Em sete décadas, o modelo de monocultura do capitalismo reduziu a multiplicidade de habitats a zonas de guerras contra os invertebrados. Sem eles, entrarão em colapso a biosfera e o que Marx chamou de “metabolismo universal da Natureza” Por Ian Angus (NOTA: texto dividido em 3 partes; 2 e-books gratuitos e bibliografia no fim)
O Apocalipse dos insetos no Antropoceno, Parte 1 - A vitória durou pouco
“A questão é se alguma civilização pode travar uma guerra implacável contra a vida sem se auto-destruir e sem perder o direito de ser chamada de civilizada.”[1]
Já se passaram seis décadas desde que Rachel Carson escreveu o seu brilhante livro Primavera Silenciosa, frequentemente descrito como o trabalho fundador do movimento ambientalista moderno. O objetivo de Carson era impedir a matança de insetos e muitas pessoas pensaram que a sua causa tinha terminado com sucesso no momento em que se interrompeu o uso generalizado do DDT.
Quando Primavera Silenciosa foi publicado, a minha família tinha mudado há pouco para uma área rural no leste do estado de Ontário (Canadá). Como era um adolescente, não fiquei feliz por perder a vida social urbana, mas acabei encantando-me com experiências que nunca teria na cidade. Em particular, no verão, um campo perto de nossa casa ficava cheio de borboletas monarcas durante o dia e de vaga-lumes à noite. Passava muitas horas apenas a observar o espetáculo dos insetos.
Lis e eu ainda moramos na mesma casa, e aquele campo ainda está lá, a crescer de forma selvagem, mas não vemos uma borboleta monarca ou um vaga-lume há décadas. O extermínio contínuo de animais de seis patas é hoje maior e mais prejudicial do que qualquer cenário que Rachel Carson possa ter imaginado.
A 3 de fevereiro, um relatório abrangente mostrou que 80% das espécies de borboletas no Reino Unido diminuíram em abundância ou distribuição desde a década de 1970, e metade delas agora está listada como ameaçada ou quase ameaçada.[2] Como as borboletas são, de longe, os insetos selvagens monitorados de forma mais consistente, o seu declínio é como o proverbial canário cujo colapso alertava os mineiros de carvão de que o gás mortal se estava a acumular. Se há menos borboletas, é provável que haja menos insetos de todos os tipos.
No mesmo dia, cientistas da Academia de Ciências Agrícolas da China relataram que, desde 2005, houve um declínio constante nas 98 espécies de insetos voadores que migram todos os anos sobre a baía de Bohai, entre a China e a Coreia. O número de insetos herbívoros diminuiu 8%, e os insetos predadores que os comem caíram quase 20%. Os autores dizem que os dados mostram “um declínio crítico na diversidade funcional (de insetos) e uma perda constante na resiliência ecológica em todo o Leste da Ásia”.[3]
Estes estudos, conduzidos em lados opostos do globo, aumentam a evidência crescente de um rápido declínio mundial da vida dos insetos. Embora a maioria dos grupos de conservação ilustre as suas campanhas de arrecadação de fundos com fotos de pandas, tigres e pássaros raros, o declínio generalizado de insetos representa a maior ameaça a toda a vida no Antropoceno. Scott Black, Diretor Executivo da Xerces Society, uma organização sem fins lucrativos que enfatiza a proteção de insetos e outros invertebrados, resume o perigo nestes termos:
“Independente do quão rudemente tratemos o planeta, nós vamos desaparecer antes dos insetos. Mas o que será visível para nós é menos aves ou mesmo nenhuma ave no céu. Se queres pássaros, precisas de insetos. Se queres frutas e legumes, precisas de insetos. Se queres solos saudáveis, precisas de insetos. Se queres comunidades de plantas diversificadas, precisas de insetos.”[4]
Os insetos são fundamentais para o que Karl Marx chamou de metabolismo universal da natureza, a constante reciclagem de energia e matéria que torna a vida possível. Artrópodes – principalmente insetos, mas incluindo aranhas, ácaros, centopeias e milípedes – polinizam 80% de todas as plantas, reciclam os nutrientes essenciais da vida, criam solos saudáveis e férteis, purificam a água e são o principal alimento de muitos pássaros e animais. Se eles desaparecessem completamente, a biosfera entraria em colapso e os humanos não durariam muito.
