domingo, 31 de julho de 2022

Retalhos Epistemológicos da Educação



O Google é tão poderoso que "esconde" outros sistemas de busca de nós. Só não sabemos a existência da maioria deles.
Entretanto, ainda há um grande número de excelentes pesquisadores no mundo especialistas em livros, ciências, outras informações inteligentes.
Mantenha uma lista de sites que você nunca ouviu falar.

www.refseek.com - Busca de Recursos Académicos. Mais de um bilião de fontes: enciclopédia, monografias, revistas.
www.worldcat.org - uma busca pelo conteúdo de 20 mil bibliotecas mundiais. Descubra onde está o livro raro mais próximo de que precisa.
https://link.springer.com - acesso a mais de 10 milhões de documentos científicos: livros, artigos, protocolos de pesquisa.
www.bioline.org.br é uma biblioteca de revistas científicas de biociência publicada em países em desenvolvimento.
http://repec.org - voluntários de 102 países recolheram quase 4 milhões de publicações sobre economia e ciências relacionadas.
www.science.gov é um motor de busca estatal americano em mais de 2200 sites científicos. Mais de 200 milhões de artigos estão indexados.
www.pdfdrive.com é o maior site para download gratuito de livros em formato PDF. Reivindicando mais de 225 milhões de nomes.
www.base-search.net é uma das pesquisas mais poderosas sobre textos de estudos académicos. Mais de 100 milhões de documentos científicos, 70% deles são gratuitos

Consultar ainda o dossiê Bibliotecas de Todo o Mundo

Jean Jaurès



A 31 de Julho de 1914 foi assassinado Jean Jaurès pelos nacionalistas e militaristas franceses.
Na época (1914) vivia-se uma espiral de nacionalismo e belicismo. A imprensa francesa e a propaganda nacionalista incitavam à mobilização geral para a guerra contra a Alemanha .

Em todos os países europeus a imprensa alimentava a retórica belicista e promovia um discurso de ódio, desumanizando o Outro e representando-o invariavelmente como um monstro.

Jean Jaurès lutou sempre contra o desencadear da guerra, e foi acusado de ser antipatriótico e antifrancês por ser contra a guerra e a favor da Paz, pelo que foi o alvo escolhido pelos nacionalistas e militaristas franceses.

Mais tarde, 10 anos depois da sua morte, Jaurés foi homenageado e entronizado no Panteão Nacional, mostrando que apesar de inicialmente incompreendido e isolado, a história posterior demonstrou que afinal tinha razão.

Biografia aqui

Música do BioTerra: Arcade Fire - Guns of Brixton


When they kick at your front door
How you going to come?
With your hands on your head
Or on the trigger of your gun?

When the law breaks in
How you going to go?
Shot down on the pavement
Or waiting on death row?

You can crush us
You can bruise us
But you'll have to answer to
Oh, the guns of Brixton

The money, it feels good
And your life, it treats you well
But surely your end will come
As in heaven, as in hell

You see, he feels like Ivan
Born under the Brixton sun
His game is called surviving
At the end of the harder they come

You can crush us
You can bruise us
But you'll have to answer to
Oh, the guns of Brixton

When they kick at your front door
How you going to come?
With your hands on your head
Or on the trigger of your gun?

When the law break in
How you going to go?
Shot down on the pavement
Or waiting on death row?

You can crush us
You can bruise us
You can even shoot us!
But, oh, the guns of Brixton

You can crush us
You can bruise us
But you'll have to answer to
Oh, the guns of Brixton

Rede de jovens neo-nazis prepara ataques terroristas na Europa e nos EUA, revela investigação


Young Threats: Young Neo-Nazis Establish Cells in Europe and the U.S.


Dezenas de grupos compostos por jovens neo-nazis estão espalhados pela costa oeste dos Estados Unidos, pela Europa ocidental e por algumas regiões dos Estados bálticos, e estarão a preparar-se para levar a cabo ataques armados.

A revelação é feita por uma investigação conjunta do ‘Politico’, ‘Welt am Sonntag’ e ‘Insider’, publicada esta quarta-feira. O trabalho foi realizado ao longo de um ano e mergulhou fundo na rede terrorista de extrema-direita, através de fóruns online e da análise de mais de 98 mil mensagens trocadas entre os jovens neo-nazis, bem como vídeos e fotografias.

Os investigadores descobriram também que esses grupos partilhavam “listas de morte” e guias sobre como fabricar bombas caseiras e criar componentes de armas usando impressoras 3D. Foi também descoberto que esses grupos faziam ameaças de morte a políticos e jornalistas

Os grupos adotam nomes de guerra inspirados na propaganda disseminada pelo partido Nazi, da Alemanha governada pelo ditador Adolf Hitler. Um dos coletivos destacados pela investigação é o Feuerkrieg, ou “Guerra de Fogo”, em português.

Entre os membros, contam-se jovens adolescentes, alguns deles com apenas 16 anos, radicalizados pela exposição a materiais e propaganda que impele à realização de atos terroristas, incluindo homicídio.

Um desses jovens é Lukas F., agora com 17 anos, que se presume ter nascido na Bielorrússia, que vive em Potsdam, cidade na Alemanha. Uma das fotografias a que os investigadores tiveram acesso mostra Lukas num veículo de guerra, com um dos seus irmãos e com o pai, um cazaque de ascendência alemã.

O jovem frequentou uma escola secundária em Potsdam, onde não se destacava pela sua participação em atividades, mas voluntariou-se uma vez para servir de guia dos colegas numa exposição sobre movimento extremistas de extrema-direita.

Fontes a que os investigadores tiveram acesso contam que Lukas podia ser frequentemente encontrado em fóruns online dedicados a videojogos, em que ele e um grupo de outros jovens assediava gays e lésbicas.

Contudo, o ponto-chave da transformação de Lukas terá acontecido durante uma visita de estudo a um campo de concentração de Sachsenhausen. A visita tinha como objetivo mostrar aos alunos os horrores perpetrados durante o período do Holocausto, mas acabou por selar o destino de Lukas e fortalecer a sua inclinação para o extremismo de direita. Depois do passeio, Lukas terá chegado a casa e colocado uma suástica como a imagem de fundo do seu computador portátil.

De acordo com textos escritos pelo próprio Lukas, a investigação aponta que o jovem ter-se-á apercebido do ódio que sentia, pela primeira vez, quando tinha 14 ou 15 anos, assumindo-se como partidário do nacional-socialismo. Nessa altura, terá publicado num fórum online que o Holocausto foi uma “purga”.

Em alguma altura do seu percurso na extrema-direita, Lukas terá criado um perfil numa rede social russa, em que a sua imagem de perfil mostra o jovem vestido de camuflado e com o rosto coberto por uma máscara com o desenho de uma caveira. No topo da sua página surge a frase “Cobrir o mundo de sangue”. Lukas criou o seu próprio grupo, a que chamou de “Armas da Morte”.

O movimento neo-nazi nos EUA

Do outro lado do Atlântico, nos EUA, os investigadores destacam o papel de James Mason com uma das principais forças motrizes do movimento neo-nazi no país. Mason juntou-se a um grupo de extrema-direita com apenas 14 anos, e dois dias depois planeava o homicídio da sua professora, embora não tenha chegado a concretizá-lo.

No grupo a que Lukas pertence, o livro ‘Siege’ da autoria de Mason é considerado leitura obrigatória, tido por muitos nessas comunidades até mais importante do que ‘Mein Kampf’ de Hitler.

No seu livro, Mason apela a construção de uma sociedade engolida em guerra civil, em que assassinos individuais ou pequenas células cometem ataques contra infraestruturas, políticos e minorias sociais. Esse cenário, defende Mason, deverá abrir caminho a uma revolução da extrema-direita.

A ideais do extremista norte-americano ganharam uma grande massa de seguidores nos últimos anos, avança a investigação, com grupos, células e indivíduos espalhados pela Europa, Canadá e EUA.

O responsável pelo Departamento Alemão para a Proteção da Constituição, Thomas Haldenwang, explicou aos investigadores que a mensagem do ‘Siege’ tem vindo a ganhar fulgor na Alemanha. “Especialmente os jovens, alguns deles ainda menores, estão a tornar-se seguidores”, realça Haldenwang, acrescentando que “já não é incomum encontrar menores a defenderem a violência e até a planearem atos violentos”.

E a lista de ataques ligados a ideologia neo-nazi cresce a cada ano que passa, de que é exemplo o tiroteio no centro comercial Olympia, em Munique, em 2016, e o ataque a uma sinagoga e a uma loja de kebab em 2019, na cidade alemã de Halle. Nos grupos online, os atacantes são enaltecidos como heróis.

