Na UE, o chamado discurso do Estado da União, feito anualmente pela Presidente da Comissão Europeia, é uma pindérica imitação do que se passa nos nada recomendáveis EUA. A americanização da economia política desta parte do continente é o horizonte intransponível dos federalistas europeus.
A mesma Comissão Europeia que atacou a recuperação do poder de compra do salário mínimo nacional e que, entre 2011 e 2018, fez 63 recomendações aos Estados para que cortassem ou privatizassem os serviços nacionais de saúde, vem agora defender vagas institucionalizações de um salário mínimo europeu e de um qualquer sistema de saúde. Não se ganha nada de mais generoso nessa escala que não se tenha obtido na democrática escala nacional, antes pelo contrário.
A mesma Comissão que é uma máquina de uma também ambientalmente insustentável liberalização económica internacional e que só encontra ineficazes soluções de mercado para os problemas criados pelas forças de mercado, em modo de comércio de emissões, vem assinalar metas para o que desde há algum tempo apoda de Green New Deal. Qualquer acção nesta área só será eficaz se os Estados realmente existentes investirem e planearem maciçamente, o que implica superar todas as regras europeias.
Haja paciência para tanta hipocrisia. Haja paciência para a fé dos europeístas de tantos partidos, os mesmos que depois de terem aceite a perda de vitais instrumentos de política pela democracia querem aprofundar tão funesta tendência em matéria de política fiscal, à boleia de uma conversa perigosa sobre recursos próprios da UE. No fundo, pensam que por esta ser menos democrática e transparente poderá haver almoços grátis nas relações internacionais. Como sempre, pagaremos caro o eventual triunfo dos seus desejos.
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