segunda-feira, 15 de março de 2021

Livro: "Ser Natural" de José Luís Vieira


Prefácio por Pedro Laranjeira:
Ser Naturista é uma “Filosofia de Vida”, mas isso é algo estranho, porque o “Naturismo” remete-nos para atitudes que observam e enquadram os processos da Natureza, ou seja, tudo o que é natural… não devia, pois, ser uma filosofia de vida mas o normal comportamento do ser humano, inserido na ecologia do meio ambiente que o rodeia.
Por mais filosofia que queira adaptar-se ao comportamento das espécies, por mais sofisticadas invenções que a civilização crie para servir confortos ou interesses, tudo no Universo está sujeito às leis da Natureza – nós, humanos, capazes de raciocínio e compreensão, deveríamos saber que a própria definição da nossa espécie é – ou deveria ser – rigorosamente sinónima de “Naturista”: ignorar esta imutável condição de participar no fenómeno da vida é tentar a violação das mais básicas regras da física, que vão da nossa própria saúde à do planeta em que vivemos.
Contra as forças da Natureza nenhuma espécie tem poder. Mesmo quando optamos por introduzir na nossa senda civilizacional comportamentos ou técnicas que contrariam as leis da mãe-terra, a Natureza queixa-se e reage: pode aguentar algum tempo, como o nosso próprio corpo aguenta agressões, drogas, desleixo e maus alimentos, mas acaba por adoecer, tal como nós.
Disso estão a surgir os alertas de muitos anos desta ciência que se baseia na depredação dos recursos naturais do planeta, na destruição de espécies, na poluição da terra, do ar e dos mares. Nunca, em séculos de história conhecida, aconteceram catástrofes naturais tão intensas e frequentes como nas últimas décadas, num crescendo exponencial sem indícios de vir a abrandar. É a Natureza a reagir às feridas que a “espécie dominante“ lhe infringe por ganância de lucro e inconsciência das leis de causa e efeito.
Compreender o abismo a que estamos a votar o planeta, faz-nos compreender como deveríamos tratar-nos a nós próprios, enquanto espécie viva, dependente da ecologia em que nos inserimos e ligados, sem opção de escolha, à Natureza.
Tal como nos temos vindo a afastar do respeito pela terra, alterando o clima, transformando os oceanos numa sopa de plástico, espalhando lixo tóxico por todo o planeta, também na própria essência da nossa humanidade nos deixamos artificializar sem consciência de que isso compromete a sobrevivência. Muitas vezes se diz que estamos a conduzir o mundo ao seu fim, mas a afirmação é egocêntrica: o mundo não vai acabar, a natureza sobrevive sempre, o que pode acabar, sim, é a espécie que conduz à hecatombe.
É por isso algo estranho que tenhamos feito um tão longo percurso para fora na nossa naturalidade que seja agora preciso “criar” uma filosofia de vida que nos reconduza ao que é natural.
Não deveria existir um conceito de “Naturismo”, ele deveria ser intrínseco a todos nós, nascer connosco e pautar as nossas vidas.
Foram séculos de falsos “princípios” que ajudaram a este desvio, o que se nota de sobremaneira no fenómeno do “nudismo”… hoje fazem-se leis para regulamentar o direito a estar como se nasceu – como se é – quando, se a tanto fosse preciso chegar, deveriam fazer-se para regulamentar o uso do que é artificial, como a roupa…
É claro que legislar sobre o direito à nudez é útil – mas só porque se tornou necessário.
Está, pois, na hora de acordar para tudo o que viola o que é natural, porque contra o natural ninguém tem poder: nem os homens, nem os governos, nem as doutrinas ou as leis. Podem obrigar-nos a comportamentos anti-naturais, mas pagaremos o preço disso, mais tarde ou mais cedo.
É por tudo isto que o livro de José Luís Vieira não deve ser entendido como a defesa de uma causa, mas sim como um alerta, um apelo ao despertar das consciências para aquilo que já somos mesmo quando não o percebemos, para o caminho que precisamos de percorrer sob pena de fazer perigar a nossa saúde, a nossa qualidade de vida, a nossa sobrevivência.
Numa palavra: para a necessidade de “Ser Natural”.


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