Em alguns fóruns online investigados, os adolescentes aderem às comunidades extremistas depois de jurarem fidelidade à ideologia neo-nazi e ao grupo a que pertencem, e são partilhadas mensagens a vangloriar atacantes que tenham levado a cabo agressões violentas em prol das ideias da extrema-direita.

Lukas F. terá chegado a dizer, em dezembro de 2020, que planeava um atentado contra a vida da então Chanceler alemã Angela Merkel, com recurso a uma bomba. Mas o ataque não se concretizou.

Um combate pejado de obstáculos: autoridades com dificuldades em encerrar redes neo-nazis online

A investigação salienta a dificuldade das autoridades em combater estes grupos neo-nazis, pois quando conseguem, por fim, encerrar um, outro surge no seu lugar. Os obstáculos prendem-se muito com o facto de as organizações não terem estruturas rígidas, mas antes formarem-se por ligações fluídas entre os seus membros e recorrerem a plataformas online que procuram mascarar os seus IPs, que permitiram determinar localizações e utilizadores.

A Europol refere que “nestas situações complexas temos que lidar com indivíduos, visto que um ou dois indivíduos a atuarem por conta própria podem representar uma ameaça real”.

O especialista em grupos de extrema-direita, Miro Dittrich, contou aos investigadores que demorou anos até que as autoridades policiais e de segurança começassem a considerar seriamente as atividades online desses grupos. E saliente que, ainda agora, não existem recursos humanos suficientes para fazer frente ao crescimento do fenómeno.

“Os jovens começam a ser radicalizados muito mais cedo”, afirmou o especialista, explicando que quando têm 14 ou 15 anos “já atingiram o fim da sua espiral de ódio”.

Em junho, Lukas F. acabou por ser detido pela polícia alemã e está hoje numa prisão algures na região de Märkisch-Oderland, aponta a investigação, com os serviços de segurança a classificá-lo como uma ameaça e como alguém que se preparava para realizar atos terroristas.

Nos últimos meses, um grupo de jovens foi formado em Brandeburgo, Alemanha, com o intuito de lutar pela libertação de Lukas F.

sábado, 30 de julho de 2022

German cities impose cold showers and turn off lights amid Russian gas crisis

German cities impose cold showers and turn off lights amid Russian gas crisis




Cities in Germany are switching off spotlights on public monuments, turning off fountains, and imposing cold showers on municipal swimming pools and sports halls, as the country races to reduce its energy consumption in the face of a looming Russian gas crisis.

Hanover in north-west Germany on Wednesday became the first large city to announce energy-saving measures, including turning off hot water in the showers and bathrooms of city-run buildings and leisure centres.

Municipal buildings in the Lower Saxony state capital will only be heated from 1 October to 31 March, at no more than 20C (68F) room temperature, and ban the use of mobile air conditioning units and fan heaters. Nurseries, schools, care homes and hospitals are to be exempt from the saving measures.

“The situation is unpredictable,” said the city’s mayaor, Belit Onay, of the Green party. “Every kilowatt hour counts, and protecting critical infrastructure has to be a priority.”

Hanover’s 15% savings target is in line with the reductions the European Commission this week urged member states to make to ensure they can cope in the event of a total gas cutoff from Russia. Germany, which is more reliant on Russian gas imports than other European countries, is under pressure to lead the way.

In Berlin, the German capital, about 200 historic monuments and municipal buildings were shrouded in darkness on Wednesday night as the city switched off spotlights to save electricity. Monuments previously lit up at night include the Victory Column in Tiergarten park, the Memorial Church on Breitscheidplatz and the Jewish Museum.

“In the face of the war against Ukraine and Russia’s energy threats it is vital that we handle our energy as carefully as possible,” said Berlin’s senator for the environment, Bettina Jarasch.

Germany uses most of its gas imports to heat homes and power its large industry. But while an energy emergency plan initiated in June enables utility firms to pass on high gas prices to customers, most private households in Germany pay their gas bills in set advance payments and have yet to directly experience the kind of dramatic increases that would change consumer behaviour.

On Thursday, Germany’s government confirmed that a planned gas surcharge on customers could be much higher than previously expected, to save energy companies from going bankrupt in the coming months.

“We can’t say yet how much gas will cost in November, but the bitter news is it’s definitely a few hundred euros per household,” said the economy minister, Robert Habeck.

Germany also uses gas to generate about 15% of its electricity needs, which is where municipal authorities have decided to make relatively painless savings.

The city of Munich, in Germany’s south, this week announced it would switch off spotlights on its town hall on Marienplatz square, which is usually lit up until 11pm, and have only cold water at municipal offices. Fountains would also be turned off at night.

Nuremberg is closing three of its four city-run indoor swimming pools and will keep its outdoor lidos open until 25 September.

In April, Berlin had announced measures to keep its outdoor swimming pools at two degrees below the weather-dependent standard temperature throughout the summer season.

Aeroporto de Beja não é um embuste



A maior parte dos portugueses crê que o Baixo Alentejo e Beja ficam no fim do mundo. Atrás do sol posto. No cu de Judas. Como preferirem. Para essas mesmas pessoas Beja ambicionar ser a alternativa de suporte ao aeroporto da capital não passa de uma fantasia ridícula, enxovalhada à boca cheia (em tom jocoso e até desrespeitador) por grande parte dos media nacionais, como ainda agora acabei de ouvir na TV. Para quem, por ignorância ou omissão deliberada da comunicação social, não sabe eu partilho: a BA11 de Beja é, em termos de área ocupada, a maior da Europa e uma das maiores do mundo. 

Quando os alemães a construíram na década de 60 sabiam o que estavam a fazer. E é por isso que a pista é uma das 240 do planeta onde o "aviãozinho" A380 pode aterrar (fora todos os outros, naturalmente). E não me invoquem o argumento da distância geográfica. Beja fica a 1h30 de Lisboa e a 1h30 do Algarve, totalmente disponível para apoiar os dois grandes pólos turísticos do sul do país. 
Ao contrário do argumento do comentador de TV aterrei em dezenas de aeroportos no mundo inteiro ( por isso tenho termo de comparação) e em vários desses aeroportos secundários levei entre hora e meia, a duas ou mais horas a chegar à capital.

Porque os voos para esses aeroportos são mais baratos e há muito público nesse segmento. 
Porque apreciar a paisagem do país através do vidro de um comboio também enriquece a experiência do viajante. 
Porque de um universo gigante de passageiros, alguns (mesmo que poucos) terão a sorte de escolher pernoitar nas redondezas e descobrir um país sem filtros, sem rooftops, sem tuk tuks, feito de pão, queijo, vinho, vida barata e poucos atropelos. 
E seguramente passarão a mensagem. 

A ridicularização da opção aeroporto de Beja existe apenas para encobrir a falta de interesse em investir nas acessibilidades (que maçada, esses milhões já estão destinados aos bolsos dos que engordarão com a construção do novo aeroporto noutro sítio qualquer). Há mercado e passageiros para o aeroporto de Beja prestar muitos e bons serviços. Infelizmente só não há vontade.

Ler aqui um estudo do Professor Manuel Tão

Áustria em choque com suicídio de médica alvo de ativistas antivacinas

Suicídio de média austríaca vítima de contínuas ameaças de morte de protestantes antivacinas está a chocar o país. O Presidente austríaco declarou que irá acabar com a intimidação e o medo. "O ódio e a intolerância não têm lugar na nossa Áustria".

Fotografia retirada da conta de Instagram de Lisa-Maria Kellermayr


Líderes austríacos apelaram à unidade nacional depois do recente caso chocante de uma médica ter tirado a própria vida na sequência de ameaças de morte de ativistas antivacinação e teóricos da conspiração da pandemia de coronavírus.

"Vamos acabar com essa intimidação e medo. O ódio e a intolerância não têm lugar na nossa Áustria", declarou o presidente Alexander Van der Bellen, saudando Lisa-Maria Kellermayr como uma médica que defendia a cura das pessoas, protegendo-as de doenças e levando uma abordagem cautelosa da pandemia.

E ainda acrescentou: "Mas algumas pessoas ficaram furiosas com isso. E essas pessoas assustaram-na, ameaçaram-na, primeiro na internet e depois também pessoalmente, diretamente no seu consultório."

De acordo com a Reuters, o corpo da médica - que costumava dar entrevistas aos media sobre o combate à pandemia de coronavírus e a promoção de vacinas - foi encontrado no seu consultório no norte da Áustria na sexta-feira. Alegadamente foi encontrado junto ao seu corpo uma nota de suicídio.

Recorde-se que no mês passado, a Áustria abandonou os planos de introduzir a vacinação obrigatória contra COVID-19 para adultos, dizendo que era improvável que a medida aumentasse uma das taxas de vacinação mais baixas da Europa Ocidental.

