quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Manufacturing Consent: Noam Chomsky and the Media (1992)


Considerado o “pai da linguística moderna”, Noam Chomsky é um dos pioneiros da linguagem de programação e computação que se desenvolveu sobretudo na segunda metade do século XX. Em termos políticos, considera-se um socialista libertário, tendo sido um crítico acérrimo do autoritarismo tanto de esquerda como de direita.

Uma das principais obras do autor intitula-se Manufacturing Consent: The Political Economy of the Mass Media (1988), escrito em conjunto com E.S. Herman. A Fabricação do Consentimento é, deste modo, uma denúncia e ao mesmo tempo uma descrição pormenorizada da forma de actuação e as técnicas de manipulação utilizadas pelos grandes media – em Portugal representada, sobretudo, pelas principais cadeias de televisão (SIC, TVI, em certa medida a RTP) e imprensa escrita (Expresso, Público, Observador). [e-livro, em inglês publicado em 2008]


Recordamos os 5 pontos fundamentais do modelo científico de Noam Chomsky sobre as técnicas de propaganda dos media com vista à manipulação das massas, o qual consiste em :

1. Dimensão, propriedade e lucro. As cadeias de media são, antes de mais, empresas que visam agradar aos seus accionistas. Os accionistas investem o seu capital na tecnologia de informação e comunicação de massas para influenciar as audiências. Os espectadores estão convencidos de que são os clientes da imprensa, mas de facto eles são o produto. A verdadeira clientela da imprensa são os investidores e sua rede de interesses, o produto é o consentimento das massas.

2. Licença de publicidade. A principal receita dos media é a publicidade. Deste modo, a mente dos espectadores é vendida aos investidores publicitários; não só em troca de um lucro imediato, mas de um parâmetro mental e emocional que os mantém fiéis a um estilo de vida subjugado às principais companhias que investem em publicidade. Mais relevante ainda é o facto de os investidores publicitários passarem, na prática, a ser os concessores de licenças sobre o que se diz, o que não se diz e como se diz (neste campo entram em jogo a psicologia e técnicas de propaganda).

3. Fontes de notícias. Não só as grandes corporações como as diversas entidades públicas e da sociedade civil contribuem para a sobrevivência dos media (através de financiamentos ou networking). Assim, a burocracia que serve essas mesmas entidades torna-se a fonte das notícias, entre outras narrativas, que têm como objectivo persuadir as audiências (produto), por meio da imprensa (vendedor), no sentido de agradar às entidades patrocinadoras (clientes) – lobbies, fundações, Estados, organizações e movimentos político.

4. Represálias. Os media que não entram no jogo podem sofrer represálias, desde o corte de subsídios e publicidade à difamação e má-fama.

5. Guerra. A mentalidade de conflito é essencial à manipulação das massas, é preciso escolher um inimigo e mobilizar a sociedade contra ele. Por exemplo, a ‘guerra contra o terrorismo’ instala o medo e persuade as massas a aceitar medidas que em condições normais nunca aceitaria (perda da privacidade, indiferença perante acções militares injustas, etc.).

Traduzido do Propaganda Model ou também chamado Modelo da Propaganda


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