quarta-feira, 13 de setembro de 2023

proTEJO denuncia novo foco de poluição vindo de Espanha


O movimento ambientalista proTEJO denunciou no sábado, 9 de setembro, que “a poluição de bloom de algas (cianobactérias) de extrema toxicidade e com cheiro putrefacto, com origem em Espanha, invadiu novamente o rio Tejo e já chegou a Vila Velha de Ródão”, tendo feito notar que o ministro do Ambiente “deve exigir explicações ao seu congénere espanhol”.

“O proTEJO constatou hoje [sábado], à semelhança de anos anteriores, que um novo bloom de algas (cianobactérias que podem produzir cianotoxinas prejudiciais aos seres vivos com elevada toxicidade e cheiro putrefacto proveniente de Espanha invadiu o rio Tejo em Vila Velha de Ródão estendendo-se pela albufeira do Fratel e que irá progredir contaminando todo o rio Tejo a montante da barragem do Fratel”, explica a proTEJO em comunicado enviado à nossa redação.

Este bloom de algas, segundo o Movimento pelo Tejo, com sede em Vila Nova da Barquinha, resulta de vários fatores, tendo indicado, em primeiro lugar, a “concentração elevada de nutrientes, nomeadamente fósforo, e as substâncias tóxicas depositadas no fundo das albufeiras da Extremadura espanhola, Azutan, Torrejon, Valdecañas, Alcantâra e Cedillo, ao longo de décadas de descargas de águas residuais sem adequado tratamento e das escorrências de fertilizantes agrícolas”.

Por outro, lado, aponta “a permissão à empresa Iberdrola, por parte dos governos de Portugal e Espanha, de livre gestão das descargas de caudais das suas barragens, uma vez que não se encontram implementados caudais ecológicos entre ambos os países, conduz a uma constante e contínua volatilidade do caudal do rio Tejo com alternância de ausência de caudal e de descargas significativas de água pelas barragens espanholas, que tem como única finalidade maximizar o lucro da produção de energia hidroelétrica fazendo descargas quando o preço da energia no mercado espanhol se encontra em níveis bastante elevados”.

Neste sentido, o proTEJO lembra que, “em 2021, o governo espanhol colocou um processo de investigação à empresa concessionária destas barragens, a Iberdrola, pela drástica redução de água para aproveitar o elevado preço para multiplicar a sua produção hidroelétrica, do qual nada se sabe até hoje”.

Por último, e como terceiro fator, o movimento ambientalista indica “as condições de temperatura e luminosidade elevadas, que se observam nos meses de Verão em que estas barragens armazenam pouca água em resultado do seu esvaziamento artificial pelas barragens, criam as condições propícias à proliferação deste bloom de algas que também dispõe dos nutrientes necessários”.

Neste contexto, o proTEJO considera que o ministro do Ambiente e Ação Climática “deve exigir explicações ao seu congénere espanhol, “visto que esta situação, que ocorre ano após ano, constitui um agravamento adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo em Portugal em incumprimento da Convenção de Albufeira quanto à obrigatoriedade de garantir o bom estado ecológico das massas fronteiriças e transfronteiriças e em incumprimento da Diretiva Quadro da Água que impõe o objetivo de alcançar um bom estado ecológico das massas de água”.

Além disso, o proTEJO considera que se encontram “reforçados os fundamentos para apresentar uma Queixa à Comissão Europeia contra os governos de Portugal e Espanha assente no incumprimento da Diretiva Quadro da Água por permitirem uma gestão das barragens para a produção hidroelétrica com critérios meramente economicistas de maximização do lucro que causa uma deterioração adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo e impede que se alcancem os objetivos ambientais do nº 1 do Artigo 4º da DQA ao não assegurar um “regime hidrológico consistente com o alcance dos objetivos ambientais da DQA em massas de águas superficiais naturais” como decorre do documento de orientação nº 31 “Caudais ecológicos na implementação da Diretiva Quadro da Água”.

Fonte e mais fotos: MedioTejo

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