A morte desta médica austríaca - que a associação de médicos austríacos disse refletir uma tendência mais ampla de ameaças contra a equipe médica - está a chocar o país. "O ódio contra as pessoas é indesculpável. Esse ódio deve finalmente parar", disse o ministro da Saúde, Johannes Rauch.

Uma visão partilhada de prosperidade para as pessoas e o planeta

Os nossos instintos, o nosso corpo e os nossos sentidos estão sintonizados para perceber os perigos naturais e encontrar segurança, abrigo e os alimentos que a natureza providencia.


Por Helena Freitas

O declínio da biodiversidade e as alterações climáticas estão a afetar o funcionamento dos ecossistemas e a qualidade de vida das pessoas. Determinante para esta tendência global de degradação que todos os dias se intensifica é o uso insustentável dos recursos naturais, as desigualdades entre e dentro dos países, e a prevalência de políticas que priorizam os valores da natureza negociados pelo mercado. Por outro lado, o acesso aos benefícios das múltiplas contribuições da natureza para as pessoas, e a sua distribuição, é claramente injusto.

Ainda assim, um consenso global firmado pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e pela Visão para a Biodiversidade 2050 estabeleceu uma visão partilhada de prosperidade para as pessoas e para o planeta. A concretização desta visão depende de uma mudança transformadora e sistémica, capaz de incorporar os diversos valores da natureza alinhados com os objetivos de justiça e sustentabilidade, e a inter-relação das dimensões económica, social e ambiental.

Percebe-se a urgência da mudança quando se atenta à supremacia dos apoios ao lucro a curto prazo e ao crescimento económico, tendo por base indicadores macroeconómicos como o Produto Interno Bruto. Estes indicadores têm geralmente em conta os valores da natureza refletidos através dos mercados, não traduzindo as alterações na qualidade de vida.

Na verdade, ignoram os valores associados às contribuições da natureza para as pessoas, não inscritos no mercado, incluindo serviços de ecossistema dos quais depende a vida. Por outro lado, estes indicadores não têm em conta os limites planetários e os impactos da sustentabilidade a longo prazo. Deste modo, as políticas de conservação que se centram demasiado na biodiversidade tendem a desvalorizar outros valores e a excluir as comunidades locais que dependem da natureza para a sua sobrevivência.

A recente avaliação sobre os diversos valores e valorização da natureza desenvolvida pelo Painel Intergovernamental para a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES) procurou traçar diretrizes no sentido da conciliação da prosperidade para as pessoas e para o planeta. Introduz a compreensão das relações entre diferentes visões e valores de mundo, uma tipologia de valores, orientações para a conceção e implementação de métodos e processos de avaliação, e recomenda a incorporação dos distintos valores da natureza na tomada de decisão.

A natureza é entendida pelo IPBES de uma forma inclusiva, abrangendo múltiplas perspetivas e entendimentos do mundo natural, como a biodiversidade e as perspetivas dos povos indígenas e das comunidades locais que usam conceitos como a Mãe Terra. A avaliação agora elaborada tem ainda em vista contribuir para a concretização da visão para a Biodiversidade 2050, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e do futuro quadro global da biodiversidade pós-2020, para um futuro justo e sustentável.

O documento do IPBES destaca quatro perspetivas gerais que devem ser tidas em conta: viver da natureza, ou seja, a sua capacidade de nos proporcionar bens essenciais, como alimentos e bens materiais; viver com a natureza, respeitando o direito da vida não-humana a prosperar; viver na natureza, que se refere ao direito das pessoas a um sentido de lugar e identidade, e, finalmente, viver como natureza, o que significa cuidar o mundo como integrante espiritual do ser humano.

Neste sentido, vale a pena recordar o biólogo norte-americano E. O. Wilson, e a sua hipótese da biofilia, segundo a qual o amor pela natureza nos seres humanos é algo inato; um produto de milénios de evolução em que vivemos em estreita relação com os elementos, as espécies e os habitats naturais. Os nossos instintos, o nosso corpo e os nossos sentidos estão sintonizados para perceber os perigos naturais e encontrar segurança, abrigo e os alimentos que a natureza providencia.

Mais do que isso, a natureza é a essência das nossas fantasias, surgindo tantas vezes em fábulas e religiões. A natureza é a chave para a nossa satisfação estética, intelectual, cognitiva e até espiritual, escreveu Wilson. A biofilia de Wilson expressa o nosso amor pela vida; não só a nossa própria vida, mas a vida das espécies e lugares selvagens com os quais, nas palavras de Wilson, sentimos um inato e imperioso apelo à ligação.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Charles Eisenstein - Repensar o mundo - As transformações económicas, políticas e pessoais


As nossas histórias nos governam. Elas sintetizam e dão sentido à caminhada humana. Muitas vezes, contudo, as histórias saem de sintonia com a realidade e passam a não mais orientar, mas a se fixar em padrões estabelecidos e desconectados. É possível imaginarmos uma matriz sociopolítica e económica que faça sentido para os conhecimentos de que já dispomos? O que seria uma postura de vida que nutra um futuro desejável?

Charles Eisenstein é conferencista e escritor, voltado para os temas da civilização, consciência, dinheiro e evolução cultural humana. Em primeira visita ao Brasil, lança também seu primeiro livro em língua portuguesa, "O mundo mais bonito que os nossos corações sabem ser possível", pela Palas Athena Editora. Seus vídeos virais e textos online fizeram dele um filósofo social e um intelectual da contracultura, que não pode ser facilmente rotulado. Graduou-se em Matemática e Filosofia pela Universidade de Yale em 1989, e trabalhou nos dez anos seguintes como tradutor do chinês para o inglês. Autor de Sacred Economics (Economia Sagrada) e Ascent of Humanity (A Ascensão da Humanidade), ele hoje vive em Camp Hill, Pennsylvania.

𝐑𝐞𝐩𝐞𝐧𝐬𝐚𝐫 𝐨 𝐦𝐮𝐧𝐝𝐨
A velha história é a história da separação. Precisamos de novas histórias, porque a velha história é mentira. Nós não estamos separados um dos outros, nem estamos separados das plantas, dos animais, da natureza, do cosmos. A nova história é, afinal, a mais antiga de todas, e os povos indígenas sabem disso: que estamos todos todos interligados, que somos feitos da mesma matéria uns e outros  e as estrelas! Inspire-se na palestra de Charles Eisenstein em S. Paulo.

Biografia:

Meio ambiente saudável é agora um direito humano universal


A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou, esta quinta-feira, ter acesso a um meio ambiente limpo, saudável e sustentável é um direito humano universal. A resolução foi aprovada pela Assembleia das Nações Unidas em Nova Iorque com 161 votos a favor e oito abstenções, por parte da China, Rússia, Bielorrússia, Síria, Camboja, Etiópia, Irão e Quirquistão.

O documento baseia-se num texto adotado em outubro de 2021 pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, que enfatiza esta mensagem, e na resolução 48/13 do Conselho, de abril deste ano, que defende precisamente este direito.

António Guterres, secretário-geral da ONU, considera esta uma “decisão histórica”, sublinhando que a mesma “ajudará a reduzir as injustiças ambientais, fechar as lacunas da proteção e capacitar as pessoas, especialmente aquelas que estão numa situação de vulnerabilidade, incluindo defensores dos direitos humanos ambientais, crianças, jovens, mulheres e povos indígenas”.

A resolução reconhece que o desenvolvimento sustentável e a proteção ambiental “contribuem e promovem o bem-estar humano e o pleno gozo de todos os direitos humanos, para as gerações presentes e futuras”. Por outro lado, destaca também que as “alterações climáticas, a gestão e utilização insustentáveis dos recursos naturais, a poluição do ar, da terra e da água, a má gestão de produtos químicos e resíduos, a consequente perda de biodiversidade e o declínio dos serviços prestados pelas ecossistemas”, interferem no cumprimento destes direitos.

Para que o direito humano seja efetivamente implementado, a Assembleia Geral da ONU apela a que todos os Estados-Membros, organizações internacionais e empresas, se esforcem e cooperem entre si para garantir que este ambiente saudável está disponível para todos. É ainda exigido o cumprimento dos Acordos Multilaterais Ambientais (AMAs).

“Esta resolução envia uma mensagem de que ninguém pode tirar de nós a natureza, o ar e a água limpos ou um clima estável – pelo menos, não sem ter luta”, afirma Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). “A resolução irá desencadear ações ambientais e fornecer as salvaguardas necessárias para as pessoas em todo o mundo. Isso ajudará as pessoas a defender o seu direito de respirar ar limpo, de ter acesso a água segura e suficiente, alimentos saudáveis, ecossistemas saudáveis ​​e ambientes não tóxicos para viver, trabalhar, estudar e se divertir.”

