Investigadores consideram que Portugal deve apostar nestas espécies para reflorestar o território.
Numa altura em que se coloca a necessidade de reflorestar o país, investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) aconselham o uso das designadas “árvores bombeiras”, espécies que não só resistem ao fogo como também contribuem para travar o avanço das chamas.
Os vidoeiros, carvalhos e castanheiros são umas das principais “árvores bombeiras”, porque são folhosas e mantêm o ambiente “relativamente” húmido, abrigado do vento durante o Verão, explica à Renascença Paulo Fernandes.
O docente da UTAD e investigador do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas considera que “a aposta nestas árvores permitirá, a longo prazo, limitar o flagelo dos incêndios”.
“Durante o Verão estão verdes, por isso, ardem com mais dificuldade e, por outro lado, produzem uma folhada que, ao acumular-se no solo, é pouco inflamável e se decompõe com facilidade, ou seja, cai no Outono e quando chega o verão grande parte decompõe-se”, sustenta.
“Não há ali muito alimento para o fogo e, frequentemente, os incêndios ou param por si só, extinguindo-se ao entrar nas manchas, ou ardem com pouquíssima intensidade sem causar danos às árvores”.
Espécies exigentes
Paulo Fernandes enfatiza que é “raríssimo encontrar um fogo cuja origem ocorra numa área com estas espécies e, quando acontece, as árvores mantêm-se verdes”.
Na perspectiva do investigador, o problema que se levanta é o da “qualidade do solo”, já que “aquelas espécies são mais exigentes, requerem locais de solo mais fresco, de melhor qualidade e é por isso que, normalmente, ocupam vales, zonas onde há mais solo e mais humidade”.
Para as zonas com “piores condições de solo”, Paulo Fernandes aponta o uso do “sobreiro, espécie que, embora arda com maior facilidade, consegue recuperar”.
“No extremo, temos aquelas espécies que ardem muito bem, como por exemplo os eucaliptos e os pinheiros. A natureza da espécie impõe o fogo, e com a acumulação de biomassa há sempre um potencial risco”.
A resposta a dar – sustenta o mesmo especialista – “está naquilo a que chamamos gestão de combustível”, explicando que “assegurando a limpeza dos espaços, mantendo o subcoberto livre de mato, eliminando pelo menos parte da manta-morta, desbastando pelo menos uma parte dessas áreas e tentando manter as copas das árvores afastadas, consegue-se limitar o efeito do fogo, mas à custa de trabalho, esforço de limpeza e intervenção”.
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