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O Brasil tem, hoje, 107 povos indígenas isolados na Amazônia. Essa informação é de um levantamento feito pela Agência France Presse (AFP), com dados fornecidos pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Ao todo, a área amazônica inteira — que não está somente em território brasileiro, mas também em Peru, Bolicia e Colômbia — abriga pelo menos 128 comunidades isoladas.
O número tende a ser ainda maior, uma vez que a Colômbia disse que não tem um número oficial sobre esses povos. O país informou que existe a possibilidade de haver cerca de 15 povos que voluntariamente se isolaram na Amazônia colombiana, porém não há confirmação.
Segundo o levantamento, a Bolívia tem cinco comunidades isoladas, todas identificadas por pesquisas da Universidade Pública de La Paz; enquanto o Peru tem 16 povos deste tipo, reunindo cerca de 4.500 pessoas. Neste último país, há, ainda, outras três comunidades — que reúnem 2.500 pessoas — que podem ser caracterizadas como povos em situação de "contato inicial" com o mundo exterior. Isso significa dizer que elas não estão completamente isoladas, e, sim, que mantem relações esporádicas com o restante da populaçao peruana.
O tema chama especial atenção dias após um missionário americano de 27 anos ser morto a flechadas depois de entrar em uma ilha da Índia ocupada por uma tribo indígena que vive isolada. John Allen pretendia chegar ao local para apresentar o cristianismo aos índios.
"Ele tentou chegar à Ilha Sentinela do Norte em 14 de novembro, mas não conseguiu", disse uma fonte à AFP. "Dois dias depois, ele se preparou melhor. E chegou de canoa à ilha."
O corpo flechado de Allen foi arrastado pelos indígenas com ajuda de uma corda presa ao pescoço e foi abandonado em uma praia. A Ilha Sentinela do Norte é proibida para visitantes, fato que foi ignorado pelo missionário, que já havia tentado se aproximar dos índios em outros momentos.
As autoridades indianas nem mesmo enviaram policiais ao lugar, já que por décadas toda a tentativa de contato terminou em hostilidade.
VULNERABILIDADE TERRITORIAL E SOCIOCULTURAL
No Brasil, em agosto deste ano, a Funai chegou a publicar um vídeo filmado por um drone que revelava a existência de um único indio, desconhecido até então, que vive isolado na fronteira entre o Brasil e o Peru. O restante da tribo dele foi dizimado há mais de 20 anos.
Indivíduos assim, embora não tenham qualquer contato com o mundo exterior, estão expostos a perigos crescentes devido a ações de traficantes e à exploração mineral e florestal.
Nem mesmo os pedidos do Papa Francisco têm sido escutados: quase um ano depois de sua visita à Amazônia, as ameaças que pesam sobre esses povos persistem. O tráfico de drogas, a mineração ilegal e o desmatamento clandestino seguem causando danos ao meio ambiente e aos indígenas.
"Esses grupos se encontram em estado de grande vulnerabilidade sanitária, territorial e sociocultural", afirmou à AFP a diretora de Direitos de Povos Indígenas do Ministério da Cultura do Peru, Ángela Acevedo.
A exemplo do que aconteceu na ilha indiana, quando o missionário morreu a flechadas, na Amazônia também há indígenas que reagem violentamente. Entretanto, na região, os traficantes, mineradores ilegais e madereiros clandestinos podem ser ainda mais perigosos para esses grupos.
"O narcotráfico constitui outra ameaça crescente à vida dos povos em isolamento voluntário e contato inicial", destaca a Comissão Interamericana de Direitos Humanos em um comunicado.
"Esta atividade frequentemente acontece em zonas tropicais remotas e de difícil acesso, que onde habitam e transitam os povos em isolamento", conclui a nota.
A ONG Survival — que luta pela sobrevivência desses povos isolados, em especial por meio da proteção de seu ambiente natural — destaca que, além da Amazônia, e comum a existência de tribos isoladas particularmente em países como Índia, Indonésia (Papua Ocidental) e Papua Nova Guiné.
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