Desinformação sobre alterações climáticas leva norte-americanos a duvidarem da ciência



As décadas de desinformação sobre as alterações climáticas deixaram marca e levam muitas pessoas a duvidarem das evidências científicas, adiantam investigadores sobre o tema.

A académica da Universidade de Harvard Naomi Oreskes, que escreveu sobre a história da desinformação sobre as alterações climáticas, considerou “uma tragédia” perceber que “milhões de norte-americanos pensam que os cientistas estão a mentir, mesmo sobre coisas que estão provadas há décadas”.

Eles têm sido persuadidos por décadas de desinformação. A negação é realmente, realmente profunda.

Um dos exemplos foi o memorando tornado público pelo The New York Times, em 1998, em que era revelada a estratégia agressiva das empresas americanas de combustíveis fósseis para reagir à assinatura do Protocolo de Quioto, no qual as nações se comprometeram a reduzir as emissões de carbono, apostando na desinformação para gerar a dúvida no debate público.

O papel das empresas de combustíveis fósseis

As empresas de combustíveis fósseis gastaram muito num esforço para contrariar o apoio à redução de emissões.

Agora, mesmo quando essas mesmas empresas promovem investimentos em energias renováveis, o legado de toda essa desinformação climática permanece e contribui para um maior ceticismo em relação aos cientistas e instituições científicas.

"Foi a abertura de uma caixa de Pandora de desinformação que se revelou difícil de controlar", disse Dave Anderson, do Energy and Policy Institute, uma organização que criticou as empresas petrolíferas e carboníferas por reterem a informação a que tinham acesso sobre os riscos das alterações climáticas.

Maior sensibilização para alterações climáticas

Nas décadas de 80 e 90, quando passou a existir uma maior sensibilização para as alterações climáticas, as empresas de combustíveis fósseis investiram milhões de dólares em campanhas de relações públicas para rebater as provas que sustentavam as mudanças em curso no planeta.

Uma das estratégias passou por financiar grupos de reflexão supostamente independentes que escolheram a dedo dados científicos e promoveram opiniões divergentes destinadas a fazer parecer que existiam dois lados legítimos na discussão.

Desde então, a abordagem abrandou à medida que o impacto das alterações climáticas se tornou mais evidente e as empresas de combustíveis fósseis passaram a divulgar energias renováveis, como a solar e a eólica, ou iniciativas concebidas para melhorar a eficiência energética ou compensar as emissões de carbono.

O investigador da Universidade de Stanford Ben Fanta, também advogado, frisou que “o debate [sobre as alterações climáticas] foi fabricado pela indústria dos combustíveis fósseis nos anos 90, e estamos a viver com essa história neste momento”.

Vivemos dentro de uma extensa campanha de várias décadas executada pela indústria dos combustíveis fósseis.

O impacto dessa estratégia reflete-se em inquéritos à opinião pública, que mostram um fosso crescente entre republicanos e outros norte-americanos quando se trata de opiniões sobre as alterações climáticas.

Embora a percentagem de americanos em geral que dizem estar preocupados com as alterações climáticas tenha aumentado, os republicanos estão cada vez mais resistentes em aceitar o consenso científico de que a poluição proveniente dos seres humanos está a impulsionar as alterações climáticas.

As empresas de combustíveis fósseis negam qualquer intenção de enganar o público americano e apontam os investimentos em energias renováveis como prova de que levam a sério as alterações climáticas.

Numa declaração enviada por correio eletrónico à The Associated Press, a porta-voz do Instituto Americano do Petróleo, Christina Noel, afirmou que a indústria petrolífera está a trabalhar para reduzir as emissões, assegurando ao mesmo tempo o acesso a energia fiável e acessível.

Nova Ordem Mundial, uma velha estratégia de dominação através da redução populacional mundial

O Perdana Global Peace Forum foi organizado pela Perdana Leadership Foundation de 15 a 17 de dezembro de 2005 no Putra World Trade Centre, Kuala Lumpur, Malásia, onde pretendia fornecer uma plataforma internacional para a discussão dos problemas mundiais atuais e através de um discurso abrangente, ideias para tornar o nosso mundo um lugar melhor e mais seguro. 


O Fórum reuniu um grupo diverso e seleto de chefes de estado atuais e antigos, líderes empresariais, acadêmicos proeminentes, líderes comunitários, outras partes interessadas e representantes de ONGs para debater coletivamente sobre uma maneira prática de alcançar a paz global.

Discurso em 2015 por Tun Dr Mahathir bin Mohamad; um político, estadista, autor e médico malaio por um total acumulado de 24 anos de serviços a Malásia, tornando-o o primeiro-ministro mais antigo do país. Mahathir se tornou o líder estadual mais velho do mundo atualmente (com idade 92 anos).
Mahathi fala com conhecimento de causa sobre a NOVA ORDEM MUNDIAL


transcrição desse vídeo a partir dos 03:00 minutos 
       ... pode ser receita para a paz e certamente 
03:02 não para a guerra, muitas vezes ouvimos líderes 
03:08 falando sobre uma nova ordem mundial e para 
03:12 a maioria de nós quando alguém fala sobre um 
03:15 nova ordem mundial, visualizamos uma melhor 
03:20 mundo, um mundo onde temos vivemos muito 
03:26 vida mais próspera, livre de opressão 
03:30 e semelhantes, mas na verdade a ideia de um 
03:36 a nova ordem mundial não é nova, é muito 
03:40 antigo, basicamente, é sobre ter um mundo
03:45 governo devemos abolir todos os estados 
03:50 todas as nações, todas as fronteiras, mas em vez disso ter 
03:55 apenas um governo mundial e aquele mundo 
03:59 o governo deve ser feito por certas pessoas 
04:03 hilotas pessoas que são muito ricas muito 
04:07 inteligente muito poderosa de muitas maneiras 
04:10 eles são aqueles que irão governar o 
04:13 mundo sobre o qual não se falava muito 
04:16 democracia ou escolha de líderes ao invés 
04:22 deveria haver um governo por este 
04:25 elites que irão impor suas regras sobre 
04:29 todos neste mundo e para aqueles que 
04:33 não estão dispostos a se submeter a eles 
04:38 serão punidos, este é o conceito 
04:43 inicialmente, mas muitos não leram ou não fizeram 
04:48 não sei sobre este conceito, mas é 
04:51 importante para nós lembrarmos que este 
04:54 nova ordem mundial é uma velha ordem mundial é 
04:58 algo que foi concebido mais do que um 
05:01 cem anos atrás e ainda está sendo 
05:06 repetido por políticos poderosos de 
05:10 países poderosos que é novo nós 
05:17 devemos nos perguntar se o 
05:21 pessoas que originalmente conceberam issa 
05:23 ideia perdeu a esperança de alcançar um 
05:27 governo mundial se estudarmos cuidadosamente 
05:31 história recente saberemos que 
05:36 são pessoas que ainda desejam criar um 
05:39 governo mundial onde este governo 
05:43 governa toda a nação, o mundo inteiro 
05:45 sem consideração por nações ou Estados 
05:49 não haveria corpos e quando eu digo 
05:53 nenhum corpo, tenho certeza de que você se lembra 
05:57 muita conversa sobre globalização e
 06:01 uma globalização mundial sem fronteiras e um 
06:07 mundo sem fronteiras é uma expressão que 
06:11 relaciona-se com o conceito do Nova Ordem Mundial
06:15 como ele foi concebido, vivemos 
06:20 em um mundo hoje dominado por 
06:24 poderosos, o povo com 
06:27 as armas, exceto que aceitar que são 
06:31 armas agora muito mais sofisticadas que temos 
06:36 atingiu um estágio onde 
06:39 certas pessoas têm armas que poderiam 
06:42 acabar com a população deste mundo 
06:46 as armas nucleares têm essa capacidade 
06:49 e as armas nucleares estão nas mãos 
06:53 de certos países e certas pessoas 
06:59 portanto, o mundo tem medo de 
07:03 eles e quando o mundo tem medo de 
07:06 o mundo se tornar submisso a 
07:09 eles e quando o mundo se submete a eles 
07:12 efetivamente, há um governo
07:16 neste mundo o que estamos vendo hoje 
07:18 acontecendo no  Médio Oriente acontecendo 
07:21 em muitos outros países, incluindo na
07:23 Malásia, onde a interferência está sendo 
07:27 feita no processo político deste 
07:29 país, todos estes são do interesse 
07:35 de estabelecer a nova ordem mundial agora
07:39 com isso traga paz para nós ou 
07:43 fazer com que guerras sejam travadas em muitos lugares 
07:49 já vemos guerras sendo travadas no 
07:53 meio é que as guerras foram travadas no Vietnam 
07:56 e em muitas outras partes do mundo 
08:00 por causa da necessidade das pessoas que 
08:03 estão promovendo a nova ordem mundial para 
08:06 estabelecer o seu governo do mundo 
08:10 e não só pior, vemos todos os tipos de 
08:15 subversão ocorrendo minando nossa 
08:19 valores morais na medida em que nós 
08:23 ficamos desamparado, incapazes de fazer qualquer coisa 
08:27 e a paz que obteremos com isso 
08:31 é o pedaço do cemitério porque 
08:35 a intenção também é reduzir o 
08:38 número de pessoas neste mundo de cada vez 
08:42 quando a Nova Ordem Mundial foi enunciada 
08:46 a população deste mundo era de apenas 3 biliões
08:51 a intenção era reduzi-lo para 1 bilião agora a população do mundo 
08:58 é de 7 biliões, será necessário 
09:02 matar muitos biliões de pessoas para impedirmos 
09:06 até a morte ou para impedi-los de 
09:08 dar à luz a fim de reduzir o 
09:11 população deste mundo isso é o que é 
09:16 armazena para alces para aqueles que irão 
09:21 sofrer e morrer haverá a peça da sepultura

Poster soviético, 1962


Não queremos Guerra!

