A área geográfica ocupada por Portugal foi onde mundialmente viveram os mais antigos Machimosaurus, animais do grupo do qual descendem os crocodilos, confirmaram investigadores internacionais num estudo em que participou o paleontólogo português Octávio Mateus.
Octávio Mateus, que integrou a equipa de 11 investigadores do Reino Unido, França, Suíça, Espanha, Alemanha e Brasil, disse à agência Lusa que o estudo permitiu concluir que os exemplares daquele género viveram no local onde é hoje Portugal há 150 milhões de anos (período do Jurássico Superior) e são «os mais antigos do mundo».
«Dentro do género Machimosaurus , os exemplares portugueses são dos mais antigos. Contudo, havia crocodilomorfos (um grupo mais amplo de répteis, ao qual pertence este género) ainda mais antigos noutros locais do mundo», explicou o paleontólogo.
A sua passagem por ecossistemas costeiros marinhos e estuarinos de Portugal há 150 milhões de anos encontra-se documentada por achados da espécie machimosaurus hugii feitos nos últimos anos numa mina em Leiria, no Algarve e na região da Lourinhã, e que estão expostos no Museu Geológico de Lisboa e Museu da Lourinhã.
Apesar de o animal ser conhecido desde o século XIX, a conclusão a que agora surgiram resulta da comparação da idade e da morfologia dos achados das várias espécies europeias de machimosaurus e de outras da família dos teleossaurídeos, que integra o grupo mais abrangente dos crocodilomorfo, do qual descendem os crocodilos.
«Tal como alguns crocodilos modernos, que têm uma distribuição que vai mudando gradualmente ao longo do tempo e da geografia, os machimosaurus mais antigos aparecem em Portugal, Espanha e parte de França, um ou dois milhões de anos depois na França, Alemanha e mais tarde na Etiópia».
Entre os Machimosaurus, são conhecidas três espécies europeias, uma das quais foi agora identificada pelos mesmos cientistas, que vieram apelidá-la de Machimosaurus buffetauti, em homenagem ao investigador francês Éric Buffetaut.
Além de ser o mais antigo, o Machimossaurus português era também o maior crocodilomorfo do Jurássico Superior, ultrapassando os nove metros de comprimento, um crânio de 1,50 metro e um focinho alongado, caraterísticas que lhe permitiam «caçar enormes tartarugas nos mares do jurássico».
O estudo publicado na revista científica «Royal Society Open Science», foi liderado pelo inglês Mark Young, da Universidade de Edinburgo e contou com a participação do paleontólogo Octávio Mateus, paleontólogo da Universidade Nova ligado às descobertas paleontológicas da Lourinhã.
IN TVI24
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