjures Hitler now, fear is everything.

And I'm sad, so sad... I'm sad, so sad...
He will be your voice.
His duty is to himself.
Domination, clean and simple.

The big dictator, he is coming soon...
He is strong and huge.
The big dictator, he will break on through...

And I'm sad... so sad...
He will be your voice
I'm sad...

His duty is to himself
So sad

Domination
So sad 

Clean and simple
Domination, domination, domination...
Clean it up.

sábado, 26 de novembro de 2022

Livro- "O Pináculo" de William Golding


Rever clássicos. Amo a escrita de William Golding . Deão Jocelin tem uma visão: Deus escolheu-o para erigir um magnífico pináculo na sua catedral. O pedreiro encarregado da obra desaconselha-o fortemente, pois a velha catedral foi construída sem fundações e é um milagre que se mantenha de pé. Mesmo assim, o pináculo ergue-se, octógono sobre octógono, cume sobre cume, até os pilares começarem a estremecer e a afundar-se no solo.
A sua altura lança uma sombra cada vez mais escura sobre o chão e, em particular, sobre o Deão Jocelin. Mas este, que acredita ser um mero instrumento nas mãos de Deus, abençoado por uma visão do Criador, insiste em elevar mais e mais alto o pináculo. Todavia, as consequências da concretização do seu objectivo revelam-se trágicas para aqueles que o rodeiam.
Ambientado na Inglaterra medieval, e inspirado na história da catedral de Salisbury, O Pináculo é um romance sobre a realização criativa, que dá vida ao impossível, mas também sobre o custo financeiro, físico e espiritual da loucura de um homem. Ao espelhar na narrativa a progressão dessa loucura, William Golding alcança algo extraordinário. A aparente simplicidade de um livro complexo é o testemunho da sua habilidade literária.

Bouquet de líquenes


Bouquet de líquenes
"A pele da árvore , a casa dos líquenes
Os líquenes escrevem água no tronco, no corpo
Nos sulcos da árvore nascem estrelas das suas hifas
São linhas de luz branca por entre os montes
A árvore é sua irmã."
João Soares, Março de 2014
Foto de autor, Reserva de São Jacinto, 2007

Grande Entrevista a David Suzuki - Who is to blame for the climate crisis?


A mudança climática é frequentemente discutida em termos de seu impacto apenas no “futuro” da humanidade e do planeta. Mas para muitos, a realidade da crise climática está aí e já chegou até às  nossas casas.

Só no ano passado, por exemplo, o aumento das temperaturas destruiu as colheitas de alimentos na Índia e no Paquistão, a seca na África Oriental levou milhões à beira da fome e os incêndios florestais causaram estragos nos Estados Unidos e na Austrália. Então é tarde demais para salvar o planeta?

No UpFront, David Suzuki, renomeado ambientalista e apresentador do The Nature of Things da Canadian Broadcasting Corporation, junta-se a Marc Lamont Hill para discutir as alterações climáticas e o futuro do nosso planeta.

Relatório da OMS - Resistência aos antibióticos, não há tempo a perder


"Não há tempo a perder". O relatório OMS 29.4.19 sobre resistência a antibióticos apresenta um cenário catastrófico, para a saúde e para a economia global. Até 10 milhões de mortes por ano nas próximas três décadas, com custos sociais e picos de desigualdade comparáveis ​​aos da crise financeira de 2008. (1)

Resistência aos antibióticos, o problema e as suas causas

Resistência a antibióticos é um fenómeno que ocorre quando as bactérias 'aprendem a resistir' aos antibióticos, uma vez que são capazes de derrotá-los. E quando microorganismos antes considerados quase inofensivos começam a resistir a diferentes classes de antibióticos (resistência multi-antibióticos), o problema se torna grave. Aumento da mortalidade, internações prolongadas, indisponibilidade de tratamentos eficazes.