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Investigação: a floresta de sangue dos mercenários de Putin

Uma empresa ligada ao Wagner Group começou a explorar uma floresta tropical na República Centro-Africana, em troca de apoio militar dado ao governo no combate aos rebeldes. Na Europa, incluindo em Portugal, as autoridades não têm como impedir a importação desta madeira exótica. Uma investigação do Expresso com o consórcio EIC e com a equipa All Eyes on Wagner do coletivo OpenFacto.
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Os diamantes costumavam ser os melhores amigos dos mercenários internacionais em África. São muito pequenos e fáceis de esconder. Podem passar despercebidos em voos de regresso à Europa. Em Angola era assim que russos e israelitas eram pagos pela ajuda dada ao governo de José Eduardo dos Santos para eliminar as forças rebeldes de Jonas Savimbi. Mas os tempos mudaram. Para o Wagner Group, um exército privado de Vladimir Putin que tem sido uma das organizações paramilitares mais prolíficas dos últimos anos no Médio Oriente e no continente africano, a flexibilidade, o pragmatismo e uma grande dose de despreocupação abriram caminho a outras formas de pagamento.

Para ler este artigo na íntegra clique aqui

Read about how the Central African Republic gave away its forest to the private military group Wagner. Because of the inefficiency of the timber controls in Europe, Wagner conflict timber cannot be stopped from reaching European clients, despite existing sanctions.

Timber for Mercenaries was conducted in collaboration with All Eyes on Wagner, a project by the French NGO OpenFacto. Read also about the methodology of doing such an investigation here.

Humanidade atingiu hoje o Dia de Sobrecarga da Terra

Pintura ilustrando o planeta Terra em chamas durante a COP26 em Glasgow Jane Barlow - Pa Images


O ‘Overshoot Day’ ocorre quando a pressão humana excede as capacidades regenerativas dos ecossistemas naturais. “Durante os 156 dias restantes [até o final do ano], o nosso consumo de recursos renováveis irá consistir em corroer o ‘capital natural’ do planeta”, alerta Laetitia Mailhes, da Global Footprint Network

Até hoje, a humanidade terá consumido tudo o que o planeta pode produzir num ano sem se esgotar, o que significa que viverá o que resta de 2022 a crédito, alertam duas Organizações Não Governamentais (ONG). Em sentido figurado, seriam necessários 1,75 planetas Terra para suprir as necessidades da população de forma sustentável, segundo um indicador criado por investigadores no início dos anos 1990, que continua a piorar.

Esta data, 28 de julho, corresponde ao momento em que "a humanidade consumiu tudo o que os ecossistemas podem regenerar no espaço de um ano", explicam as ONG Global Footprint Network e WWF. “Durante os 156 dias restantes [até o final do ano], o nosso consumo de recursos renováveis irá consistir em corroer o ‘capital natural’ do planeta”, alerta Laetitia Mailhes, da Global Footprint Network.

Estes dados nem têm em conta as necessidades de outras espécies que vivem na Terra. “Temos também que deixar espaço para o mundo selvagem”, refere.

O ‘Overshoot Day’ (Dia de Sobrecarga da Terra) ocorre quando a pressão humana excede as capacidades regenerativas dos ecossistemas naturais.

Segundo a Global Footprint Network, que monitoriza esta mediação, este indicador tem aumentado ao longo de 50 anos: 29 de dezembro de 1970, 04 de novembro de 1980, 11 de outubro de 1990, 23 de setembro de 2000 e 07 de agosto de 2010.

Em 2020, esta data foi adiada por três semanas, devido ao efeito dos confinamentos motivados pela pandemia de covid-19, antes de regressar aos níveis anteriores.

Esta pegada ecológica é calculada a partir de seis categorias diferentes: agricultura, pastagens, áreas florestais necessárias para produtos florestais, áreas de pesca, áreas construídas e áreas florestais necessárias para absorver o carbono emitido pela combustão de 'combustíveis fósseis' e que está intimamente ligada aos padrões de consumo, principalmente nos países ricos.

Por exemplo, se todos os humanos vivessem como os franceses, o ‘Overshoot Day’ teria ocorrido ainda mais cedo, em 05 de maio de 2022.

O WWF e a Global Footprint Network apontam o dedo em particular para o sistema alimentar.

"O nosso sistema alimentar perdeu a cabeça com o consumo excessivo de recursos naturais, sem atender às necessidades da luta contra a pobreza" por um lado, e por outro uma epidemia de excesso de peso e obesidade, sublinha Pierre Cannet, do WWF França.

As duas ONG destacaram que a pegada ecológica dos alimentos é considerável, sendo que a produção de alimentos mobiliza todas as categorias de pegada, em especial as de cultura (necessárias para a alimentação animal e humana) e de carbono (a agricultura é um setor de alta emissão de gases de efeito estufa).

“No total, mais da metade da biocapacidade do planeta (55%) é usada para alimentar a humanidade”, salientam.

Mais especificamente, "uma grande parte dos alimentos e matérias-primas são utilizados para alimentar os animais e os animais que consumimos posteriormente", detalha ainda Pierre Cannet.

No caso da União Europeia, “63% das terras cultiváveis (...) estão diretamente associadas à produção animal”.

No entanto, a agricultura contribui para a desflorestação, para as alterações climáticas, emitindo gases de efeito estufa, para a perda de biodiversidade e para a degradação dos ecossistemas, enquanto utiliza grande parte da água doce, apontam as ONG.

Com base em recomendações científicas, estas defendem a redução do consumo de carne nos países ricos.

"Se pudéssemos reduzir o consumo de carne para metade, poderíamos adiar em 17 dias a data do Dia de Sobrecarga da Terra”, explica Laetitia Mailhes.

Já limitar o desperdício de alimentos permitiria adiar a data em 13 dias, acrescentou, salientando que um terço dos alimentos é desperdiçado no mundo.

O que é que a Zara, a H&M ou o Lidl têm a ver com a brutal ditadura de Myanmar?

A brutalidade da Junta Militar que governa Myanmar desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021 voltou a ser notícia dia 25 de Junho, devido à execução de quatro opositores do governo, enforcados por causa das suas atividades pró-democracia, a que os militares no poder chamam “terrorismo”. Mas, esta terça-feira, um relatório de uma ONG sobre os abusos de que são alvo as trabalhadoras do setor têxtil daquele país volta a colocar as atenções sobre a antiga Birmânia. E não só: o mesmo relatório coloca no centro das atenções marcas internacionais tão conhecidas como a Zara, a H&M, a Primark ou o Lidl, que comercializam produtos fabricados naquele país em total desrespeito pelos direitos humanos mais básicos.


O relatório (que pode consultar aqui) é do Business & Human Rights Resource Centre (BHRRC), uma Organização Não Governamental (ONG) internacional, sediada em Londres, que monitoriza o impacto das empresas nos direitos humanos. Segundo o estudo desenvolvido em Myanmar ao longo dos últimos dezoito meses - ou seja, desde o golpe de Estado que permitiu à Junta Militar tomar o poder e terminar com quase uma década de experiência democrática no país -, verificam-se "abusos generalizados e sistémicos nas cadeias de abastecimento das marcas internacionais".

Que tipo de abusos? No fundo, quase todos os que se possam imaginar, nomeadamente roubo de parte do salário, horários de trabalho abusivos, horas extraordinárias forçadas e não remuneradas, repressão de qualquer tipo de associação - nomeadamente sindical - e ainda violência baseada no género e assédio sexual. Para além de violência pura e dura - há relatos de mulheres que levam pontapés, socos no peito e na cabeça, que são empurradas, insultadas e humilhadas em público nestas fábricas.

