Os atentados mais mortais da História
11 de setembro de 2001. O dia em que os EUA foram alvo de um ataque terrorista que atingiu vários símbolos do poder económico e militar do país. O Mundo assistiu em direto pelas televisões à destruição das Torres Gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, num atentado que também atingiu o Pentágono, perto de Washington.
O ataque mais mortal da História foi executado por 19 elementos da Al-Qaeda, que sequestraram e pilotaram quatro aviões com destino à Califórnia. Dois atingiram as Torres Gémeas, que colapsaram em menos de duas horas, e um terceiro fez explodir parte do Pentágono.
Um quarto avião, que presumivelmente tinha como alvo o Capitólio ou a Casa Branca, despenhou-se em Shanksville, na Pensilvânia, depois dos passageiros e a tripulação terem lutado com os sequestradores.
Não houve sobreviventes em qualquer dos voos. Morreram quase três mil pessoas.
Duas décadas depois, há imagens que não se esquecem e muitas foram as marcas que ficaram. O medo e a desconfiança tomaram conta do Mundo. Os Estados apostaram como nunca em políticas de segurança. Somos cada vez mais vigiados. Por isso, um ataque desta dimensão hoje é muito menos provável.
Uma ameaça que não se sabe qual era
Para Nuno Rogeiro, o 11 de setembro mudou claramente a segurança no Mundo. “A segurança física: passámos a ter mais polícia nas ruas, a segurança eletrónica, a segurança biométrica, as entradas e saídas nos aeroportos, as entradas e saídas nos aviões, a proteção das próprias tripulações dos aviões, e depois a criação de novos serviços" (muitas vezes exagerados), disse em declarações à SIC Notícias.
Para o comentador da SIC, “as sociedades foram treinadas para estarem mais vigilantes contra uma ameaça que não se sabe muito bem qual era.”
Em nome dessa ameaça, diz Ricardo Costa, “passou a ser normal o controlo das viagens e das telecomunicações” e “as sociedades deram tudo aos Estados de um dia para o outro”.
Pedro A. Neto, da Amnistia Internacional, concorda que o 11 de setembro fez crescer a vigilância, mas também o despertar para direitos de privacidade para os quais não tínhamos consciência. “Os governos estavam a fazer uma intromissão na nossa vida privada às custas do argumento securitário”.
“Passámos a perceber o outro como um potencial inimigo”
Além disso, acrescenta ainda que, depois dos atentados, o mundo fechou-se. “Passámos a perceber o outro, não como um ser humano, mas, muitas vezes, como um potencial inimigo”.
Uma ideia partilhada por Ricardo Costa. “Nós passámos a olhar com mais medo, receio e desconfiança para o outro, para o imigrante, para as pessoas que têm uma cultura diferente, sobretudo para as pessoas da religião islâmica. Há uma grande confusão entre o que é o Islão e o Islão radical. O Islão radical é uma pequena percentagem ínfima do Islão.”
Nuno Rogeiro não tem dúvida que as principais vítimas do 11 de setembro foram as pessoas, em especial as que fazem parte da “geração que cresceu sem parte da família”, devido aos atentados.
Quem é que vai voltar a andar de avião?
A imagem que se tem do 11 de setembro é de um ataque ao coração do capitalismo da América. Naquele dia o Mundo acorda sob o impacto dos aviões nos prédios e a bolsa treme. O mundo também treme "porque percebe que é frágil face a atentados terroristas”, explica João Duque. As pessoas tinham medo e perguntavam, por exemplo, "quem é que vai voltar a andar de avião?"
Vários setores da sociedade foram afetados. O da aviação foi o primeiro. Mas outros se seguiram. “A aviação, o turismo, que depende da mobilidade das pessoas, o setor dos seguros e até o setor financeiro, que financiava todas estas atividades", exemplifica.
Já o mercado de ações, recuperou rapidamente. “No final do ano já estava praticamente ao nível do pré-11 de setembro”.
As consequências financeiras do 11 de setembro
A recuperação foi lenta, mas aconteceu, as pessoas continuaram a andar de avião e o controlo dos movimentos financeiros passou a ser muito mais rigoroso. Por exemplo, “toda a lógica atual do controlo financeiro tem a ver com o 11 de setembro”, diz Ricardo Costa.
"O Daesh é um filho do 11 de setembro"
O Mundo continua, no entanto, a viver com fragilidades que derivam do 11 de setembro. "Essas fragilidades viram-se agora no Afeganistão, de uma forma mais atroz e grave. Voltou tudo ao ponto em que estava antes", afirma o diretor executivo da AI.
Nuno Rogeiro também considera que o Afeganistão pode vir a ser uma ameaça à segurança mundial. "O Daesh é um filho do 11 de setembro e da Al-Qaeda, que acha que o pai foi demasiado fraco". Por isso, "a nova geração quer um 11 de setembro ainda maior. A grande questão é saber se as sociedades estão preparadas para resistir".
Para o economista João Duque, "por muita segurança que se tenha, haverá sempre um dia que a firewall há-de deixar passar alguma coisa e nesse dia haverá estragos. O que se espera é que não se provoquem tantos estragos como anteriormente".
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