O exorbitante custar das especulações insanas das gigantes das drogas, como sempre, é terceirizada para a comunidade global. Que durante meio século revirou os cofres de Grande Farmácia, comprar antibióticos como balas para tosse. Sem que ninguém, até alguns anos atrás, levantasse dúvidas sobre os custos individuais e sociais de seu abuso. A não ser adicionar uma caixa de fermentos lácteos - às receitas ou sugestões de venda livre - para 'restaurar a flora intestinal', numa visão de conto de fadas de interação de armas químicas com o microbioma.

Criação animal por sua vez contribuiu e ainda contribui para causar e agravar a resistência aos antibióticos, uma vez que os medicamentos veterinários nas explorações de 'gado' têm sido utilizados de forma sistemática e não local, como uma 'maneira mais simples' de prevenir o aparecimento de focos de infecção. Se não também para compensar a falta de higiene e melhorar o desempenho da produção. O legislador europeu interveio, portanto, com uma reforma drástica (registo UE 2019/6), com o objetivo expresso de limitar ao mínimo o uso de antimicrobianos e antibióticos nas fazendas.

'Não há tempo a perder'. Relatório da OMS 29.4.19

'Sem Tempo para Esperar. Protegendo o Futuro das Infecções Resistentes a Drogas.' O relatório publicado em 29.4.19 pela OMS deriva das atividades do Grupo de Coordenação de Agências da ONU dedicados à resistência antimicrobiana (IACG, 'Grupo de Coordenação Interagências da ONU sobre Resistência Antimicrobiana'. (2) A gestão de uma crise sanitária e socioeconómica com impacto global pressupõe, de facto, uma abordagem partilhada, de acordo com a visão 'Uma Saúde'. Onde os 'Objetivos de Desenvolvimento Sustentável'(ODS), na agenda da ONU 2030, representam tanto objetivos quanto ferramentas para sobrevivência e solução de problemas. Em particular no que diz respeito aos direitos dos acesso a comida e água condições de segurança, saúde e higiene.

O estado atual, pelo menos 700 mortes a cada ano são atribuídas a doenças resistentes a medicamentos, 230 apenas a formas de tuberculose que não respondem ao tratamento. Doenças comuns tornam-se incuráveis ​​e protocolos que salvam vidas perdem sua eficácia. As cadeias de abastecimento de alimentos, por sua vez, aumentam a fragilidade, devido ao impacto de patógenos multirresistentes em 'segurança alimentar' (segurança alimentar) e assim por diante 'segurança alimentar«(segurança do abastecimento alimentar, ou seja, disponibilidade de alimentos para as populações). O IACG prevê que a resistência antimicrobiana levará 24 milhões de pessoas à pobreza extrema até 2030.

'Resistência antimicrobiana é uma das ameaças mais sérias que enfrentamos como comunidade global ' (Amina Mohammed, vice-secretária-geral da ONU e copresidente do IACG)

O cenário de previsão tem uma escala diferente, anuncia uma epidemia sem precedentes. Antibióticos, antivirais, antifúngicos estão se tornando ineficazes. A IACG relata 10 milhões de mortes a cada ano, globalmente, até 2050. Com prevalência nos países LMIC ('Países de renda média pequena'), mas sem excluir as economias mais maduras. O fenômeno é, de fato, registrado em níveis alarmantes em todos os países, independentemente do nível de renda nacional. Continuamos humanos e continuaremos a ser, todos nós, independentemente de apólices de seguro e contas correntes. Sem nunca perder, em todo caso, a esperança de alcançar aquela cobertura universal de saúde até então proclamada em vão pela própria ONU e pelos políticos que dela participam. Palavras vazias.

'Uma saúde', a sinergia indispensável

'Uma saude,. A saúde humana, o bem-estar animal, a segurança alimentar e a protecção do ambiente nas suas várias vertentes - incluindo a gestão dos resíduos e das águas residuais - são questões estreitamente relacionadas e devem ser geridas em sinergia. O relatório do IACG enfatiza a necessidade de uma abordagem coordenada e sistêmica, multissetorial. A Europa já embarcou neste caminho, começando com o Livro Branco sobre segurança alimentar (12.2.2000). E, no entanto, é essencial desenvolvê-lo, também no contexto internacional, em várias frentes.