Na linha da frente do movimento pró-democrático

A informação refere-se ao setor têxtil, um dos grandes empregadores de Myanmar, com uma mão de obra de cerca de 700 mil pessoas, das quais cerca de 90% são mulheres. Há dados relativos a 70 fábricas cuja produção acaba por ser incorporada na cadeia de valor de grandes marcas internacionais de têxtil e pronto a vestir.

A atenção ao setor têxtil não é um acaso: é aquele cujos trabalhadores mais se destacaram na linha da frente do Movimento de Desobediência Civil que alastrou pelo país após o golpe militar. Estudantes, trabalhadores fabris e agricultores, um pouco por todo o país, resistiram à Junta Militar, “arriscando as suas vidas e meios de subsistência para exigir o fim da ditadura e para restaurar a democracia em Myanmar”, relata o BHRRC.

“Para manter o poder, os militares responderam com força letal à oposição e à dissidência. Tem sido noticiado que pelo menos 55 ativistas sindicais foram mortos e 301 líderes sindicais e membros do movimento laboral foram presos” em pouco mais de um ano.

Ao longo desta investigação foi ainda documentado o assassinato de sete trabalhadores pelas forças militares e outros seguranças armados, e 15 casos de prisão e detenção arbitrária de trabalhadores.

Este é um relato esclarecedor: “A 15 de Março de 2021, seis trabalhadores - incluindo uma mulher líder sindical - de Xing Jia Calçado foi baleada e morta pelos militares e pela polícia depois dos trabalhadores se terem reunido fora da fábrica para reivindicar salários não pagos. Cerca de 17 pessoas foram presas, incluindo mulheres trabalhadoras da fábrica e membros das suas famílias”. Esta fábrica fornecia calçado para a marca norte-americana Justin Brands, que descreveu estes relatos como "fabricação completa" - prometeu conduzir uma investigação independente sobre os tiroteios, e continuou as operações como se nada se tivesse passado.

O mesmo tipo de brutalidade foi usado contra os estudantes e os agricultores nas áreas rurais da antiga Birmânia. Observadores da ONU têm recolhido provas de crimes contra a humanidade perpetrados pelas Forças Armadas, incluindo a destruição total de aldeias e tortura e assassinato de populações civis em territórios onde a resistência armada pró-democracia se tem feito notar.

Nas dezenas de fábricas de vestuário sob a análise da ONG, foram investigados mais de 100 casos de alegados abusos laborais e dos direitos humanos, perpetrados contra pelo menos 60.800 trabalhadores. Mas este é apenas um número indicativo, por baixo, pois algumas queixas referem-se a abusos cometidos contra elevados números de trabalhadores da mesma fábrica.

Os casos documentados, diz uma porta-voz da ONG, são "apenas a ponta do iceberg, dadas as severas restrições às liberdades cívicas e à apresentação de relatórios sob domínio militar, e o risco acrescido de represálias para os trabalhadores que se pronunciam contra os abusos".

A amostra é, porém, suficiente para a BHRRC denunciar uma cultura “generalizada” de abusos e violações de direitos e exigir que as marcas internacionais cortem com esses fornecedores.

Grandes marcas de todo o mundo

Das fábricas têxteis de Myanmar saem produtos que integram as coleções de 32 marcas internacionais tão conhecidas como Zara e Bershka (do grupo espanhol Inditex), H&M, Adidas, Primark, Lidl, Mango, C&A, Guess, Next, Moschino, Carhartt, a japonesa Uniqlo, a francesa Kiabi ou o grupo dinamarquês Bestseller (com marcas como Jack&Jones ou Only).

“Os dados destacam a escala e o alcance dos abusos nos 18 meses desde que os militares tomaram o poder e o impunidade generalizada de que gozam os perpetradores”, lê-se no relatório, divulgado esta terça-feira. A informação recolhida junto de parceiros locais - incluindo todos os principais sindicatos do setor têxtil - “levanta sérias questões às marcas de vestuário e aos seus investidores relativamente à sua capacidade de se abastecerem de forma responsável, conduzir a devida diligência em matéria de direitos humanos e proteger os trabalhadores nas suas cadeias de abastecimento.”

A conclusão é clara: se não são capazes de garantir o respeito pelos direitos dos trabalhadores e um pagamento justo, estas marcas devem abandonar “de forma responsável”

"As marcas devem acordar para a dura realidade de que já não existem condições de trabalho decentes em Myanmar e a continuação dos negócios como habitualmente já não está a ajudar a 'proteger empregos e trabalhadores', como tem sido repetidamente afirmado", disse Alysha Khambay, chefe dos direitos laborais no Business & Human Rights Resource Centre, citada pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post. "Quando os militares não estão a realizar buscas porta-a-porta em albergues e casas, a sua presença está a ser solicitada pelas fábricas para ameaçar os trabalhadores para que fiquem em silêncio", acrescentou Khambay.

Prioridade aos lucros sobre os direitos humanos

Segundo esta ONG, e os grupos de trabalho com quem o relatório foi feito, “as marcas que permanecem em Myanmar beneficiam da repressão dos direitos laborais sob domínio militar e dando prioridade aos lucros sobre os direitos humanos, num país onde os trabalhadores do vestuário - 90% dos quais mulheres - ganham agora menos de 2 dólares por dia [o mesmo em euros].”

Em mais de uma centena de casos analisados, as violações mais comuns são o roubo de salários (55 casos), cargas laborais abusivas e horas extraordinárias obrigatórias e não pagas (35 casos), e ataques à liberdade de associação (31 casos). Seguem-se os casos de violência e assédio com base no género, e a conivência entre os patrões das fábricas e os militares que usam da sua força para obrigar os trabalhadores à submissão.

Eis um caso exemplar dessa aliança efetiva entre capital e força das armas: “Em maio de 2021, militares e policias invadiram a fábrica Gasan Apparel, para prender trabalhadores suspeitos de terem participado em protestos contra o golpe. Antes da rusga, os trabalhadores alegadamente ouviram o gerente da fábrica ao telefone com alguém que acreditam ser um oficial dos militares. Trabalhadores e sindicatos alegam que a direção da fábrica conspirou com os militares, fornecendo às forças de segurança os nomes dos líderes dos sindicatos. Na altura, essa fábrica estava a produzir para Inditex e para a Mango. Na sequência do incidente, as marcas confirmaram ter cortado os laços com a fábrica em maio e em setembro de 2021, respetivamente.”
Só dois gigantes internacionais saíram do país

Pouco tempo após a tomada do poder pela Junta Militar, os sindicatos começaram a apelar às marcas internacionais para que se retirassem “de forma responsável” de Myanmar, dada a impossibilidade prática de verificarem as condições de trabalho nesses locais da sua cadeia de valor. Porém, só duas marcas o fizeram, denuncia o relatório.

“Apesar dos apelos dos sindicatos locais e internacionais para que as marcas internacionais se retirem de Myanmar até à restauração da democracia, apenas duas empresas (Tesco e ALDI) saíram”.

O gigante britânico de retalho Tesco diz ter saído de vez de Myanmar na primavera deste ano, seguindo as recomendações dos sindicatos locais e internacionais. O grupo alemão ALDI já tinha feito o mesmo em setembro de 2021, e explicou a sua decisão "devido ao caráter imprevisível da realização das nossas atividades comerciais no país e à dificuldade de cumprimento dos mais básicos processos de due diligence [verificação] dos direitos humanos”.

Os argumentos de quem fica

Outras marcas, como a Primark, a H&M ou a Bestseller começaram por suspender as compras a fábricas de Myanmar na sequência da tomada do poder pelos militares. Mas depressa retomaram a relação com as fábricas do país, invocando a importância de proteger aqueles postos de trabalho como um fator decisivo para essa atitude. No entanto, escreve a ONG, essa alegadas preocupação com os trabalhadores locais não bate certo com o comportamento recente das mesmas marcas no início da pandemia da COVID-19. “Algumas destas mesmas marcas - e muitos outros que se abastecem em Myanmar - cancelaram encomendas e solicitaram descontos retroativos com pouco respeito pela remuneração dos trabalhadores da sua cadeia de abastecimento, que foram despedidos aos milhares sem pagamento de salários devidos quando as fábricas eram obrigadas a fechar.”

Alguns trabalhadores do setor do vestuário admitem ter medo de perder os seus rendimentos se as encomendas internacionais secarem e as fábricas fecharem. Mas os sindicatos e grupos de trabalho acusam as marcas que permanecem em Myanmar porque dão “prioridade aos lucros em detrimento dos direitos humanos”, e “até de beneficiarem da tomada do poder pelos militares e subsequente repressão dos direitos laborais”.

“Nestas circunstâncias, as marcas de vestuário devem lembrar-se que a inação não é uma opção”, lê-se no relatório divulgado 26 de Julho. “No mínimo, devem empreender uma diligência elevada e contínua em matéria de direitos humanos para determinar se são capazes de se abastecer de forma responsável junto de fornecedores de Myanmar; onde não o são, devem ser consideradas estratégias de saída responsável, para cumprir as normas internacionais que as marcas adotaram”.