“A maioria dos peixes, anfíbios, pássaros e mamíferos entrariam em extinção quase simultaneamente. Em seguida iria a maior parte das plantas com flores e com elas a estrutura física da maioria das florestas e outros habitats terrestres do mundo. A terra apodreceria. À medida que a vegetação morta se acumulasse e secasse, estreitando e fechando os canais dos ciclos de nutrientes, outras formas complexas de vegetação morreriam e, com elas, os últimos remanescentes dos vertebrados. Os fungos remanescentes, depois de desfrutarem de uma explosão populacional de proporções estupendas, também pereceriam. Dentro de algumas décadas, o mundo voltaria ao estado de 1 bilhão de anos atrás, composto principalmente de bactérias, algas e algumas outras plantas multicelulares muito simples”.[5]
Para ser claro, o desaparecimento de todos insetos não é provável num futuro previsível: de facto, alguns insetos provavelmente sobreviverão à humanidade. O que as provas mostram é uma combinação de extinções definitivas e declínios populacionais radicais que alguns cientistas chamam de defaunação
. “Se não for controlada, a defaunação tornar-se-á não apenas uma característica da sexta extinção em massa do planeta, mas também um impulsionador de transformações globais fundamentais no funcionamento do ecossistema.”[6]
A maioria dos relatos sobre a vida na Terra concentra-se em mamíferos, pássaros, peixes e répteis, mas, na verdade, a grande maioria dos animais é de insetos. Ninguém sabe exatamente quantos são, mas uma boa estimativa é de dez quintilhões — 10 seguidos de dezoito zeros, bem mais de um bilhão de insetos para cada ser humano. Juntos, eles pesam substancialmente mais do que todos os outros tipos de animais (incluindo humanos) combinados. Eles são imensamente variados: só nos EUA, existem cerca de 23.700 espécies de besouros, 19.600 espécies de moscas, 17.500 espécies de formigas, abelhas e vespas e 11.500 espécies de mariposas e borboletas. Em todo o mundo, um milhão de espécies de insetos foram catalogadas e acredita-se que outras quatro milhões ainda não tenham sido identificadas ou nomeadas. Nas taxas atuais, muitos desaparecerão antes mesmo que os humanos saibam que eles existem.
Com populações tão grandes, é difícil imaginar que todas ou mesmo uma proporção significativa delas possam estar em risco. Além das borboletas, que são bonitas, e das abelhas, que são lucrativas, até recentemente as ameaças à vida dos insetos raramente eram mencionadas nos relatos de perda de biodiversidade.[7] O premiado livro premiado de Elizabeth Kolbert A Sexta Extinção (2014), por exemplo, refere-se apenas brevemente ao declínio de insetos, como uma consequência, difícil de mensurar, do desmatamento na Amazónia. O livro Esquivando-se da Extinção, de Anthony Barnosky (também de 2014), menciona os insetos de passagem apenas duas vezes. Da mesma forma, o best-seller de David Wallace-Wells A Terra Inabitável (2019) contém apenas três parágrafos sobre insetos.
Estes autores não estavam a ignorar arbitrariamente os nossos parentes de seis patas: as suas omissões refletiam uma longa lacuna na literatura científica. Embora os entomologistas tenham publicado muitos relatórios sobre a biologia e o comportamento de algumas espécies, poucos estudaram ou mediram as tendências das populações de insetos ao longo do tempo. Mesmo entre as abelhas, um dos grupos de insetos mais estudados, a Academia Nacional de Ciências dos EUA lamentou em 2007 que “faltam dados populacionais de longo prazo e o conhecimento de sua ecologia básica é incompleto”.[9]
Uma grande viragem ocorreu em outubro de 2017, quando 12 cientistas europeus publicaram um relatório inovador sobre o declínio de insetos voadores em áreas de proteção ambiental na Alemanha. Durante quase três décadas, membros da Sociedade Entomológica Krefeld, administrada por voluntários, capturaram e contaram insetos em 63 reservas naturais, usando armadilhas semelhantes a tendas. Uma análise dos seus registos, publicada na revista PLOS One, revelou uma tendência chocante que afeta abelhas, vespas, borboletas, moscas, besouros e muito mais.
“Os nossos resultados documentam um declínio dramático na biomassa média de insetos aéreos de 76% (até 82% no meio do verão) em apenas 27 anos para áreas naturais protegidas na Alemanha. […] O declínio generalizado da biomassa de insetos é alarmante, ainda mais porque todas as armadilhas foram colocadas em áreas protegidas destinadas a preservar as funções do ecossistema e a biodiversidade. Embora o declínio gradual de espécies raras de insetos seja conhecido há algum tempo (por exemplo, borboletas especializadas), os nossos resultados ilustram um declínio contínuo e rápido na quantidade total de insetos aéreos ativos no espaço e no tempo”.[10]
Em 2018, outro grupo de cientistas mostrou que entre 2008 e 2017 houve declínios substanciais na diversidade, biomassa e abundância de insetos nas pastagens e áreas florestais alemãs, e um estudo publicado nos Anais da Academia Nacional de Ciências apontou que as populações de insetos nas florestas tropicais porto-riquenhas caíram até 98% desde a década de 1970.[11] Embora houvesse debates sobre números precisos e metodologia, agora havia, como escreveu o ecologista britânico William Kunin na prestigiada revista Nature, “provas robustas do declínio dos insetos”.[12]
Estas descobertas levaram ecologistas e entomologistas de todo o mundo a examinar estudos e registos anteriores, em busca de dados que pudessem ser usados para medir as mudanças nas populações de insetos. Em 2019, a revista Biological Conservation apresentou uma revisão detalhada de 73 estudos publicados sobre declínio de insetos.
