A diminuição da proteção ao lobo no âmbito da União Europeia (UE) seria um retrocesso para a conservação deste carnívoro e da natureza, defendeu nesta sexta-feira a plataforma Loboibérico.pt, criada para melhorar o conhecimento da sociedade sobre o lobo-ibérico.
A Comissão Europeia alertou esta semana para o “perigo real” do regresso de alcateias de lobos a zonas da UE de onde estavam ausentes e quer ver aplicadas medidas de prevenção de ataques ao gado. “A concentração de alcateias de lobos em algumas regiões europeias tornou-se um perigo real para o gado e, potencialmente, também para os seres humanos”, salientou a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen.
Em reação, a equipa da plataforma Loboibérico.pt afirmou, em comunicado remetido à agência Lusa, que a “coexistência com o lobo e outros grandes predadores nem sempre é fácil, mas é possível, existindo bastantes exemplos disso, não apenas em Portugal, mas um pouco por toda a Europa”. “Torna-se, por isso, importante informar e esclarecer, evitando propagar ideias erradas sobre o lobo e, sobretudo, continuar a promover medidas que permitam conciliar a presença deste carnívoro com as atividades humanas, em vez de colocar o foco na perseguição da espécie”, defendeu a organização.
A plataforma tem precisamente como missão “melhorar o conhecimento da sociedade sobre o lobo-ibérico”, sensibilizar “para a importância de proteger este predador ameaçado em Portugal” e promover o “envolvimento ativo de todos na sua conservação”. Na sua página oficial na internet defende que o “futuro do lobo depende de se conseguir atingir uma coexistência pacífica com o ser humano”.
A Loboibérico.pt escreve, no comunicado, que as declarações da presidente da Comissão Europeia “traduzem informação pouco fundamentada, possivelmente motivada por uma reação ao facto de, e como avançam alguns jornalistas, em setembro de 2022 o seu pónei de estimação ter sido morto por um lobo”.
“Certamente terá sido uma perda emotiva, mas para prevenir estas situações há que assegurar a proteção dos animais que tanto estimamos, particularmente em áreas com presença confirmada de lobo, em vez de avançar para a revisão do estatuto de proteção da espécie, contrariando a política defendida pela União Europeia no que diz respeito à conservação deste grande predador”, referiu. Acrescentou que o “lobo não representa um perigo para o ser humano nas paisagens humanizadas da Europa, não existindo casos confirmados de ataques a pessoas, nomeadamente em Portugal”.
Apesar de considerar que os ataques de lobo a animais domésticos (gado e cães) são uma realidade, a plataforma disse que “esse risco pode ser reduzido se o gado estiver devidamente protegido”, quer seja através de métodos tradicionais como o uso de cães de gado e vedações ou de métodos mais recentes e inovadores. “Mas para que isso seja uma realidade é necessário haver apoios técnicos e financeiros e, claro, vontade de todos, incluindo dos executivos nacionais e comunitários, para os implementar”, frisou.
Lembrou que, em Portugal, o lobo é uma espécie protegida por lei desde 1988 e classificada em perigo de extinção devido ao reduzido número de fêmeas reprodutoras por ano, sem sinais de expansão nas últimas três décadas, e a uma elevada incidência de mortalidade por causas humanas e crescentes perturbações nas suas áreas de reprodução e refúgio. “Assim, não há qualquer possibilidade de se realizarem controlos populacionais de lobo em Portugal”, sublinhou.
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