As marcas que responderam às acusações da BHRRC rejeitam que estejam mais preocupadas com os lucros do que com os direitos humanos e garantem, sem exceção, que estão preocupadas com a situação, prometendo investigar as alegações e tomar decisões empresariais em conformidade.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Alterações climáticas não só extinguem as aves como alteram as suas características



As alterações climáticas estão (e vão) a mudar a maneira como vivemos no planeta. Embora isso leve muitas espécies à extinção, também faz com que estas alterem as suas características e vivências, de forma a adaptar-se.

Uma estudo da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, revela que à medida que as espécies de aves vão sendo extintas, devido às alterações climáticas, também as suas características vão alterando. A tendência é que reduzam de tamanho e tenham bicos mais curtos.

“À medida que as espécies são extintas, nós esperamos que as características que elas representam também sejam perdidas. Mas o que descobrimos foi que, com a diversidade morfológica, as características foram perdidas a uma taxa muito, muito, muito maior do que a perda de espécies poderia prever. Isto é realmente importante porque pode levar a uma grande perda de estratégias e funções ecológicas”, explica Emma C. Hughes, autora do estudo.

A equipa analisou traços morfológicos, como o tamanho e a forma do bico, o comprimento da asa e o tamanho do corpo, de 8.455 espécies de aves presentes em 814 eco-regiões. Os dados revelam que as espécies maiores e as mais pequenas, são as que correm maior risco de extinção. Existem aves mais propícias a sofrer com a perda de diversidade, bem como regiões mais vulneráveis, que vão ficar com populações homogeneizadas de aves. As montanhas dos Himalaias e as florestas secas e húmidas no sul do Vietname e no Camboja, são exemplos apontados pelos investigadores.

De acordo com o artigo, a perda das espécies irá alterar a diversidade de características ecológicas, a história evolutiva e o funcionamento dos ecossistemas.

“A crise global de extinção não significa apenas que estamos a perder espécies. Significa que estamos a perder características únicas e história evolutiva, incluindo espécies que podem trazer benefícios únicos à humanidade que são atualmente desconhecidos“, alerta a investigadora.

Documentário: Secret Ingredients - Monsanto, Roundup, GMO


Este poderoso e premiado filme de Jeffrey Smith e Amy Hart compartilha histórias notáveis de pessoas que recuperam a saúde depois de descobrir os ingredientes secretos nos seus alimentos e assumir um compromisso ousado de evitá-los.

Os ingredientes secretos na nossa comida podem ser um dos principais fatores de nossa obesidade, infertilidade, cancro, problemas digestivos, autismo, confusão mental, problemas de pele, sensibilidade ao glúten, alergias, fadiga, ansiedade e muitas outras doenças. 

Conheça mais de uma dezena de pessoas que passaram por sérios problemas de saúde após adotar uma dieta que evita organismos geneticamente modificados (OGMs) e alimentos pulverizados com herbicidas tóxicos como o Roundup. 

Aprenda com os principais médicos que dizem que não são coincidências. Eles veem a doença e a recuperação assim todos os dias em sua prática. E ouça os cientistas que explicam o porquê.

Micro utopias for an inclusive future


When Gijsbert Huijink, a Dutch national living in Banyoles, in the Catalan province of Girona, set out to install solar panels in his home he stumbled upon a legal labyrinth that criminalized energy self-consumption. “If I wanted to connect to the grid to recharge my batteries and supply my excess, I had to pay a fortune,” Gijsbert Huijink said in an interview.1 Huijink then hatched a plan to exact sweet collective revenge: he founded Som Energia,2 Spain’s first power cooperative. With the help of his wife, his university students, and some friends, Gijsbert laid the foundations to effect a change in the Spanish energy market. Som Energia has since grown from an initial 150 contracts in 2010 to 125,589 in March 2021,3 and it is currently the fastest growing energy cooperative in Europe. Hundreds of city governments have hired its services and dozens of new energy cooperatives are replicating the model.

Som Energia has a characteristic that sets it apart from most environmentalist efforts. It is not a project that merely reacts: it proposes. It does not focus on protesting, but on action. It does not stop at defending certain ideals, but puts those ideals into practice. It goes beyond criticizing an economic model based on fossil fuels: it sets a new model in motion. It does not just denounce the injustice of certain regulations, but goes on to experiment with new forms of democracy. It does not focus on the individual: it aims for sustainability with community and networked solutions.

Som Energia was one of the thirty-two initiatives that participated in the first edition of the Transformative Cities People’s Choice Award and the Atlas of Utopias, the unique coopetition4 launched by the Transnational Institute (TNI) in 2018. Having completed a total of three editions,5 it perfectly embodies the spirit that infuses all those initiatives. The award-winning projects6 are a refreshing mosaic of “real utopias”. Pragmatic, adaptable utopias in progress. Simple utopias that satisfy simple desires, as Rutger Bregman notes in his book Utopias for Realists.7 “Real utopias.”8

What features do the Atlas of Utopias initiatives share?9 What horizons do they open up?

Ever since 1516, when Thomas More described an island with a perfect political, social, and legal system in his book Utopia, that word has inspired pages and pages of writing. As of that moment, humanity began to project its desires onto the future. The mythology that explained the past—foundational myths, legends—was channeled toward the future, creating utopia. The most exalted version came with Ernst Bloch’s The Principle of Hope, published in the 1950s, which combined the modern myths of utopia with revolution and the arts.10 Utopia was on the horizon. And it served to keep us walking.11

However, when Francis Fukuyama proclaimed the end of history in 1992,12 a claustrophobic present governed by the global economy emerged. According to that author, the collapse of communist governments confirmed liberal democracy as the only possible alternative. The future began to fall short of the expectations of so many utopian centuries. The future lost its inspiring glow. Possible horizons became blurred. The grandiose dreams of modernity unraveled, perhaps precisely because they were overly ambitious. Utopia fizzled out. As Franco “Bifo” Berardi notes in After the Future,13 technology has emerged as a despotic deity that cancels the future, turning time into an unlimited generation of identical fragments.

The Atlas of Utopias is an invigorating breath of fresh air in a world that has lost its great utopia. And it is tangible proof that “real utopias” are underway. We no longer have a Utopia with a capital U, but dozens, hundreds, and even thousands of networked micro utopias.14 Micro utopias where humans come together to weave territories. Concrete micro utopias that activate what Argentine sociologist Maristella Svampa calls “affinity communities.”15 Communities that recreate and reproduce themselves as they go about doing. When the people of San Pedro Magisterio, a neighborhood in the Bolivian city of Cochabamba, organized to build and operate a wastewater treatment plant, they strengthened the community management of the water cycle and the neighborhood itself. The installation of a wastewater treatment plant in the neighborhood was made possible by Fundación Abril, with the support of several organizations.16 The process became a tool for teaching (with sessions in schools), political action, and social unity. Territory-based community water management exceeds the paradigm of what is considered public. The finalists of every edition of the Transformative Cities Award, which feeds the Atlas of Utopias, are utopias situated at the territory level and in communities, and they are anchored in what is the most conducive sphere for putting these micro utopias into practice: the local sphere.

From “asking as we walk” to “learning by doing”

“Asking as we walk” (Caminando preguntamos) was one of the most widely known catchphrases of the Neo-Zapatista movement that erupted in southern Mexico in the 1990s. “Asking as we walk” opens the game up to others, inviting them to join the struggle. Dialogue is a process, not a substance: an unfolding, not a synthesis. The Zapatista movement does not talk, it listens. It does not respond, it asks. It recognizes particularities and proposes a place for all of them. It strives for a polyphonic dialogue built from many dialogues.17 In the Zapatista listening process, a common fabric emerges, a plurality of voices, a subject that is very different from the Western exclusive ‘we’. From the communities of affinity, from the communities of territorial practices, emanates an open and inclusive subject, in which every person teaches and learns. Bolivian sociologist Silvia Rivera Cusicanqui18 takes up the Aymara word jiwasa, a fourth person pronoun that acts as an inclusive ‘we’. The pronoun jiwasa differs from the pronoun nayanaka, which is the exclusive ‘we’. When someone hears jiwasa they hear an invitation to join in, to belong. The San Pedro Magisterio cooperative would not have been possible without the jiwasa, or without the ayni, the practice of community reciprocity.

The Dhaka Water Board Union Cooperative,19 another of the initiatives participating in the coopetition,20 offers a major lesson: the knowledge held by a company’s workers is more useful for its management than the knowledge any experts can provide. When the World Bank recommended privatizing the state-owned company Dhaka Water Supply and Sewerage Authority (WASA), in Bangladesh’s capital city Dhaka, a group of workers said no. They then managed to organize their work in the form of a cooperative. Bringing their decades of experience into the effort, the workers applied a different method, which involved consulting the affected communities in the water system managed by the company, thus improving its efficiency.