“A partir da nossa compilação de relatórios científicos publicados, estimamos que a proporção atual de espécies de insetos em declínio (41%) seja duas vezes maior que a de vertebrados, e o ritmo de extinção de espécies locais (10%) oito vezes maior, confirmando anteriores descobertas. Atualmente, cerca de um terço de todas as espécies de insetos está ameaçada de extinção nos países estudados. Além disso, a cada ano cerca de 1% de todas as espécies de insetos é adicionada à lista. Esses declínios de biodiversidade resultam numa perda anual de 2,5% de biomassa em todo o mundo.”[13]
Desde então, como ilustram os estudos citados no início deste artigo, as investigações sobre populações de insetos explodiram. Em fevereiro de 2023, o Google encontrou mais de 30.600 entradas para “insetos ameaçados de extinção” e o Google Scholar encontrou mais de 1.000 trabalhos académicos. Para relatos acessíveis das investigações mais recentes, recomendo fortemente dois livros recentes, Silent Earth [Terra Silenciosa] de Dave Goulson e The Insect Crisis [A crise dos insetos] de Oliver Milman. Ambos foram escritos por autores sérios, que evitam o sensacionalismo; no entanto, um se refere a um “apocalipse de insetos” e o outro descreve o declínio das populações de insetos como “uma situação terrível [que] mal pode ser compreendida”.[14]
Em The Cosmic Oasis [O oásis cósmico], uma história da biosfera publicada em 2022, os principais cientistas do Antropoceno, Mark Williams e Jan Zalasiewicz, alertam que é impossível exagerar a ameaça representada pelo declínio da vida dos insetos que pesquisas recentes confirmaram.
“Cerca de dois quintos das espécies de insetos do mundo podem estar ameaçadas de extinção dentro de algumas décadas; elas estão a ser amplamente exterminadas em paisagens urbanas e agrícolas e são dizimadas pela poluição em ambientes aquáticos. […] Como os insetos estão profundamente enraizados no funcionamento dos ecossistemas da Terra, uma grande perda no seu número e diversidade teria efeitos incalculáveis; na verdade, provavelmente causaria um colapso total dos ecossistemas, incluindo aqueles que nos sustentam”.[15]
Apocalipse dos Insetos no Antropoceno, Parte 2
Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, o capitalismo global multiplicou o seu avanço, com efeitos devastadores para a biosfera. Alimentado pelos combustíveis fósseis e petroquímicos, a Grande Aceleração encerrou 12 mil anos de relativa estabilidade ambiental e climática durante o período do Holoceno e iniciou a era do Antropoceno. Como apresentou na sua conclusão, em 2004, um relatório de síntese do Programa Internacional Geosfera-Biosfera (IGBP, na sigla em inglês):
“A segunda metade do século XX é única em toda a história da existência humana na Terra. Muitas atividades humanas atingiram pontos de decolagem em algum momento do século XX e aceleraram radicalmente no final do século. Os últimos 50 anos testemunharam, sem dúvida, a mais rápida transformação da relação humana com o mundo natural na história da humanidade”.[16]
O relatório do IGBP incluía gráficos que ilustravam aumentos sem precedentes na atividade humana e na destruição ambiental global, começando por volta de 1950.[17] Um deles, intitulado “Biodiversidade global”, rastreava a taxa de extinção de animais, que os autores estimam ser 100 a 1.000 vezes maior do que as taxas de extinção natural anteriores.[18] Uma medida da debilidade dos estudos sobre insetos é que a discussão sobre o declínio da biodiversidade mencione mamíferos, peixes, aves, anfíbios e répteis, mas não insetos ou quaisquer outros invertebrados.[19]
Como vimos, investigações recentes mudaram decisivamente este quadro. Não apenas as populações de insetos estão em declínio, mas também estão a diminuir muito mais rapidamente do que outros animais. Os insetos compreendem metade de um milhão de espécies animais que os cientistas acreditam estar em extinção neste século.[20] Os insetos do mundo estão entre as principais vítimas da Grande Aceleração. Se continuar assim, o rápido declínio dos insetos estará entre as características mais mortais do Antropoceno.
Concentração e simplificação
O fator mais importante para o declínio dos insetos é a destruição do habitat – em particular, o papel da agricultura industrial na expulsão de inúmeras espécies das suas casas. Outros habitats de insetos foram desestabilizados e destruídos, mas as terras agrícolas são críticas pela sua inigualável escala – a agricultura ocupa 36% da terra total do mundo e 50% da terra habitável. Dentro desta enorme área, imensas parcelas estão envolvidas no que pode ser descrito razoavelmente como uma guerra aos insetos.
