sexta-feira, 31 de março de 2023

O custo real da prevenção do colapso climático


Ninguém sabe ao certo quanto custaria evitar os piores impactos das mudanças climáticas. No entanto, a análise do historiador Yuval Noah Harari, baseada no trabalho de cientistas e economistas, indica que a humanidade pode evitar uma catástrofe investindo o equivalente a apenas 2% do PIB global em soluções climáticas. Ele argumenta que a prevenção do cataclismo ecológico não exigirá as grandes perturbações globais que muitos temem e explica que já temos os recursos de que precisamos - é apenas uma questão de mudar nossas prioridades.

Correntes oceânicas na Antártida podem desacelerar mais de 40% nas próximas décadas


Uma equipa de cientistas da Austrália e dos Estados Unidos da América alerta que as correntes oceânicas que circulam em torno da Antártida “estão a caminho do colapso”, podendo, nos próximos 30 anos, desacelerar mais de 40%.

Num artigo divulgado na revista ‘Nature’, dizem que esse declínio provocará a estagnação dos movimentos de água nas profundidades dos oceanos, afetando o clima e os ecossistemas marinhos durante vários séculos.

Quando as águas de outros pontos do planeta chegam à Antártida arrefecem e, por isso, afundam até às profundezas do oceano, um mecanismo que atua como o ‘motor’ que dá vida a uma rede de correntes oceânicas que se estende por todo o mundo, transportando calor, carbono, oxigénio e nutrientes. Esses movimentos têm influência no clima, no nível das águas e na produtividade e saúde dos ecossistemas marinhos.

Estima-se que todos os anos cerca de 250 biliões (trillion em inglês) de toneladas de água salgada, fria e rica em oxigénio afunde nas imediações da Antártida, sendo depois transportada para norte, enriquecendo os oceanos Índico, Pacífico e Atlântico.

Matthew England, da Universidade de New South Whales, na Austrália, explica que os resultados da investigação permitiram constatar que, se não houver uma redução significativa das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera e se o degelo na Antártida continuar sem dar trégua, a dinâmica das correntes antárticas “irá desacelerar mais de 40% nos próximos 30 anos”, uma trajetória que, segundo o cientista, “caminha em direção ao colapso”.

“Se os oceanos tivessem pulmões”, diz England, o sistema de correntes antárticas “seria um deles”, tendo mantido uma relativa estabilidade ao longo de milhares de anos, que agora está ameaçada pelo aquecimento provocado pelas emissões de gases com efeito de estufa.

Se a previsão se vier a concretizar, então os oceanos abaixo dos 4.000 metros estagnarão. “Isso aprisionaria os nutrientes no fundo dos oceanos, reduzindo os nutrientes disponíveis para suportar a vida marinha perto da superfície”, explica.

Para o investigador, essas “alterações profundas” nas correntes oceânicas “terão um significativo impacto adverso nos oceanos durante vários séculos”.

O mais longo tronco petrificado de uma árvore


O mais longo tronco petrificado de uma árvore mede 72,2 m, sugerindo que a árvore original se elevou a mais de 100 m de altura, numa floresta tropical húmida, há cerca de 800 mil anos.

Mais informações:

Criado grupo industrial de reciclagem de pneus apoiado pela Michelin


Estima-se que 1 bilião de pneus  usados é destinado para aterros sanitários.

Uma empresa de reciclagem sueca e uma empresa de investimentos francesa anunciaram ontem a criação de um projeto de reciclagem de pneus, “o ponto de partida para a industrialização” do setor, que fornecerá materiais reciclados à Michelin.

O objetivo deste grupo é construir várias fábricas na Europa, com uma capacidade de reciclagem de até “um milhão de toneladas de pneus em fim de vida por ano até 2030”, ou seja, um terço da quantidade anual de pneus usados no continente.

Isso representaria, segundo um comunicado de imprensa, “uma redução estimada nas emissões de dióxido de carbono de 670 mil toneladas”.

Especialista no “desenvolvimento de infraestruturas sustentáveis”, a empresa de investimentos francesa Antin deve financiar o investimento inicial e ser o acionista maioritário do grupo. A participação da empresa de reciclagem sueca Enviro deve ser de 30%.

“Encontrámos na Antin e na Michelin os parceiros ideais para juntos acelerarmos a nossa expansão (…) de forma a contribuir para a transição da indústria dos pneus tornando-a circular”, congratulou-se o presidente da empresa sueca Alf Blomqvist, citado no comunicado de imprensa.

Já existem canais de reciclagem de pneus mas, para a Michelin, a criação desta empresa “é o ponto de partida para a industrialização”, explicou este grupo à agência France-Presse (AFP).

Com sede em Uddevalla, na Suécia, a primeira fábrica deverá estar operacional “até 2025”.

Deverá ter uma capacidade inicial de reciclagem “equivalente a 34.500 toneladas de pneus usados, ou 40% do volume anual de pneus em fim de vida na Suécia”.

A sua construção, ainda “sujeita a decisão final de investimento”, deverá arrancar no segundo trimestre.

A Michelin “planeia ingressar nesta ‘joint venture’ [empreendimento conjunto] à medida que as fábricas sejam construídas”.

Em concreto, a Enviro deve recuperar pneus em fim de vida e reciclá-los utilizando a sua tecnologia patenteada.

Esta consiste na extração e regeneração do negro de carbono, que aumenta a resistência da borracha, assim como dos óleos de pirólise.

A Michelin, maior acionista da Enviro, planeia comprar esses dois componentes reciclados desse novo fabricante e utilizá-los para fabricar novos pneus.

“Ao substituir o negro de carbono virgem pelo reciclado da Enviro, é possível reduzir as emissões ligadas ao uso do negro de carbono convencional em mais de 90%”, sublinha o grupo sueco.

Na Europa, “o volume de pneus em fim de vida descartados a cada ano aumentou constantemente para 3,5 milhões de toneladas por ano”, segundo as empresas.

Cartaz UNESCO

E-Livros

quinta-feira, 30 de março de 2023

O projeto português para construir (e doar) casas de bambu no Mianmar

Objetivo é doar casas a famílias deslocadas. Campanha de crowdfunding do projeto Housing Now irá decorrer até ao final de abril.


Housing Now é o nome do projeto de habitação social que pretende construir casas de baixo custo em bambu no Mianmar (Birmânia), para depois doá-las a famílias deslocadas que vivem em condições precárias. O arquiteto português António Duarte é um dos fundadores deste projeto, e acaba de lançar uma campanha de crowdfunding (recolha de donativos) para financiar a construção de dez casas de baixo custo nesta região.

“Após o golpe militar de fevereiro [do ano passado] no Mianmar, mais 400.000 pessoas fugiram das suas casas e estão atualmente deslocadas internamente no país (...) Uma grande percentagem da população não tem acesso a uma habitação digna (...)”, lê-se na descrição do crowdfunding do Housing Now, um projeto do atelier de design Blue Temple.

O objetivo, segundo explica António Duarte ao P3, é angariar 15.000 euros para construir dez casas de bambu para deslocados, na região de Pago. “Por cada 1500 euros doados, nós construímos uma casa”, disse em entrevista à publicação.