The territorial nature of the local sphere and the new ways of doing, such as the feminization of politics and networking,21 alter how utopia interferes with reality. Cooperative and community practices do not subordinate their action to great ideals. Rather, it is the other way around: values emanate from their action. Barcelona en Comú,22 another of the coopetition finalists, embodies this spirit that places practice and common solutions to concrete problems at the center. The social movement behind Barcelona en Comú’s operation creates inclusive networks of persons and ecosystems of practices, not closed ideological networks. Networks and spaces open to coexistence, in which anyone can contribute to a problem’s solution. This is the case of CasaNat in Porto Alegre, Brazil, one of the 2020 winners of the People’s Choice Award.23 CasaNat is a center that fights hunger, the pandemic, and repression by the Bolsonaro government. A space for social organization and education in thinking about the city, which strengthens communities and acts as a hub for the response to the COVID-19 pandemic.24 A micro-utopia that serves as a space for exchanging, learning, and resisting.

Creative resistance

In her book No Is Not Enough, the Canadian journalist Naomi Klein unpacks the importance of creating and affirming a new world. Reacting against a system is not enough. “No is not enough. It must be a yes and there must be confidence in that yes. It is necessary to propose an alternative that generates trust. We have to begin by designing real alternatives that are not only credible, but inspiring and exciting.”25 The propositional demand raised by Klein echoes one of the most mythical sayings by Buckminster Fuller: “You never change things by fighting the existing reality. To change something, build a new model that makes the existing model obsolete.”26 A world is combated with a world. A vision, with another vision. Unlike utopia, networked micro utopias make a new system visible, a new world woven with mutual recognition mechanisms and habits.

The Irish ecovillage Cloughjordan, a finalist in the 2020 edition of the Transformative Cities Award, moves in the direction of Naomi Klein’s holistic yes. And it enunciates a complete world. It does not merely denounce the unchecked and unsustainable growth of cities, but implements a transition model based on communities and local consumption. Thanks to the low-carbon design of its fifty-five houses, a carbon-neutral district heating system, a community farm, a green enterprise center, and a planned reed-bed treatment plant, Cloughjordan has the lowest ecological footprint in Ireland. The world of the ecovillage is interconnected and multiplied through numerous educational activities.

While the viability of the new system lies in the yes and the assertion of a world, there are cases in which an action is no and yes at the same time. Some of the initiatives of the Atlas of Utopias share the uncommon characteristic of creative resistance. When an action manages to be both yes (creation) and no (resistance), the micro utopia maximizes the visibility of the transformative power of the new model. The experience of the beedi (cigar) industry women workers in the Indian city of Solapur reveals how resistance against speculation and substandard housing can result in shaping a world. After years of struggling and forming cooperatives, the cigar industry women eventually founded the RAY Nagar Cooperative Housing Federation,27 the largest housing cooperative in Asia. In 2015, local governments agreed to build 30,000 affordable houses for beedi and textile workers in the marginal neighborhood of Kumbhari. The project includes outdoor spaces, as well as land to establish community services, schools, and hospitals. The state and federal governments contributed with the laying of power lines, the construction of an electrical substation, and the installation of water tanks. Kumbhari has experienced a rebirth with the new public services and the opening of new shops. The Kranti Chowk produce market is one of the most thriving markets in Solapur.

Exceeding the principle of hope

In his unique way, philosopher Bertrand Russell rejected a categorical definition of utopia when he said, “It is not a finished utopia that we ought to desire, but a world where imagination and hope are alive and active.”28 After the collapse of the grand narrative of modern utopia, the great potential of the utopian goal lies not so much in realizing and describing a closed reality that is to come, but in making it possible for the world to be necessarily populated by multiple worlds, as the neo-Zapatista movement has been insisting for decades. A world that can be inhabited by hope. Perhaps that explains why Ernst Bloch focused so much on studying the hope that persists even in horrific situations, thanks to what he calls “wishful images”. Images that serve as prototypes to cross borders. Images charged with emotions. Positive emotions that,2 while they may not lead to actions as urgent as those prompted by negative emotions, eventually open up and broaden the repertoire of thoughts and actions.

“Wishful images” are what emanates from the Atlas of Utopias initiatives, images that, in a way, make a new world desirable. Whether it is children participating in a river cleanup in Cochabamba or a group of cigar workers taking a public bus to work in their Solapur factory, these “wishful images” push the horizon of the possible. They excite. And they expand, connecting the networked micro utopias set in motion by the most diverse communities. Naomi Klein’s yes is not viable if it is merely a theoretical model. The no is not enough. But neither is a yes that springs from theory. The yes has to be inhabited by political and civic practices, by narratives, by imaginaries, by new symbols, by shared values, by emotions, by new shared meanings, by world visions, by alternative economic systems. The welcoming spaces for a coming together, an open we (the jiwasa of the Aymaras), the unifying slogans (the “We are the 99%” of Occupy Wall Street), and the shared positive emotions, these all exceed Bloch’s principle of hope. Collective action multiplies hope toward a future that can be inhabited in common. And because it is controlled by communities, there is less uncertainty about that future.

Which is why—Andrea de la Serna writes in her article Un común por venir29—we should no longer pin our hopes for the revolution on a future horizon; we should instead concentrate on generating the conditions that can give us the horizon we want. In order to climb over the wall of the end of history and catch a glimmer of hope, humanity must restore its confidence in the strengths of the present. When a detour, however small, appears, we need to seize and boost it, feed it, make it breathe. We need to organize gatherings, take care of ourselves as a community, create “wishful images” everywhere.

Birgitta Jónsdóttir, a poet and founder of the Icelandic Pirate Party, highlights the importance of enunciating a future populated by images and visions of hope: “When people are forced to choose between fear and hope, they usually choose hope. The future is not going to be a single vision, but a collage of visions. We need to think inclusively about the future.”31

Notes

1 Eva Dallo, “El holandés que ha puesto en jaque el sistema energético español,” El Mundo, January 10, 2016.


3 Figure as of March 19, 2021.

4 TNI understands coopetition as a process that seeks to promote cooperation and solidarity by introducing an element of competition to encourage public interaction and engagement.



7 Rutger Bregman, Utopias for Realists: How We Can Build the Ideal World (London and New York: Bloomsbury Publishing PLC, 2017)

8 The concept of “real utopias” was developed by sociologist Erik Olin Wright. See Erik Olin Wright, Envisioning Real Utopias (London: Verso, 2010)


10 Juan Emilio Burucúa, “Prometeo contra el cambio climático,” El País, March 1, 2019.

11 Paraphrasing the poem Ventana sobre la Utopía (Window on Utopia) by Eduardo Galeano: “La utopía está en el horizonte. Camino dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. Entonces… ¿para qué sirve la utopía? Para eso, sirve para caminar.”(“Utopia is on the horizon. I move two steps closer; it moves two steps further. I walk another ten steps and the horizon runs ten steps further away. As much as I may walk, I’ll never reach it. So what’s the point of utopia? The point is this: to keep walking.”) Eduardo Galeano, Las palabras andantes(Siglo XXI: Madrid, 2003).

12 Francis Fukuyama, The End of History and the Last Man (New York: The Free Press, 1992).

13 Franco “Bifo” Berardi, Alter the Future (Oakland, CA: AK Press, 2011).

14 Bernardo Gutiérrez, “Microutopías en red: los prototipos del 15M,” 20minutos.es , May 12, 2013 (https://codigoabiertocc.wordpress.com/2013/05/12/microutopias-en-red-los-prototipos-del-15m/) .

15 Maristella Svampa, “Movimientos sociales, matrices sociopolíticas y nuevos escenarios en América Latina,” in One World Perspectives, Kassel, Universidad de Kassel: Working Paper 1 (2010).


17 Esteban Rodríguez, “Un diálogo con muchos diálogos” 

18 Silvia Rivera Cusicanqui, “Un mundo ch’ixi es posible” (Buenos Aires: Tinta Limón, 2018).



21 See the chapter on “ways of doing” written by Laura Roth.




25 Naomi Klein interviewed on November 7, 2018 by Jordi Évole, on the television program Salvados.

26 L. Steven Sieden, A Fuller View: Buckminster Fuller’s Vision of Hope and Abundance for All (London: Divine Arts Media, 2011), 358.


28 Rutger Bregman, Utopias for Realists, 29.


30 Andrea de la Serna, “Un común por venir” Revista Re-visiones, Madrid, 2016, 

31 Bernardo Gutiérrez, Pasado Mañana. Viaje a la España del cambio (Barcelona: Arpa Editores, 2017).