A Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas e o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas são organizações vencedoras do prémio no valor de um milhão de euros.
O prémio Gulbenkian para a Humanidade foi esta quinta-feira atribuído a duas organizações intergovernamentais dedicadas a produzir conhecimento científico e apoiar os decisores políticos no combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade.
A Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES) e o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) são as duas organizações vencedoras da terceira edição do prémio no valor de um milhão de euros.
O Prémio será entregue pela presidente do Júri, a ex-chanceler alemã Angela Merkel, numa cerimónia que se realiza a partir das 18h00 na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
O IPCC, que em 2007 já tinha vencido o Prémio Nobel da Paz, foi criado em 1988 e desde então dedica-se à avaliação e monitorização dos impactos climáticos da ação humana, apoiando também os governos na tomada de decisão e implementação de medidas de combate às alterações climáticas.
Mais recente, a IPBES foi criada em 2012 com o objetivo de melhorar a relação entre o conhecimento científico e os decisores políticos, em questões relacionadas com biodiversidade, proteção dos ecossistemas, bem-estar humano e sustentabilidade.
Com a atribuição do Prémio a estas duas organizações, selecionadas entre 116 nomeações de 41 nacionalidades, o júri presidido por Angela Merkel pretende reconhecer "o papel da ciência, na linha da frente do combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade".
"Reconhecer estas duas organizações vem pôr em destaque a necessidade de olhar para a crise climática e da biodiversidade em conjunto, de forma concertada, e recorrendo a soluções baseadas na natureza", justifica o júri.
Por outro lado, o júri afirma ainda que a informação científica "tem sido fundamental não só para o avanço de muitas ações políticas e públicas, mas também para a necessidade de colocar um 'caráter de urgência' na forma como, em termos de agenda política, é abordada a questão do combate à crise climática".
Da parte do IPCC, o presidente Hoesung Lee defendeu igualmente que a ciência é "o instrumento mais importante que temos para combater as alterações climáticas" e agradeceu a distinção que considerou ser um reconhecimento e incentivo para todos os cientistas do Painel.
"Mas é também uma forma de pressionar os decisores políticos para uma ação climática mais decisiva e eficaz", acrescentou.
A secretária executiva do IPBES, por seu turno, sublinhou que o Prémio constitui uma "poderosa declaração que confirma que a perda global de espécies, a destruição de ecossistemas e a degradação dos benefícios da natureza para as pessoas, em conjunto, representa uma crise não só de magnitude semelhante à das alterações climáticas, mas também uma crise que deve ser abordada pelo menos com o mesmo caráter de urgência".
Anne Larigauderie deixou também uma palavra de agradecimento em nome dos cientistas e das pessoas que têm trabalhado com a Plataforma, incluindo comunidades indígenas e locais.
No ano passado, o prémio foi entregue à "Global Covenant of Mayors for Climate & Energy", uma aliança constituída por mais de 10.600 cidades e governos locais de 140 países, depois de ter premiado, na primeira edição, a ativista sueca Greta Thunberg.
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