“Não deixe ninguém para trás” é o tema desde ano após preocupações com guerras e desafios para segurança alimentar global; papa Francisco e Guterres enviaram mensagens a evento de comemorações em Roma, sede da FAO.
As Nações Unidas marcam neste 16 de outubro o Dia Mundial da Alimentação. Em 2022, o tema é “não deixe ninguém para trás”.
Para líderes internacionais e chefes de agências da ONU, o momento é de alerta com uma crise global de segurança alimentar e um recorde de pessoas em grave risco de fome na Ásia e na África.
Esperança e ação
O Dia da Alimentação é celebrado em mais de 150 países em locais icónicos como a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, as Cataratas de Niágara, na América do Norte, e a praça Piccadilly Circus, de Londres, também acolhem atividades.
Em Roma, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, realizou um evento, nesta sexta-feira, com mensagens do secretário-geral da ONU, António Guterres, do papa Francisco e do presidente italiano Sergio Mattarella.
Guterres ressaltou que o mundo vive um período desafiador para a segurança alimentar.
Na mensagem para este ano, o líder das Nações Unidas exorta as partes interessadas a cooperarem para passar do desespero à esperança e à ação.
O diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, disse que diante de uma iminente crise alimentar global, é preciso aproveitar a solidariedade e o impulso coletivo para construir um futuro melhor. Nessa realidade, todos devem ter acesso regular a alimentos nutritivos suficientes.
Soluções justas e duradouras
Em sua mensagem, o papa Francisco listou os desafios desse momento de guerra.
O chefe da Igreja Católica lembrou que a FAO celebra 77 anos e que foi criada para responder as necessidades das vítimas da miséria e da fome no contexto da Segunda Guerra Mundial.
O apelo é que não se perca de vista que as pessoas “não são apenas números, dado um fluxo interminável de estatísticas”.
O papa Francisco pediu ainda que os projetos e intervenções da agência não se limitem a carências circunstanciais ou apelos feitos em contextos de emergência, mas para oferecer soluções justas e duradouras.
Ele destacou que é necessário ressaltar a urgência de enfrentar o problema da pobreza, que está intimamente ligado à falta de nutrição adequada, em conjunto e em todos os níveis.
Para o presidente italiano, Sergio Mattarella, “sem igualdade de acesso à alimentação, milhares de pessoas principalmente aquelas que vivem nos países mais pobres, não podem ter uma vida saudável, educação de qualidade e oportunidades de crescimento social e económico”.
Crise alimentar global sem precedentes
A ONU estima que além das 970 mil pessoas em risco de fome no Afeganistão, na Etiópia, na Somália, no Sudão do Sul e no Iémen, o número de pessoas que passam fome em todo o mundo está aumentando.
Somente em 2021, 828 milhões viviam nessa situação, segundo o relatório Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo. Cerca de 3,1 biliões de pessoas ainda não podem ter uma alimentação saudável.
Na cerimónia, o diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos, PMA, afirmou que a maior preocupação é o que está por vir.
Crises contínuas
David Beasley listou a crise de disponibilidade de alimentos, relembrando que os efeitos de conflitos e das mudanças climáticas ameaçam prejudicar a produção global de alimentos nos próximos meses.
O chefe do PMA destacou que o mundo deve abrir os olhos para a atual crise alimentar global sem precedentes e agir de imediato para impedir que a situação saia do controle.
O presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Álvaro Lario, informou que, este ano, mais do que nunca, o Dia Mundial da Alimentação deve ser um apelo para intensificar as ações de ajuda aos pequenos agricultores do meio rural.
Ele ressaltou que estes produtores fornecem alimentos para suas comunidades e países em crises sucessivas, apesar da desigualdade, da vulnerabilidade e da pobreza.
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