Considerado o “pai da linguística moderna”, Noam Chomsky é um dos pioneiros da linguagem de programação e computação que se desenvolveu sobretudo na segunda metade do século XX. Em termos políticos, considera-se um socialista libertário, tendo sido um crítico acérrimo do autoritarismo tanto de esquerda como de direita.
Uma das principais obras do autor intitula-se Manufacturing Consent: The Political Economy of the Mass Media (1988), escrito em conjunto com E.S. Herman. A Fabricação do Consentimento é, deste modo, uma denúncia e ao mesmo tempo uma descrição pormenorizada da forma de actuação e as técnicas de manipulação utilizadas pelos grandes media – em Portugal representada, sobretudo, pelas principais cadeias de televisão (SIC, TVI, em certa medida a RTP) e imprensa escrita (Expresso, Público, Observador). [e-livro, em inglês publicado em 2008]
Recordamos os 5 pontos fundamentais do modelo científico de Noam Chomsky sobre as técnicas de propaganda dos media com vista à manipulação das massas, o qual consiste em :
1. Dimensão, propriedade e lucro. As cadeias de media são, antes de mais, empresas que visam agradar aos seus accionistas. Os accionistas investem o seu capital na tecnologia de informação e comunicação de massas para influenciar as audiências. Os espectadores estão convencidos de que são os clientes da imprensa, mas de facto eles são o produto. A verdadeira clientela da imprensa são os investidores e sua rede de interesses, o produto é o consentimento das massas.
2. Licença de publicidade. A principal receita dos media é a publicidade. Deste modo, a mente dos espectadores é vendida aos investidores publicitários; não só em troca de um lucro imediato, mas de um parâmetro mental e emocional que os mantém fiéis a um estilo de vida subjugado às principais companhias que investem em publicidade. Mais relevante ainda é o facto de os investidores publicitários passarem, na prática, a ser os concessores de licenças sobre o que se diz, o que não se diz e como se diz (neste campo entram em jogo a psicologia e técnicas de propaganda).
3. Fontes de notícias. Não só as grandes corporações como as diversas entidades públicas e da sociedade civil contribuem para a sobrevivência dos media (através de financiamentos ou networking). Assim, a burocracia que serve essas mesmas entidades torna-se a fonte das notícias, entre outras narrativas, que têm como objectivo persuadir as audiências (produto), por meio da imprensa (vendedor), no sentido de agradar às entidades patrocinadoras (clientes) – lobbies, fundações, Estados, organizações e movimentos político.
4. Represálias. Os media que não entram no jogo podem sofrer represálias, desde o corte de subsídios e publicidade à difamação e má-fama.
5. Guerra. A mentalidade de conflito é essencial à manipulação das massas, é preciso escolher um inimigo e mobilizar a sociedade contra ele. Por exemplo, a ‘guerra contra o terrorismo’ instala o medo e persuade as massas a aceitar medidas que em condições normais nunca aceitaria (perda da privacidade, indiferença perante acções militares injustas, etc.).
Traduzido do Propaganda Model ou também chamado Modelo da Propaganda
Artigo Científico por Noam Chomsky: Consentimento sem consentimento: a teoria e a prática da democracia
Sem comentários:
Enviar um comentário