sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Expectativa de melhorar o nível de vida é menor do que na década de 1940


A pobreza e a riqueza tendem a perpetuar-se durante gerações e a possibilidade de uma criança aspirar a ter uma vida melhor que a dos pais é menor do que na década de 1940, segundo a ONU.

A conclusão consta num relatório do relator especial da ONU para a pobreza extrema e direitos humanos, Olivier De Schutter.

O relatório, divulgado na quarta-feira, refere que a escola é um lugar "onde as hierarquias se reproduzem e, no pior dos casos, se magnificam".

Nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), as crianças pobres tardam em média quatro a cinco gerações para alcançar o rendimento médio do seu país. No Brasil, Colômbia e África do Sul demoram nove ou mais gerações.

Nos Estados Unidos, uma criança de uma família de rendimentos altos conhece o dobro das palavras face a uma criança de uma família pobre, realça o relatório, exemplificando as desigualdades de oportunidades.

O documento conclui que a pobreza "não resulta da preguiça, da falta de autocontrolo ou de um planeamento deficiente", mas antes de "fatores estruturantes, como o desemprego alto, os salários estagnados e a discriminação".

Para o relator Olivier De Schutter, será necessário "investir na educação e nos cuidados na primeira infância, garantir que as escolas são verdadeiramente inclusivas e apoiar os jovens mediante uma garantia de rendimento básico" para que se possa quebrar "os círculos viciosos que fazem com que a pobreza se perpetue".

De acordo com Olivier De Schutter, a sociedade "não pode permitir-se a desperdiçar talento nem deteriorar o tecido social".

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