quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Biocombustíveis - entrevista a Hartmut Michel, Prémio Nobel de Química

Autobiografia

O prémio Nobel de Química em 1988, Hartmut Michel, disse que com os biocombustíveis não economizam emissões de dióxido de carbono, gás que provoca o aquecimento global, e que o apoio a essa alternativa em todo o mundo está fomentando a perda da floresta tropical na Indonésia, Malásia, algumas zonas da África e no Brasil. O alemão de 59 anos disse ao jornal espanhol El País que no Brasil a Amazónia, floresta considerada o pulmão do mundo, para plantar soja, a fim de usá-la como matéria-prima para a produção de agrocombustíveis. Queimar floresta para produzir soja liberta uma quantidade enorme de dióxido de carbono à atmosfera, afirmou. Se os agrocombustíveis não contribuem à redução das emissões contaminantes e sua implantação representa fenómenos ambientais graves como o desmatamento da floresta amazônica, como se explica o brutal esforço internacional para estimular sua produção? Os biocombustíveis são uma idéia muito atractiva, o termo bio vende muito, disse, mas não sou o único que critica os biocombustíveis, basta fazer os cálculos. Michel recebeu o prémio Nobel de Química, junto com Johann Deisenhofer e Robert Huber, por determinar o funcionamento em detalhe da fotossíntese. Actualmente continua trabalhando no Instituto Max Planck de Biofísica da Alemanha, dedicada à pesquisa científica. A União Europeia decidiu que 5,75 por cento do transporte baseado em energias de origem fóssil deverá funcionar com agrocombustíveis antes de 2010. Recomendaria abolir essa directiva: com os biocombustíveis não se economizam emissões de dióxido de carbono, disse Michel a El País da Espanha. Reconheceu que é evidente que temos que reduzir as emissões de dióxido de carbono se quisermos deter ou reduzir o aquecimento global, temos que mudar as energias fósseis para energias renováveis. No entanto, Michel explicou que o processo de produção de agrocombustíveis representa a libertação de quantidades importantes de dióxido de carbono para a atmosfera. Pelo menos 50 por cento de toda a energia contida no biogás ou biocombustível procede de fontes fósseis, afirmou. Para produzir alguns biocombustíveis, como o etanol, faz falta investir muita energia em forma de fertilizante, de transporte, e também na destilação do álcool, explicou. Michel acrescentou que os agrocombustíveis são muito ineficientes do ponto-de-vista energético e que teríamos que plantar áreas extremamente extensas para satisfazer esse mercado. O biocombustível que pode ser produzido por unidade de superfície e ano contém menos de 0,4 por cento da energia solar que tem recibido essa superfície no mesmo tempo, explicou. Como exemplo, que inclusive se não contarmos a energia que deve se investir em produzir os biocombustíveis, devemos levar em conta que cobrir a procura de electricidade da Alemanha com biocombustíveis exigiria dedicar toda a superfície do país a cultivos energéticos. Esses cultivos são uma forma muito pouco eficiente de usar o solo, sentenciou. Michel esclareceu que a verdadeira alternativa é o uso de uma energia renovável como a solar. Poderíamos ter uma megainstalação solar no Saara, por exemplo, e transformar a energia que se obtivesse em alguma outra forma de energia que possa ser transportada, como o hidrogénio, explicou o cientista. Fonte: Rádio Mundo Real

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