O perfume doce a madeira e terra da esteva, transporta-me sempre para paisagens mediterrânicas, para Sul, onde esta magnífica planta resiste ao calor do verão e impregna o ar quente com o seu doce aroma. O nome de “cistus” vem do grego que significa cesto, devido ao facto de os seus frutos serem cápsulas globosas com 7 a 10 compartimentos (caixas).
É quase impensável imaginar a paisagem mediterrânica sem esteva. De facto, cresce em matas densas do centro ao sul do País. Mas também nas zonas quentes do interior das Beiras, Douro e Trás-os-Montes, em solos ácidos não calcários, de xisto, granito e quartzo.
É um arbusto perene de crescimento muito rápido que pode chegar a atingir 3 metros de altura. Muito resistente à seca e ao vento, mesmo ao vento marítimo, pode encontrar-se até nas areias da praia ou nos intervalos das rochas. Cresce também em altitude até cerca de 1000 metros acima do nível do mar.
A esteva é um bom indicador biológico da degradação dos solos devido, por exemplo, ao excesso de pastoreio ou à ocorrência contínua de incêndios, sendo esta uma das primeiras plantas a surgir ocupando o espaço onde outrora cresciam azinheiras. Antigamente obtinha-se carvão, nalgumas zonas do País, a partir da raíz da esteva que é extremamente dura e lenhosa.
Xara
A esteva (Cistus ladanifer) é facilmente hibridada, existindo cerca de 8 géneros e 160 espécies. É também conhecida por Xara e dispensa grandes descrições. Tem caules e folhas muito pegajosas que se agarram à roupa e à pele. Esta característica pegajosa deve-se à alta concentração de um constituinte resinoso chamado lábdano ou ládano. Esta resina serve também para a planta se defender dos climas agrestes e secos onde se instala, as suas flores são muito vistosas, de 7 a 10 cm, de pedúnculos curtos, brancas (variedade ladanifer) ou com uma mancha escura na base de cada uma das cinco pétalas (variedade maculatus), sépalas caducas; fruto, cápsula tomentosa com 7 a 10 lóculos.
Existem ainda flores de cor rosa, púrpura (Cistus crispus L.), também conhecida por roselha, o estevão ou lada (Cistus populifolus L.), que está presente em muitas serras e matagais do País e apresenta grandes flores rosadas. Todas as espécies afins são produtoras de lábdano. As flores individuais duram apenas um dia, existindo no entanto uma grande sucessão e são muito atraentes para as abelhas e outros insectos polinizadores.
Constituintes
Lábdano: composição complexa, pois depende do tipo de solvente utilizado, mas onde existe um grande número de resinóides de elevado peso molecular, óleo essencial (cerca de 1%), ácidos aromáticos, triterpenóides, taninos e mucilagens. O óleo essencial contém compostos monoterpénicos e sesquiterpénicos.
Propriedades
As propriedades medicinais da esteva não estão ainda muito investigadas mas sabe-se que é anti-séptico, antibacteriano e anti-viral, sendo utilizada externamente para lavar e desinfectar feridas e aliviar picadas de insectos. Nas utilizações populares é utilizada contra a queda do cabelo. O óleo essencial extraído é utilizado em aromoterapia para combater o stress ou, diluído num óleo base, para massajar a pele contra as rugas agindo como regenerador dos tecidos e combatendo doenças de pele e ainda alguns distúrbios linfáticos. Acredita-se ainda que tem propriedades sedativas. É também utilizada na tinturaria para obter o tom verde-acastanhado.
No jardim
São muito apreciadas em jardins como plantas ornamentais devido não só à sua beleza e aroma, mas também à sua robustez e capacidade de sobrevivência em solos pobres e sem rega. No entanto não reage bem ao corte dos ramos, sobretudo as plantas mais velhas que poderão morrer. As plantas jovens, no entanto, resistem muito bem a uma espécie de ceifa e rebentam no ano seguinte ou no outro com mais vigor, sendo aliás esse o método que se utiliza para colher a planta para a extracção dos óleos essenciais, que é feita por destilação a vapor. Existem já no nosso País alguns produtores de esteva para a extracção do óleo essencial muito apreciado na perfumaria como fixante de aromas.
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