Portugal tem direito, tal como Espanha, a 80% a fundo perdido de Fundo de Coesão para construir as suas linhas de alta velocidade [ferroviária]. Portugal não está interessado em receber esses fundos de Bruxelas. É uma opção política não avançar, porque Portugal tem direito a esses fundos comunitários. [Manuel Tão, Legislativas 2019]
O Aeroporto de Beja já está construído e só precisa de acessibilidades para ter área de influência e poder ser complementar aos de Lisboa e Faro, ambos com muitas limitações, defendeu hoje um especialista.
A infraestrutura aeroportuária alentejana, afirmou à agência Lusa o investigador da Universidade do Algarve Manuel Tão, «é uma solução na medida em que, estando construída, carece apenas de acessibilidades para ter área de influência».
«Necessitamos que as distâncias que tem Beja a mercados como a Área Metropolitana de Lisboa ou o Algarve sejam substancialmente reduzidas», o que «só é possível com um investimento na recuperação integral da Linha do Alentejo», realçou.
O também docente universitário falava à margem de um seminário organizado pela Plataforma Sim ao Aeroporto Internacional de Beja na sede da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, em Évora, no qual participou como orador.
Manuel Tão, especialista em sistemas de transportes, salientou que a Linha do Alentejo «tem um traçado bom» e que, se esta ferrovia fosse reabilitada, os comboios poderiam atingir velocidades de 200 quilómetros ou mais por hora.
Isso permitiria «encolher distâncias», sublinhou, assinalando que os comboios que partiriam do Aeroporto de Beja levariam 40 minutos até ao Pinhal Novo (Palmela, Setúbal) e pouco mais de uma hora até Sete Rios (Lisboa) e Albufeira (Algarve).
Alertando que «a capacidade aeroportuária do país tem muitas limitações», o investigador da Universidade do Algarve vincou que o problema não afeta apenas o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, mas também o do Algarve.
O professor universitário deu como exemplo a utilização prevista do Aeroporto de Beja, no próximo verão, para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), considerando que «isso já é uma antevisão daquilo que o país tem pela frente».
«Necessitamos de injetar capacidade aeroportuária num sistema que está esgotado e isso só se consegue com algo que já está construído”, pois “as necessidades são tão prementes que não há tempo para construir», acrescentou.
Segundo este especialista, a construção de um novo aeroporto pode levar «uma década ou eventualmente mais» desde que o Governo toma a decisão de o construir até a infraestrutura entrar em operação.
«Nessa década, nem o turismo vai parar nem a pressão sobre os aeroportos existentes vai diminuir», acrescentou.
Já o presidente da CCDR do Alentejo, António Ceia da Silva, que também esteve presente no seminário, defendeu que os argumentos da Plataforma Sim ao Aeroporto Internacional de Beja merecem «chegar ao Governo e ter sua aquiescência».
«O Aeroporto de Beja está construído e outros não estão», destacou.
A Plataforma Sim ao Aeroporto Internacional de Beja já entregou na Assembleia da República uma petição em defesa do Aeroporto de Beja e da criação de acessibilidades à infraestrutura, com mais de 3.000 assinaturas.
A recolha de assinaturas prossegue “até 30 dias” após a petição dar entrada na comissão parlamentar.
Sem comentários:
Enviar um comentário