A cimeira do clima das Nações Unidas (COP 26) aprovou a declaração final, com uma alteração de última hora proposta pela Índia que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.
O ministro do Ambiente indiano, Bhupender Yadav, pediu para mudar a formulação de um parágrafo em que se defendia o fim progressivo do uso de carvão para produção de energia sem medidas de redução de emissões.
A Índia quis substituir o fim progressivo - "phase-out" por uma redução progressiva - "phase down" -, uma proposta que foi aceite com manifestações de desagrado de várias delegações, como a Suíça, e a União Europeia, e ainda de países mais vulneráveis às alterações climáticas.
Quis ainda acrescentar ao parágrafo o "apoio aos países mais pobres e vulneráveis em linha com as suas circunstâncias nacionais".
O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, interveio para dizer que "o carvão não tem futuro", frisando que "a União Europeia queria ir ainda mais longe em relação ao carvão, consequência da sua própria experiência dolorosa".
Expressando "desilusão" com a proposta indiana e salientando que continuar a apostar no carvão como fonte de energia não é economicamente viável, saudou no entanto a "histórica decisão" que considerou ser a declaração final.
A proposta foi aprovada pelo presidente da cimeira com uma inusitada comoção, em que Alok Sharma afirmou de voz embargada "lamentar profundamente a forma com este processo decorreu".
"Percebo o vosso desapontamento, mas como notaram, é vital que protejamos este pacote" de decisões, declarou.
Pacto Climático mantém ambição de limitar temperatura a 1,5ºC
O Pacto Climático de Glasgow mantém a ambição do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura a 1,5ºC.
Reconhece-se que limitar o aquecimento global a 1,5ºC exige "reduções rápidas, profundas e sustentadas das emissões globais de gases com efeito de estufa, incluindo a redução das emissões globais de dióxido de carbono em 45% até 2030 em relação ao nível de 2010 e para zero por volta de meados do século, bem como reduções profundas de outros gases com efeito de estufa".
O Pacto salienta a urgência de reforçar a ambição e a ação em relação à mitigação, adaptação e financiamento nesta "década crítica" para colmatar as lacunas na implementação dos objetivos do Acordo de Paris, e nele pede-se aos países em falta que apresentem até novembro do próximo ano as suas contribuições para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
Os presentes em Glasgow instaram também, segundo o documento aprovado, os países desenvolvidos a "pelo menos duplicarem" o financiamento climático para a adaptação às alterações climáticas dos países mais pobres.
E apela-se aos países mais ricos e instituições financeiras para "acelerarem o alinhamento das suas atividades de financiamento com os objetivos do Acordo de Paris".
COP 26
Líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos estiveram até este sábado reunidos em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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