“O financiamento recebido cobrirá os custos de construção, expedição e montagem das casas doadas no local; contratação de assistentes sociais locais que ajudarão na implementação do projeto, trabalhando em estreita colaboração com cada família”, explicam ainda na página de angariação de donativos. Além disso, uma pequena parte do lucro gerado “será usado para levar o projeto à próxima etapa do seu desenvolvimento, que será a produção em larga escala”.

Casas pré-fabricadas de bambu
Porquê o bambu? O objetivo será usar um recurso “abundante e pouco explorado”. “O bambu pode ser encontrado em grandes quantidades no mercado local, mas não é usado na construção”, referem.

O processo de construção será híbrido, ou seja, partes da casa são pré-fabricadas e transportáveis, enquanto outras são montadas no local trabalhando em conjunto com as comunidades locais.

Depois, e de acordo com as necessidades de cada família, o tamanho da casa pode variar ao longo do tempo, sendo também facilmente desmontável e transportada para outro local no futuro.

Pornografia de Armas (Gun Pornography)

Em 2017, os civis dos EUA possuíam uma média de 120,5 armas de fogo por 100 pessoas, a taxa mais alta do mundo. [Fonte]

2023 - Mais do que um tiroteio por dia nos EUA
O tiroteio na escola de Nashville é o 131.º tiroteio em massa nos EUA este ano, de acordo com o Arquivo da Violência Armada. Isso significa que já houve mais tiroteios em massa do que o número de dias no ano, até agora.

As AR-15 são armas semi-automáticas, o que significa que um atirador deve premir o gatilho em cada disparo.

São também as espingardas mais vendidas nos EUA. Um em cada 20 adultos, ou cerca de 16 milhões de pessoas, possuem pelo menos uma arma do tipo AR-15, de acordo com o Washington Post.

Estas armas tornaram-se também um símbolo da epidemia de violência armada do país. Dez dos 17 tiroteios em massa mais mortíferos desde 2012 envolveram AR-15.

No caso do tiroteio de Nashville identificou-se que uma das armas utilizadas pela agressora, uma mulher de 28 anos, foi uma AR-15 tipo Grunt III, fabricada pela empresa Lead Star.

Expositor de revistas sobre armas na livraria Barnes and Noble, Summerlin, Las Vegas [Fonte]

É comum nas revistas de armas norte-americanas, modelos femininos em pose com armas. Sem que na capa haja algum sticker "proibido a maiores de 16 anos".


Colecionador de armas com 99 mil seguidores online acusado de fazer 'pornografia de armas' depois de postar fotos de armas de fogo em dinheiro, camuflagem do exército e até cereais.
Chris, conhecido como @Gun_Collector, realiza competições para seus seguidores
As lojas oferecem prémios para concursos de imagens sobre temas como 'Armas na Cozinha'.
Seguidores da sua página no Instagram aumentaram após o massacre de Sandy Hook (2012)
Diz que não é um 'doido por armas', mas quer ensinar as pessoas a não temer armas de fogo.

A Associação pró-armas National Rifle Association tem perto de 5 milhões de associados, 4 milhões de seguidores no Facebook e  259 mil subscritores no seu canal de Youtube.

Saudi Aramco does not rule the world

A petrolífera Saudi Aramco aumentou o seu investimento multi-bilionário na China através da conclusão de uma empresa comum no nordeste da China e aquisição de uma participação alargada num grupo petroquímico de controlo privado.[Reuters]


Crown Prince Mohammed bin Salman tends to get his way in Saudi Arabia, so the mood in Riyadh on Saturday when a group of investment bankers rejected his wishes must have been frosty. He had wanted an initial public offering to put a value of $2tn on Saudi Aramco, the world’s biggest oil company, but they demurred.

The prince still runs the country and Yasir al-Rumayyan, chairman of Saudi Aramco and head of the kingdom’s sovereign wealth fund, responded by calling off plans for a global IPO in favour of a local offering. Saudi Aramco will probably be valued at $1.7tn, but the prince’s vision of the IPO symbolising his country’s opening up to the world has faded.

It is a telling moment, not only for Saudi Arabia and its crown prince, but for investors. After the aborted IPO of WeWork, the shared offices group, it is another example of public shareholders refusing to accept the lofty valuations of private owners. Companies have enjoyed a good run — making exchanges compete for listings and gaining high prices from investment institutions — but the mood has changed.

Saudi Aramco could hardly be more different to WeWork as a company. Drilling for oil and gas and refining fuels is about as solid and cash generative a business as any investor could want, even if the future of fossil fuels is less certain these days. Saudi Aramco has access to 52 years of proven reserves and extracts oil more cheaply than any western energy major. Even in a carbon squeeze, it would prosper.

It is also very well managed, given the potential for corruption and insider dealing in a state energy monopoly. The bankers who rejected the prince’s estimate of its value admire the engineering skills of a company founded in 1933 as a subsidiary of Standard Oil of California. When production was crippled by a drone attack in September, it restored its operations quickly.

But a connection between Saudi Aramco and WeWork runs through the crown prince’s backyard. The Saudi Public Investment Fund (PIF), its sovereign wealth fund, invested $45bn in the SoftBank Vision Fund in 2016. The Vision Fund in turn backed WeWork and Adam Neumann, its discredited founder, and SoftBank was forced to organise the $9.5bn rescue of WeWork after its IPO failed.

The kingdom’s resources have been funnelled into other high-flying technology groups. Mr al-Rumayyan, who was put in charge of the Saudi Aramco IPO by the crown prince in September, is a director of both SoftBank and Uber, the ride sharing group backed by SoftBank. The PIF has taken bigger investment risks than the Saudi Arabian Monetary Authority central bank.

The intention is to realise the prince’s Vision 2030 plan to reduce the kingdom’s reliance on a single industry — one company, in fact — and to diversify the economy. At one point, the IPO was expected to raise up to $100bn, rather than the $25bn that a domestic listing on the Tadawul exchange is likely to produce. Selling only 1.5 per cent of the company’s equity is a domestic dabble, not a global revolution.

The crown prince and Mr al-Rumayyan could both be forgiven for believing that everyone would obey them. The prince is a monarch and Mr al-Rumayyan has billions to invest, which is the nearest financial equivalent to royalty. He and Masayoshi Son, founder of SoftBank, have adopted the wave-of-money view of investing: if you lead the way with billions, others are bound to get swept along.

It did not work for Saudi Aramco. “They were fixated on one price and that’s what happens in a monarchy if the top guy wants something. But I respect them for holding the line,” says one banker. “It’s disappointing,” says another. “There is an element of them saying, ‘I’m taking my toys home’.”

Despite the cancelling of investor roadshows in the US, Europe and Asia for the flotation, an international IPO may eventually happen. That is the hope of banks that poured resources into lobbying for lucrative roles, and lent $11bn to the PIF to fill the hole left by the retreat. If the company floats successfully in Saudi Arabia, an international listing might follow.

This requires the Tadawul exchange to operate transparently and to establish a price for Saudi Aramco that is trusted by global investors. One banker compares the domestic listing, in which citizens are being allocated one-third of the shares, with the British Gas privatisation in 1986 and its “Tell Sid” marketing campaign to retail investors.

