domingo, 8 de julho de 2018

Conheça a história do homem que viveu nu durante 30 anos numa ilha

Japonês Masafumi Nagasaki foi retirado de Sotobanari contra a sua vontade. Tem 82 anos e obrigaram-no agora a voltar a sobreviver em sociedade
Texto e fonte da imagem aqui

Um pequeno filme do Herald Sun e outro no Facebook "The Japaneses Robinson"

Leu bem! Esta é mesmo a história de um homem que fugiu da civilização há 30 anos para viver numa ilha deserta. Andou nu, até que passadas três décadas, foi retirado contra a sua vontade do refúgio onde queria morrer.

Masafumi Nagasaki chegou à ilha de Sotobanari, no Japão, em 1989. Aí viveu uma vida em solidão até se tornar conhecido como o “eremita nu”, aos 76 anos de idade.

Agora, de acordo com o site news.com.au., em abril deste ano, a polícia recebeu um aviso de que Masafumi Nagasaki, de 82 anos, estaria muito fraco. Foram buscá-lo à ilha e levaram-no de volta para a civilização, de onde dificilmente vai conseguir sair.

Feliz na ilha 

Foi em Sotobanari que Nagasaki se sentiu e sentia em casa. Onde não há telefones, nem água fresca e as roupas são muito poucas. Nenhumas mesmo, no seu caso, quando um tufão passou pela ilha e estragou todo o pouco que tinha.

Mas, mesmo tendo de enfrentar intempéries e tufões, nada fez com que Nagasaki tivesse tido vontade de mudar de casa. Aliás, era ali mesmo que queria morrer. 


Encontrar um lugar para morrer é uma coisa importante que se deve fazer. Eu decidi que aqui é o lugar onde quero morrer", disse em entrevista à agência Reuters em 2012.

Estranho ou não, Nagasaki viveu literalmente sozinho durante quase três décadas. E dizia que sempre fora feliz.

Nunca me senti triste aqui. As coisas aqui são mais reais." (...) "Não vou sair daqui, mesmo que alguém me diga que há um lugar melhor. Tudo o que quero, tenho aqui. Não preciso de mais nada.”, disse na entrevista, em 2012.

Fuga da sociedade

Engana-se quem possa pensar que Masafumi Nagasaki não tinha família. Antes de partir para a ilha chegou mesmo a despedir-se e deixou esclarecido que o regresso poderia nunca acontecer.
Não tenho opção. Já disse à minha família que vou morrer aqui. O meu desejo é morrer aqui sem incomodar ninguém. Por isso, não quero ficar doente ou ferido. Quero ser morto por um tufão e assim ninguém me pode tentar salvar. Morrer aqui é o melhor. É simplesmente perfeito para mim", contou Nagasaki.

Nunca se soube como foi a viagem até Sotobanari. Nem se Nagasaki tem filhos, até porque tentou sempre evitar falar do passado e da família que tinha deixado para trás.

Sabe-se que, quando "vivia na civilização", Nagasaki trabalhava numa fábrica em Osaka. Foi aí que um colega lhe terá falado sobre um misterioso arquipélago de ilhas desabitadas, o que o levou a fugir.

Tomou a sua decisão final quando estava dentro de um avião e viu o mar bastante poluído. Aí, foi de vez. Arranjou maneira de chegar à ilha de Sotobanari, onde pretenderia passar um par de anos. Ficou por lá quase trinta.

Vida maravilhosa

Sobre a vida na ilha, o japonês realçou a Alvaro Cerezo, responsável por uma série de documentários sobre experiências de viver em ilhas desertas, que estar longe das regras dos humanos era o que o deixava mais feliz.
Aqui, na ilha, não faço o que as pessoas me dizem para fazer. Sigo apenas as regras da natureza. Ninguém consegue dominar a natureza, então só podemos obedecer-lhe completamente.”
Ainda quanto às regras da sociedade que Nagasaki não gostava, percebe-se que o andar nu foi um fato feito à medida da ilha. Ainda andou vestido nos primeiros anos, até que um tufão lhe terá levado o pouco que tinha.

Nagasaki contou ainda à Reuters, há seis anos, que deixou de comer carne e peixe e também se recusou a comer os ovos das tartarugas postos pelas mães na praia.
Vi os filhotes a nascer e a rastejar em direção ao mar. Fico arrepiado todas as vezes que vejo isso acontecer... Só me faz pensar como a vida é maravilhosa."
Apesar de viver sob as regras da natureza, Nagasaki até tinha uma rotina própria: ginástica de manhã e depois dedicava-se, essencialmente, à limpeza da praia com um par de luvas brancas e um ancinho.

Agora, em 2018, Nagasaki despediu-se da ilha que foi a sua casa durante trinta anos. A contra gosto, levaram-no e tiraram-no de Sotobanari. O seu paradeiro é agora incerto.

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