sábado, 10 de dezembro de 2016

Pai da Permacultura: “Soluções para os problemas mundiais são embaraçosamente simples”

Bill Mollison
Bruce Charles Mollison nasceu a 4 de Maio de 1928 e morreu a 24 de setembro de 2016
Morreu em Setembro de 2016, aos 88 anos, um dos pais da permacultura, Bruce Charles Mollison. As suas ideias sobre um sistema agrícola que trabalha em conjunto com – e não contra – a natureza têm vindo a ganhar reconhecimento, ao longo dos anos. Hoje em dia, a permacultura é praticada por mais de 3 milhões de pessoas em 140 países.

Nascido em 1928 numa aldeia piscatória no noroeste da Tasmânia, Austrália, o escritor, professor, ecologista e “rebelde agrário” Bill Mollison (nome pelo qual era conhecido) acreditava que “embora os problemas do mundo sejam cada vez mais complexos, as soluções permanecem embaraçosamente simples.
A maior mudança que precisamos de fazer é a do consumo para a produção, mesmo que em pequena escala, nos nossos próprios quintais. Se apenas 10% de nós fizermos isto, haverá o suficiente para todos. Daí a futilidade dos revolucionários que não têm quintais, que dependem do próprio sistema que atacam, e que produzem palavras e balas, não comida e abrigo", escreveu na sua autobiografia.

A permacultura – termo que vem da junção das palavras “cultura” e “permanente” – surge da convicção de que o mundo natural possui a chave para um sistema estável e produtivo. Os sistemas ecológicos permitiriam às pessoas satisfazer as suas necessidades e ao mesmo tempo fortalecer a natureza, ao invés de a empobrecer.

Inspirou-se na sabedoria dos agricultores de subsistência um pouco por todo o mundo, que, ao longo do tempo, têm utilizado métodos sustentáveis na sua agricultura: cultivar um grupo variado de plantações, utilizar espécies perenes para criar sistemas produtivos estáveis e assegurar a existência das condições para a regeneração dos solos.

“Os únicos sistemas de energia seguros são os derivados de sistemas biológicos. Um jardineiro de Nova Guiné pode caminhar pelos portões do seu jardim, tirando uma unidade de energia e distribuindo 70. Um agricultor moderno, que conduz um trator através do portão, tira 1000 unidades de energia e dá uma de volta. Qual é o agricultor mais sofisticado? Estamos a livrar-nos do nosso solo ainda mais rapidamente do que estamos a destruir a nossa atmosfera. Para cada um de nós há uma perda de dez toneladas de solo por ano. A natureza só consegue substituir uma ou duas toneladas. Vamos deixar aos nossos filhos uma terra onde não há solo nem água potável.”

Elementos como plantas e animais também devem ser conjugados de modo a que sejam mutuamente benéficos, ou, como uma vez declarou: “não tem um problema de lesmas, tem é falta de patos!”


Espiral de ervas aromáticas
Um elemento clássico da permacultura – a espiral de ervas aromáticas

Trabalhou como pescador, guarda-florestal e caçador. Em 1954, juntou-se à Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), trabalhando extensivamente em investigação agrícola. Ao fim de 10 anos, deixou a organização e decidiu estudar biogeografia – o estudo da distribuição das plantas e dos animais – na Universidade de Hobart, conta o The Guardian. Nesta universidade foi nomeado professor, em 1968, e alguns anos mais tarde criou uma disciplina nova, a psicologia ambiental.

Com o passar do tempo, foi-se sentindo cada vez mais limitado pelo mundo académico tradicional e procurou unir os seus estudos ao mundo natural.

Aos 50 anos, abandonou a educação formal. Juntamente com David Holmgren, um estudante de design ambiental, começou a dar forma ao que conhecemos atualmente como permacultura, indo buscar inspiração às culturas tradicionais e adaptando, ao mesmo tempo, as oportunidades das novas tecnologias. A estes esboços, os dois introduziram conceitos de culturas indígenas, de outros pioneiros da ecologia e de camponeses.

Foi assim que surgiu, em 1978, o Permacultura Um, o precursor do Permaculture – A Designers’ Manual, que se tornaria a “bíblia da permacultura”, usada ainda hoje como referência por professores.

Bill Mollison decidiu então dar cursos de duas semanas sobre permacultura para difundir o conceito. Alguns dos seus alunos viriam também a dar cursos semelhantes de 72 horas e, ao fim de 10 anos, as suas ideias tinham-se espalhado pelos cinco continentes. Os cursos originais foram evoluindo, entretanto, e abordam, hoje em dia, para além da agricultura, áreas como a engenharia, a construção, a arquitetura e o design ecológicos.
Fonte: Uniplanet

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