domingo, 19 de outubro de 2008

Jeremy Rifkin - A Terceira Revolução Industrial: Uma nova e radical economia de partilha




As três crises que vivemos estão a criar o palco ideal para uma terceira revolução industrial, garante o conselheiro de Barroso.
Por Luís Rego, em Bruxelas, Diário Económico 2008-12-12

Jeremy Rifkin defende que a UE está a liderar o debate sobre o combate às alterações climáticas. 

Devemos reformar o capitalismo ou o clima?
Ambos, mas repare: as alterações climáticas são o maior desafio que a raça humana já alguma vez enfrentou. Esta fórmula será um marco de referência para lançar uma terceira revolução industrial. 20% eficiência energética, 20% redução de emissões, para começar a limpar o nosso rasto de poluição e comprar tempo até que a grande revolução se produza, e depois o maior desafio: 20% de renováveis em 2020. Isto fixa o padrão para todo o mundo.

Como é que a crise actual afecta estes objectivos? Temos de ir mais depressa ou mais devagar? 
Aumenta claramente as oportunidades. Repare: os pressupostos centrais da globalização ruíram no últimos anos. Pensávamos que os consumidores dos EUA iam continuar a comprar e alimentar a globalização. Destruímos a poupança dos últimos 20 anos deixando a descoberto orçamentos familiares, inchando o crédito, usámos hipotecas com um multibanco. O total de dívida das famílias é de 13,5 biliões de dólares. Um plano de um bilião não o vai resolver. Isto demorou 20 anos a fazer e vai demorar mais 20 a corrigir.

O preço da energia também contribuiu para esse empobrecimento, mas aí afectou toda a cadeia de produção…mais devagar? 
Claro, pensávamos que a energia seria sempre barata, que podíamos movimentar capitais para mercados de trabalho mais baratos, produzir aí bens e serviços mais baratos e trazê-los de volta. Essa equação rebentou. Quando chegámos a 150 dólares atingimos o pico da globalização. Accionou-se um firewall.

Mas os preços agora estão a recuar?
Isso é porque o motor está parado. Veio tarde demais. A terceira crise é o clima. Os quatro furacões que atingiram a costa do golfo nos últimos 4 anos nos EUA, custaram 130 mil milhões de danos. É um terço de pacote de resgate. Os rendimentos da agricultura caíram em todo o mundo por causa do clima.

E portanto o cenário é conveniente …
Estas três crises estão a criar a tempestade perfeita. A resposta é a terceira revolução industrial. Desafio alguém a dizer-me qual é a alternativa. 

O anúncio de 50 mil milhões de Obama para as renováveis significa que há alinhamento? 
Barack Obama está certo em apostar em tecnologias verdes. Mas não há nos EUA um enquadramento, uma narrativa coerente como na UE. É preciso colocar as novas tecnologias ‘online’, converter os edifícios em fontes de energia, captando e redistribuindo energia, depois criar infraestruturas de armazenamento de hidrogénio e reconverter toda a rede energética da América do Norte e Europa. Se não, arriscamo-nos a atirar dinheiro ao rio.

Perfil: Jeremy Rifkin

Jeremy Rifkin (1945) é um dos economistas norte-americanos mais influentes em políticas científicas, energéticas e ambientais no mundo, em particular na Europa onde é visto como um dos pais da viragem europeia para o novo paradigma ambiental. É conselheiro da Comissão Europeia de Durão Barroso, da presidência de Nicolas Sarkozy, do primeiro-ministro espanhol, Rodriguez Zapatero, e da chanceler alemã, Angela Merkel. Preside à Fundação para as Tendências Económicas. 

Jeremy Rifkin [biografia]

Sem comentários: