O mercado vai conhecer, a partir de agora, um novo tipo de tapete. É feito em cortiça, sendo o primeiro obtido por tecelagem. O mérito pertence à marca Sugo Cork Rugs, propriedade da empresa TD Cork – Tapetes Decorativos com Cortiça, a segunda startup lançada pela Amorim Cork Ventures, a única incubadora do mundo exclusivamente dedicada a negócios deste setor de atividade.
A inovação deu origem a pedido de patente em Portugal, uma vez que recupera técnicas tradicionais de tecelagem para criar os primeiros tapetes em cortiça produzidos utilizando aquele método antigo. “Na génese da conceção do novo tapete, existiu vontade de inovar na utilização de matérias-primas e de utilizar materiais ecológicos. Houve, no entanto, necessidade de desenvolver um material para ser trabalhado em tear, com vista à sua utilização em tapetes”, explica a designer Susana Godinho, que lidera a startup, juntamente com a gestora Sónia Andrade.
“Quando analisámos a proposta de valor da Sugo Cork Rugs, imediatamente nos apercebemos que estávamos perante uma ideia com muito potencial para o mercado global, onde tipicamente nos posicionamos. O tapete em cortiça concebido em tear era algo que não existia”, afirma Nuno Barroca, vice-presidente da Corticeira Amorim.
Os tapetes são versáteis e funcionais, com as mais-valias que resultam da incorporação de cortiça, isto é, beneficiam de um melhor isolamento térmico e acústico face aos produtos mais tradicionais, proporcionando mais conforto e propriedades antialergénicas. De entre as mais-valias da nova marca, destacam-se ainda as suas características naturais, uma diversidade de padrões e de cores a que se junta um novo conceito criativo e inúmeros benefícios de desempenho, nomeadamente em termos de durabilidade e anti-humidade.
Portugal é considerado uma referência mundial na indústria de tapetes dirigidos ao segmento médio-alto e alto, de que são exemplos os tapetes de Beiriz ou de Arraiolos. É também neste segmento que se posicionam os novos tapetes, que congregam num único produto duas indústrias em que Portugal é amplamente reconhecido: cortiça e a tecelagem de tapetes. “Em termos globais, as exportações deste segmento (tapetes e outros revestimentos têxteis) devem rondar os 100 milhões de euros”, afirma Susana Godinho. O mercado português é maioritariamente virado para as exportações como o atestam os valores apurados pelo Instituto Nacional de Estatística nos últimos anos (ver gráfico interativo). Segundo a APCOR, a indústria da cortiça terá fechado 2016 com um novo recorde histórico de exportações.
Sendo a cortiça um dos bens mais exportados por Portugal, a nova criação apoiada pela Amorim não fugirá à regra. Quais são os mercados alvo? ” Para este processo de internacionalização, a TD Cork pediu já o apoio do programa Portugal 2020. Uma aposta que envolverá contactos com revendedores dos principais mercados externos, gabinetes de arquitetura e design, bem como a participação nas feiras e eventos mais relevantes. Dadas as valências da coleção Sugo Cork Rugs e o conhecimento que temos dos mercados, antecipa-se uma boa aceitação, em especial nos EUA, países nórdicos, Reino Unido e Ásia, para onde canalizaremos numa primeira fase os nossos esforços, designadamente junto do público que aprecia produtos naturais e sustentáveis”, diz Susana Godinho.
O investimento realizado não é revelado, mas a designer sublinha a importância do apoio da Amorim Cork Ventures para a criação da empresa e de uma linha de produção com teares tradicionais de tapeçaria, necessária para a criação de protótipos e conceção da primeira coleção que agora é apresentada ao mercado. “Até ao momento, o investimento foi essencialmente canalizado para: unidade industrial, linha de produção própria, que implicou a aquisição de dois teares tradicionais de tapeçaria”. Susana Godinho revela ainda que a TD Cork candidatou-se ao apoio do programa Portugal 2020, “para continuarmos a apostar no processo de inovação ao nível do desenvolvimento da produção”.
Fonte: Dinheiro Vivo
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