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Um dos mais sérios entraves à consciencialização sobre a crise climática que vivemos terá a ver com a dificuldade que enquanto indivíduos temos para perceber o impacto de cada acção, de cada pessoa ou de cada país. No meio das notícias diárias sobre plástico nos Oceanos, directivas europeias e promessas de transição energética, tudo se torna ambíguo e, portanto, mais difícil de compreender a sua relação directa com as consequências.
É verdade todas as nossas acções têm uma consequência no Planeta Terra, que o plástico é um dos resíduos mais poluentes do planeta levando à morte de animais marinhos, mas não é claro que seja essa a causa da crise climática. Para sermos precisos, entendamos que neste caso estamos perante dois problemas distintos: a poluição e a contaminação com plásticos de um lado, a crise climática e o aquecimento global de outro — podendo tocar-se no momento da produção, visto que o plástico pode ser produzido a partir de materiais como o carvão ou gás natural.
Portanto, por muita palhinha ou plástico do uso único que consigamos evitar nos próximos tempos graças à legislação que se avizinha, no global continuaremos com o outro problema por lidar, aquele cujas consequências se tornam visíveis a cada imagem viral de um urso polar desorientado, a cada desastre natural desproporcional, em momentos de seca ou em ondas de calor. Esse problema é o do aquecimento global que se caracteriza em grande parte pela acumulação de gases com efeito de estufa na atmosfera terrestre, provocando uma escalada da temperatura média do planeta — e nesse caso, os responsáveis são num número muito mais reduzido. Na realidade, desde 1988, apenas 100 empresas contribuíram para a emissão de mais de 70% de todos os gases com efeito de estufa (GEE).
Para nos dar uma ideia dessa realidade e mostrar a proveniência dos poluentes, Jordan Engel, criou um projecto cartográfico onde situa cada um dos donos das empresas no seu país de origem, redimensionando o país em função do seu impacto global na emissão de GEE. O resultado é um mapa com 100 nomes distribuídos por uma série de países que se confundem com a lista das pessoas mais ricas do mundo que, em conjunto, detém o monopólio da exploração de recursos naturais, beneficiando do estatuto para acumular fortunas difíceis de imaginar.
Engel defende, numa publicação no blogue Decolonial Atlas (onde primeiramente publicou o mapa), que estas deviam ser as pessoas realmente responsabilizadas pelo aquecimento global por continuarem a alimentar as suas fortunas e as suas empresas com modelos de negócios extractivos e penalizadores para o ambiente, sem usarem o seu poder para provocar qualquer mudança.
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