quinta-feira, 3 de novembro de 2022

A pouco divulgada entre nós, mas muito poderosa Organização para Cooperação de Xangai (Shanghai Cooperation Organisation)


Está a cansar-me o discurso anti-NATO, pois já existe uma resposta equivalente à NATO. Chama-se Organização para Cooperação de Xangai (Shanghai Cooperation Organisation). Fundada em 2001, se não fosse alguma desarticulação interna, a sua eficiência pode vir a assumir-se perigosamente como a NATO. Temos o "American Dream" e existe o "China Dream". E isto já é um facto. O que os une é o discurso anti-ocidente, encimado por Putin/Rússia. A SCO é claramente uma organização política, económica e de segurança. Em termos de abrangência geográfica e população, é a maior organização regional do mundo, cobrindo aproximadamente 60% da área da Eurásia, 40% da população mundial e mais de 30% do PIB global. Reúnem-se anualmente.

A última década, de atuação pouco vigorosa e aparentemente insosa da Organização de Xangai, poderia justificar o absoluto silêncio do ocidente sobre os objetivos e intentos desta instituição. Ela não é ensinada às crianças nas escolas, os seus encontros não são acompanhados pelo noticiário internacional e são poucos - pouquíssimos - aqueles que saberiam informar do que se trata esta organização.

Pode-se argumentar a sua irrelevância por tratar-se de um grupo que tem uma discreta manifestação no cenário internacional, que evita grandes declarações e agora tem mais visibilidade por causa de Guerra da Rússia na Ucrânia. No entanto, por mais argumentos que se acumulem pela oportunidade de deixá-lo por debaixo do tapete, nada poderia explicar o descaso com um grupo formado por alguns dos países de política externa mais controversa existentes, por potências comunistas e islâmicas, onde o tom anti-ocidente é uma constante.

Entre a lista de participantes, estão economias relevantes como a comunista China e as teocráticas e declaradamente hostis ao ocidente, Irão e Afeganistão. A organização também conta com a liderança da maior articuladora anti-ocidente: Rússia. O comunismo nunca saiu da Rússia. Como seria de se esperar, as ambições que a oportunidade de reunião dá a estes países não são poucas. A sua pauta de debates inclui a formação de um contraponto à OTAN, da instituição de um cartel de gás natural, e da expansão de seu arsenal nuclear.

O fato de não cantarem aos quatro ventos as suas vitórias não indica que estas não existam, tão pouco que são irrelevantes, mas apenas ilustram o caráter e o modo de agir deste grupo. Ainda há muito por vir da Organização de Cooperação de Xangai, e seus maiores feitos não estamparão as capas de jornais.


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