Rainha: Bombus terrestris Planta :Tilia cordata |
Em vésperas de se celebrar mais um Dia Mundial da Alimentação, assinalado a 16 de outubro, a Quercus vem relembrar e sensibilizar para a relação direta entre o declínio dos insetos polinizadores e a segurança alimentar de uma população mundial em crescimento.
Nos últimos anos, são muitas as ameaças que têm conduzido ao declínio das populações de abelhas e de outros insetos polinizadores. Na Europa, cerca de um terço da população de abelhas e borboletas está em risco de desaparecer. Muitos são os estudos e relatórios que apresentam os fatores de declínio destes insetos, como a utilização crescente de pesticidas e fertilizantes sintéticos associados à agricultura intensiva e super-intensiva, doenças e parasitas diversos, interferência de espécies invasoras como a vespa velutina, também conhecida como vespa asiática, e as alterações climáticas.
Porém, sabe-se hoje que 75% das culturas agrícolas mundiais dependem, total ou parcialmente, dos insetos polinizadores para a produção de alimento. A polinização é um serviço dos ecossistemas vital para a natureza, para a agricultura e para o bem-estar humano. O papel essencial dos polinizadores foi, de resto, amplamente reconhecido pelas entidades governamentais após a Convenção para a Diversidade Biológica (CBD) ter estabelecido a Iniciativa Internacional de Polinizadores (IPI), apoiada e coordenada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Na Europa, a Estratégia «do Prado ao Prato» representa um elemento fundamental do Pacto Ecológico Europeu e funciona em concertação com a Estratégia de Biodiversidade da União Europeia (UE) para 2030. Tornar os alimentos da Europa mais saudáveis e sustentáveis é o objetivo da UE, que fixa como principais metas reduzir a utilização de pesticidas em 50 % e reforçar a área de agricultura biológica em 25%, até 2030.
Todavia, a excessiva utilização de pesticidas, em particular do glifosato, compromete irremediavelmente o cumprimento destas metas. O glifosato é um herbicida tóxico bastante nefasto para as abelhas, o principal inseto polinizador do qual dependem muitas culturas agrícolas. Os dados disponíveis são preocupantes, não apenas porque confirmam que em Portugal se mantém o uso generalizado e excessivo de pesticidas (com a consequente contaminação dos solos agrícolas, da água e dos alimentos), mas também porque trazem a nu a total ausência de políticas e de medidas para inverter este estado de coisas.
Para tal, é essencial implementar medidas concretas e eficazes tais como restringir o uso intensivo de pesticidas e fertilizantes sintéticos na agricultura; fomentar a criação de refúgios para os insetos polinizadores, como corredores silvestres e hortas comunitárias; ou promover a manutenção dos prados floridos e da vegetação espontânea em geral. Medidas que poderiam e deveriam incluir também, e desde já, o fim da atribuição de subsídios agroambientais que continuam a permitir a utilização de pesticidas na agricultura.
Campanha SOS Polinizadores tem reforçado sensibilização
Sabe-se, hoje, que a segurança alimentar do Planeta depende diretamente da implementação de medidas urgentes de proteção dos insetos polinizadores. Através da campanha SOS Polinizadores (com vários materiais disponíveis ), a Quercus e a Jerónimo Martins têm vindo a acompanhar a temática do declínio dos insetos polinizadores e a desenvolver várias ações de sensibilização, reforçando sinergias com autarquias locais através de ações concretas que incentivem uma alimentação segura e uma agricultura mais sustentável, bem como a criação de mais espaços amigos dos polinizadores, como hortas e corredores silvestres nas cidades e nas escolas.
É fundamental aumentar a consciencialização da sociedade sobre a importância e a problemática do declínio dos polinizadores. Mais ainda, tendo em conta que, segundo relatórios da Comissão Europeia, Portugal não possui ainda um plano ou estratégia nacional ou local para a proteção de polinizadores selvagens, um passo essencial para ajudar a estabelecer metas uniformes para todo o país e servir de orientação para as entidades públicas e privadas responsáveis pela gestão dos espaços verdes em cada cidade.
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