quarta-feira, 12 de junho de 2024

Mentor das cidades esponja critica o plano municipal de Lisboa


Kongjian Yu quer transformar as cidades em esponjas contra cheias e secas. Cidades devem absorver e libertar água para enfrentar alterações climáticas, defende arquiteto paisagista. Planos de drenagem como o de Lisboa vão falhar a longo prazo, diz. 

Quando a pergunta é sobre o plano de drenagem de Lisboa, que implica um investimento de 250 milhões de euros e, entre outros pontos, a abertura de dois grandes túneis, o arquiteto paisagista ri-se abertamente. “Esse é o modelo business as usual. Não vai resolver o problema”, diz. Além do gigante esforço financeiro, as grandes infra-estruturas — sejam túneis, diques ou outras soluções — são construídas em betão, material que tem um determinado tempo útil até que o desgaste provoque os seus danos. Depois disso, precisa de manutenção, o que implica novo e generoso investimento. Acresce que os episódios de cheia são cada vez mais extremos e, mesmo que os sistemas estejam dimensionados para volumes que consideramos hoje históricos, é uma questão de tempo até que estes sejam superados.

“Do ponto de vista económico, não é sustentável. É absurdo. A longo prazo, é estúpido pensar que a tecnologia vai resolver o problema”, entende. Reter a água na sua “esponja” significa que se pode fazer uso dela durante o outro extremo, nos períodos de seca, ajudando também a arrefecer a cidade em ondas de calor. “Se tiveres água, tens tudo. Se te livrares da água, terás problemas durante os períodos de seca. É uma oportunidade perdida”, nota. Público 10jun2024

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