sexta-feira, 8 de julho de 2022

Portugal posiciona-se em 23.º lugar na lista dos países mais atrativos para o investimento nas energias renováveis.



No mais recente “Renewable Energy Country Attractiveness Index” (RECAI), ranking semestral elaborado pela EY, que analisa 100 mercados e classifica os 40 principais, em função das oportunidades de investimento e de desenvolvimento no setor das energias renováveis, Portugal posiciona-se em 23.º lugar na lista dos países mais atrativos para o investimento neste setor, à frente de países como a Finlândia e a Turquia. Os Estados Unidos e a China mantêm-se nas primeiras posições, seguidos do Reino Unido e da Alemanha.

No entanto, se normalizarmos o índice pelo PIB de cada um dos países, Portugal posiciona-se no 8º lugar da lista dos 40 países analisados e bem à frente de Espanha, mas explicitaremos isso melhor na próxima edição do RECAI, daqui a pouco menos de 6 meses.

Estamos em crer que a ação legislativa planeada pelo governo nesta matéria, nomeadamente no que respeita à simplificação e aceleração dos procedimentos de licenciamento de novos projetos, irá consolidar ou mesmo melhorar a posição relativa de Portugal neste índice.

O mercado ibérico está a recuperar bem depois do choque recebido em final de 2021 devido a uma proposta de decreto-lei, em Espanha, que indicava que os lucros extraordinários das empresas de energia passavam a ser redirecionados para os consumidores. A proposta foi alterada em novembro. Os mercados atingiram o pico, no início de março, mas ainda são voláteis, sobretudo no caso da energia solar, pelo que os contratos de aquisição de energia (Power Purchase Agreement) podem trazer estabilidade.

No geral, de acordo com esta edição do índice, a segurança energética subiu para o topo da lista de prioridades dos governos, na sequência da instabilidade geopolítica e da espiral dos preços do gás. Como resultado, líderes de todo o mundo estão a tentar acelerar e alargar o âmbito dos seus programas de energias renováveis para ajudar a reduzir a dependência da energia importada.

Este RECAI 59 explora também a forma como as tecnologias renováveis emergentes e os combustíveis verdes têm potencial para reduzir substancialmente a quota de gás na produção de energia, criando assim um clima de investimento favorável a estas fontes. Na Europa, por exemplo, o aumento da capacidade de importação de gás natural liquefeito (GNL) ganhou impulso, bem como o aumento da produção de gás verde, nomeadamente o hidrogénio, e o desenvolvimento de outros combustíveis alternativos. O relatório nota que, embora a aquisição de gás de outros países para reduzir a dependência do gás russo não possa acontecer de um dia para o outro, é agora evidente que ganhou um impulso significativo.

Para Arnaud de Giovanni, Líder da Área de Energias Renováveis da EY Global, “muitas tecnologias de energias renováveis que no passado recente eram consideradas novas e de alto risco demonstraram rapidamente o potencial de se tornarem dominantes e estão, por conseguinte, a atrair interesses de investimento. Estima-se que os preços da energia permaneçam voláteis no futuro próximo e, assim, os líderes do setor têm uma janela de oportunidade sem precedentes para alavancar a inovação tecnológica e explorar o investimento na promoção de um crescimento sustentável e renovável”.

O caso das tecnologias flutuantes
O relatório também explora a oportunidade apresentada pelas tecnologias flutuantes. A energia eólica “offshore” continua a ter um grande potencial de investimento, com o custo da eletricidade gerada a cair para 70 dólares americanos/MWh, ou menos, até 2030. Além dos 11 projetos de energia eólica offshore flutuantes já em funcionamento, mais de cem – com uma capacidade combinada superior a 26,300MW – estão em construção, obtiveram aprovação financeira próxima ou regulamentar, ou estão em fase de planeamento inicial.

A energia solar flutuante também está a atrair mais atenção à medida que o custo dos painéis fotovoltaicos (PV) caiu abruptamente, e a capacidade global cresceu mais de 100 vezes nos cinco anos anteriores a 2021. Até agora, a maior parte dos projetos fotovoltaicos são colocados em corpos de água doce construídos pelo homem, onde o ambiente é relativamente controlado, mas há planos de avançar mais para offshore, para explorar os recursos infinitamente maiores do mar aberto.

“À medida que os governos procuram afastar-se do gás natural é dado um impulso adicional às tecnologias das energias renováveis que podem ajudar a diversificar a combinação de energias renováveis. Isto define o tom para um efeito dominó significativo no cenário de investimento, com uma redefinição de prioridades da energia renovável a criar um clima atrativo para o investimento, com quantidades crescentes de capital a investir. O RECAI explora o potencial de crescimento e investimento de alternativas convencionais e inovadoras, incluindo tecnologias flutuantes, hidrogénio e gás verde”, afirma Ben Warren, Líder da Área de Finanças Corporativas de Energia e Serviços da EY Global e editor-chefe do RECAI.

Destaques do índice
Embora os EUA e a China continuem a ser os dois principais mercados com base na atratividade do seu investimento em energias renováveis, existem várias mudanças no ranking do Top 10, com o Reino Unido (3.º) a subir dois lugares e a Alemanha (4.º) a subir três.

Alguns dos mercados destacados nesta edição pelos seus progressos incluem a Dinamarca (+4) – com um novo objetivo de produzir até 6 GW de hidrogénio anualmente até 2030, a Polónia (+3) – que lançou concursos para três novas concessões eólicas offshore, a Finlândia (+7) – que aprovou a introdução de um modelo de leilão para aluguer de águas públicas para o desenvolvimento de energia eólica offshore, a Áustria (+7) – onde o governo se comprometeu a dar 250 milhões de euros para apoiar o desenvolvimento de energias renováveis, a Grécia (+3) – que procura duplicar a sua capacidade instalada de energias renováveis para cerca de 19 GW até 2030 e a Alemanha (+3) – que antecipou em 15 anos a sua meta de 100% de energia verde para 2035.

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