Toda a agricultura desestabiliza os ecossistemas locais e perturba a vida dos insetos, mas, como explica o ecologista Tony Weis, até recentemente uma agricultura bem-sucedida exigia trabalhar o máximo possível com ambientes naturais, não contra eles:
“Ao longo da história, a viabilidade de longo prazo das paisagens agrícolas dependeu da manutenção da diversidade funcional nos solos, variedades de cultivo (e germoplasma de sementes dentro das variedades), árvores, animais e insetos para manter o equilíbrio ecológico e os ciclos de nutrientes. Para esse fim, os agroecossistemas foram manejados com uma variedade de técnicas, como multiculturas, padrões de rotação, adubos verdes (transformando tecidos vegetais não decompostos em solos, geralmente a partir de leguminosas ricas em nitrogénio), pousio, cuidadosa seleção agroflorestal de sementes e a integração de pequenas populações de animais”.[21]
As décadas após a Segunda Guerra Mundial testemunharam o equivalente agrícola do que foi a revolução industrial do século XIX – uma mudança da pequena produção de commodities para a massiva produção em larga escala, dependente de combustíveis fósseis. Embora a maioria das quintas ainda pertencesse a famílias, as decisões sobre o que cultivar e como cultivar eram cada vez mais tomadas em salas de reuniões de grandes empresas. Os ecologistas agrícolas Ivette Perfecto, John Vandermeer e Angus Wright descrevem a revolução metabólica na produção de alimentos:
“A capitalização da agricultura pós-Segunda Guerra Mundial foi realizada principalmente através da substituição de insumos gerados na própria quinta por insumos fabricados fora da quinta e que precisavam ser adquiridos. Desde a mecanização precoce da agricultura que substituiu a força animal por tração motorizada, até à entrada de fertilizantes sintéticos no lugar do composto e esterco, e à substituição do controle cultural e biológico por pesticidas, a história do desenvolvimento tecnológico agrícola tem sido um processo de capitalização que resultou na redução do valor que é agregado dentro da própria quinta. Nas quintas de hoje, o trabalho vem da Caterpillar ou John Deere, a energia da Exxon/Mobil, o fertilizante da DuPont e o controle de pragas da Dow ou Monsanto. As sementes, literalmente o germe que torna possível a agricultura, foram patenteadas e precisam ser compradas.”[22]
O boom do pós-guerra na produção agrícola baseou-se numa ampla variedade de novas tecnologias, incluindo equipamentos mecanizados, ração animal produzida em massa, fertilizantes sintéticos e sementes proprietárias. Os novos insumos funcionaram muito bem, mas como aponta a historiadora agrícola Michelle Mart, “a revolução tecnológica na agricultura foi mais acessível para alguns do que para outros”.
“Muitos pequenos agricultores familiares não tinham condições de arcar com os altos investimentos necessários para as novas tecnologias, nem tinham as vastas extensões de terra que as viabilizariam economicamente. Em 1955, os custos operacionais totais para uma quinta média tinham triplicado em relação a apenas 15 anos antes, precipitando um declínio no número de quintas e no número de pessoas que trabalhavam na terra. De 1939 a 1950, o número de quintas nos Estados Unidos caiu 40%, e o número caiu quase outros 50% de 1960 a 1970, enquanto o tamanho médio de uma quinta aumentou 0,8 hectares a cada ano.”[23]
De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, em 2012, “36% de todas as terras cultivadas estavam em quintas com pelo menos 800 hectares de terras agrícolas, acima dos 15% em 1987”.[24] Embora apenas cerca de 12% das quintas dos EUA possam ser descritas como unidades com operações comerciais muito grandes, elas obtêm 88% da receita agrícola líquida anual.[25]
Na América do Norte e na Europa, grandes quintas normalmente são criadas pela fusão de quintas menores. No Sul global, o desmatamento desempenha o papel principal: cerca de cinco milhões de hectares de floresta por ano são desmatados e substituídos por quintas e ranchos gigantes administrados por grandes empresas.[26] Entre 1980 e 2000, mais da metade das novas terras agrícolas nos trópicos foi criada pelo desmatamento de florestas. Entre 2000 e 2010, o número foi de 80%.[27]
A gestão rentável de grandes quintas com máquinas caras requer especialização. Cada cultura tem os seus próprios requisitos específicos, portanto, em vez de comprar várias máquinas, os agricultores concentraram-se numa única variedade de cultivo: apenas milho, ou apenas trigo, ou apenas soja e assim por diante. A matriz de campos cultivados com diferentes culturas que caracterizava a agricultura tradicional foi substituída por imensas áreas de plantas geneticamente idênticas. A maioria das cercas, cercas vivas, bosques e pântanos – lar para pequenos mamíferos, pássaros e insetos – foi removida para maximizar a produção e permitir que as máquinas cobrissem facilmente toda a área.