But price discovery is not like oil discovery: it cannot be engineered by governments. Members of the kingdom’s ruling families were detained in the Ritz-Carlton in Riyadh in 2017 in an alleged corruption inquiry and some were later told it was their duty to buy shares in the IPO. Saudi Arabia’s Sids are incentivised to take the prince’s word for what Saudi Aramco is worth.

The original promise of the Saudi Aramco IPO was that it would not only unleash the world’s most valuable company but would make the kingdom more liberal and transparent. “He is opening Saudi Arabia to the world,” promised the posters displayed on the prince’s international diplomatic visits. Not really, it turns out.

quarta-feira, 29 de março de 2023

Miguel Hernández: O último recanto


O último e o primeiro:
recanto para o sol maior,
sepultura desta vida
onde não cabem os teus olhos.

Era ali que me queria estender
para me desapaixonar.

Quero-o pela oliveira,
persigo-o pela rua,
some-se pelos recantos
onde se somem as árvores.

Afunda-se e torna-se mais funda
a intensidade do meu sangue.

As oliveiras moribundas
florescem por todo o ar
e os rapazes permanecem
próximos e agonizantes.

Carne do meu movimento,
ossos de ritmos mortais:
morro por respirar
sobre os vossos gestos.

Coração que, entre duas pedras
ansiosas por esmagar-te,
te afogas de tanto querer
como um mar entre dois mares.
De tanto querer afogo-me,
e já não é possível afogar-te.

Um beijo que vem girando
desde o princípio do mundo
a minha boca pelos teus lábios.
Beijo que se impele para o futuro,
Boca como um duplo astro
que entre os astros pulsa
por tantos beijos interrompidos
por tantas bocas fechadas
sem um beijo solitário.

Que fiz eu para que pusessem
à minha vida tanto cárcere?

O teu cabelo onde o negro
sofreu as idades
do negro mais seguro
e mais emocionante:
o teu cabelo negro de séculos
que percorro até regressar
ao primeiro negro
dos teus olhos e dos teus ancestrais,
ao recanto de cabelo denso
onde te acendeste como um relâmpago.

Como um recanto solitário
ali o homem brota e arde.

O recanto do teu ventre,
o beco da tua carne:
o beco sem saída
onde uma tarde agonizei.

A pólvora e o amor
marcham sobre as cidades
deslumbrando, remexendo
a povoação do sangue.

A laranjeira tem o sabor da vida
e a oliveira o do tempo.
E apanhada no seu clamor
debate-se a minha paixão.

O primeiro e o último:
recanto onde algum cadáver
sente o arrulhar do mundo
dos amados canais.

Sesta que encheu de treva
o sol nas humidades.

Era ali que me queria estender
para me desapaixonar.

Depois do amor, a terra.
Depois da terra, ninguém.

Biografia: Wiki

terça-feira, 28 de março de 2023

Açores - A quem realmente interessa promover e defender os OGM?


Graça Silveira, professora da Universidade dos Açores, considera que os transgénicos trazem vantagens que os Açores não podem ignorar. Correio dos Açores 24ma2023.

Recorde-se que o Governo dos Açores decidiu declarar o arquipélago como zona livre de organismos geneticamente modificados, o que mereceu pronta contestação do embaixador norte-americano em Ponta Delgada. Numa carta enviada no final de dezembro de 2012 ao presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, ao presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, e à ministra da Agricultura, Assunção Crista. Allan Katz, armado em profundo conhecedor dos OGM e ventriloquando os argumentos dos seus defensores, considerava que os transgénicos não constituíam qualquer risco para a vida humana ou animal, ou até mesmo para o ambiente e recordava que a UE gastara 300 milhões de euros na última década em investigação nesta área, sem ter encontrado motivos de preocupação em matéria de segurança. Katz apelava, por isso, a que as autoridades revissem a sua posição e permitissem que os agricultores açorianos tivessem acesso à mesma tecnologia que já é usada no resto do país e do mundo. Allan Katz salientava ainda que os produtos geneticamente modificados permitiam reduzir substancialmente a utilização de pesticidas, poupar energias fósseis, diminuir as emissões de dióxido de carbono e melhorar a utilização dos solos.

A carta teve resposta curta e grossa por parte da Plataforma Transgénicos Fora: “Esta iniciativa americana não surpreende, uma vez que os telegramas diplomáticos americanos revelados pelo WikiLeaks mostram um padrão de interferência generalizada nas políticas europeias sobre os OGM, desde a França à Itália, à Hungria e até ao Vaticano, entre outros. Num desses telegramas, datado de 2007, o embaixador norte-americano em Paris, Craig Stapleton, sugeria a Washington que se iniciasse uma campanha de retaliação contra os países que se mostravam contra os OGM na União Europeia.

De toda a área plantada com alimentos transgénicos no mundo em 2010, 45% estavam nos EUA Unidos (67 milhões de hectares). Em Portugal, só o milho geneticamente modificado é cultivado, numa área de cerca de cinco mil hectarees. Várias áreas do país foram declaradas como “zonas livres de cultivo de variedades geneticamente modificadas”, ao abrigo de uma legislação de 2006.

PS - Em 2017, Graça Silveira foi candidata do CDS-PP à câmara de Angra do Heroísmo.

Documentário: Censura - O Lápis Azul

O Lápis Azul

Pedaços de um Portugal censurado
Foi o símbolo de uma época. O "lápis azul" riscou notícias, fados, peças de teatro e livros, apagou anúncios publicitários, caricaturas e pinturas de parede. Sendo proibida qualquer referência ao material censurado, poucas foram as oportunidades de ver o que se perdeu. A exposição ?O Lápis Azul: A Censura do Estado Novo?, mostra uma pequena parte desse espólio. Mas ilustra o grande alcance da actuação censória que vigorou 48 anos, desde o Golpe Militar de 28 de Maio de 1926 aos regimes de Oliveira Salazar e Marcello Caetano.

Rolha na boca. Óculos na ponta do nariz. O jornalista não pode "falar". Tem uma faca à cabeça. E uma tesoura aberta entalada no pescoço. Na lâmina da faca lê-se "Lei de Imprensa"; na tesoura, "Censura". Os traços são de Francisco Valença que desenhava assim uma caricatura alusiva à "censura prévia". Viriam a ser publicados no semanário satírico Sempre Fixe a 8 de Julho de 1926. Um pequeno texto acompanha a gravura: «Na impossibilidade de desenharmos e escrevermos no "Diário do Governo", teremos de transformar o Sempre Fixe em jornal de modas. Já temos mesmo uma linda colecção de figurinos de "dolmans", calças à Chantijly, capotes, etc., para a presente estação. Vamos desbancar o Depósito de Fardamentos!»
Personificada numa mulher volumosa a "Censura" aparece também caricaturada nas páginas de uma das edições do semanário Agora de 16 de Fevereiro de 1969. Está sentada nas magras pernas de um ardina de sacola à tira colo. No chão um amontoado de páginas riscadas com uma cruz. À caricatura da autoria de Luís Trindade segue-se em legenda uma advertência ao leitor: «Explicação Necessária: Por motivos óbvios somos forçados uma vez mais a publicar a gravura alusiva ao facto. Decerto os nossos amigos compreenderão.» A caricatura política assumia-se desde logo como uma arma pronta a ridicularizar o regime e por isso interdita. A ditadura receava o humor.

