Esta terça-feira, 24 de outubro, assinala-se o Dia Internacional contra as Alterações Climáticas. Este dia tem como objetivo informar, consciencializar, educar e sensibilizar o setor privado, instituições públicas e sociedade civil sobre os efeitos devastadores desta realidade.
Esta data, que tem origem na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), surge como resposta unificada e global ao desafio das alterações climáticas e coloca em cima da mesa o desafio do combate às suas consequências, mas também as muitas soluções que estão ao nosso alcance para as mitigar e nos adaptarmos.
O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), no seu último relatório científico, destacou a urgência de agir por parte de todos os setores e áreas da sociedade. Pois bem, o planeta continua a aquecer a um ritmo acelerado e os efeitos são evidentes, o que serve de alerta para a ameaça real das alterações climáticas, que requerem uma ação global concertada e urgente.
Este aquecimento reflete-se num aumento das temperaturas médias globais. De acordo com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S), o verão de 2023 foi o mais quente a nível mundial alguma vez registado.
Segundo a ONU, está mais do que comprovado que a ação humana é a única responsável pelo aquecimento global dos últimos 200 anos, causando efeitos devastadores que aumentam a cada ano. Esta organização estima que aproximadamente entre 3,3 a 3,6 mil milhões de pessoas vivam em contextos que as tornam altamente vulneráveis aos impactos da crise climática em curso.
O impacto das alterações climáticas na economia e na sociedade tem origem numa série de atividades humanas que libertam na atmosfera gases com efeito de estufa, principalmente dióxido de carbono e metano, resultantes da queima de combustíveis fósseis.
Estas emissões de gases poluentes, que têm vindo a aumentar ao longo dos anos desde a era da industrialização, são o fator chave para o aumento da temperatura global e os seus consequentes efeitos que devastam alguns dos países mais vulneráveis às alterações climáticas. Compreender as principais causas deste fenómeno é essencial para enfrentá-lo de forma eficaz.
Desde eventos climáticos extremos à perda de biodiversidade e à escassez de recursos, as consequências são visíveis em diferentes partes do planeta. Agirmos de forma coletiva e comprometida é uma obrigação comum, para que possamos reverter a situação climática e construir um futuro mais sustentável para as gerações futuras.
Algumas consequências (quase) irreversíveis
Este período de desregulação climática conduzirá (e é já visível) a um aumento das temperaturas, a mudanças nos padrões de precipitação, ao aumento da variabilidade climática e a uma maior frequência e magnitude de eventos extremos, o que se repercutirá num aumento dos riscos e da vulnerabilidade dos nossos sistemas e ecossistemas globais.
"A era do aquecimento global terminou, a era da ebulição global chegou. Os líderes devem liderar. Não há mais hesitação. Não há mais desculpas. Chega de esperar que os outros ajam primeiro. Simplesmente não há mais tempo para isso. Ainda é possível limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC e evitar o pior das alterações climáticas. Mas apenas com uma acção climática dramática e imediata". - António Guterres, Secretário-Geral da ONU.
É cada vez mais provável que este ano se torne o primeiro em que seja ultrapassado 1,5 ºC de aquecimento em relação à média pré-industrial. É, por isso, imperativo que as emissões sejam reduzidas imediatamente e em grande escala, para limitar que este aumento se perdure no tempo e, assim, se evitem as piores consequências.
As consequências do aquecimento do planeta são praticamente irreversíveis. Assim, lembramos aqui apenas algumas delas, que mais recentemente se revelaram objeto de notícia.
A Antártida continua a perder gelo, 43% das plataformas de gelo marinho reduziram o seu volume nas últimas duas décadas como consequência do aquecimento global antropogénico. No total, 7,5 mil milhões de toneladas de água doce derretida foram despejadas nos oceanos, que terá, naturalmente, consequências no nível médio das águas dos mares e oceanos e na vivência de muitas populações humanas e animais.
Noutro espectro, no verão de 2023, a temperatura do Mediterrâneo voltou a atingir valores históricos, ultrapassando os 31,2 ºC. Quanto mais elevada for a temperatura da superfície do mar, maior será a evaporação e, portanto, maior será a energia que alimenta, por exemplo, os ciclones tropicais.
Os modelos climáticos preveem que furacões de maior intensidade e os fenómenos a estes associados, como as chuvas torrenciais, aumentarão no futuro. A Sociedade Meteorológica Americana observou recentemente no seu boletim a formação de um medicane (junção de "mediterrâneo" e "furacão", na terminologia inglesa), que descreveram como “o mais intenso já registado no Mediterrâneo”, que devastou em primeira instância a Grécia e em seguida a Líbia.
É por isso imperioso que se limite a queima de combustíveis fósseis, se estanque o desmatamento, que se optem por práticas agrícolas não intensivas, que se alterem os processos da indústria química, que se reinventem os modos e modelos de transporte e se remodele o setor energético, para que consigamos mitigar as consequências dos erros já cometidos e nos adaptemos a esta nova realidade de vivência na nossa casa comum, o planeta Terra.
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