'Abuso e uso excessivo antimicrobianos existentes em humanos, animais e plantas estão acelerando o desenvolvimento e a disseminação da resistência antimicrobiana', destaca o relatório do IACG. É necessário estabelecer sistemas regulatórios mais rígidos, conscientização sobre o uso correto de antibióticos, financiamento de pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias para combater a resistência aos seus princípios ativos, abolição do uso de antimicrobianos de importância crítica e outros medicamentos veterinários como promotores de crescimento na pecuária.

'As recomendações do relatório reconhecer que os antimicrobianos desempenham um papel fundamental na proteção da produção, saneamento e comércio de alimentos, bem como na saúde humana e animal, e promover seu uso responsável em todos os setores. Os países devem incentivar sistemas alimentares sustentáveis ​​e práticas agrícolas que reduzam o risco de resistência antimicrobiana, trabalhando juntos para promover alternativas viáveis ​​ao uso de antimicrobianos, conforme estabelecido nas recomendações do relatório'(José Graziano da Silva, FAO, Diretor-Geral)
Salmonela e campylobacter, aumenta a resistência

Relatórios recentes da EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos) e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) mostram como os antimicrobianos utilizados no tratamento de doenças transmissíveis entre animais e humanos (por exemplo, campilobacteriose e salmonelose) estão a perder eficácia e a resistência aos antibióticos não mostra sinais de diminuição.

Em alguns países da UE resistência a fluoroquinolonas (como ciprofloxacina) em tais bactérias Campylobacter é tão alto que esses antimicrobianos não funcionam mais para o tratamento de casos graves de campilobacteriose. Salmonella em humanos também é cada vez mais resistente às fluoroquinolonas, bem como sua resistência a diferentes classes de antibióticos (MDR, Resistência a Múltiplos Medicamentos).

Antibióticos, consumo em Portugal

O consumo de antibióticos em ambulatório aumentou ligeiramente entre 2013 e 2019 em Portugal, mas registou uma redução acentuada a partir de 2020 devido à pandemia de covid-19, avança um relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) hoje divulgado.

“Em ambulatório, a redução de incidência de infeções respiratórias bacterianas pela restrição à circulação e aglomeração de pessoas e pelo uso generalizado de máscara e, por outro lado, a redução de acesso a consulta médica determinaram uma franca redução de consumo de antibióticos”, adianta o relatório anual do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA) da DGS.

Publicado hoje, no Dia Mundial da Higiene das Mãos, o documento refere que o consumo de antibióticos em ambulatório teve uma “tendência ligeiramente crescente” entre 2013 e 2019, mas mantendo-se sempre abaixo da média europeia.

“Em 2020, pelo contexto pandémico, verificou-se uma marcada redução de consumo, que parece sustentada em 2021. Esta redução foi mais marcada do que a da média europeia”, adiantam ainda os dados do PPCIRA.

No entanto, o rácio de antibióticos de largo espetro sobre os de espetro estreito aumentou entre 2018 e 2021 e de forma mais acentuada do que na média europeia, o que faz com que Portugal tenha o “quinto pior resultado à escala europeia neste indicador”, alerta o relatório divulgado pela DGS.

Já relativamente ao consumo hospitalar de antibióticos, o documenta refere que se tem mantido estável desde 2013 e abaixo da média europeia.

“O consumo de um grupo de antibióticos de uso hospitalar mais associado ao tratamento de infeções causadas por bactérias multirresistentes tem-se mantido estável desde 2014, resolvendo a tendência crescente que se verificou entre 2011 e 2014”, nota ainda o relatório.

“Parece-nos que o contexto pandémico teve influência significativa nos indicadores de consumo de antibióticos”, admitem os autores do relatório do PPCIRA, programa prioritário de saúde criado em 2013.

O documento conclui também que a adesão ao cumprimento da higiene das mãos aumentou progressivamente a partir de 2016, sendo “particularmente significativo o aumento ocorrido entre 2019 e 2020 no contexto pandémico”.

Nas unidades de saúde, “entre esses dois anos, a taxa de cumprimento global e a taxa de cumprimento do primeiro momento de higiene das mãos aumentaram de 75,7 para 82,7% e de 68,0 para 76,2%, respetivamente”, refere o documento.