Censura na Imprensa
Apresentada como uma medida transitória por se encontrarem suspensas as garantias constitucionais da República, a Comissão da Censura é instituída a 22 de Junho de 1926. Os jornais passam a ser obrigados a enviar a esta comissão quatro provas de página e a não deixar em branco o espaço das notícias censuradas. A implicação desta medida causa a indignação nas redacções. Em 1933 a Censura viria a ser legalmente instituída através da Constituição.
Começa assim a saga do "lápis azul" que conhecerá dois momentos. Um até Setembro de 1968, sob a alçada de António de Oliveira Salazar e com a designação de Comissão da Censura. O outro com a nomenclatura de Comissão do Exame Prévio durante o governo de Marcello Caetano, que só terminará a 25 de Abril de 1974.
Quando a 27 de Setembro de 1968 António de Oliveira Salazar é afastado do poder, Marcello Caetano sucede-lhe. Aproveitando a mudança na Presidência do Conselho, Sá Carneiro e Pinto Balsemão, deputados da ala liberal do regime, apresentam em 1970 um projecto de lei de imprensa onde propõem uma redução do âmbito da Censura. A resposta de Marcello Caetano surge em 1971. O Diário do Governo publica a Lei 5/71 onde se decreta apenas uma mudança de nomenclatura. Na prática, a imprensa periódica continua sujeita às proibições e correcções da Censura.
A 1 de Junho de 1972, o Diário de Lisboa noticia em primeira página a entrada em vigor da Lei de Imprensa (decreto-lei n.º 150/72) onde se estabelece como regra a "liberdade": «É lícito a todos os cidadãos utilizar a imprensa de acordo com a função social desta e com o respeito dos direitos de outrem, das exigências da sociedade e dos princípios da moral».
 E como "excepção" o regime de Exame Prévio: «A publicação de texto ou imagens na imprensa periódica pode ficar dependente do exame prévio, nos casos em que seja decretado o estado de sítio ou emergência».
A razão apontada para esta excepção lê-se no parágrafo final da notícia. «Dado que nos encontramos oficialmente em estado de emergência (após a resolução de 20 de Dezembro passado) a imprensa periódica fica sujeita a exame prévio. Assim, o que até ontem era regra (a autorização administrativa prévia para a publicação de texto ou imagem) é, a partir de hoje, excepção.»
No jornal República, de 9 de Junho de 1972 é publicada uma advertência semelhante onde se faz uma referência a uma outra implicação do decreto-lei 150/72: «Nos textos ou imagens publicados não é consentida qualquer referência ou indicação de que foram submetidos a exame prévio». A Primavera Marcelista faltava à promessa de uma maior abertura do regime.

Mentalidades
A actuação do censor variava entre a proibição total da matéria submetida a exame e a aprovação com cortes. Entre a actualidade informativa algumas temáticas pareciam mais "predispostas" a receber o carimbo "Cortado".
É o caso de um inquérito sobre namoro, casamento, relações pré-conjugais e controle de natalidade destinado a ser publicado no Notícias da Amadora de 17 de Janeiro de 1968. A propósito de alguns dados divulgados no Anuário Demográfico pedia-se a opinião de alguns jovens sobre aquelas temáticas. Uma estudante universitária, de 18 anos confessava-se «católica mas a favor do controle de natalidade». As estatísticas do Anuário mostravam um decréscimo no número de partos: 221736 em 1964, 214824 em 1965 e 211452 em 1966. Um jovem, estudante e empregado de 16 anos confessava-se a favor das relações sexuais pré-conjugais e do casamento pelo registo por considerar «um erro o casamento pela igreja face à mudança de mentalidade entre os jovens». O artigo é totalmente censurado

Más condições de vida
O mesmo tratamento merece um artigo sobre o flagelo do Bócio Endémico a publicar no Jornal do Fundão. As provas de página das edições de 26 e 28 de Janeiro de 1968 dão conta de um estudo médico exaustivo sobre esta doença, realizado pelos médicos Fernando Dias de Carvalho e José Lopes Dias, nos meios rurais do concelho de Oleiros, e terras dos concelhos de Castelo Branco, Fundão, Prença e Sertã.
Com base num inquérito sanitário a 10481 indivíduos (2/3 da população de 147 localidades), dava-se a conhecer as más condições de vida daquelas gentes: «carências alimentares», «excesso dos trabalhos rudes e pesados», «envelhecimento precoce agravado no sexo feminino pela sobrecarga das gestações e dos partos repetidos». Era ainda denunciada a existência de 4533 casos identificados de Bócio.

O Ultramar
O trabalho minucioso do censor é visível num memorando relativo a uma edição (sem data) do diário portuense O Primeiro de Janeiro. Numa lista, as diferentes secções do jornal aparecem enumeradas e classificadas quanto à sua publicação ou não. Censurados estava a secção Noticiário do Ultramar e alguns artigos relacionados com a actuação dos tribunais, o aborto e a PIDE.
Outras notícias seriam publicadas mas com cortes. Um artigo sobre o envio de tropas para a guerra ultramarina recebia a atenção do censor que advertia para o corte da referência ao número de homens, ao seu destino e à quantidade de armas.
Não raras vezes a pena pela publicação de notícias censuráveis que escapavam ao controle do censor era a suspensão das publicações por tempo a determinar. O jornal A Voz Africana, na sua edição de 16 de Fevereiro de 1968 destaca um desses casos na sua primeira página: a suspensão por 30 dias do Diário de Moçambique. O motivo ficara a dever-se ao facto de este jornal ter relatado uns incidentes ocorridos no Norte da província moçambicana dos quais resultara a morte de um militar.

Artes
Na prova de página do Notícias da Amadora de 2 de Março de 1968 está uma notícia sobre o compositor Fernando Lopes-Graça autorizada pelos Serviços da Censura onde se podem ver os cortes efectuados.
No primeiro parágrafo suprimido lê-se alguns elogios ao génio de Lopes Graça que o censor decide apagar: a descrição do compositor como «um homem cuja vida é uma luta exemplar contra a ignorância e o modo de dizer "estou aqui"; e o elogio às «canções que recolhe do sangue do nosso povo».
Umas linhas depois segue, sem cortes, o motivo da notícia: a projecção internacional que o compositor português atingira pelo facto de Rostropovich, um reconhecido violoncelista russo, lhe ter encomendado o "Concerto para Violoncelo", classificado pelo o jornalista como "a sua última obra de fôlego". Mas logo depois a censura volta a cortar uma parte incómoda deixando o leitor sem saber que a primeira audição mundial daquele concerto do compositor português fora interpretada por Rostropovich durante as comemorações da Revolução Bolchevista.

Internacional
O tratamento da informação internacional merecia algum "cuidado" censório. Exemplo, os cortes efectuados num artigo de Francisco Mota, sobre a crescente apreensão nos meios internacionais com a Alemanha Ocidental, a publicar na edição de 11 de Maio de 1968 do Notícias da Amadora. São cortadas informações sobre escândalos que se abatem sobre o governo alemão e a acusação feita pelo jornal Der Spegel de que o presidente Lubke teria "colaborado na construção de campos de extermínio de judeus durante o reinado hitleriano".

