domingo, 11 de abril de 2010

Poemas gosto deles livres, por João Soares



Poemas gosto deles livres
gosto
gosto que sejam vento, bando de aves, ramos de árvores
gosto
gosto que me eduquem o som das cigarras e dos morcegos...
gosto
gosto que cheirem a sal e finas como as algas
gosto que cresçam muito para além das copas das árvores
gosto
gosto que me livrem das algemas e dos espinhos e
que me curem as feridas
gosto
que me berrem, me insultem, me apaixone, que me mordam o coração
que mexam o meu interior até aos ossos e sangue e nervos
quero poemas
que traduzam lendas e fantasias, quero poemas construtores
quero poemas imortais,
quero poemas
duros, vivos, animais, rios, ar, de solo forte e inteiro
quero poemas que queimam
que gelem, que saltem fronteiras, que acudam, que sacudam
que sejam clementes, que sejam misericordiosos, cobertos de estrelas ou de pedras
quero que por fim sejam história e criem paz, criem serenidade, criem desambiguação, criem luz, muita luz


João Soares, 11 de Abril de 2010


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