De acordo com os dados do programa, entre 2015 e 2020, verificou-se uma redução da incidência da taxa global de infeção em locais cirúrgicos, de infeção da corrente sanguínea adquirida em hospital, de pneumonia associada a tubo endotraqueal em unidades de cuidados intensivos de adultos e neonatais e de infeção por `Clostridioides difficile´.

“O período pandémico levou a significativo decréscimo da amostra de vigilância epidemiológica de infeções hospitalares, decorrente sobretudo da dedicação dos grupos locais do PPCIRA à batalha contra a covid-19”, reconhece o relatório.




Sobre Coldwave, Darkwave e Cybergoth


O termo cold wave (onda fria) apareceu na edição de novembro de 1977 da revista musical inglesa Sounds. No texto de capa, mostrando Ralf Hütter e Florian Schneider do Kraftwerk podemos ler "New musick: The cold wave".Naquele ano, o Kraftwerk publicou o Trans-Europe Express. 


O termo foi repetido na semana seguinte no Sounds pela jornalista Vivien Goldman, num artigo sobre Siouxsie e os Banshees. Nesse artigo de Dezembro de 1977 descreveram a sua música como "fria, mecânica e apaixonada ao mesmo tempo", e a revista Sounds profetizou sobre a banda: "[eles] soam como uma fábrica industrial do século 21 [...] Ouça ao rugido das ondas frias dos anos 70 aos anos 80".

Essas influências aparecem em bandas como Joy Division, The Cure e Bauhaus.

KaS Product, Martin Dupont, Asylum Party, Norma Loy, Clair Obscur, Opera Multi Steel e Trisomie 21 são algumas das principais bandas representantes desta corrente musical.

Kraftwek e os Cabaret Voltaire foram os pais fundadores da darkwave. Como já referi o álbum Trans-Europa Express teve influencia na banda pós-punk Joy Division, tendo o seu baixista, Peter Hook, referido que: "conhecemos os Kraftwerk através de Ian Curtis, que insistia em tocar Trans Europe Express sempre que íamos entrar em palco."


Aliás, o álbum "Closer" (1980) é uma obra-prima da coldwave, pós-punk. Para sempre um álbum irrepetível. 

Dark wave (também escrito como darkwave) é um género musical que surgiu na Europa e Reino Unido no início da década de 1980 entre a  coldwave, rock gótico e a música eletrónica.

Dark wave é um termo usado para se referir a uma versão sombria da new wave (ou do synth-pop), sendo considerado uma antítese e uma resposta dark e melancólica da new wave que estava em alta na década de 1980. O género começou a aparecer no meio musical europeu, coincidindo com a ascensão popular da new wave e do synth-pop. Composições de dark wave são amplamente baseadas em tonalidades-chave menores (sonoridade sombria), bateria eletrónica, teclados, samplers, sequenciadores e sintetizadores que constroem uma instrumentação eletrónica e dançante, porém, gótica e atmosférica.

Após o surgimento do rock gótico na Inglaterra através da cena pós-punk, a música dark wave foi de principal importância para caracterizar a subcultura gótica na década de 1980 e seguintes. No Reino-Unido foi uma explosão de bandas, umas mais célebres que outras: Attrition, In The Nursery, Pink Industry, Alien Sex Fiend, Specimen, The Cure, Bauhaus, Christian Death, Sisters of Mercy, Current 93, etc.

O movimento underground da coldwave/darkwave disseminou-se pela Europa e um pouco mais tarde no resto do mundo. Bandas como Clan of Xymox (HOL), Mittageisen e Young Gods (SUI), Poesie Noire (BEL), Laibach (Eslovénia), Psyche (CAN) e The Awakening (África do Sul).

As bandas italianas The Frozen Autumn, Ataraxia, Nadezhda, Litfiba e Diaframma tiveram um relativo sucesso.