Desporto
Outro caso de suspensão de publicação acontece com o jornal desportivo A Bola devido a uma reportagem publicada a 25 de Março de 1946. A matéria, não censurada, reportava  um desafio de futebol amigável entre a Selecção Portuguesa e, de acordo com o jornalista responsável pela peça "onze marinheiros britânicos da Home Fleet tomados como a selecção Britânica". Portugal vencera por 11-1.
O jornalista escrevia assim: " A luta não foi equilibrada, foi indiscutivelmente correcta ou não estivessem em campo 11 'cidadãos' britânicos (?) só para se ver como se perde com uma 'cara alegre? e sorriso nos lábios a grande maioria ? mas muito grande ? dos assistentes ao espectáculo não deve ter dado por mal empregado o dinheiro gasto com os bilhetes da entrada? No entanto outro motivo de indiscutível sucesso houve, por milagre, para justificar a deslocação de tantos milhares de pessoas ao vale do Jamor (?) a exibição da Banda de Música Inglesa durante o intervalo do desafio. A compostura, o garbo e a afinação daquele conjunto compensou de sobejo o 'sacrifício' da tarde. Com aquela pequena amostra de um breve quarto de hora o público ficou deliciado, aplaudindo merecidamente.".
Os comentários custariam ao jornal um mês de suspensão por «falta de respeito para com um país Velho Aliado e para com Sua Majestade, a rainha», lê-se num comunicado da Comissão de Censura.

O largo alcance da Censura
Música
A censura estendia-se a outros domínios que não a Imprensa. A realização de um espectáculo público dependia de uma solicitação de autorização submetida à Comissão da Censura. E nem as letras dos fados a serem cantados escapavam ao exame da Inspecção dos Espectáculos, Serviços de Censura.
Foi o que aconteceu com a noite de fados marcada para o dia 9 de Dezembro de 1939 no Café Mondego, em Lisboa. As letras das canções haviam sido enviadas para a Inspecção dos Espectáculos, Serviços de Censura, a fim de serem examinadas antes de ser decidida a sua exibição em público.
Entre os visados o fado "Tejo- Canção da Saudade" da autoria de Aureliano Lima da Silva merecera a aprovação sem cortes. Já um outro fado do mesmo autor intitulado ?A Guitarra? fora aprovado mas com alguns cortes. Na primeira quadra cantava-se «Querida guitarra/ Alma bizarra/ és imortal? mas omitia-se o final: "A tua história/ é a gloria de Portugal". A última quadra sofria um corte semelhante. Cantava-se «Guitarra querida/ a tua vida/ está gravada dentro de nós? e cortava-se "Por que és a voz/ da pátria amada"
Menos sorte teria o "Fado Socialista", escrito em 1927 por Ramada Curto que seria proibido. A letra não deixava ao censor margem para dúvidas: «Gente rica e bem vestida/ P´ra quem a vida é fagueira/ Olhem que existe outra vida/ N´Alfama e na Cascalheira!  Mas um dia hão-de descer/ Os lobos ao povoado?/ Temos o caldo entornado/ Vai ser bonito de ver/ Não verá quem não viver/ O fogo dessa fogueira/ Soa a hora derradeira/ De quem é feliz agora?/ Às mãos da gente que chora.»

Cinema
Mas se alguns dos cortes da censura são "óbvios" pelas mensagens subversivas ao regime político fascista, outros são menos claros. Num panfleto de divulgação do filme "A Casa Encantada" de Alfred Hitchcock, a navalha que um homem segura enquanto abraça uma mulher é apagada. Um outro filme, "Bonnie e Clyde" de Arthur Penn é visado pela censura e vê cortada a crítica cinematográfica presente na prova de página da edição de 11 de Maio de 1968 do Notícias da Amadora. 

Publicidade
Um anúncio de uma marca de vestuário, de homem e senhora apresentava uma foto com dois casais vestidos em primeiro plano e outra em segundo plano onde o grupo aparecia sem roupa, ainda que não se percebesse a nudez dos seus corpos, o slogan "Ou Daga ou nada" explicava a imagem. A Censura autorizava o anúncio mas cortava a segunda imagem.

Pintura
Em 1947 Júlio Pomar pintava um fresco numa das paredes do interior do Cinema Batalha, no Porto. Depois do trabalho acabado a censura manda tapar a pintura com tinta branca. Hoje, passados 55 anos ainda lá está coberta a obra.

Teatro
Pela mesa censória passavam também os guiões das peças teatrais, antes da sua exibição. A revista "Travessa da Espera" da autoria de Vasco Sequeira e António Cruz com exibição marcada para Dezembro de 1945 no Teatro Maria Vitória viu cortados pela censura 2/3 do seu texto. E um dos seus actores chegara a ser repreendido por ter proferido diálogos cortados.
Para além dos guiões o material de divulgação das peças eram também objecto de censura. Em comunicado, a PSP do Porto informa o Circulo de Cultura Teatral do Teatro Experimental do Porto da apreensão decorrida a 18 de Março de 1972 de diversos cartazes anunciando a peça "A Casa de Bernarda Alba" de Frederico Garcia Lorca por determinação do Governador Civil do Porto. O cartaz exibia uma mulher nua da cintura para cima.

Livros
A Ave sobre a Cidade, Papiniano Carlos
A Campanha, Fiana H. P. Brandão
A Classe Operária irá desaparecer?, N. Gaouzner
A Esperança Agredida, José Manuel Mendes
A Revisão do Contrato Colectivo de Trabalho dos Metalúrgicos
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
Moçambique pelo seu Povo, José Capela
O Motim, Miguel Franco
O que é a Reforma Agrária, Blasco Hugo Fernandes
Oração Fúnebre por Ernesto Guevara, Fidel Castro
Os Clandestinos, Fernando Namora
Podem Chamar-me Euridice, Orlando da Costa
Poesia Portuguesa Erótica e Satírica  Séculos XVIII - XIX
Revolução Sexual na União Soviética 1917-1944
Um Homem Não Chora, Luiz de Sttau Monteiro

segunda-feira, 27 de março de 2023

Música do BioTerra: French 79 - Life is Like

Life is like
An angel in the sky
A big merry go round
A river running wild

Depois dos anéis, os dedos


O SG das Nações Unidas voltou a apelar aos governos do mundo, depois da publicação de mais um relatório breve do IPCC, sobre a necessidade de redução para metade das emissões de gases de efeito de estufa até 2030, se quisermos evitar a impotência perante catástrofes futuras. Ninguém o escutou. As grandes potências planetárias estão mergulhadas numa guerra irracional, porque insistem em ignorar que estamos em 2023 e não em 1944 (o último ano sem armas nucleares). Mas mesmo que evitemos tombar numa breve e suicidária guerra global, mesmo que as armas se calem nos campos de batalha, a "paz" que vai emergir será ameaçadora. O novo sistema internacional será claramente multipolar, mas percorrido por fraturas e hostilidades que irão aumentar a competição, diminuindo a cooperação e a ação coletiva indispensáveis para evitamos um colapso ambiental e o caos social, ainda bem dentro deste século. Tudo isto está a acontecer, apesar dos estudos e relatórios que mapeiam as tendências do futuro com precisão crescente. Estamos a viver num cenário de irresponsabilidade coletiva, devorando o capital natural de que dependem, para sobreviver em condições de dignidade, as gerações que hoje estão no início do seu percurso escolar.

