quarta-feira, 28 de julho de 2021

As Reservas da Biosfera e a celebração da Natureza

Somos parte da natureza e dela obtemos bens e serviços essenciais como os alimentos e a água, ou a regulação do clima e das doenças. Uma relação fecunda, mas cada vez mais ameaçada por um absurdo modelo de desenvolvimento assente na destruição da natureza, que continuamos a tolerar. Temos de ser capazes de construir outros paradigmas de progresso, salvaguardando uma relação de respeito entre as atividades humanas e a vida em geral.


No dia 28 de julho celebra-se o dia Nacional da Conservação da Natureza, instituído em 1998 em homenagem à Liga para a Proteção da Natureza, a primeira e mais antiga associação de defesa do ambiente em Portugal. Desde a sua criação, em 1948, esta associação tem desenvolvido um intenso, meritório e continuado trabalho em prol da conservação da natureza no país e na Europa, estando na origem da classificação de várias áreas protegidas portuguesas, incluindo o Parque Natural da Arrábida, cujo aniversário se comemora também neste dia.

Um dia dedicado à conservação do património natural português é a oportunidade para evidenciar a diversidade das paisagens, o património geológico e a extraordinária biodiversidade que Portugal acolhe, convocando para a necessidade de envidarmos mais esforços pela sua conservação efetiva. A conservação da natureza e da biodiversidade é a base para uma economia sustentável; providenciando bens e serviços indispensáveis ao bem-estar humano e alicerçando as soluções que melhor garantem a prevenção e a mitigação dos riscos.

Do conjunto das áreas nacionais classificadas ao abrigo do Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, destacamos as Reservas da Biosfera portuguesas, cujas áreas núcleo coincidem com distintas tipologias de regime de proteção (Rede Nacional de Áreas Protegidas, Rede Natura 2000, entre outras), beneficiando da intervenção favorável que estas praticam. O Paúl do Boquilobo foi a primeira Reserva da Biosfera nacional, criada em 1981; a ilha do Porto Santo é a mais jovem do grupo, tendo sido inscrita pela UNESCO em 2000. No conjunto do território nacional, considerando o continente e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, as 12 Reservas da Biosfera portuguesas abrangem um total de 32 concelhos, residindo neste território mais de 350 mil pessoas.

O projeto “Reservas da Biosfera: Territórios Sustentáveis, Comunidades Resilientes”, financiado pelo EEA Grants 2014-2021 e promovido pela Secretaria-Geral do Ministério do Ambiente e Ação Climática, visa fomentar e aprofundar os seus compromissos individuais e coletivos pela sustentabilidade, valorizando os territórios e as comunidades, através dos ativos patrimoniais e serviços de ecossistema, e apostando no reforço das competências e nos modelos de governança.

As sociedades humanas dependem de ecossistemas saudáveis. Somos parte da natureza e dela obtemos bens e serviços essenciais como os alimentos e a água, ou a regulação do clima e das doenças. Uma relação fecunda, mas cada vez mais ameaçada por um absurdo modelo de desenvolvimento assente na destruição da natureza, que continuamos a tolerar. Temos de ser capazes de construir outros paradigmas de progresso, salvaguardando uma relação de respeito entre as atividades humanas e a vida em geral. A agenda das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável, conhecida por Agenda 2030, deve definir o caminho, respondendo à pobreza, às desigualdades, aos direitos humanos, à educação, e também à conservação dos ecossistemas. As 714 Reservas da Biosfera da UNESCO do mundo, em que se incluem as 12 nacionais, estão alinhadas com esta agenda de sustentabilidade global, privilegiando estratégias de desenvolvimento inspiradas pelos pilares da UNESCO – educação, ciência, cultura e informação –, valorizando a identidade e o património social e cultural, a prosperidade e bem-estar das comunidades humanas, e a salvaguarda do património natural.

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