Ainda existem milhões de pequenas quintas que cultivam várias culturas, mas a produção e as vendas em todos os lugares são dominadas por um pequeno número de quintas muito grandes, cada uma cultivando apenas uma ou duas espécies de plantas ou animais. Em todo o mundo, cerca de 75% das variedades de culturas vegetais desapareceram efetivamente dos mercados agrícolas, deixando apenas nove espécies de plantas que agora compreendem quase dois terços de todas as culturas. Como Michael Pollen comenta, isto tem implicações importantes para as dietas humanas:
“o grande edifício de variedade e escolha que é um supermercado norte-americano acaba por se basear numa base biológica notavelmente estreita, composta por um pequeno grupo de plantas, dominado por uma única espécie: Zea mays, a erva tropical gigante que a maioria dos americanos conhece como milho.”[28]
O historiador ecológico Donald Worster descreve a transformação da agricultura no século XX como uma “simplificação radical da ordem ecológica natural”.
“O que antes era uma comunidade biológica de plantas e animais tão complexa que os cientistas mal conseguiam compreender, que foi transformada por agricultores tradicionais num sistema ainda altamente diversificado para o cultivo de alimentos locais e outros materiais, tornou-se agora cada vez mais um aparato rigidamente planeado que compete em mercados generalizados para o sucesso económico. Na linguagem de hoje, chamamos este novo tipo de agroecossistema de monocultura, que significa que uma parte da natureza foi reconstituída para produzir uma única espécie, que cresce na terra apenas porque em algum lugar há uma forte procura de mercado por ela.”[29]
Esta “desconexão dos processos naturais uns dos outros e a sua extrema simplificação” é, como escreve John Bellamy Foster, “uma tendência inerente ao desenvolvimento capitalista”.[30] Para um sistema económico que caminha constantemente para a simplificação e mercantilização de todas as coisas, os milhões de espécies de insetos são uma complicação desnecessária e indesejada.
Por si só, a mudança para a monocultura reduziu substancialmente a diversidade de insetos. Alguns insetos evoluíram para viver em qualquer lugar, mas muitos não podem sobreviver sem acesso a plantas específicas. As borboletas-monarca, por exemplo, só podem comer folhas de serralha e os seus ovos não eclodirão se colocados em qualquer outra planta. A simplificação de milhões de hectares reduziu radicalmente o número de monarcas, junto com muitos outros insetos de habitat especializado. Para eles, milhares de hectares dedicados ao milho, soja ou trigo podem muito bem ser descritos como desertos, pela nutrição e o suporte à vida que fornecem.
A agricultura industrial, no entanto, não apenas retira passivamente a sustentação aos insetos: ela os ataca agressivamente.
O Apocalipse dos insetos no Antropoceno, Parte 3: a guerra química contra os insetos
Entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, mais de cinco centenas de milhares de abelhas foram encontradas mortas por apicultores no sul do Brasil. Se contarmos com as abelhas selvagens, a contagem de mortes seria provavelmente muito mais alta. A principal causa, mostraram análises laboratoriais, foi a exposição a pesticidas sintéticos. [31]
O primeiro pesticida sintético produzido em série, o diclorodifeniltricloroetano, mais conhecido como DDT, começou a sua vida comercial como arma de guerra, uma invenção mágica que protegeria as tropas dos EUA na Ásia e em África da malária, do tifo e de outras doenças. A revista Time magazine, incansável propagandista do esforço de guerra americano, chamou-lhe “uma das maiores descobertas científicas da Segunda Guerra Mundial”. [32] Era barato e fácil de fazer e, como escreveu Rachel Carson na Primavera Silenciosa, era, junto com outros inseticidas sintéticos muito mais letais do que qualquer produto anterior.
“Têm imenso poder não apenas de envenenar mas de entrar nos processos mais vitais dos corpos e alterará-los de formas sinistras e muitas vezes letais. Assim, como veremos, destroem as próprias enzimas cuja função é proteger o corpo de danos, bloqueiam os processos de oxidação e podem iniciar, em certas células, a lenta e irreversível alteração que conduz à malignidade.”[33]
Lançado para uso civil em 1945, o DDT estava inseparavelmente ligado à ascensão em larga escala da monocultura agrícola. Um agricultor que apenas plantava um tipo de planta estava a criar um buffet atrativo para as poucas espécies que se alimentavam dessa colheita, ao mesmo tempo que negava o habitat a cobertura para os seus predadores. Os DDT fortaleciam as monoculturas ao matar os insetos que as monoculturas atraiam. Este tipo de publicidade dizia aos agricultores e consumidores que era “um benefício para toda a humanidade”.
Mas a experiência rapidamente provou que não era um bem puro.