O modo como no nosso país, com a permissividade e até entusiasmo deste governo, estamos a assistir ao saque e delapidação dos recursos naturais, do capital ecológico, do património paisagístico, de tudo aquilo que torna Portugal num território capaz de orgulhar os seus habitantes e atrair os visitantes estrangeiros, vai para além de todos os limites do suportável. Esse ataque ocorre usando toda a sorte de silêncios e argumentos. Em escassos anos, o Alentejo e o Algarve foram ocupados por culturas agrícolas intensivas, que vão do olival e amendoal aos mirtilos. Estas culturas introduziram em Portugal as novas formas de escravatura, praticadas na maioria dos casos sobre trabalhadores asiáticos, que só escandalizam os mais distraídos, incluindo a falsa surpresa dos responsáveis políticos que deram luz verde aos fundos de capital de risco que são a mola destes projetos.

O saldo destas culturas são solos cada vez mais desérticos, recursos hídricos mais escassos, cargas tóxicas crescentes nos solos e nos lençóis freáticos. Mas a retórica da "sustentabilidade" e da "transição energética", também serve para desbaratar de mais habitats da biodiversidade. Acresce a expansão de centrais fotovoltaicas em cima de montados com milhares de sobreiros destroçados, ou licenças para exploração de energia eólica off-shore, desenhadas a régua e esquadro, sem qualquer consideração pela especificidade ecológica desses territórios marinhos. Falta ainda o pior, que só poderá ser detido pela autodefesa das populações: a destruição de comunidades e paisagens pela mineração do lítio que se anuncia, para o bem maior da indústria automóvel internacional. Um patético exemplo do quotidiano desprezo pelas leis, é a inacreditável consulta pública que está a decorrer até 29 de março, sobre o projeto de aumento da área de exploração da cimenteira Secil, em pleno Parque Natural da Arrábida. Como foi autorizada esta consulta, quando a lei de ordenamento do PNA, de 2005, proíbe expressamente no seu artigo 8.º, qualquer alargamento futuro? Este governo, e o passado tem também outros exemplos lamentáveis, representa um enigma: como é que se pode governar um país sem dar sinal de que se ama a terra e cuida do futuro das suas gentes?

Papa Francisco rapper


Outra imagem do Papa Francisco com uma roupa “inesperada” foi partilhada por milhares de pessoas nas redes sociais. Nem o facto de ter sido criada com inteligência artificial travou as brincadeiras dos internautas.

Francisco é reconhecido por ser um Papa um tanto ou quanto inovador e revolucionário, mas quando este sábado foi divulgada uma imagem nas redes sociais em que aparecia com um casaco “puffer”, a internet entrou em ebulição. No entanto, a fotografia - que fez sucesso pelo mundo fora - não é real e foi criada com o Midjourney.

Comentários nas redes sociais: "Papa puff" ou "Pope Francis walking onto Ryanair flight trying to avoid extra baggage fees."

domingo, 26 de março de 2023

Há carros elétricos novos a serem enviados para a sucata

Há carros elétricos, praticamente novos, com poucos quilómetros, a serem abatidos após o seguro ter atribuído a perda total, mesmo em acidentes ligeiros. Esta situação poderá resultar em prémios de seguro mais caros e maior poluição com packs de baterias acumuladas. Então, onde para a sustentabilidade?


Afinal, onde está a sustentabilidade?
Para muitos veículos elétricos, não há forma de reparar ou avaliar a inviolabilidade do pack de bateria que sofreu um ligeiro dano após acidente. Como tal, a situação força as companhias de seguros a abater carros com poucos quilómetros - levando a prémios mais elevados e a ganhos menores com a passagem à eletricidade.

Existem já conjuntos de baterias a acumular-se em parques de sucata nalguns países onde a incidência de elétricos é maior. Este problema poderá pôr em causa a parte mais "económica" de usar um elétrico no dia a dia. E ninguém previu este cenário.

Esta informação foi partilhada pela Thatcham Research, uma empresa de análise de mercado para o setor das seguradoras.

"Estamos a comprar carros elétricos por razões de sustentabilidade. Mas um VE não é muito sustentável se tivermos de deitar fora a bateria após uma pequena colisão", disse Matthew Avery, diretor da empresa.

A questão de fundo é que as baterias podem custar dezenas de milhares de euros e representar até 50% do preço de um carro elétrico. Ora, este cenário colocado na balança de custos, poderá inviabilizar a substituição da própria bateria.

Não é fácil nem barato reparar a bateria...
Depende de cada fabricantes, não existe uma fórmula genérica, algo que seja transversal aos fabricantes. Por exemplo, fabricantes como a Ford, General Motors, entre outras têm políticas de fácil substituição e reparação, já no caso da Tesla, o caminho é o oposto.

Segundo refere a Reuters, citando a Thatcham, O Model Y da empresa de Elon Musk, construído no Texas, tem um novo conjunto de baterias estruturais. Este pacote foi descrito por especialistas como tendo "capacidade de reparação zero".

Nesse sentido, uma investigação da Reuters sobre as vendas de salvados elétricos nos EUA e Europa mostra uma grande quantidade carros da Tesla, Nissan, Hyundai, Stellantis, BMW, Renault, entre outros, com o mesmo problema. Carros relativamente novos, com poucos quilómetros sinalizados para abate.

Os elétricos constituem apenas uma fração dos veículos na estrada, tornando os dados de toda a indústria difíceis de obter, mas a tendência de carros com baixas emissões de emissões zero com danos menores está a crescer. A decisão de Tesla de tornar os pacotes de baterias "estruturais" - parte da carroçaria do carro - permitiu-lhe reduzir os custos de produção, mas corre o risco de empurrar estes custos de volta para os consumidores e seguradoras.

Seguros dos elétricos poderão ser mais caros?
Apesar do relatório indiciar este eventual custo acrescido dos prémios de seguro para quem tem um elétrico, a Tesla não se referiu a quaisquer problemas com as seguradoras que seguram os seus veículos. Contudo, em janeiro o CEO Elon Musk disse que os prémios das companhias de seguros de terceiros "em alguns casos eram excessivamente elevados".

Tal cenário, referem especialistas da indústria, pode ser agravado se a Tesla e outros fabricantes de automóveis não produzam packs de baterias mais fáceis de reparar e forneçam acesso de terceiros a dados de células de bateria. Os custos associados a estas perdas terão de ser passadas aos proprietários e iremos ver mais carros de baixa quilometragem em perda total e mais poluição resultante da acumulação das baterias avariadas.

Pobreza Energética em Portugal


Números
  • Calcula-se que haja entre 660 a 680 mil pessoas em situação de pobreza energética, mas o número pode ser bem maior: dois milhões.
  • Os países do Sul da Europa, como Portugal, Itália, Grécia, Malta e Chipre, apesar de terem invernos menos rigorosos quando comparados a países do Centro e Norte da Europa, têm taxas de excesso de mortalidade no inverno consideravelmente superiores a países nórdicos como a Finlândia e a Suécia. Embora 20% das habitações do país tenham direito a uma tarifa social para ajudar no pagamento das contas de eletricidade e do gás natural, o acesso é limitado e escasso. 
  • Portugal é o 5º país da UE com maior risco de pobreza energética
A maioria das nossas habitações não está preparada para o frio, mas a realidade é que o combate à pobreza energética pode trazer múltiplos benefícios, incluindo:
️◼️ menos gastos pelos governos na saúde;
◼️️ redução da poluição atmosférica e das emissões de CO2;
◼️️ maior conforto e bem-estar;
◼️️ melhoria dos orçamentos das famílias e aumento da atividade económica.

