sábado, 29 de outubro de 2022

Ataque de Zambelli desarma bolsonarismo na reta final da campanha


O episódio em que a deputada Carla Zambelli (PL) persegue um homem desarmado pela rua em São Paulo e invade um bar com uma pistola, na véspera da eleição, foi mais um tiro no pé da campanha bolsonarista. Assim como o atentado do ex-deputado Roberto Jefferson contra policiais no Rio, seis dias antes, expôs a truculência perigosa dos apoiadores do presidente e desarmou o discurso armamentista que baseou todo o governo Bolsonaro.

Bolsonaro tentou desesperadamente nos últimos dias reverter a desvantagem nas pesquisas trazendo o debate para o campo económico. A fake news de que Lula acabaria com os MEIs dava um alento de que o capitão poderia virar o jogo. Zambelli, uma das mais radicais apoiadoras do presidente, recolocou a discussão no campo original do bolsonarismo, para frustração do seu líder. A internet virou de novo vitrine para veiculação de tiroteios e ataques dos aliados do presidente.

O presidente tentou na campanha encarnar a imagem de defensor da ordem e da família, de apoiador das polícias e de um líder preocupado em melhorar as condições de vida daqueles que querem trabalhar com segurança. A imagem que ficou para os eleitores na véspera da abertura da urnas foi de bolsonaristas perigosos jogando granadas e metralhando policiais, de uma aliada perseguindo um negro desarmado com seu revólver e se recusando a cumprir decisão judicial que proibia o porte de armas durante o pleito – exatamente para garantir que o processo ocorre dentro da ordem e da lei.

Esses dois ataques não serão suficientes para mudar a opinião da população, que já parecia consolidada no primeiro turno. Mas dão o pano de fundo e calibram o humor da sociedade para uma eleição que vai determinar se o País seguirá na trilha da democracia ou se vai se afundar ainda mais na barbárie (a expressão foi cunhada espertamente por Lula, e parece que ele vai se beneficiar dela para garantir a vitória). Se o petista garantir a maioria nas urnas, restará a ele o trabalho de pacificar o País e desarmar os espíritos. Desarmar os radicais e bandidos, eliminando arsenais a serviço do crime, será tarefa das polícias, que, espera-se, agirão com mais rigor daqui para a frente.

O ex-deputado Roberto Jefferson


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