sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Mais de 100 milionários pedem impostos sobre a riqueza

Um grupo de mais de 100 milionários de nove países assinou uma carta aberta para que os Estados apliquem impostos sobre a riqueza de forma a reduzir a desigualdade e diminuir a pobreza.


Aumentar os impostos sobre a riqueza dos mais ricos para arrecadar receitas para reduzir a pobreza e diminuir as desigualdades. É esta a solução sugerida por mais de 100 milionários de nove países diferentes que publicaram esta quarta-feira uma carta aberta direcionada a Governos e líderes empresariais, de acordo com um comunicado da Oxfam. O objetivo é influenciar as discussões de Davos, cuja edição online decorre até 21 de janeiro.

Estes milionários juntam-se assim a outros pedidos nos últimos anos por parte de algumas das pessoas mais ricas do mundo para que os Estados tributem mais a riqueza, principalmente na ressaca do impacto da crise pandémica, um período em que os dez homens mais ricos mais do que duplicaram as suas fortunas para um total de 1,5 biliões de dólares. Segundo a Oxfam, os 2.660 bilionários que existem no mundo têm um nível de riqueza equivalente ao PIB anual chinês.

De acordo com a análise feita pela Oxfam em conjunto com a Fight Inequality Alliance, o Institute for Policy Studies e os the Patriotic Millionaires, um imposto sobre a riqueza — à semelhança do que era proposto pela senadora Elizabeth Warren nas primárias do Partido Democrata em 2020 — de 2% para os milionários e de 5% para os bilionários iria gerar receitas de 2,52 biliões de euros por ano.

Tal receita poderia ser suficiente para tirar da pobreza 2,3 mil milhões de pessoas, produzir vacinas contra a Covid-19 suficientes para todo o mundo e prestar cuidados de saúde universais e proteção social para os cidadãos dos países de baixo e baixo/médio rendimento (cerca de 3,6 mil milhões de pessoas).

“Tributem-nos a nós, os ricos, e tributem-nos já“, escrevem os signatários desta carta onde se argumenta que o mundo passou por um período de grande sofrimento nos últimos dois anos e, ao mesmo tempo, os mais ricos viram a sua riqueza aumentar sem pagar a sua quota justa de impostos.

Se os políticos e os CEO continuarem a ignorar esta “solução simples e eficaz”, os cidadãos em todo o mundo “continuarão a ver a sua alegada dedicação à resolução dos problemas do mundo como pouco mais do que uma performance”, acrescentam. Entre os signatários estão milionários e bilionários dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha.

“Como milionários, sabemos que o atual sistema fiscal não é justo“, argumentam na carta. “Apenas alguns de nós podem dizer honestamente que pagam a sua quota justa de impostos”, acrescentam. Para os signatários “a verdade é que Davos não merece a confiança do mundo neste momento”, apontando o dedo ao “pequeno valor tangível” que foi produzido pelo encontro. “A história pinta um quadro particularmente sombrio sobre o desfecho de sociedades extremamente desiguais“, alertam.

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