👉 Nesse sentido, a União Europeia tem vindo a apresentar uma série de ações de combate à pobreza energética, entre as quais:

- Pacote legislativo da União Europeia “Energia limpa para todos os europeus” (2019).
- Fundo de Transição Justa a acompanhar o Pacto Ecológico Europeu.
- Planos Nacionais de Energia e Clima (PNEC), como forma de avaliação da pobreza energética para cada país.
- Pacote Objetivo 55 que, além de identificar os principais fatores de riscos de pobreza energética para os consumidores, inclui ainda a revisão das Diretivas de Desempenho Energético dos Edifícios e a de Eficiência Energética.

👉 A nível nacional, destaca-se:
- Aprovação do Plano Nacional Energia e Clima 2021-2030 (PNEC 2030) como promoção de uma estratégia de longo prazo para o combate à pobreza energética.
- A aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR 2021-26) que integrou um conjunto de medidas dedicadas à pobreza energética.

Sabe mais 
  1. Casa Quente
  2. Entrevista a João Pedro Gouveia
  3. Relatório da AIE "District Heating" (2022)
  4. Parecer do CNADS sobre a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza Energética 2022-2050

Documentário - O Mundo Segundo Xi Jinping (2018)


Ler a entrevista: "Colapso do regime de Putin seria pesadelo para a China"

sábado, 25 de março de 2023

Isabel Alçada - Esconder ou alterar livros de Enid Blyton é "absurdo"

As versões originais de algumas das obras da autora dos famosos livros “Os Cinco” estão a ser armazenadas e substituídas por versões reescritas mais "atuais".


Isabel Alçada, autora de literatura infanto-juvenil que foi ministra da Educação, considera "absurda" a decisão tomada por bibliotecas britânicas de esconder livros de Enid Blyton por se considerar que a linguagem utilizada é "ofensiva" para os leitores e está “desatualizada”.

“Eu fiquei muito surpreendida, porque Inglaterra é um país que, geralmente, vemos como um país da liberdade e da aceitação", diz Isabel Alçada à Renascença.

Aludindo a "ideias novas que afetam, de facto, as mentes das pessoas e que levam a atitudes absurdas”, a co-autora da coleção “Uma Aventura” não deixa de “ter em conta que a linguagem muda, que a forma de tratamento das pessoas muda e que há um certo jargão numa época que acaba por cair em desuso”.
“Nós hoje temos dificuldade em aceitar que, no passado, as coisas eram diferentes e reconhecê-las como diferentes.”

Em Devon, em Inglaterra, as bibliotecas públicas estão a ocultar os livros Blyton, autora, entre outras, da coleção “Os Cinco”.

Em contrapartida, as bibliotecas estão agora a apresentar versões “atuais”, reescritas com linguagem intemporal e onde são substituídas diversas expressões da autora. Um dos exemplos é a troca da palavra “moreno”, escrito pela autora num dos livros, pela palavra “bronzeado”.

Segundo o jornal Daily Mail, a escritora, que nasceu em 1897, recorreu a termos como “queer” e “gay”, e também à palavra “castanho” em referência à cor da pele de uma personagem, para além de usar a expressão “cala a boca”.

Estas alterações foram reveladas nos documentos do conselho do condado de Devon. A Library Unlimited, que administra o serviço de bibliotecas do condado, audita regularmente os livros e posteriormente substitui-os por versões mais “atuais”.

As versões originais dos livros de Enid Blyton não foram removidas das biliotecas, mas estão agora armazenadas em espaços que não são acessíveis ao público.

Se os leitores quiserem ter acesso às versões originais terão de as solicitar especificamente aos bibliotecários -que, segundo o The Telegraph, vêm com um aviso a recordá-los da linguagem contida na versão original.

Estas decisões têm levantado uma onda de indignação entre fãs da escritora e também de algumas livrarias, como a Belfast Books, em Inglaterra, que publicou no Twitter uma imagem de vários livros da autora sob a legenda: “A maioria são originais de um tempo antes de os ‘leitores sensíveis’ nos dizerem o que podíamos ou não podíamos ler.”

“Versões alteradas nunca"
Isabel Alçada não concorda com a aposta em versões alteradas. “Versões alteradas nunca apoio. Acho que cada autor escreveu com a linguagem que achou que era adequada para a sua intenção. Há sempre escritores novos e não me parece correto estar a alterar livros antigos”, confessa à Renascença.

Já em 2021, segundo o The Washington Post, a instituição de caridade English Heritage, que desenvolveu um plano que visa instalar placas azuis em edifícios que já foram habitados ou local de trabalho de pessoas famosas, atualizou as informações associadas à placa icónica de Blyton, que está posicionada em frente da casa em que viveu entre 1920-1924.

“Tanto durante sua vida quanto depois, o trabalho de Blyton foi criticado por vários aspectos de seu conteúdo (…) Há um 'snobismo social', racismo e sexismo embutido nas histórias de Blyton”, pode-se ler no site.

As decisões sobre a alteração de expressões nos livros de Blyton fez ressurgir o tema da censura literária e da liberdade em contexto cultural.

Enid Blyton escreveu mais de 700 livros, incluindo títulos como a coleção “Os Cinco” e “Noddy”, desde o final dos anos 1930 até à sua morte, em 1968.

Saber mais:

Pesticide Giant Criticised for ‘Greenwashing’ Partnership with French Influencer


Bayer, the world’s second largest crop chemicals company, sponsored a French influencer to create and share pro-pesticides content with over 300,000 followers on her Instagram account, an investigation has revealed.

Jenny Letellier – one of France’s biggest YouTubers with nearly 4 million subscribers – has come under fire for the sponsored content, which was broadcasted via a series of videos from France’s leading agriculture fair last month. This content was produced in conjunction with Morgan Niquet, a YouTuber with 1.3 million subscribers.

French media outlet Vakita, which broke the story, obtained a copy of the contract between the German multinational and Letellier that specified how the social media campaign was tailored to meet clear PR objectives for the company.

These included “showing the general public that French agriculture is sustainable and respectful of the environment” and that “it takes into account the expectations of society and younger generations”.

France is the second largest market in the EU for pesticides, which have been found to harm biodiversity, soil health and human health.

Salomé Roynel from campaign group Pesticide Action Network Europe (PAN) called the PR partnership a “well-known tactic”. It comes at a time the pesticides lobby is currently heavily resisting green reforms in Europe that – if enacted – would drastically reduce agrochemical use in order to protect nature and wildlife.

A spokesperson from Bayer’s crop science division said: “Like all companies, Bayer may establish partnerships with influencers to promote information or events. The group complies with all current regulations related to partnerships, in particular rules of transparency“.
Backlash from Followers

Influencer advertising is increasingly popular among companies seeking to reach younger audiences. Global spending on this kind of marketing is expected to reach over $30 billion in 2023.

