DA COMUM CLARIDADE
Há um saber qualquer
que há-de ser semelhante ao das estrelas
no seu mais fino fio ausente colisão:
é quando as coisas se ampliam, ou se abrem,
ou muito simplesmente
se incendeiam
que há-de ser semelhante ao das estrelas
no seu mais fino fio ausente colisão:
é quando as coisas se ampliam, ou se abrem,
ou muito simplesmente
se incendeiam
Estará decerto no amor esse saber,
e por isso talvez do coração
diziam os antigos ser o meio,
o centro do pensar
e por isso talvez do coração
diziam os antigos ser o meio,
o centro do pensar
Talvez assim também
entre a cor da paisagem
e o recordar de cor
um rosto, uma janela quase circular,
um levíssimo gesto antecipado,
entre a cor da paisagem
e o recordar de cor
um rosto, uma janela quase circular,
um levíssimo gesto antecipado,
pode haver o mais óbvio
comum a universo:
explosão de estrela nova gerando
outras estrelas, ou mesmo
revogando a antiga luz
comum a universo:
explosão de estrela nova gerando
outras estrelas, ou mesmo
revogando a antiga luz
Mas em tal comprimento de energia
que o átomo foi,
desconcertado,
de encontro ao mais vazio,
tenta reconcertar outro
caminho
que o átomo foi,
desconcertado,
de encontro ao mais vazio,
tenta reconcertar outro
caminho
de onde: novo saber,
um brilho novo
transversal a tudo
um brilho novo
transversal a tudo
Quanto ao humano,
sublunar na sua imperfeição,
cinde-o a maravilha do cuidar,
e só lhe resta amar –
o que o perfaz, em soma,
igual ao fogo de que é feita
a estrela –
Ana Luísa Amaral, in “E todavia”, Assírio & Alvim, 2015sublunar na sua imperfeição,
cinde-o a maravilha do cuidar,
e só lhe resta amar –
o que o perfaz, em soma,
igual ao fogo de que é feita
a estrela –
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