O burro anão da Graciosa é raça autóctone, desde julho de 2015, graças aos estudos biométricos e genéticos do Centro de Biotecnologia da Universidade dos Açores, liderado pelo professor Artur Machado. Com origem no norte de África, o burro anão da Graciosa é cinzento, tem riscas nas costas, barriga ou pernas e pouco mais de um metro de altura.
Perfeitamente adequado à estrutura de solos vulcânicos da ilha, o Burro Anão da Graciosa, está intimamente ligado ao nome da ilha” Ilha dos Burros”.
Através de uma seleção feita pela própria população da ilha ao longo do tempo devido às suas necessidades agrícolas, conservaram um grupo de asininos com características fenotípicas muito peculiares e próprias, conhecido como o Burro Anão da Graciosa. A origem deste nome provém do facto de, antigamente, nas ilhas se chamar burro ao cavalo e burro anão ao burro nome que perdura até hoje, mas que poderá induzir em erro uma vez que estes animais não possuem nenhuma alteração genética causadora de nanismo.
O burro carregava ao lombo alfaias agrícolas, comida para o gado, produtos da agricultura, lenha, água e leite, para além de transportar homens, mulheres e crianças. Nas lavouras, era encarregado, muitas vezes, de puxar o sachador) e tinha o arado próprio para cobertura das sementeiras. Ajudado pelo peso do trabalhador que o montava, participava na debulha de algumas sementes. Era também por vezes encarregado de mover a atafona e por vezes era exportado para outras ilhas, principalmente Faial e São Jorge, onde era muito apreciado para o transporte do leite, por ser um animal que caminha regularmente, sem movimentos bruscos (Bettencourt 1950).
Estes burros encontram-se geralmente associados às pequenas propriedades e aos terrenos de difícil acesso e, em particular à cultura das hortas. A razão para a sua associação com a cultura das hortas, em especial da batata, deve-se ao facto do asinino ser mais leve que as restantes espécies de trabalho, exercendo menor compactação sobre o solo. É, para além disso, mais fácil de manobrar, fazendo uma lavoura mais cuidada, mobilizando o solo próximo da planta sem a danificar (Mendonça 2005).
O burro foi das espécies pecuárias aquela que melhor se adaptou às características da ilha. De “motor dos pobres”, passou a companheiro dócil e seguro do homem graciosense, ao ponto de ser por este, classificado como sendo “as suas pernas e braço direito”, “o seu entretém” e “aquele que o tira de casa” mantendo-o ativo e útil (Mendonça 2005).
O Burro da Graciosa é caracterizado pela sua pequena estatura (altura ao garrote atingindo em média 1,07 m). Pode ser caracterizado como um animal brevilíneo, de formato hipométrico, dolicocéfalo, com uma altura ao garrote que oscila entre os 99 e 116 cm e com peso compreendido entre 145 e 164 Kg.
A sua aparência é proporcionada e equilibrada, resultando num conjunto muito harmonioso. Ainda que pareçam frágeis, são animais muito rústicos e resistentes.
No que respeita à pelagem, estes burros apresentam predominantemente a pelagem pardo-rata e ruça, frequentemente com carácter rodado. Há alguns animais cuja pelagem é castanha ou preta. Todos os burros têm em comum o ventre e as extremidades dos membros deslavadas e são orlados de branco em redor dos olhos e nariz (boquilavado).
Na grande maioria dos Burros da Graciosa a lista dorsal está presente e por vezes a lista transversal, principalmente na pelagem pardo-rato. Já as zebruras com predileção pelos membros anteriores são menos comuns não deixando de ter uma predominância elevada nesta população de burros. Tanto quanto se pode aferir dos animais com que observámos, todos os burros com pelagem pardo-rato têm as orelhas orladas de preto.
O Burro da Graciosa é um animal extremamente manso, paciente e submisso. Perfeitamente adaptado a solos vulcânicos, foram plenamente integrados no ecossistema da ilha
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