Many of Letellier’s Instagram followers took a dim view of the content she produced for Bayer, which sparked a torrent of incredulity and outrage online. One follower said on Instagram: “We are fighting to save this planet and you make those of your generation believe that Bayer takes care of it!”.

Vakita estimated that the going rate for such a deal was likely to be in the region of €6,000 ($7,200), which included a set of Instagram stories and a post on her feed. Letellier’s comedy Instagram reels routinely receive hundreds of thousands of views; one gained upwards of eight million.

Letellier stated in an Instagram post that she had been a “fool” and “naive”, and had deleted the content prior to Vakita’s investigation. She told Vakita that she was not aware of Bayer prior to the partnership, deeply regretted the agreement, and had refused payment.

A spokesperson for Niquet confirmed that he had also refused payment for the partnership. They said: “Going forward, we will take the necessary steps to ensure that our partnerships align with our values and commitment to environmental responsibility”.
Pro-Pesticide Messaging

Letellier’s videos were filmed at the Salon D’Agriculture in Paris, France’s main agriculture fair, which is visited by the French president each year.

In a series of clips, Letellier is shown repeating messages from a briefing provided by Bayer, which was obtained by Vakita journalists. In one video, Letellier states that “companies like Bayer […] support farmers to produce better with fewer resources”.

Bayer said that Letellier and Niquet had produced “informative and participatory content according to their vision, their codes and their editorial line” after a day of discussion at the fair.

Bayer also told Vakita that it “will continue to partner with personalities interested in the issues and the future of agriculture in France”.

Scientists and campaigners often contest the notion that Bayer’s products “produce better” because while they protect food crops, agrochemicals are toxic to insects and other life forms.

According to the Pesticides Action Network, over a third of Bayer’s sales derive from products that are highly hazardous to the environment, animal or human health. (The methodology for this classification is strongly disputed by Bayer on the grounds that it uses different criteria to internationally accepted rules).

Experts say that overuse of chemical pesticides is harming the future of food production. Biodiversity is in sharp decline across the world, and numbers of birds and pollinators are plummeting in Europe.

Bayer, which makes almost $10 billion in agrochemical sales every year, has also faced millions of dollars in lawsuits over health issues allegedly related to its products, including from farmers.

In December, Paul Francois won damages of over $11,600 from Bayer, following a 15-year legal battle in French courts. The farmer claimed that accidental inhalation of a weedkiller Lasso, which was legal in France until 2007, had caused him chronic neurological problems.

Bayer France told Reuters that Francois was awarded less than 1 percent of the compensation requested, and that the courts had not recognised any of the serious pathologies alleged.
Trying to ‘Turn Public Opinion’

Roynel from PAN accused Bayer of trying to “turn public opinion”, which she said currently favours reducing pesticide use. A petition to phase out pesticides in the EU received over a million signatures in 2021.

Bayer has consistently opposed proposed EU reforms which could see pesticide use slashed. Since 2020, along with other pesticide companies, the firm has repeatedly lobbied against targets to slash chemical use by 50 percent – a move that would cost the industry millions in lost sales.

The arguments frequently used by Bayer to lobby in defence of its business model include the idea that innovations such as “precision farming”, which aim to use pesticides more efficiently, are a better solution than legally-binding reduction targets.

These arguments were present in the briefing given to Letellier, who told her followers: “if we treat them [crops] well with treatment by giving them a good dose, in the right place, at the right time, we optimise production to have optimum performance”.

France is among a number of member states that has called for delays to the pesticide legislation. As the largest agricultural producer in the EU, it is considered one of the most powerful member states in the union on the matter.

Bayer also asked Letellier to “highlight the fact that [French agriculture] is already in full ecological transformation and that it has innovated and modernised”.

Letellier stated in her video: “Today in France, everything is very regulated and we cannot use pesticides for just anything. And so much the better for the plants and for us, because it allows us to feed ourselves”.

President Emmanuel Macron has pledged to end the use of glyphosate, Bayer’s best-selling pesticide, which is considered “probably carcinogenic to humans” by the World Health Organisation.

A 2022 study found the weedkiller – which earned Bayer $840 million in global sales in 2018 – is present in the urine of 99 percent of the French population.

The EU is expected to decide this year whether glyphosate should be approved for use in farming for the next decade.

Roynel said that influencing public opinion was part of Bayer’s “strategy […] to fight fiercely any sustainable transition which would harm its business”.
Wider Lobbying Efforts

Advertising is just one of the tactics used by Bayer to influence EU policy.

A recent investigation by DeSmog found that the pesticide industry had poured millions into resisting green farming reforms. The companies had held private meetings with legislators, funded academic research and launched widespread communications campaigns to delay laws to reduce pesticide use.

Bayer is not the only pesticide firm to have paid influencers for PR work in France, either. Vakita reports that in 2021, a manufacturer of pesticides paid an Instagrammer with 700,000 followers to defend a herbicide, which the EU was threatening to ban due to its risk to wildlife and the environment.

Letellier did not respond to DeSmog’s requests for comment.

Enquanto famílias sofrem, Banca alarga lucros e engrossa os bolsos

Os cinco maiores bancos a operar em Portugal tiveram lucros 2.583 milhões de euros em 2022, mais 1000 milhões de euros do que em 2021. Um contraste brutal face ao empobrecimento das famílias.


Termos como «comissões bancárias», «euribor» e «spread» têm sido aspectos com que as famílias estão confrontadas. Todos os dias o aumento do custo de vida tem sido debatido sem que isso seja acompanhado pela avaliação de quem ganha com tudo isto.

A realidade, no entanto, quando acompanhada pelos números poderá revelar quem tem ganho, e os números da Banca não fogem à regra. Segundo contas feitas pela Agência Lusa, os cinco maiores bancos que operam em Portugal obtiveram lucros agregados de 2.583 milhões de euros em 2022, mais 1.000 milhões de euros do que em 2021.

A Caixa Geral de Depósitos arrecadou lucros de 843 milhões de euros em 2022, mais 45% do que em 2021. O Santander Totta foi o segundo banco com melhores resultados positivos em 2022 de 606,7 milhões de euros, mais 90% do que no ano anterior e o melhor resultado da sua história. O Novo Banco triplicou os lucros e em 2022 esses ascenderam a 560,8 milhões de euros depois de em 2021 ter tido pela primeira vez resultados positivos, de 184,5 milhões de euros. Já o BCP subiram 50% para 207,5 milhões de euros e os do BPI cresceram 19% para 365 milhões de euros.

Enquanto os bancos lucram e distribuem dividendos, quem trabalha tem visto o seu salário perder cada vez mais valor real. A título de exemplo, o salário médio por trabalhador diminui 4,0% em termos reais em 2022. Esse mesmo ano viu a maior subida anual de preços de bens e serviços de consumo dos últimos 30 anos, reflectida numa inflação que se fixou nos 8,1%, já o Salário Mínimo Nacional em 2023 aumentou apenas 7,8%, fixando-se no 760 euros.

Bom bom é sermos pobres. Somos o 7.º país com menor PIB per capita da UE, muito longe da média europeia.