Como escreveu Carson. “os inseticidas não são venenos seletivos: não isolam uma espécie de que nos queremos livrar”. [4] Os pássaros que comiam os insetos atingidos com DDT morriam, tal como morriam os peixes dos cursos de água próximos aos campos que tinham sido pulverizados. Os apicultores perdiam centenas de colmeias saudáveis quando pomares próximos eram pulverizados. O veneno passava através das cadeias alimentares: os pássaros que comiam pequenos animais que comiam insetos expostos ao DDT punham ovoso com cascas muito finas que se partiam antes que a sua prole se desenvolvesse. Os trabalhadores agrícolas estava a morrer de envenenamento por pesticidas e, nos finais dos anos 1950, havia provas de que o DDT e outros pesticidas amplamente utilizados eram carcinogénicos.
Como os cientistas climáticos do nosso tempos, Carson enfrentou uma campanha terrível da indústria para a desacreditar a nível pessoal e a ciência ecológica em geral mas, finalmente, – tristemente depois da sua morte – o DDT foi banido na maior parte das suas utilizações nos EUA e na Europa nos anos 1970. Nove pesticidas organoclorados, incluindo o DDT, foram proibidos globalmente por um tratado internacional que entrou em vigor em 2004.
Mas os regulamentos e os tratados têm ficado muito aquém da realidade agroquímica. As empresas químicas gastaram fortunas a substituir o DDT por outras armas. A produção e uso de pesticidas é agora mais amplamente mais vasta do que no tempo de Carson e os produtos mais usados são mais letais do que ela poderia ter imaginado. A guerra química de décadas da agricultura capitalista contra os insetos tornou-se a maior causa do declínio dos inseto e da extinção e uma imensa indústria agro-química tem lucrado com a matança.
Como escreveu recentemente o ambientalista canadiano Nick Gottlieb, o movimento ambientalista aprendeu a lição errada com a Primavera Silenciosa.
“O movimento agarrou-se à ideia de que a consciência pública era só o que faltava mas não compreendeu a parte mais radical da sua análise: de que a devastação estava a ser forjada principalmente para criar mercados para uma indústria química sobre-produtiva, não por causa de uma qualquer procura pelo veneno que fosse inata, causada pelo consumidor…
Carson deu-nos uma descrição viva e convincente do mundo árido que a indústria agro-química estava a criar. Mas escondida nela estava uma análise clara de porque é que isso estava a acontecer: o impulso inerente para a acumulação dentro do capitalismo e a disposição das grandes empresas e capitalistas para usar todas as ferramentas ao seu dispor para criar mercados e aumentar o lucro”. [35]
Um dos avisos mais premonitórios de Carson era o de que os agricultores seriam forçados a usar quantidades cada vez maiores de pesticidas porque os organismos alvo desenvolveriam imunidade – “o controlo químico auto-perpetua-se necessitando de frequente e dispendiosa repetição”. [36] Décadas mais tarde, a escada rolante dos inseticidas está a andar mais rapidamente do que nunca como o entomologista Dave Goulson mostra.
“De acordo com estatísticas oficiais do governo, os agricultores do Reino Unido trataram 45 milhões de hectares de terra arável com pesticidas em 1990. Em 2016, a quantidade tinha aumentado até aos 73 milhões de hectares. A área das culturas tinha permanecido exatamente a mesma, 4,5 milhões de hectares. Assim, cada campo era, em média, tratado com pesticidas dez vezes em 1990, aumentando para 16.4 vezes 20I6, um aumento de perto de 70% em apenas 26 anos”. [37]
Quando Carson escreveu a Primavera Silenciosa, a indústria dos pesticidas estava a produzir uma quantidade suficiente para aplicar meia libra em cada acre de terra cultivada no mundo. Hoje, produz três vezes mais. Como Nick Gottlieb coloca, a resistência aos pesticidas não é um problema para os fabricantes de químicos é o seu plano de negócios. [8]
Esse plano de negócios envolve não apenas vender mais assassinos químicos mas inventar e vendar mais produtos letais. O declínio da vida dos insetos no século XXI tem sido acelerada não apenas pela aplicação de maiores doses de veneno mas pela promoção de uma nova geração de super-assassinos.
Os agricultores há muito que sabem que um inseticida natural pode ser fabricado ao ensopar tabaco em água e juntar-lhe um pouco de detergente para o tornar pegajoso. Pulverizado na fruta e nos vegetais, a solução da nicotina é um veneno de contacto que mata afídeos e outros insetos sugadores. Em 1992, a Bayer introduziu um químico relacionados – neonicotinóide que significa nova nicotina – e dentro de três anos tinha captado 85% do mercado global de inseticidas. Em 2016, as vendas da Bayer e de meia dúzia de outras empresas excediam os três biliões de dólares por ano, tornando-o de longe o inseticida mais usado e mais lucrativo no mundo.