A coldwave francesa é muito melancólica, falam do infortúnio, das sombras e baseada em ritmos electrónicos espectrais e fantasmagóricos. Nesta levada estão incluídas bandas como: Corpus Delicti, Die Form, KaS Product, Martin Dupont, Asylum Party, Norma Loy, Clair Obscur, Opera Multi Steel, The Breath of Life e Trisomie 21.

Os grupos de dark wave na Alemanha dos anos 1980 misturavam coldwave com o rock gótico, ou usando elementos da Ambient music e do post-industrial music. Ficaram associados ao  movimento Neue Deutsche Welle, que incluía bandas como Asmodi Bizarr, II. Invasion, Unlimited Systems, Mask For, Moloko †, Maerchenbraut, Liaisons Dangereuses, Einstürzende Neubauten   e Xmal Deutschland. 

Entre 1987 e 1995, surgiram novas bandas darkwave, com outras temáticas góticas tais como tabús eróticos, religião e épicos. As sonoridades principais são dark-ambient, industrial, militar, electro-indsutrial: Die Form, Skinny Puppy, Front Line Assembly, Wumpscut,  Armageddon Dildos e  And One.

A forte influência na Alemanha
Após o desaparecimento das cenas grandes da new wave e do pós-punk em meados da década de 1980, o dark wave ressurgiu, entre 1993-95 como um movimento underground com bandas da Alemanha, como Deine Lakaien, Love Is Colder Than Death, Love Like Blood, Diary of Dreams, além de Project Pitchfork e Wolfsheim. Ao mesmo tempo, um grupo grande de artistas alemães, que incluía Das Ich, Relatives Menschsein e a banda Lacrimosa, desenvolveram um estilo mais teatral, inspiradas na poesia germânica e em letras mais metaforizadas, chamando essa subdivisão de Nova Arte Fúnebre Alemã . Outras bandas, como Silke Bischoff, In My Rosary e Engelsstaub misturavam o dark synthpop ou o rock gótico com elementos do Neofolk ou do Neoclassical Dark Wave.

Diversidade de estilos nos EUA
Após 1993, nos EUA, o termo dark wave (como variante do jargão darkwave) foi associado com a gravadora Projekt Records, pois esse era o nome usado em seus catálogos, além de ser usado para denominar artistas alemães nos EUA, como o Project Pitchfork. A gravadora tinha bandas como Lycia, Black Tape for a Blue Girl, e Love Spirals Downwards, todas caracterizados por ter vocais femininos. Essas bandas tocavam uma nova vertente do wave, de origem das bandas dos anos 80, como Cocteau Twins, sendo o estilo classificado como ethereal wave. A gravadora também listava uma longa associação com o Attrition, que havia aparecido nas suas primeiras compilações musicais. Outra gravadora americana nessa área foi a Tess Records, que gravava os discos do This Ascension e Faith and the Muse. Ainda nos EUA, a darwave é mais variada que a da Europeia. EUC, por exemplo incluem elementos psicadélicos. Um grande número de outras bandas americanas misturaram a dark wave e a ethereal wave com outros projetos na música eletrónica. Love Spirals Downwards, Collide, e Switchblade Symphony incorporaram elementos do trip hop, enquanto o The Crüxshadows combinava uma série de electronic dance music contemporâneo com elementos do rock alternativo baseado nos elementos do estilo synth. A dark wave disco, foi uma tentativa fundada em 2004 na cidade de Chicago com a intenção de mesclar a dark new wave music com o atual indie-electro music. Seu legado foi o ressurgimento da new wave e da brand new electro nights em Chicago. No começo dos anos 2000, Jay Reatard formou o híbrido prolífico de garage punk/dark wave chamado Lost Sounds. 

Em Portugal
A coldwave portuguesa não teve muita expressão. Não passaram de bandas de garagem. Sem o saber, alguns temas de António Variações. Algumas músicas iniciais do Paulo Bragança, enquadram-se no gótico (influências de Nick Cave, Birthday Party). Bandas darkwave que duraram pouco tempo: Croix Sainte, Anamar, Diva, Essa Entente, Linha Geral, SPQR, A Jovem Guarda, Linha Geral, Bye Bye Lolita Girl, Grito Final, Bastardos do Cardeal, Magudesi, Extrema Unção e Os Cães, A Morte & o Desejo.  Surgiram projectos muito interesantes e únicos- os Pop_Dell'Arte e  Mler Ife Dada.  Agora em termos rock gótico temos os Mãos Morta e Rádio Macau. Uma banda de rock indie e alternativo foram os Sétima Legião.

