quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Indígenas canadianos localizam 171 possíveis túmulos de crianças em antiga escola

No terreno de uma antiga residência escolar onde milhares de crianças indígenas foram internadas.


Um grupo indígena canadiano anunciou esta terça-feira que localizou 171 possíveis sepulturas não identificadas, no terreno de uma antiga residência escolar onde milhares de crianças indígenas foram internadas.

A Nação Wauzhushk Onigum divulgou que, com a ajuda de um radar de penetração no solo, localizou estas possíveis sepulturas no terreno da Residência Escolar St. Mary Indian, na cidade de Kenora, cerca de 1.800 quilómetros a noroeste de Toronto.

As sepulturas estão no cemitério da antiga residência escolar onde as autoridades canadianas obrigaram ao internamento de crianças indígenas durante quase um século.

"Com exceção de cinco lápides, as demais não foram identificadas", explicou esta comunidade indígena em comunicado.

Os registos da Residência Escolar Indígena St. Mary, que funcionou entre 1897 e 1972, indicam que 6.114 crianças foram admitidas na instituição.

Na semana passada, a Star Blanket Cree Nation, um grupo indígena Cree da província canadiana de Saskatchewan, disse ter localizado centenas de possíveis sepulturas não identificadas na antiga Lebret Indian School Residence.

Desde que um grupo indígena da província de British Columbia, no oeste do Canadá, anunciou a descoberta de cerca de 215 túmulos não identificados na antiga residência escolar de Kamloops, em maio de 2021, inúmeras comunidades começaram a investigar nas terras dos internatos para crianças aborígenes.

Até agora, as investigações revelaram mais de 1.500 possíveis túmulos não identificados que poderiam conter os restos mortais de crianças aborígenes que morreram em residências, um sistema de internatos estabelecido pelo Canadá no final do século XIX para 'educar' a população aborígene do país.

Estima-se que pelo menos 150.000 crianças foram colocadas à força em residências escolares desde o século XIX até o último internato fechar as suas portas, em 1997.

A Comissão Canadiana de Verdade e Reconciliação estimou em 2015 que pouco mais de 3.000 crianças morreram em residências escolares, muitas delas por doenças, mas também por negligência e abuso por parte dos responsáveis pelos internatos.

A comissão também certificou que as crianças sofreram abusos físicos, psicológicos e sexuais sistemáticos.

No seu relatório final, a comissão referiu que o sistema de dormitórios fazia parte de uma política sistemática de "genocídio cultural" contra os indígenas realizada pelas autoridades do país no século passado.

Em junho de 2022, o papa Francisco visitou o Canadá para pedir desculpas pessoalmente aos indígenas pelo papel do clero católico nas residências escolares.

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