Fluxos tornaram o mundo mais vulnerável a choques, mas também mais resistente, defende entidade
Em relatório divulgado nesta terça-feira (16), a OMC (Organização Mundial do Comércio) afirma que a abertura comercial pode aumentar ou diminuir o desmatamento, a depender da estrutura institucional do país.
Segundo o Relatório Mundial de Comércio 2021, mudanças induzidas pela abertura comercial nos preços relativos podem levar a mais investimentos e exportações sem levar à sobre-exploração de recursos naturais, desde que existam políticas de gestão coletiva de recursos eficientes.
Para a OMC, restringir o comércio na presença de instituições fracas pode ter efeitos contraproducentes, devido à criação de mercados paralelos. O relatório cita como exemplo um estudo sobre efeitos das restrições ao comércio de mogno na Amazônia brasileira, que teria gerado um mercado ilegal e aumento da violência na região.
Sobre as mudanças climáticas, a entidade diz que o aumento do comércio internacional não levará necessariamente a mais emissões. O comércio às vezes pode reduzi-las, diz a entidade, se o impacto negativo do produto doméstico for superior ao do produto importado somado às emissões do transporte.
Um estudo citado mostra que, no geral, o comércio beneficia o meio ambiente nos países mais ricos, considerando aqueles que fazem parte da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e tem efeito contrário naqueles menos desenvolvidos.
Além disso, o comércio pode permitir a incorporação de tecnologias verdes nos processos de produção.
"Considerando os diferentes efeitos, o impacto geral do comércio sobre as emissões provavelmente será mínimo, e a chave para enfrentar a mudança climática é permitir o comércio de bens e serviços ambientalmente corretos, ao mesmo tempo que se limite o impacto negativo do comércio e das barreiras comerciais", diz o relatório.
Segundo outro estudo citado, na maioria dos países, as tarifas de importação e barreiras não tarifárias são substancialmente mais baixas para indústrias "sujas", que emitem maiores quantidades de CO2, do que as indústrias mais limpas.
"Essa diferença na política comercial cria um subsídio implícito às emissões de carbono e contribui para as mudanças climáticas", diz a OMC.
No relatório, a entidade defende que as relações comerciais tornam o mundo mais vulnerável a choques, como desastres naturais e aqueles causados pelo homem, mas também faz com que os países sejam mais resistentes a eles.
Assim, políticas que buscam reduzir a integração comercial, promovendo autossuficiência, podem muitas vezes ter efeito oposto, reduzindo a resiliência da economia.
A OMC afirma, por exemplo, que a mobilidade humana e animal relacionada ao comércio pode ajudar na propagação de epidemias. O isolamento dos países e a restrição das relações comerciais, no entanto, podem não ser a melhor forma de evitar o problema, segundo a instituição.
A OMC diz, por exemplo, que a menor exposição à mobilidade internacional pode resultar em outros problemas durante as pandemias. Países mais isolados podem desenvolver menor imunidade cruzada para reduzir os danos de novas doenças transmissíveis.
Além disso, a exposição à mobilidade internacional provavelmente permitirá que os países desenvolvam rendas mais altas, sistemas de saúde mais fortes e maior capacidade de inovação, o que pode reduzir os danos relacionados à pandemia, diz a OMC.
A entidade diz ainda que será necessário fortalecer a resiliência da economia mundial nos próximos anos por meio de uma maior abertura.
"Embora a OMC já contribua para a resiliência económica de maneiras importantes, ela pode e deve fazer mais, à medida que enfrentamos um futuro de crescentes riscos e desastres naturais e provocados pelo homem", diz a diretora-geral da instituição, Ngozi Okonjo-Iweala, no documento.
Segundo a diretora-geral, as negociações em andamento na OMC sobre serviços, investimento, agricultura, comércio eletrônico e micro, pequenas e médias empresas podem criar mais oportunidades para o comércio inclusivo e diversificação, tornando as economias mais resistentes no futuro.
"A cooperação internacional revigorada, não um recuo para o isolacionismo, é o caminho mais promissor.
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