Surgiram novas tendências:  Emo; Dark electro; AggrotechElectro-industrial;  EBMFuturepop

No Japão surgiram as subculturas Visual keiLolita fashion; Cosplay e Otaku

Cibergóticos
O termo 'Cybergoth' foi cunhado em 1988 pela Games Workshop para o seu jogo de RPG- Dark Future. Surgiram, entretanto, vários video jogos retrofuturistas ou pelo contrário, futuristas, como Shadowrun

O cybergótico é uma combinação de elementos da estética industrial com "gravers" (ravers góticos). Mas o estilo de moda não existia até uma década depois. 

A estética Cybergoth teve o seu momento ao sol graças a um vídeo que se tornou viral nos primeiros dias do YouTube, que desde então se tornou um marco na cultura dos memes. A partir de 2000 era habitual encontrar então cibergóticos: é baseado em cores fluorescentes e usa pvc, vinil e outros materiais de aparência artificial para criar um estilo de aparência futurista. O cabelo é tingido em cores não naturais e adornado com mechas coloridas, também conhecidas como cyberlox, que podem ser feitas de lã, espuma, borracha ou tecidos. A androginia é comum.

Também comum:
  • Tecidos brilhantes/brilhantes ou foscos
  • Cabelos coloridos e extravagantes, com mechas sintéticas
  • Maquiagem com cores claras
  • Placas de circuito de LED
  • Modificação corporal (tatuagens/piercings)
  • Máscaras de gás
  • Óculos retro ou metalúrgicos 
  • Botas com salto
  • Calças ou coletes pretos apertados
  • Redes de pesca
  • Aquecedores de perna de pele falsa ("fofo")
Bandas famosas de cibergótico: Angels on Acid; Toxic Nation; Otto Dix; The Prodigy; Carmilla;V2A; Front 242; Naked Underrated; Black Elves; Test Dept e Clock DVA

A Alemanha produziu muitas bandas techno-punk /underground techno/ cibergótico: Salted Bomb; The Siren; Crossbow; Hilbert Space; Mayday; Roentgens; LF05 - Lukas Freudenberger; Dosis; I feel Youth; Numbers; Melodrama; Mind Grabber; Party Favors; Shelter of Sin; Eye of The Beholder e Cortechs.

As últimas tendências cibergóticas Deep Dark and Hard Techno podem ser descobertas no canal Fear N Loathing

Os cibergóticos (a sua indumentária e dança exuberantes) reflectem sobre a crise ecológica, questionam este mundo cheio de pesticidas, nanobiotecnológico, radioactivo (ficção gótica da era pós-apocalipse nuclear, posição crítica em relação à tecnologia HAARP e 5G), o progresso acelerado da inteligência artificial, o desdém/paixão pela robótica e perscrutam o alarme totalitário da Big Tech. Era comum o uso de máscaras. Não imaginávamos era que vinha mesmo aí a crise pandémica. E estamos na revolução 4.0 e "impreparados" para os seus efeitos. A ver.

Outras subculturas cibergóticas: Cyberpunk; Steampunk; Dieselpunk; Biopunk; Arcologia; Rivethead 

2022
Actualmente ainda estão no activo bandas darkwave consagradas: Laibach, And Also The Trees, Clan of Xymox, She Past Away, Young Gods, She Wants Revenge, The Knife, The Frozen Autumn, Lebanon Hanover e Drab Majesty.

Para estar actualizado de novas bandas góticas, sintonize Atmosphère - Radio Arverne

Saber mais:

The Story of Goth in 33 Songs

Sites interessantes:
Fantasporto - Oporto International Film Festival
Gothic Beauty Magazine
Gothic Culture Magazine
Goth Wiki
Subculture List
Urban Dictionary