sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Livro- O Princípio da Responsabilidade, de Hans Jonas


Ciência e a Ética da Responsabilidade
A Ética da Responsabilidade apresentada por Hans Jonas difere das éticas tradicionais de filósofos que o antecederam, como Aristóteles e Kant. A ética de Hans Jonas vai além da moralidade de valores sociais ou da Política. Filósofos como Nicolau Maquiavel, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e René Descartes eram antropocentristas: o universo era avaliado de acordo com sua relação com o ser humano. Isto é, o homem era colocado em primeiro plano.

A obra de Hans Jonas, O Princípio Responsabilidade, publicada em 1979, aborda os problemas sociais e éticos criados pelos avanços tecnológicos. Hans Jonas demonstra a necessidade de haver uma nova ética para lidar com o alcance sem precedentes do poder tecnológico. Jonas trata de uma ética que impõe limites ao processo tecnológico, especialmente à luz do perigo iminente que novas tecnologias possam causar.

Antes do advento do mundo moderno, a responsabilidade pela integridade e continuidade da vida na terra não recaía sobre o ser humano: a natureza cuidava de si mesma. O homem não possuía a capacidade de alterar de forma significativa o meio em que vivia e, assim, impactar futuras gerações. Contudo, a relação do ser humano com a natureza e o mundo mudou drasticamente. Com o desenvolvimento da tecnologia, a natureza se tornou vulnerável: passou a ser destruída pela humanidade. À medida que ocorrem inovações tecnológicas, formas mais poderosas de tecnologia são desenvolvidas. A tecnologia vem estendendo o alcance do poder humano muito além da capacidade humana de prever as consequências dos avanços tecnológicos. Jonas aborda as grandes transformações causadas pela tecnologia: o perigo nuclear, a destruição do planeta, o consumo desenfreado de recursos naturais e a Engenharia Genética. Para Jonas, as relações entre conhecimento humano, poder tecnológico, responsabilidade e ética são complicadas e fundamentais. Na visão do filósofo, o mundo precisa que os seres humanos tomem conta dele - um fato sem precedentes na história. Os seres humanos precisam trabalhar para garantir o bem-estar de futuras gerações.

Hans Jonas desenvolveu a Ética da Responsabilidade ao pensar em consequências futuras. O filósofo atribuiu ao ser humano a responsabilidade pela manutenção da natureza e pela garantia do bem-estar e da existência de futuras gerações.

Em O Princípio Responsabilidade, Jonas enfatiza que a sobrevivência da humanidade depende de esforços para cuidar do planeta e, assim, assegurar seu futuro. Na visão de Jonas, a origem da crise do meio ambiente é o desenvolvimento científico e tecnológico desenfreado, desprovido de uma conduta ética estruturada para servir como guia. Segundo o filósofo, recai sobre o ser humano a responsabilidade ilimitada de preservar a vida na terra. Essa responsabilidade é total e contínua.

O que significa responsabilidade ilimitada? Exemplificando: pais são responsáveis por seus filhos de forma limitada e temporária: a responsabilidade dos pais em relação aos filhos geralmente termina quando estes se tornam adultos. Contudo, de acordo com Jonas, a responsabilidade do homem em relação à natureza é ilimitada, pois nunca cessa. O avanço da tecnologia precisa ser condicionado para garantir a continuidade da vida no planeta.

Hans Jonas formulou o novo princípio de moralidade: “Age de tal forma que os efeitos de tuas ações sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica sobre a terra".

Segundo o princípio de responsabilidade de Jonas, não se pode sacrificar o futuro pelo presente: se a humanidade se preocupar apenas com o presente, o futuro pode deixar de existir. A ética proposta por Hans Jonas inclui a responsabilidade por futuras gerações. Esse tipo de responsabilidade não pode ser uma relação recíproca, pois é direcionada às gerações futuras. É uma responsabilidade por pessoas que ainda não nasceram, inclusive por seres humanos que habitarão a terra após todos que hoje estão vivos já terem morrido. Portanto, trata-se de uma responsabilidade que não pode ser reciprocada.

Jonas não vê com bons olhos a Tecnociência: o filósofo critica uma ciência que seja desumanizada. Jones discute a Bioética e os deveres que o ser humano tem consigo, com o meio ambiente e com a posteridade. O filósofo defende a necessidade de uma ciência com ética. Em O Princípio Responsabilidade, Jonas aponta para a ampliação da enorme distância entre a enorme capacidade tecnológica do ser humano e a diminuição da sensibilidade moral humana.

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