quinta-feira, 13 de julho de 2023

Insegurança alimentar afecta 1 em cada 3 brasileiros, diz ONU


Quadro atinge 70,3 milhões no país, segundo dados de 2020 a 2022 – destes, 21,1 milhões passam fome por não ter o que comer todos os dias, número que entre 2014 e 2016 era de 4 milhões.

O número de brasileiros que passam por alguma privação alimentar bateu os 70,3 milhões, o que significa que uma em cada três pessoas ou passou aperto em casa para comer apropriadamente (50,2 milhões) ou, no pior cenário, chegou a ficar de fato sem ter o que comer por um ou mais dias (21,1 milhões) – o Brasil tem 203 milhões de habitantes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados, que dizem respeito ao período de 2020 a 2022, constam do relatório "O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo”, feito por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado nesta quarta-feira (12).


A proporção de brasileiros sem dinheiro para bancar uma alimentação saudável também saltou: de 19,6% em 2017 para 22,4% em 2021.

Já a fome, definida no relatório como subalimentação crónica – quando há falta persistente ou de longo prazo de uma alimentação de qualidade necessária ao bem-estar –, assola 10,1 milhões, mas registou queda em relação ao período de 2014 a 2016, tanto em números absolutos (12,1 milhões) quanto em relação ao total da população (de 6,5% para 4,7%).

A metodologia da ONU é diferente da adotada em estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) que apontou 33 milhões de brasileiros passavam fome em 2022 – pesquisa que incluiu visitas domiciliares aos entrevistados.

Situação no mundo
Segundo o relatório da ONU, o número de pessoas passando fome ao redor do globo cresceu em 122 milhões desde 2019 e totaliza, hoje, 735 milhões.

A piora é atribuída à pandemia, mas também a eventos climáticos extremos e conflitos violentos como a Guerra na Ucrânia. O cenário faz parecer mais distante a meta da organização de acabar com a fome até 2030, também porque previsões dão conta de que esse número ainda deve se manter num patamar de 600 milhões até o final desta década.

O pior quadro é na África, com uma a cada cinco pessoas passam fome, mais que o dobro da média global.

Outro problema, a insegurança alimentar afeta 2,3 biliões, o equivalente a 29,6% da população mundial, sendo 900 milhões em situação de privação grave de comida.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a insegurança alimentar moderada ocorre quando as pessoas enfrentam incertezas sobre a sua capacidade de obter alimentos e são forçadas a reduzir a qualidade e/ou quantidade de alimentos por falta de dinheiro ou outros recursos, mudando suas dietas. Já a insegurança alimentar grave ocorre quando falta comida e as pessoas sentem fome – situação que, no caso mais extremo, pode perdurar por um ou mais dias.

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