Yves Tanguy - The Hand in the Clouds. La Main dans les nuages, 1927 |
por sórdidas mentiras de canalhas
que as usam ao revés como o carácter deles.
E podres de sonâmbulos os povos
ante a maldade à solta de que vivem
a paz quotidiana da injustiça.
Usá-las puras - como serão puras,
se caem no silêncio em que os mais puros
não sabem já onde a limpeza acaba
e a corrupção começa? Como serão puras
se logo a infâmia as cobre de seu cuspo?
Estão podres: e com elas apodrece a mundo
e se dissolve em lama a criação do homem
que só persiste em todos livremente
onde as palavras fiquem como torres
erguidas sexo de homens entre o céu e a terra.
ante a maldade à solta de que vivem
a paz quotidiana da injustiça.
Usá-las puras - como serão puras,
se caem no silêncio em que os mais puros
não sabem já onde a limpeza acaba
e a corrupção começa? Como serão puras
se logo a infâmia as cobre de seu cuspo?
Estão podres: e com elas apodrece a mundo
e se dissolve em lama a criação do homem
que só persiste em todos livremente
onde as palavras fiquem como torres
erguidas sexo de homens entre o céu e a terra.
Poema incluído na antologia Poesia-III, Moraes Editores, Lisboa. O poema "Estão podres as palavras" foi publicado pela primeira vez no livro "Conheço o sal... e outros poemas" em 1974.
Jorge de Sena, (1919-1978) ficcionista, poeta, dramaturgo, crítico e ensaísta português, nasceu em Lisboa e faleceu em Santa Barbara, Califórnia, nos EUA.
2 comentários:
Jorge de Sena faleceu em Santa Barbara, na Califórnia, a 4 de junho de 1978.
Bom dia, Manuel
Corrigido. Obrigado. Um abraço.
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