domingo, 30 de maio de 2004

Rumo ao petro-apocalipse

Termino hoje a problemática sobre Energia, Ambiente, Sociedade, Educação Ambiental e Política com este ( mais um ) excelente artigo da revista Resistir. Merece uma leitura MUITO ATENTA. 
Rumo ao petro-apocalipse por Yves Cochet 


Dentro de alguns anos, a produção mundial de petróleo convencional declinará enquanto a procura mundial não cessa de crescer. O choque resultante desta fome petroleira estrutural é inevitável, tão importantes são a dependência das nossas economias em relação ao petróleo barato e a impossibilidade simultânea de desmamá-las rapidamente. Podemos esperar apenas amortecer este choque, desde que esta perspectiva próxima se torne a partir de hoje a referência única de uma mobilização geral das nossas sociedades, impondo consequências drásticas a todos os sectores sob a pena do caos. 
Esta antecipação é fundamentada no método do geólogo americano King Hubbert, que em 1956 havia previsto o pico da produção petrolífera interna dos Estados Unidos para 1970. Foi exactamente isso que aconteceu. A transposição do método de Hubbert a outros países deu uma previsão de resultados semelhante: hoje, todos os campos petrolíferos gigantes — os únicos que contam — vêm a sua produção diminuir, salvo no "triângulo negro" Iraque-Irão-Arábia Saudita. 
O pico de Hubbert deste Médio Oriente petrolífero deveria ser atingido por volta de 2010, conforme a retomada mais ou menos tardia da plena produção iraquiana e conforme a taxa de crescimento da procura chinesa. Os sectores mais afectados pela alta contínua da cotação do petróleo bruto serão em primeiro lugar a aviação e a agricultura produtivista, pois os preços do querosene para uma e dos fertilizantes azotados e do gasóleo para a outra estão muito directamente ligados aos preços do bruto. Isto sem a flexibilidade política estabilizadora que permite, por algum tempo e nos outros sectores, baixar os impostos sobre o petróleo quando os preços sobem. 
A seguir, os transportes terrestres, o turismo, a petroquímica e a indústria automóvel sofrerão os efeitos depressivos da diminuição da quantidade de petróleo (esgotamento). Até que ponto esta situação conduzirá a uma recessão geral? Ninguém sabe, mas a cegueira dos políticos e habitual o panurgismo pânico dos mercados fazem-nos temer o pior.(...) 
Regressarei certamente a este complexo tema. Nesta semana irei abordar a Água, seguindo o mesmo rumo: disponibilizar pontes de articulação transversal, propor alternativas, promover algum debate e (espero conseguir) atrair mais pessoas para a Eco-Consciência colectiva e individual e por uma Ecologia Integral.

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