Os neonicotinóides oferecem três benefícios substanciais aos agricultores. São menos prejudiciais para os humanos do que os anteriores inseticidas. São fáceis de usar – a forma mais comum é o revestimento de sementes, portanto, apenas plantar a cultura fornece proteção. E são extremamente bons a matar insetos: uma pequena dose pode matar 7.000 vezes mais abelhas do que a mesma quantidade de DDT. [39] Um estudo do solo agrícola dos EUA de 2019 descobriu que “a carga tóxica de inseticidas em terras agrícolas e áreas circundantes aumentou aproximadamente 50 vezes nas últimas duas décadas”. [40]
Ao contrário da nicotina e de muitos outros inseticidas, os neonicotinóides não ficam apenas nas superfícies das plantas – espalham-se pelos sistemas circulatórios delas, tornando tudo, desde as pontas das raízes até às folhas, tóxico.
Apenas cerca de 5% do químico chega a entrar nas plantas alvo e estes pesticidas são solúveis em água, sendo assim levados pelos cursos de água subterrâneos para outras plantas e cursos de água. Dado que as sementes das principais colheitas em mais de cem países são vendidas pré-revistidas com uma camada do inseticidas, ambientes do mundo inteiro, incluindo os que não são deliberadamente tratados, estão a ser envenenados.
Pesquisas do Departamento de Agricultura dos EUA descobriram resíduos de neonicotinóides numa vasta gama de produtos, até em comida para bebé.[41] Quando centenas de pessoas em trinta cidades chinesas foram testadas em 2017, quase todas tinham o inseticida na sua urina. [42]
O uso generalizado de neonicotinóides desempenha um papel importante no Apocalipse dos insetos, em particular no declínio dos polinizadores.
“O que deveria ser óbvio, mas não parece ter preocupado ninguém quando estes novos produtos químicos foram introduzidos, é que qualquer coisa que se espalhe por todas as partes da planta também se espalhará pelo pólen e pelo néctar. E, claro, colheitas como colza e girassol requerem polinização e são populares em muitos tipos de abelhas, que podem estar a dosear-se com inseticida quando as plantações florescem.”[13]
Não é preciso tomar uma dose de letal de neonicotinóides para causar estragos entre os polinizadores. Uma dose tão pequena quanto uma parte por bilhão na sua alimentação enfraquece o sistema imunológico das abelhas, afeta a sua capacidade de navegação e reduz a postura de ovos e a expectativa de vida das rainhas. Como resultado disso, os inseticidas baseados em neonicotinóides têm estado envolvidos nos níveis anormalmente altos de mortalidade nas colmeias comerciais – nos EUA, durante o inverno de 2020-2021, por exemplo, 45% das colmeias geridas pereceram, a segunda maior mortalidade registada. [44] Toda uma sub-indústria se desenvolveu, abelhas operárias reprodutoras e rainhas para substituir essas perdas.
Ninguém sabe quantos insetos de todos os tipos são mortos pela nova geração de super-assassinos mas, como diz Dave Goulson, “parece agora provável que a maioria de todas as espécies de insetos do mundo estejam a ser cronicamente expostas a produtos químicos especificamente concebidos para matar insetos”[15].
Ao mesmo tempo, a engenharia genético tornou as quintas ainda mais hostis à vida dos insetos.
Notas
[1] Rachel Carson, Silent Spring (Mariner Books , 2002), 99.
[2] R. Fox et al., The State of the UK’s Butterflies 2022 (Butterfly Conservation, 2023).
[3] Yan Zhou et al., “Long-Term Insect Censuses Capture Progressive Loss of Ecosystem Functioning in East Asia,” Science Advances 9, no. 5 (February 3, 2023).
[4] Quoted in Oliver Milman, The Insect Crisis: The Fall of the Tiny Empires That Run the World (W.W. Norton, 2022), 61.
[5] E. O. Wilson, “The Little Things That Run the World* (the Importance and Conservation of Invertebrates),” Conservation Biology 1, no. 4 (1987), 345.
[6] Rodolfo Dirzo et al., “Defaunation in the Anthropocene,” Science 345, no. 6195 (July 25, 2014): 406.
[7] Uma exceção óbvia foi Rachel Carson, mas sua principal preocupação não eram os insetos em si, mas o efeito do DDT nos pássaros que comiam insetos.
[8] Simon Leather, “Taxonomic Chauvinism Threatens the Future of Entomology ,” Biology 56, no. 1 (February 2009): pp. 10-13.
[9] May Berenbaum et al., Status of Pollinators in North America (National Academic Press, 2007), 1.
[10] Caspar A. Hallmann et al., “More than 75 Percent Decline over 27 Years in Total Flying Insect Biomass in Protected Areas,” PLOS ONE 12, no. 10 (October 18, 2017), 14, 15-16.
[11] Sebastian Seibold et al., “Arthropod Decline in Grasslands and Forests is Associated with Landscape-Level Drivers,” Nature 574, no. 7780 (October 30, 2019): pp. 671-674; Bradford C. Lister and Andres Garcia, “Climate-Driven Declines in Arthropod Abundance Restructure a Rainforest Food Web,” Proceedings of the National Academy of Sciences 115, no. 44 (October 15, 2018).
