terça-feira, 14 de agosto de 2018

Estudo revela que elefantes plantam árvores e têm grande papel na estrutura florestal

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Os elefantes desempenham um papel muito importante na dispersão das sementes de uma árvore das florestas da Tailândia, de acordo com um novo estudo publicado na revista científica PLOS ONE. O trabalho também sugere que a composição de uma floresta pode sofrer alterações, à medida que certas espécies de animais desaparecem.

Conhecidos coletivamente como megafauna, os animais de maior porte – e especialmente os herbívoros – são essenciais para a dispersão das sementes de muitas plantas terrestres, particularmente das que dão frutos de grandes dimensões. 

O novo estudo examinou o consumo de frutos, a dispersão e a germinação das sementes da árvore Platymitra macrocarpa, um membro da família das Anonáceas, à qual pertence a anona. 

Muitos mamíferos de grande porte comem o fruto desta árvore, incluindo os elefantes asiáticos (Elephas maximus), o cervo sambar (Rusa unicolor), os ursos e os gibões. Ao comer os seus frutos, a megafauna leva as sementes da árvore a novas áreas, juntamente com um pouco de adubo para auxiliar o seu desenvolvimento

Os investigadores descobriram que os animais de grande porte desempenham um papel fundamental na reprodução da Platymitra macrocarpa, já que 78% das sementes examinadas que produziram plântulas tinham sido, num dado momento, ingeridas por um destes animais. Contudo, a eficácia da dispersão realizada pelas diferentes espécies varia. 

Apesar de consumirem apenas 3% das frutas disponíveis, os elefantes foram responsáveis pela maior percentagem das sementes que produziram plântulas viáveis – 37%.

Em comparação, o cervo sambar consumiu 23% dos frutos e só respondeu por 17% das plântulas, o que se deveu, em parte, aos danos mais graves causados pelos escaravelhos às sementes que estes animais excretaram.

“Os dispersores da megafauna tinham estratégias de dispersão muito diferentes, sendo que os herbívoros de grande porte (cervos e ursos) não foram capazes de reproduzir o papel dos mega-herbívoros (elefantes)”, escreveram os autores do trabalho. 

Os cientistas repararam ainda que a árvore P. macrocarpa está atualmente em declínio na região, o que sugere um decréscimo recente das populações de um ou mais dispersores de sementes. Segundo eles, isto poderá estar ligado à dizimação dos rinocerontes e ao declínio das populações locais de elefantes

“Há relativamente pouco tempo, as florestas tropicais da Tailândia eram habitadas por dois mega-herbívoros – o rinoceronte (de Samatra e de Java) e o elefante”, escreveram os investigadores. “Não existe praticamente nenhuma informação sobre a capacidade de dispersão de sementes destes rinocerontes e as suas populações existem apenas como vestígios, tendo desaparecido de quase toda a sua antiga área de distribuição.”

“Se os grandes herbívoros menos vulneráveis, como os cervos, não são capazes de reproduzir a dispersão de sementes efetuada pelos mega-herbívoros ameaçados, como os elefantes, as frutas de grandes dimensões poderão sofrer retrações na sua distribuição, afetando a composição da comunidade florestal e, possivelmente, as reservas de carbono na floresta”, alertou Kim McConkey, autora do estudo e investigadora do Instituto Nacional de Estudos Avançados de Bangalore. 

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