[12] William E. Kunin, “Robust Evidence of Declines in Insect Abundance and Biodiversity,” Nature 574, no. 7780 (October 30, 2019): 641.
[13] Francisco Sánchez-Bayo and Kris A. G. Wyckhuys, “Worldwide Decline of the Entomofauna: A Review of Its Drivers,” Biological Conservation 232 (2019): 16, 22.
[14] Oliver Milman, The Insect Crisis: The Fall of the Tiny Empires That Run the World (W.W. Norton, 2022), 5; Dave Goulson, Silent Earth: Averting the Insect Apocalypse (HarperCollins, 2021).
[15] Mark Williams and J. A. Zalasiewicz, The Cosmic Oasis: The Remarkable Story of Earth’s Biosphere (Oxford University Press, 2022), 130-131.
[16] Will Steffen et al., Global Change and the Earth System: A Planet Under Pressure (Springer, 2004), 231.
[17] For the 2015 update of the Great Acceleration see Ian Angus, When Did the Anthropocene Begin…and Why Does It Matter?, Monthly Review, September 2015; and Ian Angus, Facing the Anthropocene: Fossil Capitalism and the Crisis of the Earth System, (Monthly Review Press, 2016) 44-5.
[18] Will Steffen et al., Global Change and the Earth System: A Planet Under Pressure (Springer, 2004), 218.
[19] Will Steffen et al., Global Change and the Earth System: A Planet Under Pressure (Springer, 2004), 118-9. In fact, in the entire report the word insect appears just once!
[20] Pedro Cardoso et al., “Scientists’ Warning to Humanity on Insect Extinctions,” Biological Conservation 242 (2020).
[21] Tony Weis, The Global Food Economy: The Battle for the Future of Farming (Fernwood Publishing, 2007), 29.
[22] Ivette Perfecto, John Vandermeer, and Angus Wright, Nature’s Matrix: Linking Agriculture, Conservation and Food Sovereignty (Earthscan, 2009), 50-1.
[23] Michelle Mart, Pesticides, A Love Story (University Press of Kansas, 2015), 13. (After checking the sources Mart cites. I have corrected typographical errors in the dates.)
[24] James M. MacDonald, Robert A. Hoppe, and Doris Newton, Three Decades of Consolidation in U.S. Agriculture (USDA Economic Research Service, 2018), iii.
[25] Timothy Wise, “Still Waiting for the Farm Boom: Family Farmers Worse Off Despite High Prices” (Tufts University Global Development and Environment Institute, 2011), 5.
[26] Erik Stokstad, “New Global Study Reveals the ‘Staggering’ Loss of Forests Caused by Industrial Agriculture,” Science, September 13, 2018.
[27] Christine Chemnitz, “Global Insect Deaths: A Crisis Without Numbers,” in Insect Atlas 2020, ed. Paul Mundy (Friends of the Earth Europe, 2020), 15.
[28] Michael Pollan, The Omnivore’s Dilemma: A Natural History of Four Meals (Penguin Books, 2006), 18.
[29] Donald Worster, The Wealth of Nature: Environmental History and the Ecological Imagination (Oxford University Press, 1993), 58, 59.
[30] John Bellamy Foster, The Vulnerable Planet: A Short Economic History of the Environment (Monthly Review Press, 1999), 121
[31] Pedro Grigori, “Half a Billion Bees Dead as Brazil Approves Hundreds More Pesticides,” Mongobay, August 23, 2019.
[32] “DDT,” Time, 12 June 1944.
[33] Rachel Carson, Silent Spring (Mariner Books, 2002), 16.
[34]Carson, Silent Spring, 99.
[35] Nick Gottlieb, “The Lesson We Should Have Learned from ‘Silent Spring(link is external),’” Canadian Dimension, January 3, 2023.
[36] Carson, Silent Spring, 98.
[37] Dave Goulson, Silent Earth: Averting the Insect Apocalypse (HarperCollins, 2021), 87-8.
[38] Gottlieb, “The Lesson We Should have Learned.“
[39] Goulson, Silent Earth, 90-1.
[40] Michael DiBartolomeis et al., “An Assessment of Acute Insecticide Toxicity Loading (AITL) of Chemical Pesticides Used on Agricultural Land in the United States,” PLOS ONE, August 6, 2019. AITL é uma medida que combina toxicidade, a quantidade total usada e a persistência do veneno ao longo do tempo.
[41] Hillary A. Craddock et al., “Trends in Neonicotinoid Pesticide Residues in Food and Water in the United States, 1999–2015,” Environmental Health 18, no. 1 (January 11, 2019).
[42] Tao Zhang et al., “A Nationwide Survey of Urinary Concentrations of Neonicotinoid Insecticides in China,” Environment International 132 (November 2019).
[43] Goulson, Silent Earth.
[44] “United States Honey Bee Colony Losses 2020-2021” Bee Informed Partnership, July 23, 2021.
[45] Goulson, Silent Earth, 109.
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